Corações Indomáveis Reylo

Capítulo 20 Um Projeto Insolente


O dia surgia no firmamento com cores vivas, um verdadeiro espetáculo de cores. A brisa atingia o rosto suave da garota e revolvia suas mechas castanhas. Observar o alvorecer a tranquilizava. Sorvia o ar com força, sua respiração profusa fazia seus pulmões gelarem. A salinidade do ambiente a trazia ao momento em que conheceu Kylo Ren nesse mesmo desfiladeiro, olhava a imensidão do mar a sua frente. Fechou os olhos numa pequena prece para serenar seu nervosismo. O dia de seu casamento estava se aproximando. Não sabia como se portar com o seu futuro marido. Não tinha a menor ideia como seria a sua vida de casada. Estava aflita por esse motivo.

A sua mente estava agitada, mesmo contemplando a natureza, isso por si só, não era o suficiente para apaziguar seus temores. Tentava encontrar alguém de confiança para tirar as suas dúvidas. Buscava em seus pensamentos conflitantes alguém que tirasse as suas hesitações.

O padre com certeza não seria o conselheiro ideal para esse tema. Seu tutor, iria ficar desconversando, ao final de tudo não falaria nada relevante. Betina e Rose, eram tão desinformadas quanto ela no que concerne à vida conjugal.

Mais uma rajada de vento a fez abrir os olhos, o sol despontava avermelhado no horizonte. O dia prometia muitas novidades, precisava reunir forças para encarar a sua irmã que todos os dias a atormentava. Constrangia. Tudo era muito pesado, desde que a garota ficou na casa de seu tutor, se esforçava em desestabiliza-la, pois Desirée, não descansava em fazer sua maldade, sempre soltando os seus venenos. Suspirou ao pensar.

Nesse momento se levantou da rocha que estava recostada, enquanto contemplava a paisagem e tentava colocar seus pensamentos em ordem. Então ouviu uma voz grave atrás de si.

— O que faz sozinha aqui?

Ela se virou vagarosamente, reconhecia o dono desta voz. O encarou com um semblante abatido. O pirata encurtou a distância entre eles calmamente. Não queria assustar ou afugentar a sua noiva. Que o olhava temerosa.

— Estava pensando e pedindo a Deus uma luz. — Surgiu uma inclinação na comissura de seus lábios.

— Só espero que não seja uma maneira de romper nosso noivado. — Riu sincero para a garota. Ela devolveu o gesto, e instintivamente se aproximou mais do homem.

— Estava apenas pedindo a Deus que me desse, serenidade. — Desviou do olhar perscrutador dele.

Ele tomou um momento em silêncio avaliando o que via no rosto suave de Rey, embora estivesse tentando passar tranquilidade, conseguia ler nas entrelinhas que ela estava muito aflita, precisava ser calmo, a fim de conseguir tirar de seu mais oculto pensamento o que de verdade a deixava tão preocupada. Olhava as írises esverdeadas dela, e algo nelas apontava que ela queria se abrir, em outro ponto alguma coisa que desejava esconder. Se aproximou mais um pouco tocando levemente seu ombro.

— Sabe que pode confiar em mim? — Tocou em seu queixo de modo suave. — Pode me contar tudo que lhe incomoda. Confie em mim, Rey. — Ela deu um passo atrás, um pouco receosa. Ele não desistiu de tentar se aproximar, com muito tato. — Quero que conversemos, que sejamos sinceros um com o outro.

Rey se afastou um pouco mais, dando as costas a Kylo.

— Está assim por causa de sua irmã? — Tentava controlar a raiva que crescia rapidamente, só de pensar nas mentiras e conversas perniciosas que só tinham uma finalidade tirar a paz de sua noiva. Desta maneira, insistiu em perguntar, voltando a se aproximar dela apoiando mais uma vez a suas mãos em seus ombros. — Ela está lhe fazendo mau? Me diga. Não carregue tudo isso sozinha. — A garota suspirou. Virou seu tronco em direção do homem que a consolava. Instintivamente se aproximou bem devagar no tórax musculoso do homem. Encostou seu rosto no tecido do colete dele, aspirou o cheiro de roupa limpa, perfume amadeirado, e da pele masculina. Sorveu aquela essência inebriante, o choro logo se dissipou dentro de si. Kylo a envolveu em seus braços, nesse momento ela se sentiu amparada.

