Constance, A Alegre destemida; Chess Melo.

Era uma vez uma menina chamada Constance, um dia Constance estava a fazendo um piquenique no jardim de sua mansão, desbravando os longínquos canteiros de rosas e tulipas, que ficavam na parte mais afastada do jardim. Constance procurava e a cada animal ou inseto diferente encontrado ela se divertia, até que Constance vê um brilho e pega sua mochila e corre para pegá-lo. Quando Constance se aproxima ela percebe que não se trata de um brilho, mas sim de uma maçaneta de porta.

–Horas! Mas que porta é essa que nunca vi.

Constance olha para os lados e lentamente abre a porta. Ela entra pelo túnel e sente-se tonta ao passar pela porta, quando tudo fica escuro.

–Droga, está muito escuro aqui.

Constance se vira para voltar e buscar uma lanterna, mas ao chegar do lado de dentro da porta percebe que esta estava trancada.

–Ahhhhhhhhhhh! Meu Deus! Trancada, como assim? Calma Constance respira... Calma. Inspira, espira - ela fala como um mantra- Se a saída não é pela entrada é pelo fim.

Constance decide seguir pelo túnel até o fim, ela anda por minutos e chega a ficar suada. Andando mais um pouco ela vê uma luz no fim do túnel, Constance se põe a correr o mais rápido possível, ela corre tão rápido que nem percebe que o túnel acabou e vai cair. Constance cai.

Cai mas não sente dor, ela havia caído em algo macio, olhando bem era algo macio e peludo... Macio peludo e que falava.

–Ahhh!!!- Constance grita se levantando assustada- Me desculpe- ela fala educadamente ainda sem ver ‘’a pessoa’’ na qual caiu- Cai e não vi nada.

Constance vira e se depara com um pequeno esquilo, que tinha os pelos curtos e castanhos, os olhinhos amendoados, largas orelhas e um grande nariz preto.

–Tudo bem- responde o esquilo.

–Tudo bem senhor... Ahhh... Senhor...

–Lionel. Lionel, O esquilo, as suas ordens.

–Desculpe-me ter caído em cima de você.

–Tudo bem e me desculpe garota, mas aqui não é um lugar muito seguro para ‘’humanos’’. -ele faz uma cara engraçada ao dizer ‘’humanos’’

–Como assim para ‘’humanos’’?-Constance imita a cara que o esquilo fez. - E fique sabendo que meu nome é Constance.

–Constance, minha querida, a Terra de “Arinopla” não é um local seguro para você, eu não quis ser mal estou apenas avisando.

–Tudo bem. De qualquer forma terei de seguir em frente, adorei conhecê-lo Lionel.

–Adorei conhecê-la também Lady Constance, espero que tenha sorte na sua jornada.

Constance se despede do novo amigo e segue em frente.

Estava caminhando quando escuta ao longe uma conversa, mas não vê ninguém, há somente árvores na floresta.

–Devo estar ficando louca- murmura para si própria.

Segundos depois começa a escutar burburinhos de “A forasteira e louca, foi ela mesma quem disse”, ”Doida, já esteve até presa”.

Constance fica confusa e resolve continuar ouvindo. Pelo que ela percebeu eram as árvores que falavam. Elas estavam contando a história do reino ela resolve escutar e talvez aprender algo sobre a terra onde se encontra.

Havia alguma arvore contando uma história que se sobressaia das outras:

“Anos atrás, nosso rei era bom. Mas aconteceram coisas ruins e ele ficou mau. Com o passar do tempo seu coração se enegreceu e ele resolveu mudar de vez. Hoje nosso rei vive a espera de alguém que tenha coragem de enfrentá-lo e o trazer de volta, mas isso é o mais difícil de acontecer, todos temem O Rei”.

Constance se intriga, mas segue seu caminho em silêncio, sabe-se lá Deus o que era verdade e o que era mentira o que as árvores diziam. Logo após o trecho da floresta, havia um longo lago congelado, os olhos de Constance brilharam ao perceber seu mais amado doce: chocolate. Constance vai em direção ao lago e vê duas estradas em sua margem, uma ia pra esquerda e dizia “VENHA POR AQUI” e outra pra direita e dizia ”NÃO VENHA AQUI, VAI OUVIR ESSA PLACA MENTIROSA” . As placas a deixavam mais confusa e ela resolveu fazer seu próprio caminho, em um ato de coragem Constance resolve atravessar o rio.

