– Eu simplesmente não consigo acreditar nisso! – Falei abrindo e fechando a boca várias vezes em um sinal claro de confusão. – Vocês duas só podem estar loucas, louquinhas!

– Para de drama Alice, é apenas uma cabeleireira! – Letícia afirmou me empurrando em direção à entrada principal do salão.

– Eu não vou entrar, sentar e me submeter a um corte com aquela doida da Paula Prata! Ela é doida, esqueceram? – Tentei argumentar lembrando a nossa última visita naquele salão.

– Ela está bem melhor, acredite! – Letícia tentou me tranquilizar, enquanto me empurrava em direção ao salão. – Pense na competição, pense em como quer ganhar de Lee...

– Pense no beijo que ele pode de dar quando vir você gata. – Manu interviu e eu a olhei indignada.

– Manu, eu não vou estar de Miss Universo. – Lembrei e me arrependi logo, pois minha amiga abriu um sorriso que dizia claramente “ahá, eu sabia que você queria pegar ele.” – Argh esquece! Vamos entrar nesse covil do mau logo.

Abri a porta do salão de cabeleireiro e o ar de acetona invadiu minhas narinas, afinal, poucos metros de mim havia uma fileira de mulheres fofocando enquanto tinham suas unhas sendo feitas. Eu não queria estar ali, eu não gostava de ser uma dessas mulherzinhas idiotas que passam horas e horas no salão de beleza... Mas era tudo por um bem maior.

– Olá minhas flores, como você estão? – Escutei a voz fina e irritante de Paula atrás de mim. Dei um giro para olha-la e fui atingida por seus cabelos quando ela me abraçou. – Olha o que temos aqui, é você Alice! O que deve a honra de sua visita? – Perguntou piscando seus olhos com os cílios perfeitamente altos de tanto rímel que usava e sua sombra roxa também era chamativa assim como a roupa com plumas.

Paula era conhecia na região como a “louca do salão” e esse título foi ganho devido aos seus experimentos ilegais em humanos para atingir as cores perfeitas tanto de pele quanto de cabelos. Apesar disso, ela era famosa e ninguém nunca conseguiu prender essa doida (acho que nem no presidio a queriam). Ela precisa andar com uma tornozeleira e só pode circular na área do seu salão de beleza.

– Nós precisamos de sua ajuda mestra Prata. – Letícia, a baba ovo, começou a dizer interferindo minha não-conversa com a velhota. – Temos que fazer uma transformação em Alice, mas precisa tudo sair direitinho...

– E não queremos nada de doido, nenhuma invenção incluída e nem nada que ela possa morrer. – Manuela completou e eu a olhei irritada. Porque raios eu tinha vindo ali se eu estava sobre perigo de morte?

– Venha minha querida, vamos conversar sobre que produtos da linha Prata você irá querer usar, lembrando que na compra de um shampoo “Prata, porque ela vale mais que carvão”, você ganha de brinde um selo “Paula Prata aprova esse visual”. – Tagarelou e eu quis fugir daquele lugar.

Não sei quantos dias eu passei naquele salão, mas quando perguntei para Manu ela disse que só haviam passado cinco minutos desde que eu entrará por aquela porta e a madame Prata não havia feito nada de útil em mim. Quando eu fui reclamar, a velhota apareceu com uma capa preta e a colocou em mim, virou minha cadeira de costas para o espelho e vi uma grande tesoura em suas mãos. Eu quis gritar, mas se eu fizesse isso... Bem, não ia pegar bem para mim.

Após semanas interináveis – equivalente há duas horas – Paula me olhou parecendo satisfeita como seu trabalho.

– Você está linda, vai arrasar os garotos.

– Posso me ver no espelho? – Indaguei impaciente.

– Claro querida, só falta... – E ela borrifou um perfume fedorento na minha cara –

Pronto, agora está perfeita. – Completou virando minha cadeira e eu olhei no espelho.

A única coisa que eu consegui concluir foi:

– Uau.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.