Consequências

Capítulo único


P.O.V Da Sam

Como viemos parar aqui? Como viemos parar nessa enorme cama desse hotel luxuoso? Claro que tudo tem uma resposta. Eu lembro de tudo. De cada detalhe. Só não consigo explicar como eu pude ter coragem de fazer isso. Talvez no fundo eu saiba, eu apenas não quero ter que admitir os motivos que me levaram a fazer o que fiz.

Agora não tem mais volta.

Freddie e eu tivemos uma recaída.

Me vesti em silêncio naquela tranquila manhã, era uma quinta-feira ensolarada.

Deveria ser apenas um encontro entre amigos, uma viagem divertida em grupo, algo nostálgico e bom para todos nós. Já estávamos há 5 anos sem ter um programa entre amigos.

— Freddie, eu...

— Não quero conversar sobre isso, Sam. Nós dois sabemos que foi um erro, eu amo minha esposa e minhas filhas. Eu não deveria ter traído a Wendy. Isso tudo foi...

— Foi um grande erro. - Tive que concordar.

Ele tinha razão. Freddie era muito bem casado. Ele tinha uma família linda.

Como eu pude ser capaz?

Eu conhecia sua esposa, até fui ao casamento deles.

Em silêncio, vesti meu casaco, apanhei minha bolsa de couro e o olhei triste, me sentindo culpada.

Nem mesmo poderíamos culpar as duas taças de vinho que tomamos durante o jantar com os nossos amigos.

Erramos juntos.

Demos um perdido na galera, pegamos um Uber e partimos para o hotel onde estávamos naqueles dias.

O primeiro beijo depois de anos para matar as saudades foi no elevador.

Chegamos à suíte onde o Benson estava hospedado, quase caindo aos tropeços durante uns amassos.

Flashback on:

— Senti sua falta... Falta do seu cheiro. Do seu gosto. De sentir você... - Me deitou na cama apressado, ficando por cima.

Passei as pernas ao seu redor, o segurando pela nuca.

Nos beijamos novamente.

Um beijo urgente, nada delicado, nossas línguas só faltavam se enroscar e dar um nó.

Senti sua ereção entre minhas pernas, roçando freneticamente, as mãos ágeis subiram meu vestido azul-marinho.

O escolhi à dedo para o jantar, não era o meu estilo me arrumar tanto.

Ergui o corpo, ele se afastou retirando meu casaco preto, a boca rosadinha desceu para o meu decote, a barba bem aparada roçando na minha pele, pinicando, me arrepiando toda.

Gemi fechando os olhos, o moreno tirou meu vestido e afundou o rosto entre meus seios, aspirando o aroma da minha pele.

Partimos para as preliminares.

Com ele sentado na cama, montei nele. Uma posição ótima para ambos. Comecei a me mover, subindo e descendo.

Gemidos soavam pela suíte.

Freddie me tirou de cima dele e me deitou na cama, apoiou uma das minhas pernas por cima do ombro, entrando fundo.

Cada vez mais.

O ângulo profundo e intenso.

Aumentando o nosso prazer, nos girou me deixando por cima novamente e eu cavalguei nele.

Foi o nosso primeiro orgasmo da noite.

Repetimos a transa mais duas vezes entrando pela madrugada adentro.

— Vem comigo, linda... - Apertou minha cintura, suor escorria por nossos corpos, Benson me possuía de quatro, do jeito bruto que nós gostávamos.

Ele traiu a esposa comigo.

Justamente comigo, sua ex-namorada.

Flashback off:

[...]

Um erro.

Um imenso erro cometido à dois.

Nossa estadia em Tijuana terminou em 3 dias.

Abrimos um espaço entre nós.

Nenhuma palavra trocada na despedida.

— O que rolou entre você e Freddie? - Carly e eu pegamos o avião para Seattle.

— Nada. - Menti.

— Sam, eu te conheço. - Tirou os fones.