Se o caminho não se basta, fazemos o caminho. Constance era meio filosófica e sempre gostava de falar frases sem sentido (pelo menos para todos os outros) em momentos solenes.

Com cuidado, Constance pisa no chocolate congelado resmungando.

–Ô desperdício meu Deus! Pobre chocolate, que triste fim, ser pisado.

Constance atravessa o lago e quando põe seu pé no chão firme, a superfície congelada do lago de chocolate se quebra.

–Ufa! Essa foi por pouco- pensa Constance.

Constance segue fazendo seu caminho, pensando distraída e andando nas nuvens, quando esbarra em alguém.

–Oh! Desculpe-me, estava distraída, não o vi. Me chamo Constance.

Constance olha em quem esbarrou e vê um 'homem' aparentemente normal. Tinha a barba por fazer, os olhos mais azuis que tudo chegando quase ao prateado e usava uma bengala para se apoiar.

–Tudo bem. Me chamo Gregory. Gregory, o Curandeiro Mágico. Também estava distraído.

–Tudo bem, essas coisas acontecem. – ela fala sendo simpática pois havia gostado de Gregory.

–Não!-ele se exalta- Isso é imperdoável, venha até minha casa e coma um pedaço de torta como desculpas.

O mago curandeiro parecia meio afoito e nervoso, ele jogava sua bengala de uma mão para outra.

Ele não espera resposta e saí puxando Constance em direção a sua casa. Constance fica desconfiada, mas não fala nada por educação, e novamente por educação se deixa ser levada. Chegando a tal casa o mago à leva para a cozinha, pega um pedaço de torta e lhe dá esperando ansiosamente que ela comesse. Constance ia por na boca pela insistência dele, mas na hora que direciona o garfo a boca ele da um espirro e vira o rosto para o lado deixando de olhá-la, Constance aproveita a chance e joga a torta pela janela.

Quando ele a olha ela finge terminar de comer a torta.

–Deliciosa!-diz sorridente- Estava realmente com fome.

O curandeiro Gregory fica olhando-a por alguns minutos com cara de quem não entendeu e vendo que seu plano de dopá-la e lhe devorar não deu certo dispensa-a como eram as regras.

–Foi muito boa sua companhia Constance, mas agora é hora de partir, deve seguir seu caminho.

Constance que não estava gostando muito da companhia de Gregory se despede e logo vai.

–Tudo bem, adeus Gregory.

–Adeus Constance. Espero que nos encontremos em melhor situação, seremos bons amigos.

Constance parte e seguindo seu caminho passa por um jardim de estátuas. Ela fica horrorizada, pois todas as estátuas tinham caras de medo e pavor.

–Quem iria querer um jardim assustador assim?- ela se questiona seguindo em frente- Tenho a sensação de que logo descobrirei.

Já estava ficando tarde quando Constance decide parar para se alimentar e descansar, andando mais um pouco ela encontra uma gruta, onde decide montar acampamento, ela mal termina de montar seu acampamento e acender uma fogueira e um alto temporal começa a cair.

Constance se alimenta da mochila que havia trago e logo dorme.

No meio da noite acorda assustada e sente alguém tampar-lhe o rosto, ela tenta gritar e se soltar, mas não consegue. Resolve ficar quieta e é amarrada por um homem, ela o vê se afastar e se transformar em um dragão.

Com o susto Constance desmaia.

Quando acorda novamente vê o homem, ele era muito diferente do que Constance estava acostumada, ele tinha a pele prateada e os olhos totalmente negros contrastando com a boca vermelha, parecia um lagarto. Já estava claro e ele começa a falar com ela.

–Você, forasteira, invadiu as terras do Rei, ele não gosta de estranhos e por isso foi trazida aqui. -ele fala com voz meio metálica assustando Constance.

Constance é levada à presença do Rei, que ela percebe ser muito bonito, aparentando ter seus 20 anos.

–O que leva uma pessoa tão jovem a se tornar mal?- Constance pensava consigo mesma.

–Vejam só o que os ventos me trouxeram. Qual o seu nome forasteira?- ele pergunta sério.

