Capítulo 34 - Uma Decisão Inesperada, Uma Atitude Impensada

"Tengo ganas de tenerte siempre
De conocerte una y mil veces
Tengo ganas que todos se enteren
Si existe suerte, la mía es quererte"

Eres Tú - (Matisse ft. Reik)

ANGIE

— Demitida?! — Eu não podia acreditar no que tinha acabado de escutar, só podia ser brincadeira.

— Isso mesmo que você ouviu queridinha, está demitida. Quer que eu soletre? D-E-M… Qual letra vem depois mesmo?

O Studio estava se recuperando de uma crise recente, não teria como as coisas progredirem com Jade LaFonteine sendo a diretora.

— Jade, você ter comprado o Studio não te faz a diretora. — German tentou explicar pacientemente. — E, por isso, você não pode demitir a Angie. Além de que ela não fez nada de errado.

— Ela te roubou de mim, German, acho isso motivo o suficiente.

— A Angie não me roubou de você Jade, eu que tomei a decisão de acabar nosso relacionamento.

— Olha Jade, nossos problemas pessoais não têm nada a ver com o Studio. — Respirei fundo, tentando não me estressar.

— Por que você ainda não foi buscar suas coisas e foi embora? — Jade falou num tom mais alto, deixando sua voz ainda mais esganiçada do que já era.

— O que está acontecendo aqui? — Pablo apareceu, parecia alarmado com a cena que Jade estava armando na frente dos alunos.

— Despedi a Angie, mas ela se recusa a dair daqui.

— Ela é nossa professora de canto mais experiente, você não pode fazer isso.

— Só não posso, como fiz.

— Que tal conversamos num lugar mais adequado? Vamos para a sala dos professores. — Meu amigo sugeriu, prevendo que essa confusão não acabaria tão cedo.

Fomos os quatro pra sala dos professores e nos sentamos.

— Jade, eu sou o diretor do Studio, você é apenas a dona do lugar, não pode interferir no que acontece aqui.

— E por que não? Que eu saiba eu fui a única pessoa que quis comprar esse lugar, vocês deveriam me agradecer.

— Ah, por favor, Jade. Você nem é formada em música ou dança para ocupar o lugar de diretora. — Ela precisava entender que ser diretora não era algo tão simples.

— Acho que você não está entendendo a situação, Angie. Ou eu sou a diretora ou vou vender esse lugar pra alguém que não será tão generoso com vocês como estou sendo. A única coisa que peço é que você saia daqui e não volte mais.

— Se você demitir a Angie, eu também estou fora Jade. — German falou num tom sério.

— Mas eu preciso de você aqui German!

— O que você precisa de verdade mesmo é bom senso, Jade. — Peguei minha bolsa. — Eu preciso de um pouco de ar, depois vocês me colocam a par do que foi decidido.

— Angie… — German me lançou um olhar preocupado.

— Estou bem. — Me esforcei para sorrir.

Antes que Jade falasse alguma coisa, saí da sala. Minha cabeça já estava doendo e eu precisava me acalmar.

Me sentei num dos bancos que ficavam na lateral do Studio, não queria dar o azar de ver Jade mais uma vez no mesmo dia.

Como as coisas podiam mudar tão de repente? Eu estava tão feliz que German e eu estávamos finalmente juntos e agora mais uma dificuldade aparecia no caminho da minha felicidade.

Fiquei mais alguns minutos sentada e tentando pensar positivo que aquela situação se resolveria em breve. Logo após me levantei e fui dar minha primeira aula de canto do dia.

GERMAN

Eu tinha esquecido como era tão exaustivo discutir com a Jade, como tirar uma ideia da sua cabeça podia ser difícil.

Pablo parecia tão cansado de tudo aquilo quanto eu. Tentamos dissuadí-la da ideia de ser a diretora do Studio durante uns bons 40 minutos depois que Angie saiu da sala. E só o que conseguimos foi que Angie não fosse demitida, desde que eu concordasse em continuar no Studio. Não tivemos escolha a não ser aceitar que ela fosse a diretora, pelo menos até acharmos um jeito de resolver a situação.

Depois que ela finalmente foi embora, Pablo e eu conversamos sobre o que fazer no momento. Não tínhamos escolha a não ser permitir que Jade estivesse por perto. Depois de nos despedirmos, fui procurar por Angie.

Encontrei minha namorada dando uma de suas aulas e fiquei só observando como era uma professora maravilhosa e o quanto fazia com amor seu trabalho. Então ela me viu e pediu para que eu tocasse piano para que seus alunos cantassem e eu prontamente aceitei.