— Se me conhece como diz, deve saber... - Resmunguei.

— Mas eu quero ouvir da sua boca, loira. - Como era insistente.

— Ai, Carly, não enche! - Falei.

— Meu Deus, Sam! - Exclamou. - Vocês realmente...

— Nem termine essa frase, Carlotta! - Avisei.

Ela se calou, chocada, coloquei meus fones e virei para o lado da janela.

Horas depois...

— Sam, você trouxe os meus...

— Agora não, tia, tô de saco cheio! Vou tirar esse grude do corpo. Forrar a barriga e cair na cama! - Avisei de mau-humor.

— Que bicho te mordeu, garota? - Me encarou.

— A porra de um bicho filho da... - Sra. Benson não tinha culpa. Respirei fundo. - Só tô cansada, tia. - Falei mais calma.

Desliguei meu celular, eu não queria papo com ninguém.

Cedo ou tarde, a Shay bateria na minha porta, histérica.

Tirei algumas horas para descansar após apagar o número do Benson dos meus contatos, também bloqueei ele nas redes sociais.

Prometi a mim mesma não voltar a ter mais contato com ele.

[...]

3 meses depois...

Um grande espaço entre nós.

Freddie morando com a família na Flórida, e eu ainda morando com minha tia em Seattle.

— Sem fome de novo, Sam? O que anda acontecendo com você, garota? Mal tocou na comida! Passa pra cá, não se desperdiça uma lasanha de frango! - Pegou o prato com a fatia.

— Pare de ficar me chamando de 'garota', tia Josie! Já sou uma mulher formada. Já sou adulta faz tempo e...

— Está vivendo sob o meu teto, se não quer mais trabalhar, melhor pedir logo as contas, você não pode ficar faltando... - Levantei antes que ela terminasse.

Minutos depois...

— É só virose, vou ficar bem...

— Que virose, Samantha? Acha que nasci ontem? - Nunca tinha visto ela tão alterada.

— Se não for virose, eu... O que você quer dizer? - Me alarmei.

— Você sabe muito bem, Sam. - Sua expressão séria me preocupou.

— Não sei de nada, não é como se eu estivesse morrendo. Além do mais, eu...

— Gravidez não é doença mesmo. - Me interrompeu.

— Tia, eu não tô grávida! Mas que saco! - Me alterei logo.

— As Puckett sempre ficam com os peitos inchados quando engravidam, os seus dobraram de tamanho! - Jogou na minha cara.

— E daí se ganhei peso nesses últimos tempos e que meus peitos incharam? Meu período menstrual está perto e... - Me calei.

— Para onde você vai, garota? - Insistia em me chamar daquela forma.

Lhei dei as costas, saí de casa e disparei pelas ruas de Seattle, feito louca.

[...]

Minha tia e Carly estavam certas, no dia que fiz os testes de gravidez, a Shay estava comigo.

Engravidei do meu ex, o cara que foi melhor amigo.

Do grande amor da minha vida.

Do único homem que já me entreguei de corpo, alma e coração.

Grávida de um homem casado.

— Você não pode fazer isso, amiga, ele tem o direito de saber. - Tentava em vão me fazer mudar de ideia.

— Não tem não, Carly. Ele me deu um belo de um fora na manhã seguinte, estava todo arrependido, disse na minha cara que ama a esposa e as filhas. - Relembrei.

"Foi apenas uma recaída. Isso nunca voltará a se repetir. Sou casado, você sabe... O que fizemos foi um erro, Sam. Você nem imagina o quanto estou arrependido..."

Ele tinha dito aquilo após o banho, enquanto se arrumava.

Por quê ainda o esperei naquele quarto de hotel?

— Mas, loira, isso não é justo. Não pode esconder essa gravidez. Você não fez esse bebê sozinha. - Apontou para minha barriga de 8 meses.