Constance fica travada e nada responde. O homem dragão que havia raptado-a dá uma cotovelada em suas costelas e fala.

–Quando O Rei perguntar, responda.

Constance que era fã de animes sente-se ultrajada com a violência recebida, e já achando o homem dragão muito parecido com um personagem, ela solta uma pérola.

–Ai Sebby! Precisa me tratar assim. Ô rei, fica de olho no Sebastian, ele esta muito rebelde pro meu gosto.

O Rei e o homem dragão (que se chamava Boris) ficam sem entender nada com caras de tacho.

O Rei para para olhar melhor Constance e percebe que ela era bem bonita, tinha os cabelos azuis, mas bonita. Com um gesto faz com que Boris traga-a para perto e com outro gesto afasta Boris.

–Você não sabe quem eu sou? Certo?- pergunta passando a mão pelo rosto dela

–N-não- Constance fica balançada pelo toque.

–Hahaha- O Rei ri - Só podia ser, pois hoje me sinto bondoso e irei lhe dizer. Eu sou Caius, O Rei. Sou o dono de todo o reino por onde você andou. E você será minha nova escrava, irá me obedecer e servir.

Constance faz uma expressão de indignada e fala.

–Sabe seu rei... Eu nunca fui muito obediente. Se eu não obedeci nem aos meus pais por que eu obedeceria você?

–Porque se não eu lhe mato, ou você tentará lutar?- ele falou firme.

Constance que já não estava muito paciente depois de ter passado a noite naquele mundo louco, estoura de vez.

–Um dia William Shakespeare disse: Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

Constance filosofa e puxa a espada da cintura do Rei em uma distração dele e a põe em punhos para lutar.

Fazendo uma pausa dramática Constance olha no fundo dos olhos de Caius e diz

–Cai dentro babaca.

Boris faz menção de ir para cima de Constance, mas O Rei o impede.

–Ora, ora. Ela não é corajosa? Se for luta que você quer, luta você terá. Afastem-se todos. – ele pega a espada de Boris e avança em Constance.

Constance começa a lutar com Caius, eles fremiam as espadas no ar e o maior barulho que se ouvia era i tilintar delas uma contra a outra. Ela estava vencendo, mas em uma trapaça Caius a joga no chão.

–Então menina Constance, agora me obedecerá?- pergunta colocando a espada no pescoço dela.

–NUN-CA. - ela fala pausadamente, com uma seriedade nunca vista antes nela- Eu ouvi a história de que um dia você já foi bom, mas como tudo o que aquelas árvores falavam... Era mentira, pensei que encontraria uma pessoa, não um monstro.

Constance vê raiva e curiosamente mágoa passar pelo olhar do rei e em um ato de raiva ele levanta a espada para dar o golpe final.

–Você não sabe o que fala menina.

Quando Caius iria baixar a espada no coração de Constance, ouve-se uma explosão e da fumaça aparecem, todos com que Constance havia cruzado em seu caminho: Lionel, Gregory, Ipnus, e vários outros.

Constance e Caius veem vindo em sua direção um grande leão e aproveitando a distração do rei Constance lhe dá um forte chute ‘nos países baixos’ o deixando se contorcendo de dor e desmaiado.

Com o passar da tarde, tudo é colocado em ordem e Constance se vê pronta para ir para casa, mas triste por deixar seus novos amigos.

–Ah Lionel, sentirei falta de todos vocês. - Dizendo isso ela abraça o pequeno esquilo. Sendo logo em seguida abraçada por todos.

Constance limpando as lágrimas, mas ainda preocupada com Caius pergunta.

–E Caius? O que vão fazer com ele? Ele não é mau.

–Nós lhe daremos nosso pior castigo, ele vai aprender a lição e ser reintegrado à população.

Constance havia ficado consternada depois que descobriu a história de Caius.

Ele havia sido criado pela Rainha, sua mãe, mas ela era uma mulher muito má e deixou-o traumatizado. Quando novo, ele era bom, mas sua mãe conseguiu quebrar sua pureza com o tempo o tornando o que era hoje.

–Mas não é nada muito ruim? É?

