“Não tem preço sonhar com você, acordar e ao abrir o olho lembrar que você está do meu lado. Não tem preço dormir de mau jeito, acordar com dor e de quinze em quinze minutos olhar pra ver se eu não estou roubando seu lençol. Não tem preço fechar os olhos e sentir o ar quente da sua respiração no meu rosto, ou virar pro outro lado e ser envolvida pelos seus braços. Não tem preço tentar dormir e acordar com você rindo por algum motivo que só Deus deve saber ficar brincando de ordenar o inspira e espira só pra lembrar que até na hora de respirar somos iguais, ou poder abrir o olho e te dar um beijo de boa noite. Não tem preço ter você ao meu lado deitado, de pé, sentado, nas noites frias, quentes, alegres ou tristes. Não tem preço ter você.”

“Se não houver amanhã quero que você saiba que o seu sorriso ilumina meus dias e me faz sorrir, que o seu olhar me hipnotiza e me deixa alucinada. Quero que saiba que suas mãos nas minhas fazem meu coração disparar, que em todos os simples contatos da sua pele na minha me envia arrepios de puro prazer, que o seu riso é como música para os meus ouvidos, que quando seus braços me envolvem e me abraça, desejo que eles fiquem ali para sempre. Só quero que você saiba que eu te amo, demais.”

__ Amor, acorda! – uma voz masculina, calma e meiga disse em sussurro em meus ouvidos, ao mesmo tempo em que braços firmes envolviam minha cintura de forma aconchegante.

__ Só mais cinco minutos... – pedi ainda de olhos fechados.

__ Lucy, você tem aula hoje! – a voz era do Ian, jurei achar que ele me queria o dia todo em casa, nós dois juntinhos.

__ Está parecendo meu pai, James. – retruquei abrindo os olhos e virando-me para encara-lo, aqueles olhinhos azuis lindos e sonolentos e os cabelos bagunçados.

__ Tem que haver um homem responsável em toda casa de família. – brincou dando-me um selinho e se levantando.

__ Disseram também que o homem responsável tem que ter uma bundinha muito gostosa?! – perguntei maliciosa enquanto admirava a visão de sua bunda somente de cueca.

__ Pervertida! – ele disse rindo enquanto vestia uma calça moletom.

Ele foi em direção à sala e eu corri para o banheiro, tomei um banho gelado e voltei para o quarto, procurando uma roupa na bolsa, ainda não tive tempo de arruma-las no armário:

__ Nada de roupas curtas, o dia está frio! – gritou o pequeno, grande ciumento da cozinha.

__ Ok, papai! – brinquei e peguei um vestido azul meio curto só para provocar.

Vesti o mesmo, coloquei algumas joias, fiz uma maquiagem, passei perfume, calcei umas rasteiras, deixei os cabelos soltou, peguei minha bolsa, celular e fui até onde ele estava – eu já mencionei como ele fica sexy, cozinhando? – se não, ele fica muito sexy cozinhando, sentei-me á mesa e esperei ele me notar...

__ Qual parte do “nada de roupas curtas” você não entendeu?! – perguntou sorrindo enquanto colocava um prato de panquecas em minha frente.

__ Talvez a que você disse que o dia está frio! – respondi sorrindo e despejando melado sobre todas as panquecas.

Eu quero casar com você, quero acordar do seu lado, quero brigar com você. Quero mandar você calar a boca mesmo sabendo que você não vai calar, e te calar beijando você. Quero provar todos os dias que eu te amo. Quero te fazer feliz, assim como você me faz. Quero morrer de cansaço ao correr atrás de você, depois de uma guerra de travesseiros. Quero dormir com você naquele sofá apertado depois de assistir o seu filme preferido. Quero morrer de rir ao ouvir você me contando uma piada, por mais sem graça que seja. Quero te acordar com vários beijos. Quero dizer que te amo. Eu apenas quero te fazer feliz, como ninguém nunca fez. E tem sido você, e vai continuar sendo você. Por tanto tempo eu quis, e então você chegou. Sentir seu carinho durante o sono, olhar para você enquanto estiver dormindo. Dar beijos no seu rosto só para te despertar. E de manhã, te dar um belo “bom dia” para ficarmos o resto do dia nublado, deitados. Eu quero que você se sinta a pessoa mais feliz do mundo, a única capaz de ser pra mim um sonho em noite de insônia.

