Está fazendo frio ou será apenas eu mesma? o amor da minha
vida me disse adeus. Ele está fazendo as malas indo atrás dela...outra vez.



Sete anos depois...



Acordei numa cidade nova. Londres estava fria naquela manhã
de inverno, minha filha dormia agarrada ao seu ursinho de pelúcia bem ao meu
lado na cama.



-Bom dia ! – eu disse a acordando.



-Bom dia mamãe. – ela respondeu sorrindo.



-Você hoje vai para casa do seu tio Brian, tudo bem? – disse
acariciando seu longo cabelo loiro.



-Por que mamãe? Quero ficar aqui!



-Mamãe precisa organizar toda essa bagunça porque amanhã
você vai conhecer sua escola nova e a mamãe precisa ir trabalhar no novo
emprego dela.



Ela assentiu e beijou minha testa.



Nossa relação sempre foi forte, vivi toda minha gravidez
sozinha. Meus pais nunca aceitaram o fato de eu nunca ter revelado quem era o
pai dela e ele nem sonha da existência da própria filha.



Pensar nele dói, eu ainda o amo, mas eu só fui um ombro onde
ele chorou sua dor . Algumas vezes me fez acreditar que ele esqueceria a outra
e ficaria comigo. Ledo engano, quatro meses depois desde a ultima vez que
dormimos juntos soube que ele estava com ela
outra vez e estavam noivos morando juntos em outro país, no país deles. Já
era tarde para mim, não sabia como encontra-lo para dizer que Demetria estava a
caminho.



Olho para pequena criatura de olhos azuis bem ao meu lado e
só consigo enxergar ele nela.



Ele nem sonha esse pequeno milagre...



-Hora de levantar Demi.



Ainda esfregando os olhinhos ela levantou e foi pro
chuveiro. A ajudei num banho quente e a troquei. Parecia uma bonequinha de
porcelana.



-O tio Brian vem me buscar?



-Ele já deve estar chegando .



Pus o café da manhã em cima de uma mesa improvisada e
esperei que ela terminasse de comer. Brian bateu na minha porta às 08:00 horas
da manhã.



-Bom dia minhas gatinhas! – ele disse ao passar pela porta
com seu sotaque americano e seu estereótipo de rockstar bad boy .



-Bom dia Brian. – eu respondi com um beijo no rosto.



-Prontas?



-Eu tô! – Demi disse correndo para abraçar o meu amigo.



-Essa é a minha garotinha! – ele falou com um sorriso de
orelha a orelha. – Mudei seus planos, minha mulher vai ficar com a Demi e eu e
o Matt vamos ficar aqui para te ajudar a desempacotar as coisas.



-Não precisa disso! – rebati. – Hoje é domingo e você deveria
ficar com sua mulher e seu filho.



-Cala a boca e faz o que eu digo! – ele falou brincando.



-Estúpido! – fingi irritação.



-Mamãe! – Demi falou com uma expressão chocada. – A senhora
não disse que não é bonito xingar as pessoas?!



-Viu? Até sua filha está contra você!



-Ok, voto vencido! – me rendi.



Brian me esperou trocar de roupa e descemos para colocar as
coisinhas da minha filha no carro. Sophia esperava por nós com o carro ligado.



Brian continuava com Demi nos braços e com a outra mão me
enlaçou a cintura. Ganhamos olhares curiosos e Brian adorava em situação.



-Conhece aquele cara? – Brian cochichou.



-Onde? – olhei em volta e não vi ninguém.



-Tem um cara ali encarando ou talvez seja paranoia minha.



-Deve ser sua mente perturbada mesmo .



Brian abriu o porta-mala do carro e eu coloquei duas malas
de Demetria, ele abriu a porta traseira e aprisionou Demi na cadeirinha . Eu abri a outra porta
traseira, a que dava acesso ao lado da rua, me despedi da minha boneca e cumprimentei a
esposa do meu amigo e seu bebezinho.



Vimos o carro desaparecer na rua e o frio me fez arrepiar,
apesar dos vários casacos. Brian me abraçou de lado ainda observando o carro
sumir.



-Vamos entrar logo, não tô gostando desse cara olhando para
nós.



Olhei novamente e vi...Danny? o melhor amigo do pai da minha
filha? Seria ele mesmo? Entrei em pânico.



-Vamos embora . – pedi sendo guiada para dentro dos portões
do edifício.



[...]



