Consequências do Amor

Capítulo 14 - Uma Surpresa, Uma Noite Apaixonante



"Cuando llegaste tú
Te metiste en mi ser
Encendiste la luz
Me llenaste de fé
Tanto tiempo busqué
Pero al fin te encontré
Tan perfecta
Como te imaginé"

* Sabes ( Reik )

ANGIE

Acordei de manhãzinha, o relógio marcava 6:30 da manhã.

Procurei por German e encontrei-o ao meu lado, um de seus braços ainda circundava minha cintura enquanto ele dormia tranquilamente.

Suspirei, ao me lembrar dos acontecimentos daquela madrugada. O fato era que German fora tão fofo e tão compreensível comigo, que eu não conseguia deixar de me questionar se eu o julgara mal. Meu coração garantia que sim, mas minha mente dizia o contrário.

Quando esse sentimento de confusão iria embora?

Sem querer dar atenção aos sentimentos conflitantes que me cercavam, me aninhei novamente para perto de German, e me permiti adormecer novamente no lugar onde eu mais queria estar: entre os braços de German.

(…)

Acordei com barulhos de cortina sendo aberta e com raios solares refletindo no meu rosto.

— Hora de acordar, dorminhoca. — Uma Vilu animada falou.

Ainda de olhos fechados, reclamei:

— Só mais cinco minutinhos, Vilu… — Pedi, a voz embargada pelo sono.

— Nem pensar! — Respondeu puxando o cobertor que me cobria. — Hoje o dia promete.

Sem alternativa, me sentei na cama, enquanto tentava domar meus cachos com as mãos.

— Que horas são? — Perguntei, me espreguiçando.

Vilu olhou para a tela de seu celular e respondeu:

— Agora já são 8:30. — Respondeu. — Então, trate de se arrumar rápido porque combinei com as meninas que tomariamos café da manhã juntas e depois iríamos fazer compras e ir ao cabeleireiro e ao Spa.

— Compras? Cabeleireiro? Spa? — Questionei, confusa. — Pra que tudo isso, querida?

— Para nos divertirmos. — Respondeu como se fosse óbvio. — Você está precisando relaxar, Angie. As últimas semanas têm sido estressantes pra você, você merece descansar um pouco.

Pensei melhor no assunto e decidi que a oferta de Vilu era realmente o que eu estava precisando.

— Tudo bem, eu aceito. — Concordei sorrindo.

Vilu me contemplou com um sorriso satisfeito.

— Papai mandou eu entregar uma coisa pra você. — Disse, foi até sua bolsa e tirou de lá um envelope azul marinho, e depois o entregou pra mim.

— Obrigada. — Agradeci, começando a abrir o envelope.

— Bom, eu já vou indo. Nos vemos daqui alguns minutos? — Perguntou, piscando pra mim.

— Claro. Até daqui a pouco, querida. — Afirmei e Vilu saiu do quarto sorrindo.

Retirei um papel branco de dentro do envelope e li em voz alta:

" Bom dia, meu anjo.
Espero que seu sono tenha sido bom, pois o meu foi ótimo, graças a você.
Tenho algumas coisas para resolver e por isso tive de sair cedo.
Nos vemos mais tarde, tudo bem?
P.S: Tenho uma surpresa para você.
German. "

Terminei o bilhete com um sorriso bobo no rosto; eu adorava quando German me chamava de "meu anjo".

Por um momento fiquei pensando em qual seria a surpresa de German. Eu já me sentia curiosa; eu adorava surpresas, mas odiava ter de esperar. Sorte, que pelo que Vilu contara, nosso dia seria bem ocupado, apesar de relaxante.

Devolvi o bilhete dentro do envelope e o depositei em cima do criado mudo.

Levantei-me e fui direto para o banheiro.

Me arrumei rapidamente e em poucos minutos já me encontrava tomando meu café-da-manhã na companhia das meninas.

O resto da manhã e da tarde ocorreram maravilhosamente bem. Me diverti muito ao lado de minhas alunas, fazia tanto tempo que eu não tirava um tempo para relaxar e me divertir. Eu me sentia renovada.

Eram 18:00 da tarde, quando finalmente eu, Vilu, Ludmila, Naty, Gery, Camila e Francesca, voltamos para o hotel.

Decidi ir ao meu quarto para depositar minhas sacolas de compras.

Chegando em meu quarto, ajeitei as sacolas da melhor maneira que pude. Após terminar de arruma-las, decidi ir para a varanda, tomar um pouco de ar fresco.

Comecei a caminhar, mas antes que pudesse chegar ao meu destino, tropecei em uma pasta, que provavelmente era de German.

