Confusões na Clareira
Capítulo 07
Dany
Lutei. Com todas as minhas forças, eu lutei. Mas aquele cara era muito mais forte do que eu. Ele me arrastou por todo o labirinto até estarmos na “porta” pela qual eu fugi.
Implorei o caminho inteiro para ele me deixar ir, mas ele continuava firme com seu aperto de aço sobre meu corpo.
Quando chegamos começei a me debater com mais força e o garoto que estava me levando chamou um cara com o nome de Gally para o ajudar.
Gally agarrou meus pés com brutalidade e o garoto que estava me levando disse:
- Calma aí, Gally. Ela é garota, lembra?!
Enquanto eles tentavam me carregar para algum lugar, eu me debatia
desesperadamente.
Então, um barulho ensurdecedor tomou conta do lugar, todos pararam e eu parei de me debater por um tempo para ver o que estava acontecendo, foi aí que eu vi as quatro ”portas” gigantes se fechando.
Por um instante fiquei parada olhando elas se fecharem, mas quando não havia mais saída para o labirinto, voltei a me debater.
Eles me levaram para um lugar chamado Amansador, que era como uma cela. Lá só tinha uma cadeira sem um dos pés.
Largaram-me no chão e antes que eu pudesse me levantar já estava trancada.
E sozinha.
Minha vontade de fugir era tão grande que começei a chutar e bater na grade da janela, na porta e na parede, e gritava feito louca para que me deixassem sair.
Bati tanto naquela grade que acabei, de uma maneira que nem eu sei como, quebrando o que restava da cadeira. “Ótimo” pensei, “agora eu não tenho onde dormir.”
Sentei no chão e começei a jogar os pedaços da cadeira na parede para descontar a minha raiva.
Uma garota veio até o amansador, provavelmente para falar comigo ou algo do tipo. Quando ela chegou, disse:
— Oi, meu nome é Brenda, você lembra o seu?
Fiz que não com a cabeça.
— Hum... Eu trouxe a comida para você, você quer?
Só aí me dei conta de que estava morrendo de fome.
— Sim, obrigada.
Em meio às grades, ela me passou um sanduíche e um copo de água.
Devorei a comida.
— Então – disse Brenda – como foi fugir para o labirinto?
Eu não sabia por que, mas eu havia gostado daquela garota.
— Muito legal, até me arrastarem de volta a esse inferno – falei e Brenda soltou um risinho.
— Esse lugar não é tão infernal assim, afinal, somos apenas três garotas cercadas de garotos.
— Claro! E eles me adoram tanto que eu mal apenas cheguei aqui e dois deles já me arrastaram para a cadeia.
— Não é para menos, você quebrou duas das três regras que temos aqui.
— Sério? Quais?
Quando Brenda iria responder, uma garota de cabelos negros e olhos incrivelmente azuis apareceu e disse:
— Brenda, está na hora de irmos dormir, teremos um longo dia amanhã. Ah, olá trolha, meu nome é Teresa.
— Não me chame de trolha, eu tenho um nome, só não me lembro dele ainda.
— Beleza, – ela disse – mas até lembrar te chamarei de trolha mesmo. Boa noite – ela diz, com um sorriso.
— Boa noite novata – diz Brenda.
E assim elas foram embora.
Estou sozinha de novo.
O que me resta é tentar dormir.
********
Estava em uma casa desconhecida, com pouca mobília e meio escura. Não entendi o que estava fazendo ali. De repente vi dois adultos – um homem e uma mulher – em um canto, abraçados a uma menina de cinco anos, mais ou menos. Então, dois sujeitos de macacões verdes e máscaras chegaram e levaram a menina para longe dos pais, enquanto os pais choravam e diziam:
— Vai ficar tudo bem Dany, não se preocupe, estaremos sempre com você. Nós te amamos.
E assim os sujeitos se foram levando a garota para longe de seus pais.
********
Acordei assustada. Era um sonho. Não, não era um sonho. Era uma lembrança, e aqueles eram meus pais.
E eu era a garota.
Meu nome é Dany.
********
Ainda estava escuro quando a porta da cela foi aberta, e por ela entrou o garoto que derrubei antes de ir pro labirinto. Eu estava sentada em um canto. Ele veio até mim, sentou no chão à minha frente e disse:
— Meu nome é Newt, sou o líder daqui, você lembra seu nome?
— Meu nome é Dany – digo, apenas.
— Ok Dany, vem, vou mostrar o lugar para você – disse se levantando e me estendendo a mão. Aceitei e fui com ele, quando saímos da cela me deparei com mais quatro garotos.
— Pra que isso? – perguntei.
— Por precaução. – ele disse e sorriu.
********
Newt me explicou tudo sobre aquele lugar. Disse que faltava só mais uma coisa para me mostrar.
Fomos até uma parede coberta por uma vegetação espessa, - hera – atrás dela, tinha uma janelinha escondida pela qual Newt me mandou espiar. Vi um monstro horrível por lá. Dei alguns passos para trás e tropeçei em algo, ou melhor, nele. Quase caí, mas ele me segurou.
Um arrepio passou pelo meu corpo.
— Entendi porque não queriam que eu saísse.
Fale com o autor