Come Home

Capítulo 3


Era como se o chão abaixo dos pés dela tivesse sumido. Tudo o que fizera tinha sido em vão, passara um ano longe dele para nada. Culpa a consumia, um único pensamento ecoava em sua mente: “O que eu fui fazer?” Só a voz do parceiro foi capaz de tirá-la do torpor no qual havia entrado.

- Scully? Scully? Scully, olha para mim! Não foi culpa sua, você fez o que achava ser o melhor para ele, entendeu? - Mulder a segurava pelos braços delicada, porém firmemente e havia se inclinado para olhá-la nos olhos. - E ele não está morto, eles o teriam deixado lá. Nós vamos encontrá-lo e depois vamos para um lugar bem longe daqui, nós três, entendeu?

Ela apenas balançou a cabeça, incapaz de formular uma frase, culpa e medo tomando conta dela. Mas em meio ao turbilhão de pensamentos e sentimentos havia uma centelha de esperança, bem pequena, mas o suficiente para fazê-la acordar de seu transe momentâneo e começar a agir.

- Você tem razão, não temos tempo para ficar pensando no que já passou. Temos que fazer alguma coisa. Skinner, você tem alguma pista de quem fez isso? Ou para onde William possa ter sido levado? - Scully perguntou, voltada para Skinner. Sua voz era firme e objetiva, mas o medo em seus olhos não passou despercebido para nenhum dos dois homens presentes.

- Suspeitamos que eles estejam próximos ao Texas ainda, talvez escondidos em algum lugar. A polícia local ficou sabendo bem rápido do crime, aparentemente uma empregada da família se atrasou para o trabalho naquele dia e chegou cerca de duas horas após o sequestro e imediatamente chamou a polícia. Assim que perceberam que o William estava desaparecido emitiram um alerta Amber* e verificaram os registros de embarque nos aeroportos mais próximos e nenhum bebê com as características do seu filho embarcou nos vôos dessa manhã. Quanto a quem fez isso, acho que nós temos suspeitos melhores do que eles, não concordam?

- Sim, concordo. - Mulder tomou a frente dessa vez, precisando ajudar. Nas outras vezes em que o filho estivera em perigo ele não estava presente, não pôde ajudar, mas agora seria diferente. - E acho que devemos ir para o Texas imediatamente, talvez possamos ver algo que a polícia de lá não viu e, de qualquer forma, temos que começar por algum lugar.

Mais tarde, no Texas...

Scully entrou na casa e suspirou. Além da porta praticamente pendendo no batente não havia outros sinais do crime que ocorrera no local. O que indicava propósito certo por parte dos bandidos, como eles já sabiam. Também não escapou a seus olhos os brinquedos no tapete da sala de estar ou as fotos espalhadas. Fotos de seu filho. Fotos de seu filho sendo o filho de outra. Era um sentimento agridoce. Sentia a dor de uma mãe obrigada a separar-se do filho e a alegria de saber que ele foi bem cuidado e muito amado por sua substituta. Queria ser ela nas fotos - aparentemente sequenciais - emolduradas e penduradas na parede do corredor em que se via a mulher em pé segurando o menino, também em pé, pelas mãozinhas. Na última foto ela não mais o segurava, ele se sustentava sozinho. O primeiro passo. Ela era quem devia estar no lugar daquela mulher ensinando o filho a andar, vendo o primeiro passo, ouvindo sua primeira palavra.

- Scully? Scully, nós vamos achá-lo. - Mulder disse, indo para o lado dela e também olhando as fotos. Ele também estava pensando no quanto da vida do filho havia perdido, mas sabia que nesse momento tinha que focar em achar Wiliam. Sabia que apesar de a parceira sempre ter sido a mais racional e objetiva dos dois - muitas vezes lhe dando a força que precisava para continuar - naquele momento ele teria que ser forte por ela também. Sabia que Wiliam sempre fora seu ponto fraco, que quando se tratava dele, ela não era mais a “Agente Scully” e sim uma mãe como todas as outras.

Conforme procuravam pela casa, viam que quem quer que tivesse levado Wiliam sabia muito bem o que estava fazendo. Não havia nada que indicasse para onde poderiam ter ido, mesmo os rastros dos carros iam para várias direções. Estavam indo embora quando Mulder viu um pedaço de papel entre os vãos do piso de madeira. Ao abri-lo se deparou com uma mensagem. A caligrafia era rabiscada, como se quem quer que tenha deixado aquele bilhete estivesse com muita pressa ao escrevê-lo. Dizia:

The truth is out there. <-

- Scully! Skinner! Achei uma pista. - ele gritou, e rapidamente os outros vieram, ficando Skinner a sua direita e Scully a sua esquerda.

- A verdade está lá fora? Mas isso não faz sentido! - Skinner disse ao ler a mensagem. Mulder olhou pensativo para ele, depois para a mensagem e finalmente para a companheira, que não havia tirado os olhos do pedaço de papel. - Scully, o que você acha que essa mensagem significa?

- Acho que está indicando onde ele está. Olha do lado, parece uma flecha.

- Tinha pensado nisso. No carro tem um mapa, vamos ver se conseguimos descobrir para onde isso leva.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.