Me abaixei e comecei a recolher alguns papéis que por algum motivo caíram fora da pasta, e quando eu estava organizando-os um deles chamou minha atenção.

Meu coração deu um pulo, eu não conseguia acreditar no que estava lendo.

O documento dizia claramente que German se tornara o novo patrocinador e investidor do Studio e graças a ele, as dívidas do Studio haviam sido quitadas.

Lágrimas caíam pelo meu rosto. Agora eu enxergava tudo claramente. Um homem que fora capaz de ser tão generoso com o Studio, algo que nem era sua responsabilidade, não podia ser ruim ao ponto de me machucar propositalmente.

Eu me dera conta de que julgara muito mal German. Agora eu podia ver com clareza que German nunca teria beijado Priscilla, pois ele era bom demais para fazer isso comigo.

Como eu pude ser tão cega? Eu deixara que o passado infuenciasse meu presente e cometi um grave erro.

GERMAN

Passei a manhã e a tarde inteira resolvendo os detalhes da minha surpresa para Angie. Tudo tinha que ser perfeito, Angie merecia o melhor.

Foi difícil despertar ao lado de Angie e ter de deixa-la logo pela manhã. Tudo o que eu mais queria era aproveitar meu tempo ao lado dela, mas se tudo ocorresse como o planejado, o tempo que passei longe valeria a pena.

Eu já planejava fazer algo do tipo, mas devido a nossa briga e aos acontecimentos seguintes, eu tive de mudar um pouco os planos.

No momento, eu acabara de sair do elevador e andava em direção ao meu quarto.

Logo que entrei no quarto, encontrei Angie ajoelhada no chão com uma folha em mãos. Seu rosto estava repleto de lágrimas.

— Angie… — Chamei preocupado.

— Eu não te mereço. — Falou entre as lágrimas.

— O que? — Perguntei confuso.

Me aproximei de Angie, me ajoelhando ao seu lado.

— Eu te julguei tão mal… — Ela me encarou, seus olhos cheios de aflição. — Me perdoa, German.

Segurei delicadamente seu belo rosto em minhas mãos e depositei um beijo casto em sua testa.

— Não chore, meu anjo. — Enxuguei as lágrimas que manchavam seu rosto angelical. — Odeio te ver assim.

Ela me olhou profundamente e confessou:

— Eu te julguei muito mal. Parte de mim sabia que você seria incapaz de ferir meus sentimentos, mas a outra parte se recusava a acreditar nisso. Eu deixei o medo me influenciar e estraguei as coisas. Eu deveria ter confiado em você e em sua palavra, mas eu fiz exatamente o contrário. Eu nem ao menos te deixei explicar. — Relatou, triste e com a voz ainda embargada pelo choro. — Você investiu no Studio e quitou as dívidas, você salvou aquele lugar da falência. Como eu pude julgar seu caráter daquela forma? Eu não tinha esse direito,German. Você tem sido tão compreensível comigo… Me perdoa.

Balancei a cabeça em negativa.

— Eu não tenho o que perdoar. — Uni nossas mãos. — Eu no seu lugar teria feito a mesma coisa, provavelmente.

— Por favor, não me faça parecer certa. O injustiçado aqui é você. — Pediu, me olhando seriamente. — Eu preciso ouvir você dizendo que me perdoa.

— Eu te perdoô, Angie. — Afirmei, concordando com o seu pedido. Eu realmente não achava que tivesse o que perdoar, mas se era importante pra ela ouvir eu dizer aquilo, eu o faria.

— Obrigada, German. — Agradeceu tocando meu rosto com sua palma delicada e macia. Um leve sorriso emoldurava seu rosto, ela parecia bem mais calma. — Obrigada por me compreender e também por ter investido no Studio, por ter dado um voto de confiança nos alunos e salvado os sonhos deles e também o meu.

— Não tem que me agradecer. Foi você e os alunos que lutaram pelo Studio, eu só dei uma ajudinha. — Expliquei sorrindo. — O mérito é de vocês, não meu.

— Ajudinha? — Questionou, incrédula. — Pare de ser tão modesto, German. Você salvou o Studio da falência.

— Não me dê mais créditos do que eu mereço. — Respondi sincero. Quem tinha verdadeiramente se esforçado eram os alunos e Angie, eles tinham salvado o Studio.

Angie balançou a cabeça, negando minhas palavras, mas mudou de assunto:

— Por que não me contou que tinha investido no Studio e quitado as dívidas? — Questionou, me analisando.

— Eu ia te contar logo que assinei a papelada, mas quando fui te contar, Vilu acabou aparecendo e depois a Priscilla apareceu também… E por fim, eu nem tive tempo de lhe dar a notícia.