— Quer o quê, Shay? Que eu o informe, peça pensão e tudo mais? Isso seria capaz de arruinar o casamento dele e além do mais...

— Se ele realmente amasse a Wendy, não teria a traído! Ele é louco por você! - Fazia questão de me lembrar.

— Não importa o que diga, nem mesmo o que pense. Já tomei minha decisão. Vou criar esse filho sozinha. Morrer de fome que não vou, sei muito bem me virar. Meu filho não precisa de um pai, ele só precisa de mim! - Deixei bem claro.

— Mas é muito teimosa mesmo. - Estava indignada.

[...]

— Oi, amorzinho. Tá com fome bebê? - Perguntei trocando a fralda do Killian. - Sorrindo assim você derrete a mamãe todinha, Kill. - Cutuquei sua barriguinha.

— Sam! - Tia Josie chamou.

— Estou ocupada! - Falei.

— Sam, você tem visita! - Mas que droga.

— Estou arrumando o Kill. Manda subir. - Pedi já impaciente. - Filho, você já não me deixa dormir direito, quando não é a Carly pegando no meu pé, é a sua titia Josie, que tá muito chata por sinal, acho que... - Ouvi batidas na porta do quarto.

O berço do bebê ficava ali perto da cama.

— Já tô indo. - Imaginei que fosse um parente nosso.

Não era parente algum.

Nem amigo.

— Freddie! - Tive que abraçar meu filho contra o peito, por pouco não deixei ele cair.

Ele tinha uma mochila preta pendurada no ombro esquerdo.

— Olá, Samantha. - Sorriu sem humor algum.

Seu olhar já entregava tudo.

— O quê tá fazendo aqui? - Perguntei já sabendo a resposta.

— Quando ia me contar sobre o meu filho? Ele já tem 4 meses. Só agora venho saber disso? Peguei o primeiro avião para Seattle assim que fiquei sabendo. Não acredito que fez isso comigo, Puckett! - Indignação, mágoa e raiva eram emitidas em seu tom de voz.

— Foi a Carly que abriu a boca? Quando eu pegar ela...

— Você não vai fazer nada. A errada aqui é você. Como pôde me esconder...

— Freddie, eu tive meus motivos. - Lhe dei as costas indo colocar o Killian no berço.

Ele já estava muito sonolento.

— Eu precisava saber, eu...

— Você já tem uma família. - O lembrei.

— Isso não importa, você escondeu algo grave! - Estava nervoso.

O puxei pelo braço, levando-o para o corredor.

— Cai fora da minha casa, Benson! - Ordenei.

— Mas, Sam...

— Vaza daqui, porra! - Me alterei.

— Ele é meu filho. Esse garoto é meu filho! - Me encarou já vermelho.

Meu filho, Benson! O Killian é meu! Você tem as suas filhas, volta para a sua família! - O empurrei.

— Tudo podia ser diferente se tivesse me contado antes! - Se segurava para não gritar.

— Diferente como? Fomos para a cama e você me deu um baita fora no dia seguinte. Jogou na minha cara que era muito bem casado e que amava a Wendy! Quase vomitou todo seu arrependimento sobre mim! Me senti uma tremenda vadia, mas no calor do momento ninguém pensa, não nos cuidamos e... O resto já sabe! - Desabafei magoada.

— Eu teria te ajudado, teria te mandado dinheiro se eu soubesse, Sam, eu...

— Acontece que eu nunca precisei de nenhum centavo seu. Não é agora que vou precisar, pode ficar tranquilo! - Avisei. - Agora vai embora, se eu cortei contato com você, é porque não quero mais saber de você! - Eu disse já com vontade de chorar.

— Isso é mentira. - Como ele ousava? - Só me deixa vê-lo. Não pode me negar isso. - Sua voz embargou.

[...]

— Posso pegá-lo um pouquinho? - Paramos diante do berço.

— Pegue logo, antes que eu me arrependa. - Como eu poderia negar?