Depois de Angie dar a aula por encerrada e os alunos se dispersarem, me aproximei dela e comecei a massagear seus ombros, ela estava tensa.

— Você é tão bom fazendo isso. — Ela pareceu relaxar.

— Só fazendo isso? — Provoquei.

— Não vou te responder pra você não ficar mais convencido do que já é. — Ela riu.

Fiquei mais aliviado ao ouví-la rir, ela tinha ficado tão irritada com a discussão com Jade.

— Acho melhor você parar, antes que eu durma em pé. Você sabe que grávidas sentem mais sono que o normal. — Ela se virou pra mim.

— Então faço mais quando chegarmos em casa.

— Pode ter certeza que eu vou cobrar isso mais tarde.

— Você está bem? — Entrelacei nossas mãos.

— Agora estou melhor. — Ela soltou um suspiro cansado.

— Você precisa tentar se estressar menos, amor.

— Eu sei que me estressei mais do que o necessário, mas é que eu não admito que a Jade estrague o que o meu pai demorou tanto tempo para criar com tanto amor e esforço.

— Eu te entendo. Vai ser difícil ter que lidar com a Jade, mas pense no nosso bebê.

— Tem razão, tanto estresse não vai fazer bem para o bebê. Vou precisar de muita paciência.

— Todos nós vamos.

— Mas e depois que eu saí, o que foi decidido?

— Primeiramente, você não será demitida. Jade concordou em não te demitir desde que eu continuasse no Studio. Pablo e eu conversamos depois que ela saiu e concordamos em deixar ela acreditar que é a diretora do Studio até acharmos uma forma de resolvermos essa situação.

— E o Pablo? Não vai ser mais o diretor?

— Jade concordou que ele fosse o vice diretor.

— Coitado do Pablo!Tenho certeza de que ela está fazendo tudo isso só pra ficar perto de você, German.

— Não sei o que tinha na cabeça pra me envolver com ela.

— É que você ainda não tinha conhecido a pessoa certa. — Angie passou seus braços ao meu redor.

— Bem, isso é verdade. Ainda não tinha encontrado a loira que daria sentido à minha vida.

Aproximei nossos rostos e dei um selinho rápido em Angie, já que ali não era o lugar pra isso.

— Por mais que eu queira passar mais tempo com você, acho que vou precisar te expulsar da minha sala agora. Minha próxima aula começa em 5 minutos. — Ela sorriu.

— Tudo bem, te vejo mais tarde então. — Retribui seu sorriso.

Dei um beijo de despedida em Angie e fui trabalhar.

(…)

ANGIE

Finalmente meu dia de trabalho estava quase acabando, em uma hora e meia eu poderia ir embora. Eu estava tão exausta que só queria ir pra casa tirar uma longa soneca.

Meu dia estava sendo complicado, lidar com Jade era muito cansativo e me preocupava que se ela descobrisse que eu e German estávamos juntos, ela quisesse vender o Studio. Ela quis me demitir apenas por causa de desavenças do passado, imagine se soubesse do meu namoro com seu ex-noivo.

— O que está te preocupando tanto, Angelita? — Sebastian entrou em minha sala.

— Que susto! — Levei uma mão ao peito dramaticamente. — Você precisa aprender a bater na porta, Sebs.

— Não tente mudar de assunto, Angelita. Você sabe muito bem que pra mim não adianta mentir.

— Lembra que te contei que a Jade, ex-noiva do German, comprou o Studio? — Ele concordou. — Ela tentou me demitir mais cedo só por achar que é minha culpa que ela não tenha se casado com ele.

— Que vingativa!

— Nem brinque com isso, Sebastian. Estou preocupada que se ela souber que eu e German estamos juntos, ela venda o Studio. Tenho tanto medo de que ela destrua esse lugar.

— Finalmente vocês se resolveram, já estava passando da hora. Estou tão feliz por você. — Ele sorriu e segurou uma de minhas mãos.

— Acho que eu nunca me senti tão feliz em toda minha vida, Sebs. Parece um sonho que eu e German tenhamos nos acertado.

— Não deixe que a Jade estrague esse momento. — Aconselhou. — O que você vai fazer?

— Por mais que isso me doa e me entristeça, acho que é melhor manter meu relacionamento com German em segredo. Pelo menos até encontrarmos um jeito de a Jade não ter mais poder nenhum sobre o Studio.

