— Suze, venha dançar conosco! – Cee Cee me chamava enquanto Adam a arrastava para o aglomerado de pessoas que dançavam no ritmo da música.

— Agora não Cee, meus pés estão doendo. – gritei de volta.

Vou ser sincera, meus pés nem doíam tanto assim, mas o tempo todo em que estive aqui, notei que Adam estava louco para dançar com Cee Cee. Só com ela. E o que eu iria fazer? Como uma boa amiga, obviamente deixaria o aproveitar o momento e quem sabe Adam finalmente tomasse alguma atitude. Qual é? Qualquer um pode ver que Cee Cee o ama! Apenas ele foi lerdo demais para perceber.

Depois de muito tempo batalhando contra Kelly Prescott e Debbie Mancuso, a festa na praia finalmente estava acontecendo, e mesmo à contra gosto, elas estavam claramente se divertindo. Debbie estava agarrada com meu meio-irmão Dunga diante da fogueira e Kelly dançava com Tad Beaumont, que havia voltado de São Francisco para passar as férias. Todos estavam se divertindo. Todos, menos eu, é claro.

Não que a festa não estivesse legal, pois estava, mas a única pessoa que eu queria que estivesse aqui, não estava. Bom, mesmo que estivesse, ninguém mais veria ele.

Fui me afastando discretamente da festa e me sentei em um tronco que o mar havia jogado na praia. Por sorte, uma duna impedia as pessoas de me virem ali e fiquei a olhar o por do sol. Ajeitei minha saída de praia e peguei um graveto. Automaticamente desenhei um coração na areia. Brega? Clichê? Totalmente, mas qual é? Estou apaixonada! É completamente natural eu desenhar um coração na areia.

— Por que não está na festa, Suzannah? – perguntou uma voz conhecida atrás de mim. Espero que ele não tenha percebido que estremeci quando ouvi sua voz e que apaguei o coração discretamente com o pé na esperança de que ele não tivesse visto.

— Não gosto de dançar. – Que mentira mais esfarrapada!

— É uma péssima mentirosa, mi hermosa. – Droga!

O silêncio se instaurou por um tempo, ele parecia estar bem relaxado, mas eu estava bastante incomodada com isso. Preciso relaxar, eu não queria ele exatamente aqui comigo? Agora ele está, por que estou tão nervosa então? Talvez por ele ter aparecido com uma frequência maior nos meus sonhos? Eu divido o quarto com um fantasma, já estava acostumada com sua presença, mas não é como se as coisas fossem realmente como antes, não? Afinal, quando o coração acelera, tudo muda.

— É lindo, não é? – Me referia ao por do sol, tentando mudar de assunto.

— Realmente. – E se sentou ao meu lado e passamos a observar o astro rei. Naquele dia, o sol estava vermelho, tingindo o céu de vermelho, laranja, amarelo e roxo. As primeiras estrelas já estavam visíveis e o sol começava a mergulhar no oceano. De repente me lembrei de uma música que cantei vendo esta mesma cena quando percebi que eu, Suzannah Simon, a mediadora, pela primeira vez na vida estava se integrando. Eu tinha amigos. Comecei a cantar baixinho pra mim. Lá vai o sol, lá lá lá lá.

— Gosto dessa música.

— Ela me faz bem. – comentei.

Então ouvi que a música tinha mudado. Agora tocava uma música lenta e meu coração acelerou. Tenho que sair daqui!

— Bom Jesse, foi bom conversar com você, mas agora tenho que ir. - falei me levantando e ajeitando minha saída de praia. Ele me olhou com uma sobrancelha erguida e com uma cara de cínico. Sua cicatriz o deixava ainda mais charmoso. Ai meu Deus!

Hermosa. – tenho certeza de que eu estava muito vermelha por conta daquele olhar que ele me lançou. Eu também deveria estar com uma cara muito engraçada pois ele soltou uma risada, muito sedutora por sinal!

Então ele se levantou, e ainda com aquele sorriso, veio em minha direção. Parecia que meu coração iria explodir se continuasse a bater nesse ritmo. Ele me olhava com um olhar terno e penetrante, e obviamente, senti minhas pernas bambearem.

— Há dias você está tentando fugir de mim, pare com isso Suzannah. Não quero ficar longe de você. – Ai Meu Deus! Chamem uma ambulância porque meu coração acaba de parar! Então ele finalmente voltou a bater e encontrei minha voz.

— Não estou tentando fugir de você. – me fiz de indignada. Não era bem verdade. Sim, eu estava tentando fugir dele, mas porque não queria continuar apaixonada por ele. Poxa, eu estou viva e ele não! Não daria certo.

— Está sim. Não quero isso, Suzannah, não entende?

Então pôs a mão em minha cintura e fechei os olhos esperando um beijo. Mas ele não veio. Jesse apenas me balançava.

— O que está fazendo? – perguntei passando meus braços em volta de seu pescoço.

— Dançando. – respondeu ele num tom óbvio.

