Como Um Furacão

Eu Te Odeio, Eu Te Amo


Se ela fez uma loucura?

Sim, Ivy fez uma loucura.

Se ela imaginou que faria algo assim com Shu, justamente a quem odiava? Não, nunca em sua vida.

Mas a vida é feita de situações inesperadas não é verdade?

E tipo... Não é como se ela fosse se deitar com Shu de novo.

Não pretendia.

Não, de jeito nenhum!

***

—Então vão continuar assim?- perguntou Lúcia a Ivy.

—Continuar o que?

—Nesse chove e não molha?

—Hein?

—É uma expressão de onde venho. Você o Shu não se resolveram ainda?

—Não tem nada a se resolver entre nós dois?

—Então vai me dizer que nada aconteceu ontem.

Como sempre Ivy ficou corada.

—Ontem foi um acidente de percurso.

Lúcia levantou a sobrancelha com incredulidade.

—Com essa para cima de mim? É assim que os jovens chamam hoje em dia?

—Você tem a minha idade!

—Exato! Não venha com essas desculpas, acidente coisa nenhuma! E eu não entendo o que tem de errado com você e o Shu ficarem juntos!

—Não temos nada em comum.

—Aí que está a graça, se fossem iguais se repeliriam.

—Não sei se poderia viver ao lado de alguém com tão pouca vontade de agir.

—Shu não tem pouca vontade de agir, tem pouca vontade de viver. Dá tristeza dizer isso mas é o que vejo. Ele não tem motivo para lutar por nada, nunca teve. A vida dele é muito vazia. Mas desde que você chegou, a rotina e os sentimentos dele foram sacudidos como um furacão.

—Não acho que seja assim. E não acredito que Shu sinta algo por mim, Lúcia, falo isso com toda a sinceridade.

—Veremos. A vida é uma surpresa.

***

Ivy voltou a ignorar Shu.

Shu se irritou com isso mas também fingiu que nada tinha acontecido.

O resto da família fazia entre si apostas em dinheiro sobre quem daria o primeiro passo.

Discretamente é claro.

Mas as coisas se acelerariam naquele dia.

Um "antigo" caso de Shu quis se aproximar dele com segundas intenções e se insinuou, pondo a mão sobre o peito dele.

Ivy apareceu no mesmo instante e saiu marchando, irritada e bufando.

Xingava mentalmente Shu de nomes que fariam um marinheiro corar.

Enquanto isso, Reiji tocou no ombro de Shu e o levou até uma sala vazia.

—O que foi?

—Não vai fazer nada? Vai deixar ela pensar o pior de você?

— Não é como se eu pudesse mudar a opinião dela agora.

Reiji revirou os olhos com expressão de desgosto.

—Sério Shu? Quando você vai crescer? Não somos mais crianças e a mamãe está morta, ninguém mais vai te mimar ou facilitar sua vida!

—Não venha com sermão!

—Então cresça, seu merda!

O silêncio dominou os dois por alguns segundos. Reiji respirou fundo e ajeitou o óculos.

—Talvez seja bom você não fazer nada. É melhor para a Ivy, uma mulher merece alguém que lute por ela.

Se dirigiu a porta, mas parou e voltou mais uma vez seu olhar a Shu.

—Se a quer de verdade, a hora é agora. Nada do que vale a pena de verdade vem sem esforço. Pense nisso. Eu não devia estar dando sermão no meu irmão mais velho.

***

O treino tinha acabado mas ela tinha certeza da vitória, em pouco tempo seria uma profissional, tudo estava bem encaminhado.

Ivy caminhava até o vestiário quando foi parada por Shu.

—Preciso falar algo com você.

—Depois Shu.

—Agora!

Iria puxá-la para um canto, mas parou ao sentir um cheiro estranho.

—Ivy, saia correndo quando eu disser.

Ela se assustou.

—O que?

—Lobisomens.

Ela entrou em pânico.

—Ai droga!

—Quando eu der o sinal. Agora!

Ela correu em disparada para o vestiário com intenção de pegar seu celular enquanto Shu lutava contra os homens que começavam a invadir o lugar.

Ivy teve que parar bruscamente quando um deles interrompeu seu caminho, pronto para golpear sua garganta.

Ela não sabia o que fazer até que Shu se pôs na frente dela e recebeu um golpe no ombro.

—Vai!- ele gritou, enquanto lutava com o lobisomem.

Ela disparou e pegou com rapidez sua mochila, fazendo uma ligação que logo fez os outros irmãos virem em super velocidade e lutarem.

Venceram com facilidade e foram para casa.

***

—Seu louco! Podia ter morrido!- ela gritou com lágrimas nos olhos.

—Sim, estou bem, meu ombro está melhor, obrigado.- ironizou Shu.

Ivy deu um tapa no ombro ainda dolorido dele.

—Ai! Tapa de amor ainda é tapa sabia?

—Me processe, Bitch!- retrucou Ivy, fazendo todos rirem.

—Não falei que ia dar certo Reiji?-se vangloriou Lúcia.

—O que deu certo?

—A menina que deu em cima do Shu. Foi meu plano, eu paguei ela.- e todos riram mais uma vez, menos Shu e Ivy.

—Você sua...-Ivy não pensou em um palavrão ofensivo o bastante- Você é maligna!

—Só agora notou?

—O que esperar de alguém capaz de casar com o Laito, não é verdade?- iimplicou Reiji.

Laito fez cara de ofendido.

—Sou um amor de pessoa!

—Ah tá, vai nessa.

—Amor, me defenda!

—Eu me casei com você. Não tenho defesa.

Mais risadas, enquanto saíam da sala, deixando os dois sozinhos.

—Eu não acredito que caí nessa!

Shu sorriu.

—Mas te ver com ciúme foi muito bom.

—Mas eu não senti ci...

Antes que terminasse, foi puxada pela cintura e recebeu outro beijo de tirar o fôlego.

Não conseguia pensar, só corresponder.

Teriam que deixar essa questão para bem depois.

Agora estavam ocupados.

"E agora todo esse tempo

Está passando

Mas eu não consigo dizer-lhe por quê

Me dói cada vez que eu vejo você

Percebo o quanto eu preciso de você

Eu te odeio, eu te amo

Eu odeio te amar

Não quero, mas não consigo colocar

Mais ninguém acima de você"