— Você acha que essa é realmente uma boa ideia? Já conversou com German sobre isso?

— Eu queria tanto que tudo fosse diferente, mas não posso ser egoísta.

— Acho bom você pensar melhor sobre isso. Não acho que essa ideia seja muito boa.

— Estou tão confusa. — Admiti, não gostava de me sentir assim.

— Você precisa de uma pausa, Angie. Vamos pegar um copo de suco.

Saímos da minha sala de canto, Sebastian apoiou uma das mãos em minhas costas e fomos em direção à máquina de suco. Mas pra nossa má sorte, encontramos Jade no caminho. Eu nunca me acostumaria em vê-la andando pelo Studio.

— Que aliança bonita, Angie! Pena que ela não combina com você e sua falta de classe.

Respirei fundo para não responder à altura. Eu precisava me lembrar que ela era a dona do Studio.

— E quem é esse moço bonito? — Ela voltou sua atenção para meu amigo.

— Sebastian. — Ele respondeu, educado.

— Finalmente a Angie deixou o German em paz. Parabéns pelo namoro, vocês são namorados, não é?

— O quê? Eu e a Angie não… — Sebastian começou a explicar, mas logo interrompi.

— Obrigada, Jade. Sim, eu e Sebastian somos namorados. — Tentei sorrir pra dar veracidade à minha mentira.

Percebi o tamanho do meu erro logo que concluí a frase. Eu tinha dito que éramos namorados por puro impulso. Jade não era muito inteligente, mas não seria difícil descobrir que quem tinha me dado aquela aliança era German se eu negasse que eu e Sebastian éramos namorados.

Me dei conta de que a situação era pior do que imaginava quando vi que German olhava de uma distância razoável para nós e que aparentemente havia escutado perfeitamente o que eu havia dito. Pude ver decepção em seu olhar.

Ele saiu do Studio discretamente, pedi licença à Jade e Sebastian e fui atrás dele.

— O que você acabou de ouvir não é o que está pensando. — Eu precisava que ele soubesse a verdade.

— Tudo bem, Angie.

— Tudo bem? Só isso que você vai dizer? — Achei estranho que ele não tivesse nada a dizer sobre a cena que presenciou.

— Não, não tenho. Eu não quero discutir, isso não faria bem pro bebê.

— German, por favor… Vamos conversar. — Pedi, não queria que ele tomasse conclusões precipitadas.

— É melhor não, Angie.

— Você está bravo comigo?

— Não, só estou chateado por você ter tomado uma decisão sem mim. Nós não concordamos que tomaríamos as decisões juntos a partir de agora?

— Mas não foi isso que eu fiz, eu só não pensei na hora. A Jade viu minha aliança e eu pensei que se eu negasse ela ligaria os pontos rapidamente, sabendo que eu e você estamos juntos. Então achei melhor deixar que ela acreditasse que estou namorando com Sebastian. — Tentei me explicar, queria que ele entendesse meus motivos.

— E pra você seria um problema admitirmos que estamos juntos? — Ele parecia magoado comigo.

— Sim! Quer dizer, não! — Suspirei, eu não estava conseguindo me explicar como o planejado. — Eu só acho que se…

— Não precisa explicar mais nada, Angie. Está tudo bem se você precisa de um tempo pra admitir que estamos juntos, eu só queria que você tivesse sido sincera e me dito isso.

— Mas… — Eu precisava que ele me ouvisse.

— Angie… — Ele se aproximou de mim e segurou minhas mãos. — É melhor conversarmos mais tarde em casa, você precisa se acalmar e o Studio não é o lugar para discutirmos um assunto tão pessoal.

— Tudo bem. — Acabei cedendo, eu já estava estressada o suficiente com a situação com a Jade, era melhor me acalmar, além de que minha última aula estava prestes a começar.

— Vou ter uma reunião com o Pablo e a Brenda agora, nos vemos depois que sua aula acabar. — Ele depositou um beijo em minha cabeça e entrou no Studio.

E eu fiquei ali por mais uns minutos antes de entrar, pensando no erro que eu tinha acabado de cometer, em como German tinha entendido errado toda a situação.

(…)

Logo que minha aula acabou, peguei minhas coisas e saí do Studio. Esse era um dos lugares que eu mais amava, mas eu precisava sair de lá pra finalmente respirar em paz; pensar com mais clareza nos últimos acontecimentos.

