— Antes que você me pergunte, o quarto de Mathews é aquela segunda porta a direita, mas acho que você não pretende visitá-lo. – Lucas falava, enquanto andavam pelo corredor, coberto por papel de parede clássico com aparadores ostentando finas peças de decoração e vasos de porcelanas com lindos e imensos arranjos de flores frescas e belos quartos na parede.

— Não, de jeito nenhum! – Teresa negou, indignada e com veemência, enquanto eles paravam na frente de uma das portas.

— E esse é o meu quarto, que fica bem ao lado. – Ele abriu completamente a porta para deixá-la entrar, suas bagagens já estavam lá, no quarto em tons de azul com móveis de madeira escura, clássicos e formais, em nada parecido com o seu dono, o único toque pessoal era alguns quadros que ela reconheceu como dele, um cavalete e algum material de pintura, encostados em um canto. - Eu os deixei para trás, quando fui embora. Minha mãe os conservou, apesar de não morar mais aqui, há algum tempo – Explicou, quando o olhar dela recaiu sobre esses objetos. – Você pode ficar com a cama, eu durmo ali. – Ofereceu, prontamente, apontando para um sofá forrado de seda azul, encostado na parede, um pouco pequeno para ele.

— Nada disso, o quarto é seu, eu durmo aí. – Ela contestou.

— Então, nós reversaremos, um dia, eu durmo ali e, no outro, você, está bem assim? – Lucas deu a solução. – Você não quer descansar um pouco, para a festa de hoje à noite.

— Vou tentar, mas acho que não vou conseguir, estou muito ansiosa – Teresa admitiu, como medo do que iria acontecer.

— Eu tenho que confessar, que também estou um pouco assustado. – Lucas confessou.

Mathews voltou do escritório para casa, cansado, sua cabeça doía, não tivera notícia de Teresa durante toda a semana e estava bastante angustiado com isso, ainda teria que enfrentar aquele coquetel mais tarde, nessa maratona, sem sentido, de festas e jantares pré-nupciais. Naquele momento, só queria tomar um banho e dormir um pouco, no entanto, sua mãe o alcançou antes que subisse as escadas.

— O que houve, Mathews? Sua aparência não está nada boa. – Ela indagou, preocupada.

— Só um pouco de dor de cabeça, vou tomar um banho e um comprimido e me deitar por algum tempo – Respondeu, já começando a subir as escadas.

— Faça isso, meu filho, precisamos de você bem para hoje à noite – Aconselhou – Ah! Mathews, Lucas chegou hoje à tarde, trouxe a namorada, uma moça linda e adorável – Lilian comentou, alegre, mas Mathews não queria conversar, além do mais, já havia conhecido várias namoradas de Lucas, nenhuma delas era adorável, mesmo assim, se surpreendeu com a notícia, porque nunca esperaria que o irmão viesse ao seu casamento.

— Lucas está aqui? Que ótimo, mãe. – Respondeu, indiferente, continuando a subir as escadas, sem dar muita importância.

No seu quarto, depois de banho e antes de se deitar, Mathews tentou, inutilmente, ligar para Teresa e, mais uma vez, a mensagem o avisou que o telefone estava desligado.

— Poderia fechar o zíper? – Teresa solicitou a Lucas, ao sair do banheiro, quase pronta, ele o fez, depois ela se virou na sua direção. – Você não acha que está um pouco exagerado? – Quis saber a respeito do bonito vestido vermelho escuro, que realçava suas formas e com transparência nos lugares certos, os cabelos presos em um coque cuidadoso, a maquiagem realçando os olhos e, para completar e provocar, os brincos de brilhantes e o cordão, que Mathews lhe deu de presente.

— Não, você está linda! – Ele exclamou, com um suspiro, encantado.

— Você, também, está muito bem. Deixa eu ajeitar essa gravata. – Disse, se aproximando e começou a ajeitar o nó da gravata, se lembrando quando fazia isso para Mathews.

— Hoje à noite, a estrela do espetáculo é você, não quero ofuscá-la. - Lucas explicou o porquê do traje, parcialmente, formal, pois usava paletó e gravata, calça jeans e tênis.

— Não, Lucas, a estrela da noite é Evelyn, eu só sou a namorada traída, que está aqui para atazanar a vida do noivo traidor. – Teresa referiu em tom de magoa.

— Então, que rufem os tambores, que vamos começar o espetáculo. – Lucas fez uma reverência como um apresentador de circo. – Senhorita! – Ofereceu o braço a ela para saírem do quarto.

Mathews abriu os olhos, com o despertador tocando, se vestiu com terno e gravata escolhidos, previamente, sem nenhum animo, não tinha a mínima vontade de aturar sua família e a de Evelyn, naquele sem-fim de festas. Para ele, bastaria uma cerimônia simples e íntima, o que era inadmissível para as duas famílias. Gostaria muito mais se fosse com Teresa, apesar de desejar nunca ter caído em tentação e se envolvido com ela, pois quando aconteceu já estava praticamente noivo de Evelyn. Havia demorado muito para decidir se casar, teve muitas aventuras amorosas e lindas namoradas até encontrar Evelyn e resolvido que ela seria a escolha certa. As suas famílias ficaram exultantes com essa possibilidade. Porém, depois que conheceu Teresa, essa ideia o deixava muito infeliz. No entanto, tudo já estava pronto e ele nunca voltaria atrás, jamais recuaria diante do que esperavam dele. Deu um longo suspiro, conformado com sua situação, saiu do quarto, pronto para interpretar o seu papel de noivo feliz.

Alguns convidados já estavam no salão, primorosamente, decorado, com lindos arranjos de flores e velas, Mathews andou no meio deles, sendo cumprimentado pelos parentes e amigos, devolvendo lhes sorrisos dissimulados, até avistar Evelyn, linda e elegante, como uma fada, naquele diáfano vestido azul claro e brincos e um colar de safira e brilhantes, iluminando o seu rosto angelical

— Você está linda, querida. – Ele a elogiou, sem muita emoção, e a cumprimentou com um casto beijo, ela lhe devolveu um sorriso encantador, assim ficaram lado-a-lado, circulando para receberem os cumprimentos e agradecer o comparecimento.

— Você está pronta? – Lucas perguntou, apertando a mão de Teresa, já no meio da recepção, quando avistou Evelyn e Mathews juntos.

— Estou. – Teresa mentiu, com o coração aos pulos podia senti-lo batendo acelerado contra o seu peito, ela se aproximou do casal, sendo arrastada por Lucas.

Na sua passagem, pelo meio dos convidados, Lucas era cumprimentado, com surpresa e espanto, todos pareciam admirados com sua presença ali naquela festa. Então, finalmente, conseguiram se aproximar de noivos.

— Evelyn, parabéns. – Lucas cumprimentou na futura cunhada, sem muito entusiasmo, ela lhe devolveu um sorriso que não chegou aos seus olhos, Mathews, que estava conversando com outras pessoas, não se voltou para falar com o irmão.

— Obrigada, Lucas. – Evelyn respondeu, com gentileza. – É muito bom ver você outra vez, depois de tanto tempo.

— Obrigado, Evelyn. Eu quero apresentar a vocês a minha namorada, Teresa – Ele falou com tom formal, puxando Teresa para frente.

— Muito prazer – Teresa conseguiu esboçar um leve sorriso.

— Muito prazer, Teresa – Evelyn disse, depois de um imperceptível momento de silêncio - Mathews! – Chamou atenção do noivo, educadamente, pois ele estava ocupado discutindo sobre a economia do país, com alguns convidados. – Cumprimente a namorada de Lucas, Teresa.