Fiquei calada tentando ter certeza que o cara que eu vi na
rua era o Danny, porém a minha memória se negava a confirmar, o Danny que eu
conheci tinha um sorriso fácil e uma risada que encabulava qualquer um, não
ligava pra roupa da moda ou de marca, tinha cabelos mais cheios e esse cara
tinha uma aparência conflitante para ser honesta. Cabelo muito baixo, casaco de
frio elegante e calças de couro preta e justa, nos pés um all star.



Não, não era ele. Acho que o fato de estar em Londres tão
perto de Dougie me fazia ver coisas.



-Ficou calada de repente. – Matt que havia chegado a um
tempo e estava me ajudando a desembrulhar minhas coisas disse chamando a
atenção de Brian.



-Estava me lembrando de quando conheci vocês. – menti.



-Você era muito louca – Matt disse rindo.



-Corrigindo, ela estava muito puta da vida e foi por isso
que ela chamou nossa atenção. – Brian respondeu.



-Ih gente, mais agora eu estou calminha como sempre fui. –
rebati.



-Me lembro dessa louca pulando dentro da água naquela noite,
quase enfartei quando soube que você estava grávida e fula com o talzinho pai
da Demi. – Matt recordou. – Pensei que quisesse morrer.



-E ainda sou fula da vida com ele! – deixei escapar mais
rápido que pude, logo remendei - Pelo
menos eu fui ver o show de vocês e hoje somos todos uma única família, que
lindo! – fiz ceninha. – E eu não queria morrer, literalmente falando, eu só
queria sentir a água fria do mar, pra
acordar pra vida!



-Nunca mais esqueço aqueles shows no Brasil. – Brian
comentou se lembrando de algo. – Que bom que você aceitou trabalhar para gente.
– ele mudou radialmente de assunto.



-Rapazes vocês são meus amigos, os pais que Demi têm, se eu
não aceitasse trabalhar na gravadora para ajudar vocês eu seria muito ingrata.



-Bom, a conversa tá boa, mais eu tô morto de fome e quero
sushi. – Brian voltou a falar. – Esses assuntos melosos atacam meu cérebro.



E o estômago, pensei.



-Acho que podemos pedir comida e enquanto a gente espera nós
vamos montar o quarto da Demi, depois do almoço terminamos com a sala e podemos
enfim descansar. – sugeri.



-Por mim tudo bem. – Matt disse.



-Sem objeções. – Brian brincou.



O almoço foi até rápido e mais rápido ainda terminamos de
montar os últimos móveis, guardei as roupas e brinquedos da Demi , os meninos
instalaram o X-box e ficaram disputando feito dois idiotas de 13 anos enquanto
eu tomava meu banho.



Meus pensamentos me levaram
a uma noite de sexta feira ...



Flash back on



-Será que um dia eu esqueço dela? – ele me perguntou com os
olhos vermelhos de quem andou chorando.



-Se você se der uma chance vai logo encontrar outra mulher
que te ame de verdade.



Meu coração ficou apertado, louco para gritar que essa
mulher era eu.



-Essa mulher lá existe Agatha?
– ele perguntou novamente .



-Essa mulher pode estar ao seu lado e você nem notou – falei
quase num fiapo de voz.



Não suportando o silêncio que se seguiu, ele pensando nela e
eu morrendo por ele, engoli a tristeza e deitei na areia da praia e cobri o
rosto. Como alguém pode não amar alguém como ele? Como pode alguém usar um cara
como ele para se promover?



Porque que quem amamos não nos ama?



-Por que ela não é como você? – ele fez uma pergunta
retórica.



Bufei cansada de sofrer por ele e com ele por causa da
outra.



-Amo você – admiti.



-Também – ele respondeu sem me olhar.



-Sabe...esquece.



-Vou comprar uns cigarros e algo para beber, volto já. – ele
avisou e saiu.



-Ah! Cara burro! Eu tô aqui e ele nem me nota! – explodi
quando percebi que ele não podia mais me ouvir.



Ele trouxe consigo seus cigarros , dois copos e muito
álcool. Bebemos a noite toda , dançamos sem música alguma, ele me rodopiava e
nós dois ríamos felizes ou talvez fosse o efeito do álcool.



Pedi um abraço e
nesse abraço veio um beijo lento e com as ondas batendo de leve em nossos
corpos fizemos amor pela primeira vez.



Flash back off



Troquei de roupa e saí do banheiro, tentei esconder os olhos
vermelhos. Brian e Matt não notaram nada ou fingiram não notar.