— Não tem importância. — Olhou para cima para encarar o homem que a estreitava em seu corpo que emanava um calor aconchegante. Tentou desviar a face, ele a capturou com suavidade, ambos se olhavam intensamente, então Kylo deixou sua vista passear no rosto lindo e suave dela se fixando nos lábios vermelhos e entre abertos. Ela respirava de modo superficial, seus olhos não conseguiam desviar do rosto hipnotizante do pirata que se aproximava perigosamente da sua face, no entanto, não tinha força de vontade de se afastar daquele fascínio. O roce suave aconteceu com elevação. Toque suave do beijo os roubou o raciocínio, apenas a percepção que tinham um do outro.

Rey sentia seu corpo inteiro vibrar em expectativa ansiava por mais daquele contato tão análogo a tudo que já havia experimentado, estava se entregando a toda aquela sensação de pertencimento. Contudo, sentiu que seu noivo tentava se aprofundava no carinho, por medo se esquivou do toque. Quebrou o encanto do momento se afastando ligeiramente, o olhava confusa. Não conseguia formular nenhuma palavra coerente em sua mente. Tudo que seu corpo queria era ficar, porém, sua consciência vozeava em alerta para sair dali o mais rápido possível.

Jamais tinha sentido algo tão íntimo, sua pele ardia ao simples tato, o rastro de fogo que se espalhava por toda a sua derme. Acordava partes de sua anatomia que nunca se deu conta que existia, estava consumida de curiosidade de prosseguir naquele aconchego delicioso. Todavia o seu sentido de cautela, a fez se afastar mais dando um passo atrás.

Kylo entendendo que não poderia forçar mais a natureza tímida da garota guardou a distância que ela deu. A olhou com muita ternura. O que fizeram o afetou também o carinho partilhado mexeu com o seu âmago. O beijo que trocaram o elevou, ficou desejoso de mais, e desfrutar mais daquele sabor doce e inocente.

O sol já iluminava todo o ambiente. A luz aquecia seus rostos. Ela estava linda naquela paisagem parecia uma fada. Os olhos esverdeados se fixavam nos seus de modo intenso, parecia que tinha algo para falar. Todavia não emitia nenhum som de seus lábios. Meneou a cabeça como se quisesse se desculpar. A examinava em cada detalhe percebendo que com certeza ela não era em nada parecida com a sua torpe irmã.

— Preciso ir, meu pai deve me procurar a qualquer momento. — Falava baixo.

— Levo você até lá. — Foi rápido antes que ela se negasse. — Não aceito uma negativa como resposta, a final a senhorita é minha noiva. Acredito que tenho esse direito em lhe fazer companhia até a sua residência. — A garota baixou a cabeça. Estava muito rubra com o que tinha acontecido, julgava que ele a achava uma perdida como Desirée por ter permitido algo tão indecoroso. No entanto, era tão sublime o gesto, ficou sem graça ao perceber que seus olhos sempre iam em direção da boca carnuda e avermelhada de Ren. Desviou a direção de sua cabeça. Sorvendo o ar salino com muita força para acalmar as suas emoções. Tentou passar firmeza na voz.

— Então é melhor irmos, está ficando tarde, tenho muitas tarefas a cumprir.

— Tem relação com o nosso casamento? — Sorriu divertido para ela.

— Alguns assuntos se relaciona. — Tornou a ficar vermelha como uma pimenta.

— Ótimo! Não iremos demorar, vamos para a sua casa. — Pegou em sua mão, ambos sentiram a eletricidade do toque. Se olharam com um misto de carinho e curiosidade, Kylo tentou amenizar as emoções para deixar Rey mais confortável ao seu lado. — Irei a tarde lhe visitar. — A garota anuiu.

A isso os dois caminharam silenciosos até a residência de Luke Skywalker. O casal estava imerso em seus próprios pensamentos e sensações. Rey sentia uma alegria vibrante, tinha medo de que tudo fosse um sonho febril, não conseguia mensurar tudo que fervia em sua cabeça agitada, o beijo ainda queimava. Sentia o toque tépido do seu noivo. Contudo, sentia muito medo por tudo que experimentou naquela manhã. Kylo no que lhe concerne, sentia paz ao ter sua noiva tão próxima a si. O momento que partilharam foi diferente de tudo que já viveu, a garota parecia que foi destinada para ele, sentia ainda a vibração de seu corpo esguio e pequenino entre seus braços, poderia ter ficado com ela bem próximo abraçados até os fins dos tempos. Observou o perfil dela enquanto seguiam até a casa da jovem. Era uma beleza muito mais avassaladora do que a de sua irmã. Entrava em seus sentidos e ficava impregnado em sua mente e pele. Gostava do que começava a despertar em seu âmago.

