Come Back

Buscando pelo céu enquanto corro para o inferno


- Cala a porra da boca – Ele sussurrou no meu ouvido antes que eu conseguisse terminar de falar. Caralho, por que eu fico tão indefesa quando ele faz isso?

Era impossível me manter no ataque quando ele resolvia tomar o controle, mas o que eu estava pensando? Eu estava seminua na frente de um cara com quase o dobro do meu tamanho, uma hora ele pararia de me obedecer.

Com um pouco de violência ele girou meu corpo e me manteve de costas para ele, as mãos dele apertavam meus ombros com força, tanta que quando elas começaram a descer uma sutil marca arroxeada ficou lá. Por mais estranho que isso soe, eu estava gostando que ele não fosse exatamente suave, era uma punição, tanto pra mim, quanto pra ele, ambos estávamos afundando nossa relação. Ele não ia ser suave, muito menos eu.

A pressão dos dedos dele na minha pele arrastaram as alças do sutiã para baixo, com agilidade ele puxou o fecho e meus seios ficaram livres. Um empurrão forte fez com que eu batesse contra a parede fria, mas antes que eu pudesse me equilibrar direito, o corpo dele me pressionou ainda mais forte contra ela, mesmo de costas eu podia sentir a respiração morna dele contra minha nuca. A pele nua do peito dele grudando na minha, a umidade da adega fazia com que eu suasse frio. Logo as mãos dele recomeçaram a atividade nem um pouco gentil.

Uma das mãos dele apertou com força minha bunda, tão forte que soltei um uivo fino de dor, com a outra mão ele girou novamente meu corpo, me pondo de frente para o dele e apertando um dos meus seios enquanto seus lábios devoravam os meus.

Tatuagens.

Deus como eu era apaixonada por elas.

Fiction. Em letras na cor de sangue. Ficção.Uma história que vai contra a realidade, aquela era a minha história, gravada na pele do meu maior sonho. Meu sonho de 1,93m. Minha unha do indicador percorreu a extensão daquela tatuagem com força, quase furando a sua pele, até alcançar a calça.

- Ta me zoando? Dois cintos James? – Se um já era difícil de tirar, imagine dois. Acho que ele não aguentou, soltou uma das gargalhadas mais gostosas que eu já tinha ouvido até agora.

Ele se afastou alguns centímetros de mim e arrancou o segundo cinto, ainda sorrindo, ele tirou a calça e me encarou por alguns segundos, eu fiz o mesmo, me deleitando com a imagem perfeita daquele corpo cheio de tatuagens.

- Tira a porra desse sapato Alison, você fica melhor descalça.

- Quer meus sapatos? – Eu chutei o ar para que os sapatos saíssem dos meus pés e o atingissem, um deles ainda pegou em sua coxa.

- Acho que você está com o demônio hoje. Meu demônio – ele disse fazendo menção de se reaproximar, mas com um movimento impedi. Ele analisava meu corpo enquanto eu descia a ultima peça de roupa até minhas canelas e depois a chutava para longe.

Ele deu um sorriso bobo e mordeu o lábio inferior, eu dei de ombros e fiz minha cara mais safada, logo ele avançou mais uma vez e me suspendeu, abracei sua cintura com as pernas, mantendo-o preso pelas minhas coxas, ele mordeu com força minha clavícula e levou a mão a minha região intima, movendo os dedos bem rápido. Trinquei os dentes, aquela sensação tomava conta do meu corpo, eu o sentia vibrar e arder de prazer quase com a mesma velocidade que ele me tocava, pequenos gritos surdos escapavam da minha garganta, mordi com força o queixo dele tentando inibi-los, logo minha língua subiu até o pequeno piercing que dividia o curto caminho do queixo até os lábios carnudos dele.Era divertido, mas eu queria ir logo até o desfecho daquilo.

Desci minhas mãos até o membro ereto dele, sem demora ele entendeu o que eu queria e retirou os dedos de dentro de mim, um riso sombrio tomou conta dos lábios dele, seu corpo inteiro friccionava levemente no meu, mas ele não me penetrou. Entendi o jogo dele, não ia deixar que ele brincasse assim comigo.Com força puxei o empurrei para longe de mim.

