Confia em Mim?

Limpando a Bagunça


Tom absorveu aquelas pequenas palavras e deu um sorriso de canto, que logo que alastrou por todo os lábios. Sentiu uma onda de confiança passar por todo o seu corpo e o medo ser esquecido.

Ele sabia que podia ganhar aquela luta. Damiam já não era mais tão assustador como antes.

A sua energia - Que ele impossivelmente não tinha como ter, mas tinha. – foi ficando assustadoramente mais forte e agora uma áurea extremamente branca rondava todo o seu corpo.

Bill olhava aquilo incrédulo. Não acreditava que o irmão poderia ter a mesma energia que os Fluffys, no caso. Afinal, ele era apenas mais um ser humano.

Também não esperava que uma onda de energia também se apoderasse de suas mãos, criando uma concentração amarelada e que iluminava quase todo o ambiente escuro. Bill olhou para aquilo sem saber direito o que fazer.

-Mire no Damiam. – Tom cochichou baixo, com um tom de voz mais grave do que o normal, beirando a raiva.

-Você quer mesmo morrer, não é Kaulitz? – Damiam esbravejou, escondendo o quanto estava surpreso pelo poder dos irmãos. Não poderia falar sobre isso, nem ter medo, afinal, ele era o fodão dali. – Pois eu vou fazer o contrário...


Damiam foi interrompido pelos olhos de Tom que se desgrudaram do chão e o olharam como se ele fosse um eterno lixo. As íris estavam completamente brancas e a boca entortada para baixo.

O rapaz não conseguiu terminar a frase. Sabia muito bem o que aquilo significava.

Não teve tempo de se preparar. Uma enorme bola de energia amarelada o acertou no peito, causando-lhe um rasgo perto da clavícula e o empurrando até bater em outra janela, quebrando.

-Mas... – Damiam ofegou, antes de ser acertado com mais golpes.

Fora uma morte rápida. O poder que Tom e Bill portavam nem eles sabiam o quanto era eficaz. Foram necessários apenas mais duas séries de murros e chutadas para que Damiam caísse no chão ensangüentado.

E morto.

Finalmente o pesadelo tinha acabado.

****

Bill estava sentado no banco do hospital. Olhava para as margaridas em um jarro em cima da recepção enquanto suspirava ao sentir algumas dores ao respirar. Os médicos ficaram impressionados em como ele se recuperou rápido em apenas algumas horas de machucados que levariam semanas. Aquilo ela um mistério para o próprio moreno também.

Ele apenas sabia que tudo que aconteceu era uma coisa muito além do físico, mas espiritual.

Lembrava-se da última noite, como chegaram ali e como os olhos de Tom o assombraram por muito tempo. A onda de raiva que ainda emanava de seu corpo fora tão forte que ele chegou ao hospital desacordado e levado logo a UTI, em um pré-coma. Claro que os médicos não descobriram o porquê do menino está naquele estado. Só Bill e seus amigos sabiam.

Realmente fora muito bom que Yuki ficasse no carro. Bill não sabia se Zuzk estaria viva ainda.

Uma voz gentil tirou-o de seus devaneios e lhe permitiu entrar no quarto desejado, pois o horário de visitas tinha começado.

Ele foi andando vagarosamente, ouvindo seu tênis bater no chão silencioso. Abriu a porta desejada com leveza, dando um pequeno sorriso ao ver Zuzk com os olhos esbugalhados, olhando para o enfermeiro que tentava lhe dar uma sopa.

-Olha, Patch, eu agradeço muito sua atenção, mas eu NÃO vou comer sopa nenhuma. – Ela resmungou, podendo só mexer os olhos, já que todo o resto estava enfaixado.

Com certeza, de todos que estavam presentes naquele prédio abandonado, Zuzk fora a que mais se machucou. Ela ao bater-se contra a parede com Nap, quebrou quase todas as costelas, sendo que uma quase perfurou o pulmão esquerdo.

Sua cabeça virou de mau jeito e teve uma enorme hemorragia por causa das pancadas ocorridas. Sem contar dos inúmeros hematomas e os dois braços quebrados.