German não parecia bravo mais cedo, nem mesmo irritado, apenas triste e isso me partia o coração. Inventei uma mentira sem nem conversar com ele sobre não assumirmos nosso namoro por causa do Studio. Isso era algo que competia a nós dois, eu não devia ter falado que estava com Sebastian antes de conversar com German.

Tudo estava tão bem entre nós, o tempo que passei com German na casa de campo tinha sido tão maravilhoso e eu estava tão crente que dessa vez nosso relacionamento iria pra frente sem mais complicações...

Eu não conseguia parar de pensar em como eu não deveria ter agido por impulso e o quanto aquela situação estava me deixando angustiada, no entanto que eu estava me segurando para não ter uma crise de choro, o que estava sendo comum ultimamente graças aos hormônios da gravidez.

— Angie. — Uma voz me tirou de meus devaneios. Virei e me deparei com a minha mãe.

— Mamãe? — Perguntei, um tanto atordoada, não esperava encontrá-la na esquina do Studio. — O que a senhora está fazendo aqui?

— Eu estava indo ao Studio falar com você, já que não atendeu as ligações que fiz ontem. — Ela não parecia estar me criticando por não ter atendido às suas ligações, apenas constatando um fato.

— Não sei se esse é o melhor momento pra conversar. — Minha voz estava embargada e minha garganta apertada por causa do esforço para não chorar.

— Você está bem Angie? — Notei um tom de preocupação em sua voz.

Só balancei a cabeça em negação, minha mãe e eu podíamos não estar no melhor momento da nossa relação, mas ouvir ela me perguntar se eu estava bem igual sempre fazia quando sabia que eu estava com problemas só me fez ter ainda mais vontade de chorar e pedir que me abraçasse.

— Vamos pra minha casa, querida. Você não parece muito bem, acho que te faria bem me contar o que está se passando com você. — Ela me olhou com tanto carinho, que fui incapaz de dizer não.

Minha mãe chamou um táxi e em pouco tempo chegamos à sua casa. Logo que entramos, ela já me fez ir para o meu antigo quarto que eu dividia com a Maria, alegando que assim eu ficaria mais confortável.

Só de entrar naquele lugar que eu havia tido tantas memórias boas compartilhadas com minha irmã, me senti relaxar. As paredes rosas cheias de pôsteres de bandas que eu adorava quando adolescente me deixaram mais aconchegada do que eu imaginava ser possível. Fazia tanto tempo que eu não entrava ali.

— Ainda não reformou nosso quarto de adolescente? — Perguntei, curiosa. O lugar parecia exatamente igual à das últimas vezes que eu havia estado lá.

— Não tive coragem. Esse quarto me lembra a uma época mais simples e feliz. É uma forma de manter as memórias vivas.

— Eu entendo, é tão bom saber que ainda temos um pedaço da Maria aqui.

— Lembra quando nos mudamos pra cá e ela queria pintar o quarto de roxo, mas você chorou tanto dizendo que queria que ele fosse rosa que ela acabou desistindo da ideia?

— Lembro sim. — Sorri com a lembrança. — Fiz escândalo só porquê o quarto das minhas amiguinhas eram rosa e queria que o meu fosse também.

Passamos uns minutos só perdidas em memórias. Até que minha mãe perguntou:

— Quer conversar sobre o que aconteceu pra te deixar tão triste? Sei que não estamos no nosso melhor momento, mas colocar o que você está sentindo pra fora, pode te ajudar.

— Quero. — Respirei fundo antes de começar a história. Contei sobre os últimos acontecimentos da minha vida. Desde o momento que German e eu finamente nos acertamos até o impasse de hoje mais cedo. — Eu não entendo porque sempre aparece algum empecilho no meu relacionamento com German.

— Amar não é algo simples, Angie. A luta pra fazer que um relacionamento dê certo é constante. Se vocês se amam tanto quanto parece, os problemas serão apenas obstáculos a serem superados. Tenho certeza de que se você explicar o motivo do que fez, ele vai entender.

— Espero que sim. Eu o amo tanto, não quero que ele pense que não quis assumir nosso namoro porque estou insegura de nosso relacionamento.

— Fique tranquila, depois que vocês conversarem, vai ficar tudo bem.

— Sobre o que a senhora queria falar comigo? — Mudei de assunto, queria saber o que ela tinha pra me dizer.

— Quero me desculpar por tudo o que eu fiz e falei que te magoou nesses últimos tempos. Você não merecia a minha reação ao seu relacionamento com German e à sua gravidez e que eu mentisse sobre Antônio ser seu pai. Você estava passando por um momento delicado e eu só piorei tudo.