-Acho que tá na hora de irmos pegar a Demi – falei.



-É. – Matt respondeu – Agatha,
posso deixar aqui umas roupas minhas e o baixo desse idiota aqui? É que lá em
casa tá punk com esse lance de reforma e tal, tô morrendo de medo de danificar
os instrumentos .



-Sem problema, aliás ,Brian se quiser deixar roupas suas
também já facilita para você. – sugeri.



Saímos os três no carro de Matt e meia hora depois estávamos entrando na
garagem de Brian, Sophia balançava o bebê nos braços e Demi veio saltitando
para mim.



-Mamãe, a tia Sophia me levou para brincar no parque !



-Que máximo filha! Agora vamos que temos que pegar um táxi.



-E eu hein? Sou um nada? – Matt abriu os braços indignado –
Eu levo de volta né Agatha! Po...



-Olha a boca na frente da minha filha! – sibilei.



-Foi mal – ele se desculpou.



Nos despedimos e fomos embora.



-Vamos jantar? – ele perguntou enquanto o carro deslizava no
asfalto.



-Só se for agora! – disse animada.



Entramos num restaurante , sentamos numa mesa e esperamos
nosso pedido.



Demi contava animada como tinha sido seu dia, eu e Matt
estávamos arrasados, cansados pela
mudança mais ouvíamos empolgados o que ela contava.



-Vai lavar essa cara – ele disse – tá com uma aspecto
cansado. Tá horrível!



-Santa sutileza! – brinquei . - Vou no banheiro – eu disse
me sentindo estranha de repente.



Parecia que algo estava para acontecer.



Lavei o rosto e respirei fundo. Quando ia sair do banheiro
esbarrei em alguém.



-Desculpa – uma morena me disse.



-Tudo bem a culpa também é minha.



Parei um momento antes de passar pela porta me sentindo
pior. A morena veio até mim e me amparou.



-“...espera aí “– ela disse e só depois vi que ela falava no
celular – Você tá bem? – assenti .



Ela me ignorou e continuou a falar no celular.



-...”fala sério se eu vou dar filho pra alguém! Ele tem que
entender que eu não sou essa tal aí que ele vive me comparando. Porra eu não
quero ser mãe! E ele fica no meu juízo reclamando que queria filhos , que é o
sonho dele e bla bla bla. Cacete, se não fosse por necessidade eu já tinha
largado ele...tô pegando um cara novo aí, enquanto o idiota tá trabalhando numa
turnê eu tô dando minhas viagens na cama de outro.”



Que mulher cretina! Falava aquilo rindo.



Saí antes de falar besteira.



Andando sem olhar pra frente esbarrei em outra pessoa e caí
sentada.



-Você está bem? – uma voz familiar me perguntou, meu coração
acelerou a mil, era ele – o pai da minha filha, o homem que eu amo.



-Dougie? – disse nervosa.



-Caramba! Agatha?
– ele sorriu o sorriso mais lindo do mundo e eu quis chorar, morrer por dentro.



Agatha
Você se machucou? – Matt questionou me ajudando a levantar, Demi estava
pendurada nas suas costas.



Dougie olhou para Matt de cima a baixo e depois olhou para
Demi.



-Olá, sou Dougie, amigo da Agatha.Você quem é? – ele perguntou mais eu estava nervosa demais pra saber se ele
estava com ciúme do Matt ou desconfiado dele.



-O que tá havendo? – a morena do banheiro perguntou e todos
olharam pra ela.



-Frankie esta é a minha amiga mais que especial Agatha
– Dougie nos apresentou muito constrangido , ele titubeava . Ela estava em
choque.



Então era ela, ele me trocou por essa vadia? E por Deus ela
ainda era a mesma cachorra alpinista social que fez ele sofrer e ir parar na
rehab. Ela estava tão chocada quanto eu.



-Nos conhecemos a poucos minutos amor – a vaca disse
sorrindo meiga.



-Ah, sério? – ele continuava constrangido.



-Mamãe quero ir para casa – Demi falou coçando os olhinhos.



-Acho melhor irmos – Matt falou percebendo tudo no mesmo
instante.



-O que? Mamãe? – Dougie perguntou de olhos arregalados mas
eu saí praticamente correndo de lá com Matt ao meu encalço.



-Era ele? – Matt perguntou e eu assenti. – Que tampinha! –
Matt brincou para me fazer sorrir, já que as lágrimas eram o mínimo de como eu
estava me sentindo por dentro.