Angie ficou em silêncio por alguns segundos, provavelmente absorvendo minhas palavras.

— Por que você investiu no Studio? — Quis saber.

Achei que a resposta fosse óbvia, mas pelo jeito Angie ainda não se dera conta do motivo principal que me fez investir no Studio.

— Você. Você é o principal motivo de eu ter tomado essa decisão. Aquele lugar é importante demais pra você, eu não podia deixar que o Studio fosse a falência se eu podia fazer algo; você ficaria devastada se isso acontecesse e eu não aguentaria ver você desse jeito e nem Vilu e os amigos dela. — Expliquei. — Se tem uma coisa que você me ensinou é que se eu posso fazer algo, eu não devo ficar de mãos atadas.

Angie abriu um sorriso tão lindo, que senti uma pontada de alegria despontar em meu peito. Eu faria de tudo para que esse sorriso nunca se apagasse de seu rosto.

Sem que eu esperasse, ela se jogou em meus braços. E eu a recebi, ansiando por mais proximidade entre nós.

Beijei seus cabelos dourados, deixando seu perfume floral e adocicado me envolver. E depois de um dia inteiro de correria, me permiti relaxar.

Ficamos abraçados por minutos incontáveis, até que Angie se afastou um pouco para olhar pra mim.

Nos encaravamos com tanta intensidade, que foi inevitável nos beijarmos.

Nossos lábios se encontraram em um beijo apaixonado, cheio de saudade. Um beijo de reconciliação, que dizia mais do que as nossas palavras poderiam.

Era tão bom saber que agora tudo entre nós dois estava resolvido. Foi como se um peso enorme tivesse saído de meus ombros.

NARRADORA

Angie correspondia ao beijo tão envolvida quanto German. Ambos ansiaram por aquele momento, por aquele beijo.

Naquele momento nada mais importava, apenas a consciência de que precisavam um do outro.

German queria prolongar o momento, mas o dia ainda não havia terminado. Havia muita coisa para acontecer.

Relutante, German encerrou o beijo com um selinho.

— Você viu o meu bilhete? - Perguntou, afastando um fio que caia sobre os olhos da loira.

— Claro, que recebi. — Confirmou, sorrindo. — Fiquei o dia inteiro tentando adivinhar o que você estaria aprontando. Estou curiosa para saber qual será minha surpresa.

German sorriu com a empolgação dela.

— Eu espero muito que você goste. — Ele disse.

— Eu tenho certeza de que vou gostar. — Ela devolveu, animada.

Antes que German pudesse responder, batidas ritmadas soaram na porta.

Angie abriu a porta e encontrou Vilu do lado de fora com um sorriso radiante.

— O que você está fazendo aqui, Vilu? Precisa de algo? — A tia tratou de perguntar.

— Sim, eu preciso que você venha comigo.

— Ir com você? Pra onde? — Inquiriu, um tanto confusa.

— Para o meu quarto. Meu pai me contou sobre a surpresa e eu e as meninas vamos te ajudar a se arrumar. — Explicou. — Vamos, Angie.

Então quer dizer que sua surpresa não seria ali?

Angie caminhou até German e se despediu com um selinho.

— Nos vemos daqui a pouco? — Angie perguntou sorrindo abertamente.

— Com certeza. — Ele concordou, devolvendo o sorriso.

(...)

German esperava Angie no saguão do hotel. Ele se sentia um tanto apreensivo, no entanto que a cada dois minutos ele consultava seu relógio de pulso.

German vestia uma camisa social branca com um blazzer azul claro, que lhe caia muito bem e ressaltava seus músculos, uma calça jeans escura e sapatos pretos.

Ele acabara de consultar seu relógio pela última vez, quando ouviu o som do elevador se abrir. Imediatamente ele elevou o olhar e ficou embasbacado, sem palavras.

Angie caminhava em sua direção e parecia mais um anjo. Ela trajava um vestido cor pérola acima dos joelhos, era um vestido elegante que realçava suas curvas sem ser vulgar. Nos pés, calçava saltos nude. Seus cabelos caíam soltos e ondulados sobre seus ombros, como cascatas. Sua maquiagem era leve ao não ser pelo batom vermelho, e combinava perfeitamente com os brincos delicados que ela usava.

German encurtou o espaço entre eles, caminhando até Angie.

— Você está deslumbrante. — German elogiou, após levar a mão de Angie aos lábios e depositar um beijo.

— Muito obrigada. — Ela agradeceu, levemente corada. — Você também está muito elegante, Sr. Castillo.

German piscou pra ela, imitando um galã de novela mexicana, o que arrancou risos de Angie.