Contudo, um medo premente lhe apertou o coração, pois sabia que a jovem amava a outro, que tudo que ela fazia era para proteger a seu irmão que nem se dava conta do tamanho sacrifício que Rey fazia por ele, que não lhe retribuía. Isso lhe amargou a alma por saber que começou a desejar todo aquele amor para si. Todavia sabia que não seria uma tarefa fácil a de conquistar a afeição de sua noiva.

Nesse momento se aproximaram da residência da garota que o olhou no rosto sorrindo afável quebrou o silêncio.

— Obrigada por me acompanhar.

— És minha noiva, isso para mim, foi um prazer. — Pegou a mão dela roçando suavemente os lábios no dorso delicado da jovem. — Me prometa que não sairá sozinha novamente é muito perigoso.

— Juro. — O encarou com carinho.

— Permita que lhe visite nesta tarde? — Reforçou a sua decisão de vê-la mais uma vez. Não se ouviu nenhum som dela, apenas um menear de cabeça leve, concordando com o encontro com o rapaz. A isso eles se despediram e Kylo só se retirou ao ver que sua prometida havia sumido para dentro da casa de seu tutor.

(…)

Desirée andava de um lado a outro em seu aposento batia a foto em seus dedos, analisava os passos que iria dar. Havia falhado mais de uma vez em separar o pirata de sua irmã. Dessa vez nada poderia dar errado. Queria que Kylo odiasse Rey assim como ele menosprezava a ela.

O quarto estava todo arrumado, não havia mais nada fora do lugar, os baús estavam empilhados aguardando apenas os ajudantes de Ren os pegarem e transportar os objetos pessoais da noiva para o seu novo lar. O enxoval havia sido aprontado num período recorde. Rey e suas amigas trabalharam com muito afinco nesse período. Desirée entrou sorrateiramente no recinto, cerrando a porta atrás de si.

Caminhou nas pontas dos pés para não se ouvir o ranger do assoalho, aproveitando que sua irmã estava ocupada recebendo Betina e Rose num chá da tarde. Girou os olhos ao pensar nas amigas patéticas de Rey. Então, ao se aproximar de um baú pequeno, avaliou que seria o que levaria as coisas mais queridas e importantes, o abriu com cuidado, remexendo ele julgando o quão simplória era a garota. Retirou do bolso de sua saia um retrato com uma dedicatória forjada. Sorriu maleficamente, depositou o objeto no meio das coisas da nubente. Fechou rapidamente o depósito de madeira.

Tomou um susto ao sentir a maçaneta girar e uma religiosa aparecer no local. Se afastou dos depósitos.

— O que está fazendo aqui? — Betina a encarava com desconfiança.

— Estava apenas admirando as coisas lindas que minha maninha confeccionou. — Sorria dissimuladamente. Fazia um gesto exagerado apontando todo o ambiente.

— Muito bem! Já admirou o enxoval. — Fez uma careta de repreensão. Apontou a porta de saída para a mulher. — Agora pode se retirar, não há nada mais para ser admirado.

Deste modo, Desirée esticou a coluna, mostrando um aspecto altivo, esboçou um sorriso debochado, antes de sair. Olhou a mulher com desprezo.

— De fato, não há mais nada que precise ser apreciado nesse quarto. — Deu um leve empurrão no ombro da freira, que alisou o local do esbarro. A mulher saiu triunfante.

“Bruxa peçonhenta, vai morrer com o seu próprio veneno.” Com uma forte intuição foi até os baús e os levantou um a um examinando o conteúdo dos objetos, infelizmente o exame foi rápido e superficial, não conseguiu ver o que a mulher havia depositado escondido nas malas. Betina fechou os recipientes com cuidado examinado todo o ambiente, então saiu do quarto trancando a porta levando consigo a chave para entregar nas mãos da noiva.

Na sala de chá, Rey estava sentada com um semblante sereno, ouvia sua amiga com muita atenção. Betina se aproximou depositando a chave na mão da garota que piscou com muita curiosidade.

— Fique tranquila, depois conversamos sobre isso. — Deu umas batidinhas na mão da jovem, se sentando logo em seguida.