Simples assim: dançando. Jesse podia ser o cara mais fofo do mundo, mas era muito lerdo! Então ele chegou perto do meu ouvido e começou a sussurrar.

— Não pense que não vi o coração que desenhou a pouco, hermosa. – Estremeci. E agora, o que eu faço? O que eu faço?

— Não enche, Jesse. – virei o rosto tentando esconder o pimentão que ele estava.

— Apaixonada, Suzannah?

— E se eu estiver?

— E quem seria o rapaz?

— Não é da sua conta! – tentei me soltar dele. Tenho que me afastar dele antes que essa situação piore, eu estou quase no ponto de gaguejar!

— Bom, não é nenhum dos rapazes presentes na festa, você não estava olhado fixo para nenhum.

— Estava me espionando, Jesse? – perguntei indignada.

— Esse rapaz por acaso seria eu, Suzannah? – perguntou ele segurando meu rosto e olhando fixo nos meus olhos.

Ok, não preciso nem dizer o quão vermelha eu devo estar nesse momento. ESTÁ TÃO NA CARA ASSIM? Bom, primeiro eu culparia o maldito coração na areia por ter me entregado assim, mas quem eu estaria tentando enganar? A mim mesma? Não sei nem mais o quanto tenho conseguido disfarçar ultimamente. Sim, Jesse, eu estou perdidamente apaixonada por você e estou em uma completa agonia por isso pois você é um fantasma e eu não, mas não consigo dizer isso, não encontro minha voz. E do modo como seus olhos escuros me encaram não tem como não suar frio e manter as pernas firmes, por favor pernas, me mantenham em pé, não falhem agora, por favor!

— E-eu... – Droga, gaguejei!

— Não precisa dizer nada, mi Hermosa— E após me dar o sorriso mais charmoso de todos os tempos, com os olhos brilhando de um modo muito fofo devido ao por do sol estar refletindo em seus olhos, ele me beijou. JESSE ME BEIJOU! Se isso for um sonho, por favor, NINGUÉM me acorde!

Mas não era um sonho, Jesse realmente estava me beijando, e posso afirmar com toda a certeza de que foi o melhor beijo da minha vida! Muito melhor do que eu imaginava!

— Como sabia? – perguntei sem jeito virando o rosto após Jesse ter encerrado o beijo que parecia ter durado horas. O sol havia acabado de mergulhar no mar, mas o céu continuava pintado de cores quentes.

— Vejo o jeito como me olha, e você também fala dormindo às vezes. – ele riu. Já disse que Jesse tem um riso encantador? Espera aí, eu falo dormindo? Ah meu deus, o que foi que eu disse?!

— Não se preocupe Suzannah, e respondendo o que você disse na noite passada enquanto dormia... – ele se aproximou novamente do meu ouvido -... Eu também te amo, mi hermosa.

E antes mesmo de ter tempo de processar essas palavras, ele me puxou para mais um beijo, dessa vez, mais envolvente do que o anterior, um beijo especial. Sentia-me leve, realizada. Eu finalmente estou com a pessoa que amo, e os sentimentos são recíprocos! Eu não preciso de mais nada, apenas de Jesse para ser feliz, meu Jesse.

Ele novamente encerrou um beijo e meu deu um beijinho na testa.

— Até breve, mi Hermosa. – E desapareceu.

Desapareceu. Simples assim. Mas estranhamente, não conseguia ficar com raiva por ele simplesmente ter sumido e me deixado aqui sozinha na praia após desmascarar meus sentimentos e me dar os beijos mais maravilhosos da minha vida. Eu estava feliz, pois ele me correspondia, e eu não preciso de mais nada. Sinto que estou sorrindo feito uma boba, mas fazer o que? Estou apaixonada!

— Suze! – uma voz me chamou ao longe. – O que está fazendo aqui sozinha? - a voz chegou mais perto e eu reconheci Cee Cee correndo em minha direção. – Venha dançar, menina, está perdendo a festa! – ela agarrou minha mão e me puxou de volta para onde a festa estava acontecendo. – E aliás, por que está com esse sorriso bobo na cara?

— Por nada, Cee Cee, só estou feliz. - Ela me olhou com uma cara de que sabia que eu estava escondendo alguma coisa. – Vamos dançar! – a arrastei para onde todos estavam dançando antes mesmo que ela tivesse chance de perguntar. – E você vai me contar tudo depois! – me referia à dança com o Adam, ela obviamente sabia do que eu estava falando, pois ficou muito vermelha e sua pele alva ressaltou mais ainda.

— Pode deixar.

E passamos o resto do dia dançando e nos divertindo, eu não tinha mais motivos para não estar sorrindo hoje, afinal, tive o melhor fim de tarde da minha vida e um dia ótimo com meus amigos, e também, sei que quando chegasse em casa, Jesse estaria me esperando, meu Jesse. Eu realmente não precisava de mais nada, estava tudo em seu perfeito lugar agora.

Fim

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.