— É, você deveria mesmo ser ator. — Ela brincou, aceitando o braço que ele lhe oferecia.

— Eu gosto de ser engenheiro. — Ele respondeu e ambos riram.

(…)

German dirigia há quase dez minutos, enquanto Angie no momento procurava um estação de rádio que fosse de seu agrado.

A viagem estava sendo tranquila, ao não ser pelas perguntas insistentes de Angie para saber para onde ele a levava, mas German não lhe dera nenhuma dica ainda.

— Chegamos. — Ele anunciou estacionando o carro em frente a um restaurante chique.

German saiu do carro, deu a volta no mesmo e abriu a porta para Angie.

— Obrigada, cavalheiro. — Agradeceu com um aceno de cabeça e com um sorriso brincalhão nos lábios.

Ele estendeu a mão pra ela.

— Me daria a honra de sua companhia, cara dama? — Ele fez uma mesura.

Angie aceitou, rindo.

— Tem certeza de que você não é da realeza? — Brincou. — Quem sabe um Conde ou um Duque…

German riu junto dela.

— Tenho absoluta certeza de que não possuo nenhum desses títulos, milady. — Ele entrou na brincadeira.

— Que bom, pois eu também não possuo nenhum título, milorde. — Respondeu, tentando imitar uma perfeita dama do século XIX.

Ambos se encararam e riram. A química entre eles era palpável. Adoravam a companhia um do outro.

German guiou Angie para dentro do restaurante, onde um garçom os levara até uma sala reservada exclusivamente para os dois.

Angie ficou encantada e impressionada com o que viu. A sala era espaçosa, a única mobília era uma mesa bem no centro do comodo. A única luz do ambiente era das várias velas em cima da mesa decorada com rosas vermelhas.

German prepara um jantar a luz de velas só para os dois. Eles eram os únicos no restaurante além dos empregados, o que a fez desconfiar que German reservara o restaurante apenas para os dois.

— Você gostou? — Ele perguntou esperando que a resposta fosse sim.

— Eu não gostei, eu amei! — Revelou, sorrindo ainda sem acreditar na surpresa. — Eu nunca tive um jantar a luz de velas. Tudo isso é… perfeito.

Os cantos dos lábios de German se elevaram em um sorriso relaxado. Era tão bom saber que Angie tinha gostado da surpresa, apesar de a noite ainda estar só começando. Outras surpresas ainda aguardavam Angie…

German puxou a cadeira para que Angie se sentasse, contornou a mesa e sentou-se de frente para ela.

— Onde você descobriu esse lugar? — Ela quis saber, enquanto tocava uma rosa.

— Eu já vim aqui uma vez, em um casamento de um amigo de negócios. — Contou. — Achei que era o lugar perfeito para um jantar romântico.

— É, você acertou em cheio. Eu adorei o lugar. — Angie revelou, alegre.

— Tem muitos lugares em que ainda quero te levar. Conheço alguns lugares e acho que você também adoraria conhecê-los.

— Ah, é mesmo? — Questionou, animada com a ideia. — Como conhece tantos lugares de Sevilha?

— Eu já morei aqui. — Ele revelou para a total surpresa dela.

— Sério? Eu não fazia idéia. — Disse. — Quantas coisas eu ainda não descobri sobre você?

— Muitas. — Ele piscou para ela e Angie riu.

— Espero poder descobrir cada uma delas. — Angie respondeu estendendo sua mão sobre a dele.

— Eu também espero descobrir mais sobre você, Angie.

Eles continuaram a conversar até que um garçom serviu o primeiro prato da noite, acompanhado de uma taça de vinho para cada um deles. Depois do jantar, saborearam a sobremesa que era uma torta de maçã caramelada, que Angie adorou, já que maçã caramelada era seu doce favorito.

Quando Angie pensou que o jantar havia acabado, German surpreendeu-a:

— Me daria a honra, milady? — Ele estendeu o braço para ela, parecendo um típico mocinho de um dos livros de romance que Angie tanto gostava.

— Com prazer, milorde. — Ela aceitou o convite com uma mesura.

German pegou seu celular e colocou uma música bem leve para tocar.

Angie estendeu as mãos sobre os ombros de German e ele estendeu uma de suas mãos nas costas de Angie e a outra na cintura dela. E começaram a dançar…

Dançavam em sincronia, seus olhares cravados um no do outro.

Os movimentos simples, passaram a ser mais complexos, de acordo com seus sentimentos.

Angie se sentia exatamente como em um baile nobre do século XIX. Era como se estivessem em um salão de baile, onde a atenção estava toda voltada para eles.

Ambos se divertiram imensamente com a companhia do outro. A cada música que terminava, eles a encerravam com um beijo.