O trio continuou a conversar sobre os últimos detalhes do casamento mais comentado em Chandrila. Todos aguardavam o enlace mais inusitado de todos os tempos. Rey preferiu se casar na igreja da vila, recusou educadamente o oferecimento da fazenda Millenium para realizar o casório. Kylo apoiou sua noiva em todas as suas decisões. Uma vez que a jovem sempre escolhia e decidia tudo com muita seriedade e sensatez.

As jovens concluíram a sua pequena reunião em meio a risos e boa conversa. Contudo, quando viram Desirée se aproximar delas a alegria se apagou.

— Não parem por minha causa. — Olhava o grupo de cima a baixo. Se sentou junto a Rey. — Como estão os preparativos na igreja. As flores já foram organizadas?

— Agradeço o interesse, mas tudo já foi providenciado. — A nubente limpava os lábios educadamente. Alisou a saia volumosa.

— Tenho certeza que tudo foi arrumado. — Mordeu um biscoito amanteigado. — Todavia me preocupo sua cerimônia se realizará amanhã.

Assim antes que Rey pudesse responder qualquer coisa Ben Solo entrou na sala com muita alegria.

— Olá, jovens, como tem passado? — Se aproximou da esposa a beijando na sua têmpora.

— Estamos bem. Queira se sentar. — A esposa chamou Lireth para lhe servir o chá. A empregada agiu prontamente para atender à solicitação da mulher.

— Quero adiantar minhas felicitações a minha cunhada. — Pegou a porcelana com a bebida fumegante, agradeceu e prosseguiu. — Também quero me desculpar com meu irmão.

— Se desculpar de quê? — Uma voz grave sobressaltou o grupo. Ben se levantou cumprimentando o pirata. Ele ficou perto de sua noiva, se inclinando com cuidado beijando o alto de sua cabeça. As amigas suspiraram. Desirée quase pulou no pescoço da irmã com pura raiva.

— Podemos conversar em particular?

— Podem ir à biblioteca, papai não está lá no momento. — Desirée se adiantou. — Posso ir com os senhores?

— Obrigada, meu amor, mas creio que será melhor ter uma conversa de homem com o meu irmão. — A abraçou ternamente, indo em seguida até o cômodo indicado. Desirée escondeu a sua frustração por lhe negarem o direito a acompanha-los.

Os dois caminharam pelo corredor, a isso Ben abriu a porta o convidando adentrar no local. Kylo Ren entrou primeiro avaliando cada ponto do cômodo amplo e repleto de prateleiras e com uma infinidade de livros com vários tipos e cores. Lembrou da biblioteca de seu amigo, onde por muitos anos, teve apoio e aprendizado. Gostava do clima que os compêndios evocavam em sua mente. Se voltou para o mais novo.

— O que deseja de mim? — Estava avaliando os movimentos e o semblante de seu irmão.

Este caminhou até o aparador, se serviu de uma pouco de conhaque. — Aceita uma dose?

— Agradeço. — Pegou a taça das mãos do outro. O rapaz caminhou até uma poltrona se acomodando nela, fez um gesto para que o pirata se instalasse também.

— Quero lhe pedir desculpas pelo meu comportamento nesses últimos dias. — Tomou um gole de sua bebida. — Fui muito impulsivo.

— O que quer dizer com todo esse discurso? — Sua mente estava em alerta.

— O meu intento com essa conversa é dizer que… — Respirou fundo. Nesse instante, seu rosto se suavizou. — Você é meu irmão, não tenho nenhum motivo para me opor a você. Quero que sejamos uma família. Confesso que estou um pouco envergonhado pelo meu comportamento imaturo. Contudo, desejo me retratar com o meu irmão mais velho. — Se levantou caminhando em direção de Kylo que se pôs ereto como reflexo da ação do outro. Estava um pouco confuso tentando absorver aquelas palavras que pareciam tão sinceras aos seus ouvidos.

— Quer me pedir perdão?

— Sim! — Sorriu para o rapaz que tinha o cenho franzido. — Peço desculpas por todo o inconveniente que causei a você e a Rey. São pessoas muito queridas a mim. Aspiro toda a felicidade do mundo a vocês. Desejo que o que Desirée e eu temos, também possam compartilhar. — Abraçou o seu fraterno com todo o carinho que pode reunir naquele momento. — Pode relevar tudo o que lhe causei?