-Abre a boquinha, borboleta! – O enfermeiro –chamado Patch- fazia deboche de sua cara, imitando a voz de uma criança e formando um bico, enquanto pegava uma enorme colher de sopa e enfiava na boca da menina. – A próxima quer aviãozinho ou ambulância?


Zuzk deu um olhar de reprovação enquanto engolia a sopa, fazendo uma careta. No fundo ela achava graça do Patch e ficava feliz quando ele estava com ela, já que teria que ficar ali um bom tempo e seria legal fazer amizades novas.

Zuzk sabia que Helena não iria voltar mais.

-Hey, Zu. – Bill falou baixo, arrancando o olhar de Patch para si, que lhe deu um sorriso incomodado. – Parece muito bem!


-Ah, claro. Eu só to com o corpo inteiro enfaixado. Nada demais. – Zuzk debochou de sua própria miséria, olhando para Patch que levantava, mexendo nos cabelos pretos. – Hey Bill, este é Patch, minha babá.


Bill não reprimiu uma risada, cumprimentando Patch com uma balançada de cabeça, enquanto o outro garoto somente o fitava com os olhos infinitamente azuis e com um sorriso tímido.

O moreno já conhecia Patch. Ele fazia parte de sua aula de pintura e sempre marcavam algumas coisas juntas quando eram mais jovens. Bill não sabia que Patch era estagiário do hospital, o que o arrancou um ponto de exclamação.

-Hey, Patch, não sabia que estava estagiando aqui. – Bill falou com um sorriso meigo. Muitas poucas pessoas sabiam lidar com o garoto por ele ser extremamente tímido, mas Bill teve a chance de olhá-lo ser outra pessoa perto da amiga.

-Vocês já se conheciam? – Zuzk falou, surpresa.

-Sim. – O garoto moreno respondeu, checando os aparelhos e agulhas ligado a à Zuzk. – Vou sair, qualquer coisa pode apertar o botãozinho. Eu volto pro jantar.


-Espero que me traga alguma comida que preste! – A garota reclamou alto, logo se censurando ao sentir dor nas cordas vocais. – Eu nunca estive tão ferrada na minha vida.


-Foi uma sorte você ter sobrevivido. Não reclama. – Bill falou, chegando perto e afagando os cabelos da menina. – Fiquei preocupado com você.


-O Tom me disse que eu perdi você dando uma de Goku do Dragon Ball Z. – Falou divertida, fechando o sorriso ao lembrar-se de quem mais estava lá.

Depois de poucos segundos, Zuzk portava uma expressão tristonha, deixando uma lágrima escapar pelos olhos azulados. Bill não tardou a limpá-la, fazendo um bico automático.

-Calma, ela vai-


-Ela não vai voltar nunca mais, Bill. – Zuzk falou baixo, olhando para um de seus braços quebrados. – Ela mesma disse.


-Eu não acredito nela. – Bill falou teimoso, aumentando seu bico de indignação. – Ela te ama, Zu!


-Não Bill, ela não me ama! – Zuzk gritou. – Ela não é um ser humano, ela mesmo disse!


Os dois ficaram em silêncio, odiando o clima que tinha pairado por ali. Olhavam para baixo, tristonhos pela perda de Helena.

Não se tinha muito que fazer mesmo. Helena nunca mais voltaria para a Terra a pedido do próprio Deus. Ela tinha causados sérios danos, o que não deixou o pessoal lá de cima muito feliz.

-O Tom está louco pra te ver. – A loira falou, quebrando o silêncio.

Sem nem mesmo querer, Bill ficou vermelho, lembrando daquelas palavras super sentimentais que tinha soltado ao meio da luta. Cerrou os punhos e segurou as bochechas, virando de um lado para o outro.

-Ah, eu estou com vergonha. – Falou a verdade, soltando um sorrisinho sem graça para a amiga que agora ria de sua cara.

-Qual é Bill. Ele tá na sua mão agora, é só agarrar. – Zuzk falou, apertando o botãozinho para chamar o enfermeiro. – Agora chispa daqui logo.


-Ah não, Zu, eu realmente to meio sem graça. – Bill falou, parecendo uma menininha em apuros.

-TCHAU BILL. – A loira exclamou, em seguida de risadas, enquanto Bill se dirigia à porta.

-Você me paga.


-Você vai me agradecer.