Dançaram por muito tempo, até seus pés reclamarem.

German pagou o garçom e eles saíram de mãos dadas do restaurante.

— Obrigada pelo jantar e pela dança. — Agradeceu sorrindo. — Eu adorei tudo.

— Fico muito feliz que tenha gostado. — Completou. — Mas a noite ainda não terminou.

— Não? — Angie questionou.

— Não, ainda temos mais uma parada. — Revelou e Angie sorriu em expectativa, sentindo-se curiosa.

(…)

— Você me trouxe à praia. — Ela disse, enquanto German a ajudava a sair do carro a pouco estacionado. Era a mesma praia que ficava de frente para o hotel em que eles estavam hospedados. Se eles atravessassem a rua, estariam em frente do mesmo.

— Aceita me fazer companhia enquanto caminhamos a beira do mar? — Perguntou com aquele sorriso deslumbrante que só German tinha, tornando o pedido irrecusável.

— Com toda certeza. — Ela retribuiu o sorriso.

Ela retirou os saltos e com a mão livre, aceitou a mão que German lhe estendia.



Eles caminhavam de mãos dadas em um silêncio confortável.

German estava nervoso, tinha algo muito importante para falar para Angie.

De repente, German parou de andar.

Estranhando a parada, Angie perguntou:

— Tudo bem, German?

Ele balançou a cabeça em afirmativa.

— Tenho algo muito importante para lhe falar, Angie. — Contou, para a surpresa da loira.

German retirou os sapatos da mão de Angie e os depositou sob a areia, para depois unir suas mãos as dela.

Angie o encarava com os olhos claros atentos, que pareciam brilhar ante a luz da lua.

— Angie, desde o momento em que nos conhecemos, algo dentro de mim mudou. E eu tenho estado em constante mudança desde aquele dia. Você me ensina e me inspira todos os dias a ser melhor. E eu quero ser melhor por você, por nós dois. Quero ser digno de você e lutar por seu amor. Espero um dia ser o homem que você merece ao seu lado. — Confessou, cada palavra repleta de intensidade e emoção.

Com os olhos úmidos, Angie respondeu emocionada:

— Você já é esse homem, German.

— Eu ainda tenho muito o que mudar e espero que você esteja ao meu lado, acompanhando essas mudanças. — Ele confessou, o coração acelerado. — Eu não quero ficar nem mais um minuto longe de você, meu anjo.

— Nem eu. — Angie respondeu ante a confissão dele. Sua voz embargada pelas lágrimas, que não demorariam muito a cair.

Ela tocou com carinho o rosto de German.

— Tudo que eu mais quero é ficar do seu lado. Ficar separada de você é algo pelo qual eu nunca mais quero passar. — Ela falou sorrindo levemente e foi a vez de German surpreender-se.

— Eu concordo. — Ele se aproximou. — Eu quero um futuro com você, Angeles.

German levou a mão ao bolso do blazzer e retirou de lá uma caixinha aveludada. Ele abriu a caixinha e revelou duas alianças da cor prata. E com a voz cheia de emoção perguntou:

— Angeles, você aceita ser minha namorada?

As lágrimas que Angie tentara segurar, caíram livremente. Tudo parecia tão surreal. Ela esperara tanto tempo por um momento como aquele…

Um sorriso surgiu entre as lágrimas e ela respondeu:

— Sim… Sem sombra de dúvidas, sim!

Sem conseguir refrear o sentimento de alegria que invadia seu peito, German puxou Angie para os seus braços e a beijou apaixonadamente. Um beijo cheio de promessas.

Os braços de German cercavam Angeles, enquanto suas mãos acariciavam as costas dela com movimentos delicados.

Angie envolveu o pescoço de German com seus braços, aproximando ainda mais seus rostos.

Seus lábios se moviam fervorosamente, tentando afugentar o turbilhão de emoções ao redor deles. Seus corações descompassados, batiam como um só.

As decisões que tomaram no passado já não eram tão importantes, tudo o que importava era o presente e o futuro que pretendiam construir juntos. Tanto tempo esperando pelo dia em que verdadeiramente poderiam ficar juntos, sem nenhum empecilho, e esse dia finalmente chegara.

Em cerca de segundos, o beijo se tornou mais exigente. Estavam tão envolvidos pelo momento que compartilhavam, que a Terra parecia girar em um ângulo diferente do habitual.

Eles tinham a convicta certeza de que estavam onde realmente deveriam e queriam estar. Finalmente o Destino conspirava à favor deles.

German nunca pensara que poderia se apaixonar novamente, mas Angie era a prova viva de que ele se enganara. Ela chegara para mudar sua vida e mostrar que ele ainda era capaz de amar novamente.