Kylo Ren por um instante se recusou a aceitar o gesto de irmandade do sujeito. Ademais sabia que o rapaz que lhe pedia perdão não tinha a menor ideia do que Desirée escondia. Muito menos suspeitava que ele outrora foi amante de sua esposa. Seu coração se apertou por guardar tamanho segredo do homem que merecia a verdade. Todavia preferiu se calar, no fim das contas, Ben Solo não precisaria ser magoado, pelo menos não hoje. Então devolveu o gesto como uma aceitação do pedido que seu irmão humildemente lhe ofertou. Com isso se selou a conciliação dos irmãos.

— Não há o que ser desculpado. — Kylo deu uns tapas camaradas nas costas do mais jovem. — Acredito que seja melhor nos reunirmos com as senhoras. — Riu para o irmão, este anuiu, indo para o salão onde as mulheres conversavam.

Ao se unirem as jovens no cômodo, os homens se sentaram cada um ao lado de suas mulheres. Kylo pegou a mão de Rey e a trouxe para um roce suave de seus lábios. Desirée se agitou na cadeira por sentir desconforto a tudo que via a sua frente, Ben beijou sua face com carinho, a sórdida sorriu amarelo, tentando disfarçar a raiva crescente em seus poros.

— Então o que tinham de tão urgente para conversarem em particular? — Sua voz era pausada para dissimular paciência.

— Estávamos falando sobre casamento, — olhou para a esposa e depois para Rey — sobre perdão… — Pegou a mão de Desirée que olhava confusa para o homem. — Pedi ao seu futuro marido desculpas, agora acrescento essa petição a minha cunhada. Sinto muito por tudo que falei irrefletidamente aos dois. Felicito ao casal que amanhã irão unir seus caminhos. — Sorriu para o casal. Dando tapinhas no dorso da mão da sua consorte, que agora planejava mil coisas em sua cabeça, para aproveitar tudo isso a seu favor.

— Obrigada Ben é muito gentil de sua parte. — Rey soou solene, não havia nenhuma emoção ou sentimentos em seu tom, ou rosto.

Kylo a observava nos mínimos detalhes, de certo modo sentia um ciúme primitivo, tentava ser racional neste momento, pois eles estavam se casando por muitos motivos, menos o amor. Será que ela poderia me amar igual ama a Ben Solo? Poderei ser o único a despertar as suas emoções? Ela um dia se sacrificaria por mim do mesmo modo que o faz hoje, por ele? Seus pensamentos se diluíram quando ouviu a voz dissimulada de sua ex-amante.

— Que alegria, saber isso agora poderemos visitar uma, a outra. — Bebericou seu chá. — Não é maravilhoso maninha? — Sua face estava radiante. As amigas da noiva estavam estarrecidas com o cinismo da mulher tentavam esconder a revolta por presenciar tamanha falsidade. Betina pigarreou alto. Rey a olhou com um olhar arguto. Depois se voltou para a sua irmã.

— Sim claro que é uma excelente notícia, porém, acredito que não estaremos uma, na casa da outra.

— Por que não irão? — Ben estava curioso.

— Fácil de responder. — Olhou para Kylo com carinho, que devolveu o gesto com igual cumplicidade. — Moraremos na vila e vocês na fazenda. Essa distância nos impedirá de seguirmos nos vendo com tanta frequência. — Procurava mostrar tranquilidade.

Antes que alguém pudesse responder ou continuar a conversação. Lireth entrou no cômodo acompanhada de três sujeitos muito musculosos.

— Perdão por interromper. — Se inclinou reverente. — Esses homens disseram que vieram a pedido do senhor Kylo Ren.

— Ah! Sim atenderam minha solicitação em pegar os baús de minha noiva, para levarem a nossa nova casa. — Sorriu para os seus marujos.

— Verdade! — Se levantou Rey. — Vamos Betina, Rose comigo para mostrar a esses cavalheiros quais compartimentos que irão levar.

— Poderei ir com vocês, maninha. — Tinha um rosto indecifrável.

— Como desejar Desirée. — A nubente deu as costas para a irmã. — Me acompanhem, por favor, até meu quarto. — A isso o grupo acompanhou a noiva até o cômodo que os grandalhões iriam pegar os objetos de Rey para levar até a sua nova vida.

Desirée estava radiante em ver que os marujos carregavam tudo sem exceção para o lugar onde ela queria. Agora era só arrumar um modo de fazer Kylo Ren ver o retrato de seu irmão nos pertences de sua noiva. Queria que ele odiasse e desprezasse Rey, tanto quanto ela o era. Sorriu malignamente.