–Não. Ele ficará preso na mais alta e distante torre por três anos, reaprendendo a conviver com o bem e depois será liberado, mas até lá será vigiado pelos nossos melhores guardas Os Irmãos Urso, apesar de ter bom coração ele ainda representa um perigo para nós.

–Então daqui a três anos eu volto!- Constance falou decidida.

–Muito bem Lady Constance, sempre será bem vinda. - falou Lionel. -Mas querida, por favor, não conte de nosso mundo a ninguém. Você nos salvou com sua bondade e alegria, mas os outros não são assim.

–Tudo bem Ipnus, eu prometo não contar nada a ninguém. Ipnus era o mago mental que Constance via desde pequena, por isso não havia se assustado com ele. Deu um longo abraço em cada e seguiu seu caminho e foi para casa.

.....................Três anos depois....................

Constance não deixava de pensar em Caius um só dia. Estava louca para voltar a encontrar seus amigos e por que não seu amor?

Mochila arrumada, Constance foi em direção à porta escondida, entrou e teve a mesma tontura e escuridão da primeira vez. Agora diferentemente Constance tinha 20 anos e era uma mulher decidida.

Continuou pelo túnel até cair, diferente da primeira vez Constance não caiu em alguém, mas em algo, uma almofada macia. Olhando para a cidade ao longe pôde ver o quanto tudo havia mudado. Seguiu em frente, e estranhou não encontrar Lionel no caminho, ou mesmo Gregory em sua casa, a qual ela foi visitar. Ia seguindo triste seu caminho, nem as árvores cochichavam coisas. Não viu nenhum de seus amigos e isso a desanimava.

Chegou à cidade e para sua surpresa havia várias estátuas suas por ali, uma estátua dizia "Constance, A Alegre destemida".

Ficou repetindo isso em sua mente

–'Tai gostei.

Constance seguiu até o castelo do antigo Rei, e entrou, estavam todos lá: Gregory, Ipnus, Lionel, o leão Kentin, todos estavam lá. Ela se encheu de alegria e foi falando alto pra todos ouvirem-na, já que não haviam visto ainda.

–Que recepção maravilhosa, fico esperando três anos para rever meus amigos e nada de encontrá-los.

Nessa hora todos se viraram para ela com grandes sorrisos no rosto e os mais chegados foram abraçá-la. Recebeu um abraço de cada amigo querido matando as saudades.

–Que saudade de todos vocês. Esperei tanto por hoje, como estão todos?

Ipnus que era o governante desde a remoção de Caius falou.

–Minha querida! Também sentimos saudades. Estamos todos bem, mas tem alguém que você quer saber mais não é?

Constance ficou toda vermelha, pois de Ipnus não podia esconder nada, ele era o único com quem ela manteve contato, já que ele podia “ir” em sua mente, e ver sua mente.

–É-ée... Ipnus!- ralhou mais vermelha ainda- Vamos logo com isso não?

Ipnus riu e foi em direção à torre mais alta e distante do reino com uma nervosa Constance ao seu encalço. Chegaram e abriram as portas da torre. Lá no fundo podia-se ver um homem alto, loiro saindo, com a pele extremamente clara e o maior sorriso que uma pessoa é capaz de dar.

O coração de Constance foi na boca e ela teve de se segurar para não o ‘atacar’.

Caius finalmente estava livre e podia ir atrás de seu amor, era o que ele pensava. Desde que havia lutado com Constance não pensava em outra pessoa. Quando a viu ali toda nervosa e vermelha seu coração disparou.

–O-o-oi- Ele disse gaguejante.

–Oi- Constance o respondeu.

Tomado por uma coragem nova, Caius deu um passo em frente e abraçou Constance para em seguida lhe beijar.

Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o.– ela disse meio ofegante.

Ficaram ali se abraçando e descobrindo o amor de anos ser recém-correspondido.

Constance e Caius passaram a namorar e com o passar do tempo os dois iam de um mundo a outro.

“Constance não sabia, mas era a pessoa da profecia, sua coragem e alegria, trouxeram de volta o olhar brilhante do rei. Assim puderam viver um grande amor, que apesar de as vezes enfrentar alguma briguinhas e discussões era maior que tudo. Constance e Caius viveram juntos ate sua morte, mas mesmo assim continuaram unidos, pode-se dizer que foram felizes para sempre”

Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo...

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.