Ele nasceu tão calmo, só chorou fora da sala de parto quando estava sendo limpo. Quando senti se aproximando de mim não contive as lágrimas, não há nada que explique esse momento, beijei-o e fiquei com o rosto próximo ao seu. E eu nasci junto com ele!

Ser mãe adolescente é superar limites, amadurecer quando ainda é hora de ser criança, amar incondicionalmente alguém que muitas vezes nem estava em nossos planos. Ser mãe adolescente é ter a satisfação e o orgulho de enfrentar todos os preconceitos e poder bater no peito e repetir: é meu filho, eu consegui!

Não dá pra explicar como me senti ao vê-lo pela primeira vez. Tentei segurar as lágrimas ao máximo, o sorriso era enorme, mas ao mesmo tempo havia a tensão de saber se estava tudo bem contigo.

Ele estava tão lindo, uma fraldinha enorme em seu corpo, mãozinhas minúsculas, cabelinho ralo, olhinhos fechados e boquinha perfeita. Nunca foi parte de nossos planos, mas era de Deus e agradeço-o por nos dar esse presente lindo, esse anjo.

__ Ele é a coisa mais linda do mundo... – disse Ian ao meu lado e com os olhos brilhando enquanto acariciava a cabecinha sensível de nosso filho.

__ É sim... – sorriu enquanto amamento meu filho pela primeira vez.

A porta do quarto se abriu revelando minha mãe, com os olhinhos cheios de lagrimas:

__ Oh meu deus... – sorri fraco quando me vê.

__ Diga “Oi” para vovó, Arthur! – brinco enquanto ela se aproxima e acaricia meus cabelos.

E de um em um meus amigos vieram me vê. Caio e Emily me trouxeram roupas para quando eu fosse embora e trouxeram também tudo que eu precisaria para o bebê. Selena quis pegar Arthur e chorou quando teve ele nos braços. Charles manteve distancia um pouco, apenas me deu um beijo na testa e eu o entendia, até por que no começo ele achou ser pai do Arthur e não sei se o fato dele não ser, o aliviou ou o entristeceu. Pietro quase me sufocou num abraço e agradeceu ao Ian pelo sobrinho, enquanto Ashley sorria meiga. Jones e Cristal trouxeram presentes lindos. Lilly e Logan me parabenizaram. Ian e Logan ainda não se davam bem. Luca e Blair também nos deram parabéns e disseram que Arthur era lindo.

DOIS ANOS DEPOIS:

Minha vida tomou o rumo que nunca imaginei que iria tomar, quando conheci o Ian naquela estrada , não imaginava em hipótese alguma que o veria de novo, nunca imaginei que me apaixonaria por ele e nem que muito menos iria me casar e ter um filho com ele, um filho lindo que tomou todo meu lugar ao lado do Ian. Ele o mima tanto, joga pra cima, beija, abraça e eu?! Bem... Eu fiquei pra escanteio. Eu adoro vê-los juntos, ficam tão lindos, gosto de saber que dei o presente mais lindo que ele poderia ganhar e deixo claro que ele foi o primeiro presente na minha vida que me proporcionou as melhores e mais importantes coisas de minha vida.

Hoje eu dedico meu tempo ao Arthur que com dois anos de idade, me dá muito trabalho. Tenho ajuda dos meus amigos de vez em quando, quando eles não estão ocupados com faculdade ou outra coisa. Todos estão bem e felizes. Caio continua com Emily, estão fazendo dois anos de namoro, Lilly e Logan também, Pietro e Ashley estão viajando juntos, Blair e Luca estão cursando a mesma faculdade e namoram no tempo livre, Selena e Charles pararam de brigar e estão apaixonados como nunca, Cristal e Jones estão ótimos.