Eu nem sabia o que dizer, as palavras proferidas pela minha mãe foram tão sinceras e pela primeira vez ela parecia aceitar meu namoro com German e o fato de eu estar grávida dele.

— Preciso confessar que eu pedi para o German terminar com você depois de ter se afogado. Me perdoe, filha. Eu fiquei com tanto medo de perder minha outra filha que nem considerei o que você sentia por ele. Sei que fui egoísta ao pedir isso à ele. — Continuou e percebi que algumas lágrimas tinham rolado de seu rosto.

Eu não conseguia acreditar que ela tinha influenciado German a terminar comigo, mas a decisão de não dar uma chance para nosso relacionamento fora dele, eu não podia culpar apenas minha mãe sendo que mesmo assim German poderia ter lutado pelo que sentíamos.

— Angie, querida, fale alguma coisa. Por favor. — Ela parecia aflita por eu não ter esboçado nenhuma reação ao que ela tinha falado.

— Eu nem sei o que falar. — Foi tudo que eu consegui dizer antes da crise de choro que eu estava segurando finalmente vir.

Todo o estresse que eu tinha passado hoje e o que minha mãe tinha dito me deixaram sensível demais. Toda aquela situação me deixou tão exaltada e ansiosa que senti um enjoo horrível.

Corri para o banheiro e despejei tudo o que tinha em meu estômago. Senti minha mãe segurar meu cabelo enquanto eu vomitava. Fazia dias que eu não me sentia tão enjoada assim.

Depois que terminei, minha mãe me ajudou a levantar. Lavei meu rosto e escovei meus dentes com uma escova nova que minha mãe encontrou na gaveta da pia.

Depois voltei para o quarto e me deitei, o enjoo ainda não tinha passado por completo e minha cabeça doía pelo esforço. Minha mãe me ofereceu um remédio e eu logo aceitei.

Quando me sentia um pouco melhor, resolvi continuar a conversa que estávamos tendo.

— É difícil ignorar tudo o que a senhora falou pra mim, eu sofri muito por cada palavra negativa. Eu só precisava que me apoiasse, que dissesse que tudo ficaria bem.

— Eu sei, querida. — Ela falou com a voz embargada. — Eu coloquei meus preconceitos acima de tudo. Você só queria que eu fosse sua mãe. Me perdoe por tudo, vou sempre me arrepender pelo que eu fiz.

— Eu te perdoo. — Foi libertador poder dizer essas palavras. — Mas vamos precisar de tempo pra reconstruir nossa relação.

— Obrigada Angie. — Um sorriso surgiu em meio às lágrimas. — Posso te abraçar?

Eu balancei a cabeça em afirmação e nos abraçamos. Eu não conseguia parar de chorar. Sabia que precisaríamos de tempo para nossa relação voltar a ser como antes, mas estava feliz por finalmente estar de bem com a minha mãe. Eu havia sentido tanto a sua falta.

— Eu te amo tanto, meu amor.

— Eu também te amo, mamãe. — Abracei-a mais apertado.

— Que tal você me pôr a par da sua gravidez? Não quero perder mais nenhum minuto.

Sorri com seu pedido e passamos um bom tempo conversando sobre minha gestação.

GERMAN

A reunião com Pablo e Brenda sobre o Studio ter sua própria discografia tinha se estendido mais do que o esperado e para piorar logo que acabou, Jade veio conversar comigo. Levei um bom tempo até conseguir me desvencilhar dela. Quando consegui, fui procurar por Angie. Mas não consegui encontrá-la em nenhum lugar.

Resolvi ligar para ela e, depois de algumas tentativas que caíram na caixa postal, minha ligação foi atendida. Só que não por Angie, mas por Angelica, que me explicou que a filha estava com ela em sua casa.

Eu me lembrava onde ficava a casa de Angelica, então logo que terminamos a ligação, fui para lá. Eu precisava conversar com Angie, eu deveria tê-la escutado antes de tomar minhas próprias conclusões.

Quando cheguei, Angelica abriu a porta e me cumprimentou com um sorriso.

— Olá, German. — Ela não parecia incomodada em me ver como eu esperava.

— Boa tarde, Angelica. — Devolvi o cumprimento.

— Acho que eu te devo desculpas por ter pedido que se separasse de Angeles. Agora vejo o mal que causei para vocês dois.

— Não se preocupe, Angelica. Isso é passado, até consigo entender que você só queria o melhor para Angie. — Eu não guardava ressentimentos do que acontecera.