Se beijaram por longos minutos, envoltos pela brisa do mar e a luz do luar servindo de palco para seu amor.

Encerraram o beijo com um selinho e se entreolharam sorrindo um para o outro.

— Eu amo você, Angeles. — Ele revelou, os olhos cheios de amor.

— E eu amo você, German. — Ela espalmou as mãos sobre o peito dele, sentindo o coração dele pulsar na mesma sintonia que o seu.

— Eu deveria ter feito isso há muito tempo atrás, mas minha covardia não deixou. — German disse, triste consigo mesmo. Ele teria evitado tanto sofrimento de ambas as partes se logo no início tivesse revelado seus sentimentos à Angie...

— Não se culpe, German. Não nego que o caminho até aqui foi difícil, mas o que importa é que agora estamos juntos. — Ela explicou, tentando tirar o semblante de culpa do rosto do amado.

Ela sorriu para German, o que fez com que ele retribuisse, afastando a culpa que nublava suas feições.

Lembrando que ainda não tinham trocado as alianças, German pegou a caixinha e retirou de lá a aliança de Angie.

— Posso? — Ele perguntou e Angie assentiu, em expectativa.

German pegou a mão de Angie delicadamente e deslizou a aliança de compromisso pelo seu dedo anelar.

Sua aliança era deslumbrante. Enquanto a de German era lisa, a dela tinha uma pequena pedra delicada entalhada em seu centro.

Angie fez a mesma coisa. Tomou a mão de German entre as suas e deslizou a aliança no dedo correto.

Sorriam um para o outro e trocaram outro beijo apaixonado, selando o compromisso que assumiram um para com o outro.

(…)

German e Angie atravessaram a rua e segundos depois adentraram o hotel.

Angie estava pronta para ir para seu quarto, então começou a caminhar até o elevador, mas German segurou uma de suas mãos, o que a fez parar onde estava.

Antes que ela o questionasse, ele explicou:

— As surpresas ainda não acabaram.

— Sério? — Ela perguntou, um sorriso brotando em seus lábios. German não parava de surpreende-lá.

— Seríssimo. — Ele confirmou retribuindo o sorriso.

German guiou Angie até o restaurante do hotel, onde logo que adentraram, uma salva de palmas os recebeu. Vilu e todos os outros alunos aplaudiam e assobiavam animadamente o mais novo casal.

Um sorriso radiante se espalhou pelo rosto de Angie ao ver seus amados alunos e poder compartihar com eles um dos momentos mais importantes de sua vida.

— Um brinde ao mais novo casal! — Vilu erguera sua taça enchida de refrigerante como a de todos os outros alunos, já que ainda não tinham idade para beber, e brindou a felicidade do pai e da tia.

Um garçom servira uma taça de Champanhe para Angie e outra para German, para que eles pudessem participar do brinde.

Violetta foi a primeira a parabeniza-los.

— Parabéns para vocês dois. — Ela abraçou animadamente o pai e a tia. — Estou tão feliz por vocês! Sonhei tanto com esse dia!

— Obrigada por tudo, querida. — Angie abraçou-a novamente. — Se estamos aqui agora é por sua causa, Vilu.

— Obrigada, filha. — German agradeceu, grato por ter uma filha tão maravilhosa. — Graças a seus conselhos e esforços estamos vivendo esse momento.

— Ah, se vocês continuarem a falar essas coisas, vou acabar chorando. — A garota disse, emocionada. Ver a tia e o pai juntos e tão felizes era tudo que ela sempre desejou para eles. — Aproveitem a festa!

Ela beijou a bochecha da tia e do pai, se despediu deles e voltou para perto do namorado.

— Obrigada, German. Eu adorei essa surpresa, como todas as outras. — Confessou, enlaçando o pescoço do namorado, enquanto ele a trazia para mais perto de si.

— Fico feliz que tenha gostado. — Ele sorriu para ela.

— Como voce sabia que eu aceitaria? —Quis saber. — E se eu não tivesse aceitado, como ficaria a festa?

— Eu não sabia se você aceitaria, mas eu esperava com todas as forças que sim. Por você vale a pena se arriscar, Angie. — Revelou, arrancando um sorriso radiante da namorada.

(…)



A festa ocorrera melhor do que German e Violetta haviam planejado.

O casal se divertira ao lado dos alunos. Aquele momento ficaria eternizado entre os presentes.

A noite foi regada de risos e felicitações ao recente casal.

Em um determinado momento, German e Angie decidiram subir para seu quarto. Então, saíram de fininho da festa, deixando os alunos aproveitarem o restante da noite.

Logo que adentraram o quarto, se entregaram a outro beijo apaixonado.