Confesso que encontrei meu motivo pra sorrir. Encontrei alguém que eu queira dividir a minha cama, meu amor e minha vida. Alguém que queira meu amor, mas que tenha minha amizade. Alguém que roube minha confiança e leve meu coração de brinde. Alguém que eu queira dormir de mãos dadas e acordar do lado. Alguém que tenha teu tempo todo meu e minha vida toda dele. Alguém que deixe o mundo pra me dar um beijo. Alguém que encontrasse o que procurou a vida toda, aqui dentro de mim. Alguém pra eu contar meu dia e alguém pra falar “te amo”. Alguém pra ser meu, de um jeito bem clichê. Eu quero você. Digo, repito, falo outras mil vezes. De trás para frente, de frente para trás. De canto, de lado, da maneira que for. Eu quero você. Que tenha clichê, ciúmes, malicia, sacanagem, egoísmo, afeto, loucuras, falhas, erros, acertos, perdões, beijos, abraços, sexo, amor, transa, filme juntinho, dormir de conchinha, mãos dadas, que tenha todas as coisas do mundo, mas que seja apenas entre mim e você.

***

__ Jura que vim me buscar na casa do Ian não é ruim para você? – perguntei para morena ao meu lado, eu estava tomando café quando ela me mandou uma mensagem dizendo que estava na calçada do prédio e para eu descer antes que nos atrasemos e quando adentrei seu carro ela logo deu partida.

__ Juro! Afinal, sempre fomos juntas para o colégio, se você for morar do outro lado da América, eu irei te encontrar... – ela respondeu sorrindo e segurou firme minha mão, depois soltou e alcançou a marcha do veiculo.

__ E o Charles? Resolveu me abandonar, aquele tratante! – falei sorrindo e ela revirou os olhos ironicamente.

__ Já que você optou por um James, ele correu para outra Hudson! – respondeu debochada e dei-lhe uma tapa no ombro.

__ Ei... – protestou.

__ Atenção no transito, baby! – pirracei-a sorrindo, ela bufou e voltou a olhar o volante.

__ E o Ian? – perguntou a morena sem me encarar.

__ Está bem. Está trabalhando em um livro enquanto assume os negócios da família, na empresa aqui próximo. – respondi pegando o celular ao senti-lo vibrar.

“Não sei como está... Me dê noticias! Mamãe te ama.”

__ É a minha mãe! – informei à morena que me olhou apreensiva.

__ Ela está pedindo para voltar? – perguntou.

__ Não. Está pedindo noticias minhas. – respondi com uma dor no peito, estava morrendo de saudades da minha família.

__ E porque não a tranquiliza logo?! – perguntou, assenti e digitei uma mensagem.

“Bom dia mãe, estou bem, logo nos veremos. Eu te amo!”

***

Saudade não tem forma nem cor; não tem cheiro nem sabor.
Fala-se nela, mas não se vê; só pensa nela quem acredita.
Ela é parte da ausência; ela é parte do amor; ela tem realidade, mas quem a tem sente dor, uma dor miudinha, que cresce no coração, e que nunca vem sozinha…
Acompanha a solidão; quem a sente nunca esquece, nem nunca esquecerá, o sentimento que não adormece por alguém que não está!

Cara, que saudades de ouvir minha mãe me pedindo paciência com a Selena, saudades de ouvir meu pai gritando na mesa para que todos comam sem briga, saudades de assistir um filme e perturbar Pietro por ele gostar de desenho animado, saudades de assistir desenho animado com ele, deitada em seu colo e recebendo seu carinho sincero de irmão, saudades de brigar com Selena e dela invadir meu quarto para me bisbilhotar, saudades de gritar com ela, saudades do cheiro da minha mãe quando ela passa aquele perfume de jasmim, saudades de passar o dia inteiro sabendo que á noite eu não teria paz com a família unida.

__ Pensando no Ian? – uma voz feminina perguntou tirando-me dos devaneios.

__ Não. Pensando em você! – respondi assim que notei que era minha irmã.

__ Como assim? Lucy, eu gosto de homens! – ela disse debochada e assustada.

__ Eu sei e eu também. Na verdade eu estava pensando em todos, em você, no Pietro, na mamãe e até no papai! – respondi soltando um suspiro logo depois.

__ A casa está vazia sem você e o cheiro de nicotina que vinha do seu quarto. – ela brincou e ambas rimos meigas.

__ Selena Hudson, sentindo minha falta... Que honra! – ironizei enquanto riamos.

__ Se contar para alguém, eu te mato... – tentou parecer mal somente de brincadeira.

__ Ok, boca fechada! – entrei na brincadeira.

***

As aulas se passaram e chegou-se o tão sonhado intervalo, todos começaram a pegar suas coisas e correrem para o pátio, eu fiz o mesmo juntamente com meus amigos, eu rezava para encontrar o Pietro, viver sem os carinhos e as piadas do meu irmão estava sendo péssimo. Fitei a garota de cabelos castanhos conversando com algumas garotas e me aproximei abandonando meus amigos numa mesa.