Deitei Demetria no banco de trás e comecei a chorar , Matt
respeitou o meu momento e ficou calado. Até que para um brutamontes ele era bem
legal e sensível.



Quando chegamos em casa ele depositou Demi na cama dela e se
sentou comigo no sofá.



-Como ele pode ser tão idiota? Eu percebi na mesma hora que
ele disse “minha amiga mais que especial” , puta merda Agatha!
Que idiota! Você não merece um cara como ele não.



-Coração burro , fazer o que? – disse controlando o choro.



-E Demi é a cara dele ...como esse filho da mãe tampinha não
sacou?



-Ele deve estar achando que você é o pai – disse fungando.



-Isso porque sou loiro e de olhos azuis – Matt zombou me
fazendo ri. – Tá ficando tarde, acho melhor eu ir.



-Tudo bem e obrigada por me tirar de lá.



-Amigos são para isso !



Antes dele ir ele me lembrou.



-Olha só, você vai pra parada beneficente, né?



-E perder o show novo do A7X? nem morta! – sorri falsamente
feliz.



-Vai ser pesado o som!



Ele se foi e eu mal preguei os olhos naquela noite.



[...]



SEMANAS DEPOIS



Entrei na internet para trabalhar usando todas as forças que
eu tinha para não revirar a vida dele nos últimos sete anos, mais estava
difícil. A radio anunciava a nova canção da McFly e o locutor pediu bastante
atenção na letra que foi escrita por Dougie.



Peguei Demi no colo e fiquei olhando minha menina.



A música parecia com a nossa história mas não foi feita pra
mim.



-Mamãe por que a senhora está chorando? – Demi quis saber.



-Porque a mamãe está sensível.



-Chora não, eu tô aqui! – ela me abraçou com seus bracinhos
curtos me dando o melhor abraço do mundo.



-Eu te amo tanto filha.



Eu disse enquanto enxugava as lágrimas.



-Eu te amo um tantão assim , do tamanho do mundo! – ela
disse me fazendo sorrir.



Desliguei o computador e fui para o show beneficente . Demi
correu para o backstage com o baterista da banda, ela adorava ver eles vestindo
preto, caveiras, rímel negro e marcante nos olhos e suas tatuagens.



Já estava acostumada com esse universo. Desde seu primeiro
ano de vida eu a levava para os shows dos “tios”.



Esse mini live 8 iria bombar, show transmitido ao vivo para
todas as redes sociais em prol das vítimas na África. Coloquei a credencial vip
e continuei o meu trabalho.



Eu estava andando pela área vip esperando a hora de pegar a
Demi para os caras se apresentarem quando Tom veio na minha direção, ia desviar
mais Harry havia me cercado.



-Pra onde você pensa que vai? – Tom disse divertido.



-Trabalhar? – respondi brincando. –Oi Harry, Tom.



Sorri amarelo e enfiei as mãos nos bolsos da calça jeans.



-Sentimos sua falta, você sumiu – Harry se queixou.



-Bom, eu levei um pé na bunda do amigo de vocês...aí vocês
voltaram pro mundo de vocês, em outro país, sabe? Ainda mandei três e-mails que
nunca foram respondidos – eu enumerava de forma divertida mais isso não passava
de uma forma de fugir da dor.



-O Dougie fala muito de você, principalmente de dois anos
para cá. – Harry me informou. – Acho que ele viu a besteira que ele fez em te
deixar para voltar com a...com a...como é mesmo que você chamava ela?



-Vadia italiana – eu e Tom respondemos em uníssono.



-É isso aí! – ele riu – Danny disse que tinha visto alguém
parecida com você lá no centro.



-Ai meu Deus , então era ele mesmo! Eu não o reconheci,
fiquei achando que ele fosse algum perturbado.



-Mas ele é perturbado – Harry brincou.



-Dougie disse que encontrou você, depois disso, ele só
falava em você, em como está mais linda e disse que tinha surpresa para nós.
Você teve uma filha? – Tom perguntou curioso.



-Agatha!
Que bom que te achei! – Brian disse – Vamos entrar em 10 minutos, esse
crachá é seu, dá acesso ao backstage e ao coquetel , e essa princesa aqui
também!



Demi estava pendurada no pescoço do meu amigo. Como sempre!



-Te vejo no backstage – ele disse.



-Tchau Brian – eu falei e ele só acenou.