Freddie tinha jeito com crianças, claro, ele tinha duas filhas, uma de 6 anos e a outra de 3 anos.

— Killian? Que nome diferente, é bonito. Gostei. - Sorriu.

— É, felizmente tenho bom gosto. - Cruzei os braços. - Significa 'Pessoa de fé. Pequeno guerreiro'. — Contei.

Vê-lo com nosso filho nos braços me fazia querer chorar.

Segurei as lágrimas.

— Ele é lindo. - Cheirou a cabecinha do Kill.

Claro que era... Era a cópia dele.

— Sam, eu sinto muito por aquele dia... - Lamentou.

Eu lamentava muito mais.

— Vou deixar você ficar um tempinho com ele. - Me retirei do quarto, precisava tomar um pouco de ar.

[...]

— O bonitão vai dormir no sofá? - Indagou toda curiosa.

— Tia, ele não vai ficar aqui! - Avisei.

— Mas ele é o pai do menino. - Sorriu sugerindo algo a mais.

— E daí? Ele não pode...

— Não quero causar problemas, vou me hospedar num hotel aqui perto. - Freddie se apressou em dizer.

— Ótimo! - Sorri.

— Sam! - Ela me chamou. - Vem aqui comigo! - Me puxou.

Freddie estava se preparando para ir embora.

— O que é? - Já perguntei impaciente.

— Aproveita! - Me cutucou, sorrindo maliciosa.

— Pelo amor de Deus! - Bati na testa.

— Não tô vendo nenhuma aliança no dedo dele. - Mas o quê?

Olhei para o Benson, sendo o mais discreta possível.

Ele checou as horas no relógio de pulso, ficava do lado esquerdo.

Sem aliança.

— Gostaria de ficar para o jantar, bonitão? - Minha tia não dava ponto sem nó.

— Se não for nenhum incômodo. - Que abusado.

[...]

— Wendy e eu estamos nos separando. - Contou.

Estávamos na varanda da minha casa.

— Não te perguntei nada. - Falei.

— Vi você e sua tia olhando para a marca da minha aliança. - Prosseguiu.

— Quer saber? Eu não tenho nada a ver com a sua vida. Pouco me interessa! Que pena que seu casamento acabou, porque talvez...

— Interessa sim. Você precisa saber, Sam. Eu contei para a Wendy sobre nós. Tudo que rolou naquele hotel. Isso já faz alguns meses. - Revelou.

— Não... Você não fez isso! - Fiquei chocada.

— Ela merecia saber. - Confirmou.

— Wendy deve estar me odiando agora. - Constatei.

— Não exagere, ela não é assim. Claro que ficou arrasada. Iremos dividir a guarda das meninas. Ainda estamos acertando tudo. - Explicou.

— A traição foi o motivo? - Como eu poderia lidar com aquela culpa?

— Não... O motivo foi você. - Confessou.

— Eu? - Fiquei surpresa.

— Sim, você. Descobri que não amo a Wendy. Nunca amei como amei você... Sam, você é a única mulher que já amei na vida. - Admitiu.

Aquilo me deixou ainda mais chocada.

— Por isso retornei à Seattle imediatamente quando Carly me ligou. Quase não acreditei quando ela me contou sobre o bebê. Eu precisava ver com meus próprios olhos. - Sorriu emocionado.

— Eu...

— Sem pressa. Não me dê uma resposta agora. Teremos todo o tempo do mundo. Você só precisava saber. Voltei por você... Por vocês. - Confessou.

Aquilo tudo me abalou de uma maneira... Eu nem conseguia me expressar.

Freddie se aproximou, sorriu para mim, acariciou meu rosto e me abraçou.

— Só quero ficar com vocês. - Me apertou com força.

Fechei os olhos, sentindo seu cheiro inebriante, apreciando seu abraço.

Como era bom sentí-lo.

Eu era completamente apaixonada por ele.

Sempre o amei.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.