Eu decidi não fazer faculdade. Trabalho meio turno com Ian em nossa empresa, depois que nos casamos à empresa da família dele passou a ser nossa. Estava admirando o álbum de família enquanto Arthur dormia, havia varias fotos minhas com Arthur e Ian, com minha mãe e meus irmãos, Arthur com minha mãe e Selena juntamente com Pietro, fotos de Ian brincando com Arthur, mas... Nenhuma do meu pai! Arthur não conhece o avô, não pessoalmente. Somente por foto, Selena o mostrará um dia.

A campainha toca me despertando dos devaneios. Fecho o álbum e me levanto indo até a porta. Eu deveria ter olhado o olho mágico primeiro:

__ O que faz aqui? – pergunto assustada.

__ Podemos conversar? – meu pai diz. Depois de dois anos é a primeira vez que o vejo.

__ É melhor não... Ian está no trabalho e Arthur está dormindo! – digo tentando fechar a porta.

__ Por favor, Lucy... – impedi. __ Pelo meu neto, me ouça! – pedi.

Suspiro me dando por vencida e lhe dou passagem:

__ Pode falar. – exijo.

__ Quero te pedir perdão! – diz.

Arregalo os olhos e sorriu sarcástica. Depois de anos?!

__ Se passaram dois anos... – resmungo.

__ Foi o tempo que precisei para entender o real significado do seu amor com esse cara! – explica.

__ Esse cara é pai de seu neto. – digo.

__ E o cara quem me tirou tudo... – suspira.

__ Não, ele não lhe tirou nada. – exclamo.

__ Como não?! Primeiro me tirou você, minha filha e depois minha esposa e meus outros filhos. – diz.

__ Não o culpe pelos seus erros... – digo. __ Eu me apaixonei pelo Ian e o senhor não aceitou esse fato só por ele ser mais velho e ser professor. Minha mãe e meus irmãos só perceberam o quão egoísta você pode ser. – completo.

__ E por isso vim lhe pedir perdão. – vejo uma lagrima escorrer de seus olhos.

__ Mama! – a voz doce e sonolenta chama atrás de mim.

Lá estava meu pequeno baby, escondendo-se na soleira da porta e me olhando com cara chorosa:

__ Oi meu amor... – me abaixo. __ Vem aqui! – chamo-o.

Ele corre para meus braços e eu o carrego para cima:

__ Esse é seu avô, aquele da foto! – digo.

O garotinho parece está amedrontado e esconde o rosto em meu pescoço:

__ Oi Arthur... – diz meu pai. __ Eu trouxe um presente para você! – completa.

Meu pai vai até fora do apartamento e volta com um pacote enorme nas mãos:

__ Pegue! – diz entregando o pacote para o garoto, que pega logo.

__ Como é que se diz Arthur? – pergunto.

__ Bigado! – diz com dificuldade, já que ainda não sabe falar direito.

Meu pai sorri e me olha diferente de antigamente, me olha com satisfação e orgulho:

__ Ele tem seus olhos. – diz.

Eu senti falta do meu pai todo esse tempo. De quando ele me mimava. E quando vejo Ian fazendo o mesmo com Arthur, piora. Não aguentei a dor em meu peito, ver aquele homem na minha frente, mais velho que o normal e de aparência desgastada, acabou comigo. Sorri fraco e com Arthur ainda em meu colo, pulo nos braços dele, dando-lhe um abraço cheio de saudade.

__ Oh minha filha... – choraminga.

__ Pai. – devolvo.

Sinto uma mãozinha acariciar meus cabelos e sorriu para o pequeno em meu colo:

__ Vovô... – diz com dificuldade. Ela nunca havia dito essa palavra.

Sorriu impressionada e beijo a testa dele.

***

__ Papa... – grita o pequeno assim que viu Ian passar pela porta. Correu até seus braços largando o caminhão de brinquedo que meu pai havia dado hoje.

__ E ai, garotão?! – Ian o abraça e o carrega.

Aproximo-me sorrindo e ele me dá um selinho:

__ Brinquedo novo? – pergunta olhando para o caminhão no chão.

__ Meu pai... – resmungo.

__ OQUE?! – exaspera.

(...) O fraco jamais perdoa: o perdão é uma
das características do forte.