-Synyster Gates? – Tom perguntou receoso – Desde quando
deixou de curtir uma baladinha romântica e passou a curtir metal core?



-Tom a pergunta é, porque sua filha é a cara do Dougie? –
Harry tocou direto na ferida.



-Mamãe quem são eles? – Demi perguntou. A ignorei



-Eu posso explicar! – disse já chorando.



-Só tenha calma e se explique. – Tom tentou me tranquilizar.



-Não ficaremos contra você – Harry me abraçou de lado.



Contei tudo até chegar naquele exato segundo.



-Surreal – Tom falou desesperado.



-Ele vai surtar! – Harry garantiu.



-Apesar de tudo ele vai ficar feliz em saber que é pai de um
filho seu . – Tom confidenciou tentando me acalmar.



-Isso quando ele não me matar! – disse morta de medo dele me
odiar ao descobrir a verdade.



-Achei vocês! – Dougie chegou me fazendo gelar de pânico.



-Oi mano – os caras disseram completamente nervosos



-Agatha ! que
bom te ver! – Dougie vibrou e ao lado dele a vaca italiana.



-Oi Dougie – eu falei. A vadia me fuzilava com o olhar, ela
já havia notado. Só não ele.



-Vejo que vocês já conheceram a filha dela, quem diria hein?
Agatha mãe!



Demi olhou para mim e depois para eles.



-Mamãe quem são eles, a senhora não respondeu – ela se
queixou.



-Linda, nós somos seus tios Harry, Tom, tio Danny ainda não
chegou e...e...- Harry travou e eu comecei a soluçar quase em um choro .



-Tio Dougie! – Dougie completou dando um cutucão no amigo.



-Eu pensei que meus tios fossem ...



-Eu sei querida, nós entendemos. – eu a interrompi.



-Ela não se parece com você Agatha e nem parece com aquele cara do restaurante...ela me lembra alguém. – Dougie
comentou fazendo meu peito se comprimir, Harry teve um acesso de tosse.



-O tio Matt e o tio Brian brincam comigo, quando tio Brian
usa roupa de show ele disse pra eu chamar ele de Synyster! – Ela disse fazendo
todos sorrirem com a ênfase que ela deu no nome – já o tio Matt eu chamo de tio
mesmo. Vocês tem apelidos também?



-Matt Shandows? Você chama seu pai de tio minha lindinha? –
Dougie perguntou.



-Eu não tenho pai tio Dougie.



Todos olharam para mim, Harry e Tom com pena, Dougie e a
mulher com muitos sentimentos misturados.



-Acho que tenho que ir – eu disse colocando Demi no chão.



-Você não disse seu nome princesinha – Dougie se ajoelhou no
chão e encarou a própria filha. Era inacreditável a semelhança!



-Meu nome é Demetria mais é um nome grande e feio – ela riu
- Todo mundo me chama de Demi!



-Que nome lindo! – Tom falou bagunçando o cabelo dela que
sorriu.



-Quantos anos você tem mocinha? – Dougie perguntou e isso
estava ficando perigoso demais. Eu queria ir embora porém Demi fazia uma magia
me prender ali. Ela e o pai não deixavam de se encarar e sorrir como se fossem
amigos a anos.



-Seis anos! – ela respondeu orgulhosa.



Ele olhou dela pra mim com ternura e depois pra ela, se
levantou no mesmo instante que Danny chegou.



-Olha quem tá aí! Agatha!
Faz tempo hein...o que? Seis, sete anos?



Os rapazes respiraram fundo e Dougie franziu a testa.



-Caramba Agatha,
sua filha é linda! Ela me lembra o Dougie quando tinha o tamanho dela. – ele
disse nem sequer perceber o clima tenso entre mim, Harry e Tom- Eu vi uma foto lá na casa da sua mãe Dougie.



Se fez um silêncio cortante, Frankie bufou praguejando
baixo.



-Ai meu Deus! – Dougie exclamou me fazendo encolher. – Agatha,quem é o pai dessa garota? –ele falou respirando fundo.



Coloquei minha filha no colo outra vez e sussurrei um ‘sinto
muito’ para ele antes que minhas lágrimas rolassem soltas.



-Que perfeito! – Frankie ironizou.



-Ok , acho que agora é entre eles. – Tom apaziguou afastando
a vadia de nós, ela esperneava e xingava. Dougie estava vermelho e tenso.



-Eu juro que não era a minha intenção! – comecei com a voz
trêmula.