- Quê?

- Deita

Ele riu e logo em seguida me obedeceu deitando-se no chão. Caminhei um pouco pelo ambiente fechado e puxei uma das garrafas da prateleira. Tirei o lacre com pressa e com um pouco de dificuldade e a ajuda de um saca-rolhas tirei a rolha que isolava a bebida do ar. Jimmy parecia um pouco agoniado, deitado, acompanhava com os olhos cada um dos meus movimentos e massageava lentamente o próprio membro.

- Pensei que você estava com pressa – ele falou ao me ver dar um longo gole na garrafa – Caralho Allie, vai mesmo fica passeando nua enquanto eu to aqui explodindo?

Caminhei até ele e despejei parte do liquido da sua cabeça até os pés, depois me sentei sobre ele, conduzindo-o até minha entrada. Era como equitação, a diferença é que um cavalo não tem um nariz tão bem delineado. Estranha a comparação? Eu sei. Mas era exatamente como eu me sentia, conduzindo as rédeas, no controle do corpo dele.

Ele estava muito profundo dentro de mim, fechei os olhos e senti meu corpo tremer enquanto eu me movia sobre ele, agora com um pouco mais de velocidade. Para cima e para baixo, para frente e para trás. Meu corpo estava em brasas, totalmente inebriado pelo calor do corpo dele. Um grito baixo escapou novamente da minha boca, meu limite estava próximo, soltei uma gargalhada grave quando o atingi. Fiz menção de sair de cima dele, mas a minha vez de ser maltratada havia chegado, o riso sombrio retomou seu rosto.

Com as duas mãos ele segurou meus quadris para que eu permanecesse sobre o corpo dele, seu corpo passou a se movimentar abaixo do meu e eu fui obrigada a acompanhar, gemidos altos tanto dele quanto meus não deixavam espaço nem para que os pensamentos fossem ouvidos, eu mal conseguia repirar. Achei que meu corpo ia se derreter ali, me desfazer em orgasmo e vinho italiano.

E então ele atingiu o próprio orgasmo, com uma gargalhada assim como eu, mas a dele tinha o bônus de ser acusticamente perfeita. Mesmo assim não sai de cima dele, nem deixei que ele saísse de mim, apenas deixei meu tronco cair exausto sobre o dele. Respirávamos alto, ofegantes, exaustos, limpos de todos os nossos desentendimentos. Talvez a mágoas não desaparecessem, mas agora elas não eram mais prioridade. Olhei para o rosto dele, os olhos dele estavam fechados e as narinas puxavam com força o ar úmido e quente. O corpo dele era perfeito, poderia passar a minha vida inteira descrevendo cada pequeno poro de sua pele, eu estava sentindo falta dessa conexão com ele. Achei que minha ‘eu’ do passado havia roubado isso de mim, mas eu acabara de ter certeza que ela não tinha me roubado nada, aquele homem ainda era meu.

Meu.

Acho que demorei um pouco pra ter certeza que eu o possuía, talvez eu só tivesse medo de que ele me escapasse. Eu sei que ter me apegado tanto assim a ele vai acabar sendo um problema pra nós dois daqui a alguns dias, mas eu simplesmente não pude evitar, a atração do corpo dele sobre o meu era algo imbatível, nem todas as leis da física conseguiriam explicar.

Física. Eu sou a prova viva de que ela só serve pra ser rompida, aliás, nós dois somos.

Joy

Dias de neve eram quase tão bons quanto dias nublados, com a diferença que eram insuportavelmente frios e eu não precisava ir trabalhar. Mas eu não estava muito contente.

- Allie? Está aí?

- Estou, pode entrar

A porta da frente se abriu e um Max com volume 5 vezes maior entrou, o volume extra se dava graças às inúmeras camadas de agasalhos. Sempre que o inverno chegava, eu me perguntava por que ele ainda morava em Wisconsin, Max tinha uma tolerância muito baixa ao frio.

