Ela estava sentada de maneira vulgar na mesa dele. Seus cabelos pretos e longos na altura de sua cintura, sua maquiagem bem destacada com seus olhos verdes, sua cintura fina vestida com uma blusa social branca que ficava por dentro de sua saia ligada azul marinho, um óculos que a deixava com cara de atriz pornô junto á aquele batom vermelho. Sua língua passava freneticamente pelos lábios enquanto olhava pra ele e ele?! Bem... Ele me encarava com uma mistura imensa de expressões.

_ O que deseja senhorita, Hudson? – ele perguntou com sua expressão indefinível. Aquela mulher por sua vez me encarou sorrindo e desceu da mesa.

_ O que uma aluna faria na sala de seu professor? – ela perguntou com uma voz profundamente relativa.

_ Desculpa atrapalhar. Só vim tirar uma duvida sobre o trabalho! – eu disse olhando para o chão decepcionada.

_ Tudo bem! Bem... Deixe eu lhe apresentar a nova professora de português, Claire Mendes! – ele disse se levantando e tocando o ombro da mesma.

_ Bem vinda professora! – eu disse sorrindo falso.

_ Obrigada! – respondeu. _ Bom... Vou preparar minha aula, pode tirar a duvida da aluna. – ela disse e logo depois beijou a bochecha do mesmo, deixando sua marca de batom nele.

Ela saiu me dando tchau e eu retribui com um sorriso. Ela fechou a porta e sumiu no corredor...

_ Então... – ele disse se sentando á mesa e me encarando tranquilo e interrogativo.

_ Dane-se! – respondi me virando para ir embora.

_ Era essa a duvida? – ele perguntou antes que eu saísse. Não respondi e só me pus para fora dali.

Eu não prestava atenção em nenhuma palavra que saia da maldita boca do professor que estava na minha sala. Olhava para janela á procura de uma resposta para meu ódio. A maneira como eles se olhavam e como ela se oferecia para ele, a maneira como ele sorria. E eu aqui morrendo de um simples abraço acabar com tudo!

_ Oque aconteceu? – Lilly perguntou assim que o professor se virou para o quadro.

_ Nada! – respondi sem encara-la e continuei na minha.

Era a melhor hora no colégio, o intervalo. Sai junto com meus amigos em direção ao pátio. Sentamo-nos em uma mesa depois de pegar os lanches. Numa mesa afastada o observei junto á ela sentados e conversando. Revirei os olhos e senti a mão da Emily tocar meu ombro.

_ Ela é ridícula... – a mesma disse tentando me confortar.

_ Queria que isso fosse verdade! – respondi.

_ Olha só o estilo dela. Não faz o estilo dele. – Lilly disse ajudando.

_ Como se isso fosse importante... – respondi depois de um suspiro.

Seus olhos encontraram os meus e então eu desviei o olhar e cutuquei minha comida.

Foi um dos meus piores dias. Estava esgotada sem nem ao menos ter feito nada. Não teríamos a ultima aula então Emily nos convocou para treinar, por sorte ela disse que eu poderia só assistir. Usava meus fones, sentada na arquibancada enquanto via as meninas pulando e saltitando. Deixava a musica me tirar os pensamentos idiotas e sorria ao ver a Emily dando duro.

***

Finalmente hora de irmos embora!

_ Oh droga! – a morena disse ao lado da Lilly. Olhamos para ela interrogativa. _ O Charles não voltou com o carro. – ela explicou pegando seu celular.

_ Que tal ir andando um dia só?! – perguntei irônica.

_ Emily? Andar? – Lilly perguntou sorrindo. _ Vou indo meninas. – ela disse dando tchau e indo em direção oposta a nossa.

_ Idiota. – a morena xingou ao telefone e depois guardou o mesmo na bolsa.

_ Emily, vamos garota! – eu disse a puxando pelo braço.

Quando atravessamos o portão do colégio um carro preto parou ao nosso lado. Por favor, papai do céu, não seja nenhum sequestrador!

_ Entrem no carro! – aquela voz soou como uma faca invadindo meu corpo.

_ Professor, nós adoraremos sua carona! – a morena disse dando pulinhos.

_ Fale por você. Eu prefiro ir andando! – respondi ríspida e largando o braço da morena.

_ Lucy, por favor! – a morena pediu. Encarei a mesma e depois encarei o Ian. Observei um pouco mais o banco do passageiro e enxerguei uma perna feminina.

_ Tá... – respondi depois de um suspiro.

Adentramos o carro no banco traseiro e percebi quem era no banco do passageiro, nada mais, nada menos que ela. Claire Mendes!

Suspirei e vi o olhar da morena dizendo “relaxa” e olhei para janela. Em poucos minutos estávamos parados em frente á casa da Emily que me deu um abraço e desceu. Depois paramos em frente á um prédio de poucos andares e ela desceu, a vulgar professora.

E novamente ele estava com uma marca vermelha no rosto. Ele me encarou pelo retrovisor interno e eu mante meu olhar para janela. Continuei no banco traseiro e enfim estávamos as duas quadras de minha casa. Coloquei minha bolsa no ombro e abri a porta.

_ Obrigada... – falei assim que fechei a porta e comecei a caminhar.

_ Lucy... – ouvi o mesmo chamar, mas não me virei. Senti sua mão segurar meu braço com força e me fazendo virar para ele.

_ Me deixa ir embora, professor! – pedi sem encara-lo e senti sua mão soltar meu braço.

_ Não é nada do que está pensando. Ela só foi a minha sala, pedi ajuda já que era seu primeiro dia. – ele explicou e eu revirei os olhos.

_ Não me interessa. Como nosso lance é escondido isso faz com que eu não seja nada sua, além de uma adolescente que por acaso é sua aluna. – respondi ríspida, o encarando odiosamente.

_ Nada disso. Só não podemos assumir para o mundo oque temos. E você sabe o porquê. Você sabe que não é fácil só pôde te tocar as escondidas! – ele disse tocando meu rosto.

_ Pois é. Talvez isso seja tão errado que não dê certo nunca! – eu disse tirando sua mão do meu rosto.

_ Lucy não pode me julgar. Você estava abraçada com aquele garoto hoje! – ele disse juntando os erros.

_ Ele só estava me pedindo desculpa e pediu para sermos amigos. Abraçamo-nos como amigos! – respondi irritada.

_ Então vamos esquecer o dia de hoje. E vem dormir comigo! – ele disse se aproximando, pus a mão entre nós o afastando.

_ Como se houvesse um botão do esquecimento. – eu disse abaixando a cabeça. _ Tenho que ir para Emily! – conclui me virando. Senti sua mão me puxar novamente e em uma rapidez seus braços me envolveu a cintura e selaram nossos lábios.

"E quando seus olhos encontraram os meus,
senti um clique, como uma chave destravando
um cadeado (…) Havia algo ali, real e reconhecível,
e eu não conseguia desviar o olhar."
– Nicholas Sparks