O clima entre eles esquentou rapidamente, eles ansiavam por mais proximidade. Eles desejavam um ao outro com intensidade.

Então, Germán desgrudou por um momento seus lábios dos de Angie e virando-a de costas, desceu o zíper do vestido dela com delicadeza, fazendo questão de roçar os dedos em sua pele conforme fazia o zíper deslizar. Ela estremeceu com o leve toque, deixando um suspiro sôfrego escapar de seus lábios.

Ele estava bem atrás dela, ela podia sentir suas costas apoiadas contra o peito forte dele. Ele aproveitou a posição e mordiscou de leve o pescoço de Angeles, acabando de abrir o vestido.

— Germán. — Sussurrou, sentindo seu corpo todo estremecer.

— Você está linda neste vestido, mas acho que ficará ainda mais linda sem ele. — Piscou e deslizou o vestido pelo corpo dela, sentindo todas as curvas da loira conforme seus dedos tocavam as partes descobertas da pele dela. Ele se admirou com a beleza da mulher em seus braços.

Quando o vestido já estava caído no chão do quarto, Angie se aproximou de Germán e abriu cada um dos botões da camisa social dele, ao mesmo tempo que mantinha os olhos presos aos dele. A camisa dele e seu blazzer tiveram o mesmo destino que o vestido dela, jogados no chão.

Angeles passou as mãos pelos braços fortes e torneados de Germán, sentindo cada músculo, cada reentrância do torso dele. Ela pousou as mãos no peito dele e inclinou-se para beijá-lo. Ele não hesitou nem por um segundo e tomou os lábios vermelhos e carnudos dela nos dele.

Seus lábios se mexiam em uma dança sensual, os corações disparados como nunca estiveram antes. Eram apenas eles mesmos naquele momento, sem os medos, dúvidas ou incertezas. Iriam apenas se amar, sem pensar em mais nada.

Germán encostou-a na parede, sem desgrudar seus lábios dos dela, Angie por sua vez, entrelaçou as pernas ao redor da cintura dele, ambos gemeram ao sentir o contato de seus corpos. Ela deixou as mãos passearem pelos cabelos negros dele, e ele passou os braços pela cintura dela, fazendo seus corpos ficarem ainda mais próximos.

Angeles fechou os olhos sentindo uma miríade de emoções ao mesmo tempo. Tudo que ela sentia por Germán estava ali presente e principalmente o sentimento que ela uma vez pensara que não poderia existir entre eles. O Amor.

— Tem certeza? — Ele perguntou de repente, ele sentia que precisava perguntar se ela queria mesmo aquilo. Ele tomou o rosto dela em suas mãos e com o polegar começou acariciar a bochecha dela com carinho. Angie sentiu seu coração se aquecer com aquele simples gesto.

— Nunca tive tanta certeza de algo. — Respondeu, fazendo com que ele ficasse surpreso.

Ele sorriu e tirou a calça social juntamente com o cinto, a única peça de roupa que faltava para estarem apenas de roupas íntimas. Logo após, pegou Angie nos braços e levou-a até a cama.

Ele depositou-a sobre a cama com cuidado, e com delicadeza, deitou sobre ela, assim apoiando os cotovelos de cada lado dela, pra que ele não a machucasse com seu peso.

Angie pôde perceber que ele continuava sorrindo pra ela. Um sorriso que tinha o poder de fazer borboletas revirarem o seu estômago. Ela não conseguiu segurar a pergunta que estava passando por sua cabeça naquele momento e teve que perguntar:

— Posso saber por que você está sorrindo tanto? — Questionou, olhando diretamente nos olhos dele.

— Porque eu não consigo acreditar que isso está realmente acontecendo. Eu estou prestes a fazer amor com você Angie, como eu não estaria feliz? — Respondeu, dando ênfase a palavra Amor. Ele queria que ela soubesse que o que estavam prestes a fazer não era sexo, era amor.

— Amor? — Ela perguntou.

— Sim Angie, eu não chamaria de sexo o que nós vamos fazer, porque o que temos é muito mais especial que isso. É amor. — Ela não sabia nem como respondê-lo, de tão maravilhada que ela tinha ficado com o que ele tinha dito. Ela decidiu que ao invés de falar algo, demonstraria em forma de gestos todo o amor que ela sentia por ele.

Angie ergueu o rosto até encontrar os lábios dele, e quando os alcançou, beijou-o com todo o amor que tinha em seu coração. O beijo foi ficando cada vez mais intenso, suas respirações cada vez mais ofegantes e as carícias cada vez mais ousadas.

Ambos sentiram que não podiam mais esperar, seus corpos estavam em chamas, necessitando estarem juntos, unidos.