— Obrigado, German. — Ela sorriu. — Você faz minha filha feliz e aprendi que isso é o que importa.

— Acho que não estou fazendo-a tão feliz nesse momento. — Acabei contando.

— Vocês só precisam conversar, German. Angie já está te esperando no quarto, você se lembra do caminho, não é?

Concordei e fiz o caminho até o quarto. Encontrei minha namorada sentada com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Ela não parecia muito bem, estava pálida e parecia ter chorado.

— Angie. — Chamei enquanto me sentava na cama. — Você está bem?

— Sim, só estou um pouco enjoada. A pior parte já passou.

— O que aconteceu? Você está branca que nem um papel. — Perguntei, preocupado.

— Eu fiquei muito enjoada mais cedo e vomitei. Não se preocupe, só estou cansada. Já tomei um remédio pra enjoo, então não deve demorar a passar.

— Tem certeza? Se quiser te levo ao hospital.

— Eu não quero ir ao hospital. O que eu quero é conversar com você sobre o que aconteceu hoje mais cedo. — Ela se aproximou de mim, sentando-se mais perto de onde eu estava.

— Vamos conversar então. — Concordei.

— Você entendeu errado o que aconteceu. Eu não estou insegura sobre o nosso relacionamento, tudo o que eu mais quero é estar com você. — Ela fixou seus lindos olhos verdes nos meus.

— O que eu mais desejo é estar com você também. Só fiquei confuso, você disse pra Jade que estava namorando com o Sebastian.

— Eu sei. — Ela suspirou. — Eu fui impulsiva demais e devia ter falado sobre isso com você. Eu fiquei com medo de que se a Jade descobrisse sobre o nosso namoro, ela venderia o Studio ou coisa pior. Ela viu o meu anel e achei que logo se daria conta de que eu e você estávamos juntos se eu não tivesse inventado que estava com Sebastian. Foi idiota, eu sei. Me perdoa, German.

— Eu não tenho o que perdoar. Eu realmente gostaria que você tivesse conversado comigo antes antes de tomar qualquer decisão, mas não posso te julgar pelo que fez, sendo que eu já tomei uma decisão que competia a nós dois sozinho. — Passei meus braços ao seu redor, ela apoiou sua cabeça no meu peito e fez o mesmo.

— Mas é que nós tínhamos combinado de tomar decisões juntos, confiando um no outro e eu já estraguei tudo.

— Mas eu também errei, Angie. Eu não quis te ouvir, tirei conclusões precipitadas e te peço perdão por isso.

— Tudo bem, eu precisava mesmo me acalmar antes de conversarmos.

— Um relacionamento não é perfeito, não vamos acertar sempre, amor. Mas sempre tentaremos melhorar.

— Tem razão. — Ela finamente sorriu. — Nosso amor vai superar as dificuldades.

NARRADORA

Angie finalmente conseguira relaxar, agora que ela e German tinham se resolvido, tudo parecia ter voltado aos eixos.

— Eu queria que todos soubessem que estamos juntos, a sorte que eu tenho em te amar e ter você na minha vida, Angie. Mas como a situação do Studio se complicou por causa da Jade, acho melhor fingirmos que não estamos juntos.

— Tem certeza? — Angie levantou o rosto do peito dele para olhá-lo melhor.

— Tenho. Não vai ser fácil, mas podemos tentar.

— Não sei se isso vai funcionar levando em conta as vezes que prometemos ser só amigos ou ficarmos separados.

— Verdade. — Ele riu. — Nenhuma das nossas tentativas tiveram sucesso. Mas vamos nos esforçar dessa vez, pelo bem do Studio.

— Pelo bem do Studio. — A loira concordou. — Queria que isso não fosse necessário.

— Não se preocupe, amor. Em breve acharemos uma forma de resolver tudo. — Ele beijou o topo da cabeça dela.

— Eu estava tão animada pra contar para as meninas que finalmente nos resolvemos. Mas acho melhor deixarmos todo mundo acreditar que ainda não estamos juntos.

— Assim será mais fácil.

— Namorar em segredo… Vamos parecer um casal de adolescentes. — Ela riu.

— Isso pode até que ser divertido.

— Divertido vai ser você pagar a massagem que você está me devendo de hoje mais cedo. — Angie fez piada.

— Vamos pra casa então?

— Vamos.

(…)

* TRADUÇÃO:

Tenho vontade de sempre ter você
De te conhecer uma e mil vezes
Tenho vontade que todos saibam
Se a sorte existe, a minha é te amar