Saí correndo com Demi encolhida nos meus braços sem entender
absolutamente nada. Com as mãos nervosas tentei achar a chave dentro da bolsa
mais as lágrimas e o nervosismo não me deixavam fazer o serviço direito.



-O que foi mamãe?



-Nada não filhinha, entra no carro – eu pedi após abrir a
porta.



Fechei a mesma e Dougie me surpreendeu.



-Agatha, pode ir
falando.



-Não tem o que falar Dougie, volte para sua vida e me deixe
seguir com a minha. – eu falei sem encará-lo.



Quando abri a porta do motorista ele a fechou com violência
me fazendo assustar, eu tremia, soluçava e chorava copiosamente em silêncio e
ele apenas me encarava com seus olhos azuis , chocados.



-Ela é minha não é?



Assenti enxugando as lágrimas.



-Porque não me contou? – ele cruzou os braços sobre o peito.



-Não consegui te achar. – ficamos em silêncio por um minuto
inteiro – Quando você disse que ficar comigo foi bom mais que seu coração
estava com ela...- deixei a frase morrer sentindo a dor daquelas palavras.



-Eu não me negaria a te ajudar Agatha
– ele falou sentido – Ficaria ao seu lado, não tô dizendo que iria me casar com
você imediatamente apesar de hoje ter certeza que eu fiz a escolha errada ao me casar com a
Frankie. Você estava certa o tempo todo, eu não me dei o valor, achei que minha
vida era ela mas...- ele suspirou derramando discretas lágrimas – eu estava
errado! Minha vida é essa garotinha aí Agatha!
Nem tem cinco minutos e ela passou a ser o centro da minha vida! Você me fez
perder tanta coisa, você tem noção disso?



Quando eu ia responder Demi abriu a porta, assustada, Dougie
chorou sem medo e sorriu para ela.



-Mamãe o que aconteceu?



-Filha, vem cá! – estendi a mão e me agachei até ficar na
sua altura. – Vê ele ali?



-O tio Dougie?



-Sim meu bem, deixa a mamãe te contar uma coisa. –eu
respirei profundamente , ela me olhava e desviava seu olhar ansioso e confuso
para ele . Dougie se aproximou dela ficando sobre os joelhos. – Demi, lembra
que eu disse que tinha perdido seu papai porque ele viajava muito?



-Lembro. – ela disse deitando sua cabeça no meu ombro
enquanto encarava o pai.



-Pois então querida, hoje eu encontrei seu pai e é ele. – eu
disse de forma suave para que ela entendesse.



-Mais ele disse que era meu tio Dougie! – ela contestou.



-Eu disse porque não sabia que eu era o seu pai, mas agora
eu sei. – ele falou pegando na mão dela.



-Mamãe! – ela exclamou.



-O que foi ? – perguntei.



-Já é natal?



-Não – respondemos juntos.



-Eu tenho que fazer outro pedido pro papai Noel! Ainda dá
tempo! – ela respondeu pensativa.



-Han? – Dougie perguntou.



-Pedi pra ele me dá um pai e agora eu tenho! – ela brincou
inocente, Dougie riu.



-É querida, você tem um pai e eu tenho uma filha que eu
tanto quis. – ele disse enxugando as lágrimas e sorrindo sereno.



Eles se abraçaram forte. Aquilo me tocou profundamente.



-Dougie? – o chamei.



-Oi – ele disse com suavidade, sentou-se no chão bem ao meu
lado.



-Me perdoa?



Silêncio. E se ele dissesse “não”? seria meu fim!



-Levei quase quatro anos para perceber o erro que cometi, te
encontrei depois desse tempo todo com aquele grandalhão tatuado e vocês estavam
com ela, sabe, uma família. Mas era a minha! Fiquei com ciúmes dele com vocês
duas, fiquei imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse dito adeus.
Você me deu o maior presente da minha vida. Tem noção do quanto eu desejava ter
um filho? E olha só, a Demi tá aqui.



- O que isso quer dizer Dougie?



-Que sim Agatha,eu te perdoo por dois motivos.



-Quais motivos?



-Primeiro , eu te amo e você sim é mulher pra mim mas só me
dei conta tarde demais, segundo...- ele fez suspense e meus ouvidos não sabiam
se tinham ouvido bem a parte onde ele disse que me amava – a Demi é linda!



Não cabia em mim de tanta felicidade. Isso era um “sim”!



-Ainda há tempo pra nós dois? – quis desesperadamente saber.



-Temos uma vida pela frente meu amor.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.