Germán levou as mãos ao fecho do sutiã de Angeles e abriu-o. Não demorou muito para que ambos estivessem despidos por completo.

— Eu te amo Angeles Carrara, e pretendo te mostrar o quanto essa noite. — Ele sussurrou no ouvido dela e arremeteu sutilmente contra ela.

— E eu amo você Germán Castillo. — Confessou.

Angie sentiu o ar se esvair de seus pulmões. A sensação de sentí-lo completamente conectado a ela, de corpo e alma, era indescritível.

Ambos gemeram ao sentir o contato de seus corpos. Angie fechou os olhos e Germán respirou fundo. Nunca tinham sentido algo igual. Nada nunca seria tão incrível quanto aquilo. Aquela noite ficaria marcada na memória dos dois pra sempre.

Ele passou os braços em volta da cintura dela enquanto acelerava o ritmo dos movimentos. Angie por sua vez, cravou as unhas nas costas dele, tentando conter os gemidos. Seus corpos já estavam suados, Angeles mal conseguia manter os olhos abertos. Eram tantas sensações ao mesmo tempo. Eles estavam completamente entregues ao momento. Não havia culpa ali, só amor. Não havia razão, só emoções.

— Germán… — Angeles gemeu, quando sentiu os lábios dele em seu pescoço novamente. Ela passou as pernas ao redor do quadril dele, precisando sentir mais dele.

Germán entrelaçou os dedos aos de Angeles e ela olhou para ele com intensidade. Eles não precisavam de palavras, o olhar que eles compartilhavam, já dizia tudo.

Ela sentiu o corpo estremecer, o ápice cada vez mais próximo. Germán a estava deixando sem fôlego. Cada toque dele deixava seu corpo em chamas.

Então ele arremeteu mais uma vez e pra Angie o mundo pareceu explodir em pedaços.

— Germán. — Ela chamou enquanto as sensações a inundavam. Ela nunca havia sentido isso. Era tudo intenso demais.

Em questão de segundos, Germán também chegou ao seu ápice.

— Angie. — Ele chamou no exato momento em que o ápice o envolveu. Angie não conseguiria nem imaginar o que ela causava nele. Pra ele a sensação de ama-la completamente, era inexplicável.

Ele desabou ao lado dela e a puxou carinhosamente para os seus braços. Ambos ficaram por longos minutos com a respiração ofegante, tentando fazê-la voltar ao normal.

Eles tinham dificuldade para acreditar no que acabara de acontecer. Tudo tinha sido tão… Intenso. Perfeito. Incrível.

German puxou a coberta que estava aos pés da cama e cobriu-os com ela. Angie apoiou a cabeça no peito dele enquanto German passou um braço ao redor de sua cintura e ficou subindo e descendo a mão que estava livre pelas costas dela carinhosamente.

Depois de um tempo apenas ouvindo as batidas do coração de German, Angie começou a dizer:

— Eu nunca senti nada assim por alguém. — Ela levantou o rosto de seu peito e olhou para ele.

— Eu também não, meu anjo. O que eu sinto por você não pode ser comparado a nada que eu tenha sentido antes. — Ele estendeu um braço e colocou um cacho que tinha caído do rosto dela, atrás de sua orelha. — Você entrou na minha vida e a encheu de luz e de fé; eu não tinha fé em mim mesmo para voltar a amar. Por tempo tempo eu busquei por alguém que preenchesse o vazio dentro de mim, até que finalmente eu te encontrei. Eu busquei por tanto tempo por essa mulher, a mulher que me faria amar novamente e eu te encontrei, tão perfeita…

— Tudo isso parece tão surreal… O jantar, o pedido, a festa, essa noite… — Angie falou, ainda sem conseguir acreditar que tudo aquilo havia de fato acontecido.

Ele pegou delicadamente a mão dela, a mesma em que a aliança se mantinha colocada, e depositou-a em seu peito, que batia forte.

— Isso tudo é real, Angie. — Ele colocou sua mão por cima da dela. — Acredite, isso tudo não é apenas um sonho, é a realidade.

Ela sorriu, gostando das palavras de German.

— Eu acredito. — Disse, voltando a descansar a cabeça no peito de German.

— Eu também. — German sussurrou.

Ele depositou um beijo na cabeça de Angie e ela se aninhou entre seus braços, que a rodearam.

E por fim, acabaram adormecendo um entre os braços do outro…

(…)

TRADUÇÃO

"Quando você chegou
Entrou em meu ser
Acendeu a luz
Me encheu de fé
Tanto tempo procurei
Mas ao fim te encontrei
Tão perfeita
Como te imaginei"