__ Ashley? – chamei e logo a garota se virou.

__ Oi... – respondeu passando as mãos pelos cabelos.

__ Viu meu irmão? – perguntei.

__ Na ultima vez que o vi, ele me disse que iria ao banheiro! – respondeu.

__ E quando foi isso? – perguntei.

__ Há exatamente dois minutos! – respondeu sorrindo falsa.

__ Obrigada! – resmunguei e ela se virou indo embora.

Voltei andando pelo corredor e localizei o banheiro masculino parando de frente para porta do mesmo, em instantes a mesma se abriu revelando-o com sua jaqueta de couro e seus cabelos bagunçados de sempre:

__ Segurança sanitária? – perguntou fazendo deboche assim que me viu.

__ Não sabemos quando um cara bonito pode ser sequestrado! – brinquei e ambos rimos, corri em sua direção e pulei em seu pescoço para um abraço forte.

__ Sabia que não lavei as mãos?! – perguntou sorrindo e lhe dei uma leve tapa.

__ Idiota. – resmunguei aspirando todo seu perfume.

__ Senti sua falta, pequena! – ele disse levando as mãos para meus cabelos e cintura.

__ Eu também... – sussurrei o apertando mais.

__ Desse jeito esmagará meus testículos e me fará por os bofes para fora... – ele disse ofegante, eu estava apertando-o demais.

__ Foi mal! – falei rindo e me soltando dele.

__ Não tenho mais quem assistir Bob esponja comigo... – ele disse fazendo beicinho.

__ Tadinho! – falei voltando a abraça-lo e ouvi-o gargalhar.

***

__ Onde estava criatura? – perguntou Lilly assim que adentrei atrasada na sala.

__ Matando meu irmão com meus abraços! – sussurrei sorrindo e me sentando em minha carteira, sem ser notada pelo professor.

__ Pobrezinho. – Caio debochou atrás de mim.

__ Cala boca, Mister. Os abraços da Benson são mais fortes que os meus. – respondi o mandando um olhar severo.

__ Ei... Sobra para mim é?! – resmungou a morena.

__ Seus abraços são gostoso, Lucy. Assim como você! – provocou Charles.

__ Obrigada, anjo! – falei meiga.

__ Lá vai o, paga pau... – Luca ironizou provocando.

__ Lá vem o intrometido... – Charles rebateu sorrindo torto.

__ Criancinhas! – Caio pirraçou-os.

__ Filho de uma... – Charles fora interrompido pela morena.

__ Nada de ofender minha sogra, Charles Benson Eduard! – ela pronunciou o nome todo?! Ele comprou briga.

Não aguentamos com toda essa baderna e rimos todos juntos, recebendo aquele olhar nada agradável do professor.

P.O.V IAN ON:

Encarei o quarto bagunçado com roupas minhas e da Lucy espalhadas pelo chão sorri involuntariamente, era tão bom tê-la comigo, pôde acordar e vê-la ao meu lado sem ter que me preocupar em se os pais dela não vão ligar e perguntar onde ela dormiu, sem ter que fugir de meus sentimentos. Eu estava mais que atrasado para o trabalho, catei as roupas e joguei no cesto de roupa suja, Lucy chegaria e eu estaria saindo com certeza, corri para o banheiro e tomei um banho gelado e contagiante, enxuguei os cabelos com uma toalha e enrolei minha cintura com outra – conseguiu deixar marcas em meu pescoço, Hudson – pensei assim que me olhei no espelho e vi pequenas marquinhas roxas de ontem á noite, sai do banheiro sorrindo, mas logo meu sorriso desmanchou completamente...

__ Belas marcas, James! – a mulher com sua roupa chamativa de sempre estava sentada na cama de perna cruzadas e balançando as chaves nos dedos.

__ O que está fazendo aqui, Claire? Devolva minhas chaves! – eu disse irritado, eu não queria vê-la nem pintada de ouro.

__ Calma querido. Primeiro iremos conversar! – ela respondeu sorrindo maliciosamente e guardando as chaves no decote dos seios.

__ Claire, eu quero que você saia daqui e deixe as chaves sobre a cama! – alterei um pouco a voz e caminhei até a sala.

__ Então a Hudson está mesmo morando contigo?! – ela disse assim que viu uma roupa da garota e veio me perseguindo até a sala.

__ Isso não lhe interessa. Faça somente oque eu pedi! – respondi grosso.

__ Se quer tanto essa porcaria de chave, venha pegar! – ela desafiou alterada, cerrei os olhos e caminhei firme até ela, eu não queria ter que fazer isso, ela tocou meu rosto com maus intenções, levei minha mão ligeiramente até seu decote e ela rapidamente pôs a sua mão por cima da minha, me impedindo de tirar as chaves.

__ QUE PORRA ESTÁ HAVENDO AQUI? – um grito chamou meus olhos até a porta. Droga!

(...) A armadilha do ser o humano é o ciumes!