- Hey Freak, como estão os machucados?

Ele veio caminhando de um jeito meio engraçado e se jogou no sofá ao meu lado.

- Ainda doem

- É, a outra Allie pegou pesado – ele disse fazendo menção de tocar na marca que a maçaneta deixara no meu rosto, mas eu o impedi com um tapa.

- Isso não está certo, por que ele não atende nenhum dos meus telefonemas?

- Ainda está ligando pra ele? Caralho Allie, já disse pra parar com isso!

- Você não manda em mim, e além disso eu senti uma coisa diferente quando ele estava comigo, ele gostou de mim Max!

- Você está atrapalhando tudo Alison!

- Para de repetir isso por favor

- Mas é a verdade caralho!

- Isso não está certo Max! Era comigo que ele deveria estar!

- E ele está! Já parou pra pensar que você está impedindo você mesma de ficar com ele?

Não respondi, apenas abracei as pernas e desviei o olhar. Ele revirou os olhos e puxou meu corpo a ponto de que eu deitasse minha cabeça em seu colo.

- Olha pra mim Allie – eu o obedeci um pouco relutante – O que está acontecendo com você? Eu quase não te reconheço mais, a minha Freak não faria esse tipo de coisa.

- Eu sei, mas desde que eu fiz o primeiro contato com ela, eu não sei, parece que nasceu algo hostil dentro de mim

- Para de correr atrás disso Allie, ainda dá tempo.

- Eu não posso.

- Allie não! Você tem que me prometer que não vai mais perturbar o Sullivan

- O quê? Eu não vou prometer nada!

- Claro que vai, Allie você pode acabar matando o Sullivan se continuar assim, você quer mesmo que ele morra? Se você esperar alguns anos é com você que ele vai estar, para de olhar pra Allie do futuro como sua inimiga, ela é você sua burra! Você vai voltar no tempo e vai gostar de ter uma idiota atrapalhando tudo?

- Eu só quero ter ele pra mim – eu falei quase em um sussurro

- E você vai ter! Mas precisa ser paciente. Promete pra mim Allie, sou eu que estou pedindo, não é a Allie do futuro, não é o James, sou eu, Max. Seu melhor amigo.

Eu sabia que ele tinha razão, mas eu tinha muita inveja e fúria dentro de mim que era meio impossível me manter sã. Eu mal conseguia me reconhecer, talvez eu realmente devesse dar um tempo pra reorganizar minha mente, o único problema é que minha mente está completamente inundada por ele, meu James.

- Tudo bem, eu prometo.

- Essa é minha garota – ele então enfiou a mão no meu cabelo e o bagunçou, me deixando parecida com uma vassoura depois se levantou e foi até a cozinha – Cadê o chocolate quente dessa quase? To quase virando um iceberg.

- Eu não fiz chocolate Max, desculpa.

- Ai mas que droga, vou pra minha casa então – ele caminhou até a porta mas antes de abri-la ele parou e olhou para mim – Vai ficar bem até eu voltar?

- Mas é claro que sim

Ele sorriu e logo em seguida saiu. Quase que imediatamente me levantei e peguei meu celular, eu havia prometido que não ia mais perturbar o Jimmy, mas ele não mencionou nada sobre perturbar outra pessoa.

- O que você quer?

- Eu preciso falar com você

- Não tenho tempo para os seus joguinhos

- Por favor Sam, é importante

- Tudo bem, estou ouvindo, pode falar

- Não quero que seja por telefone

- Quê?

- Será que pode vir até Madison?

- Em Wisconsin? – ele soltou uma gargalhada – Só pode estar de brincadeira né? É do outro lado do país Joy e eu não posso largar o trabalho.

- Por favor Samuel, tenho certeza que ao menos 4 dias de folga o Timmy te dá.

- E por que eu faria isso?

- Por que eu preciso de você... e tenho algo muito importante pra te falar

- O que?

- É um segredo

- Desculpa Joy, não quero me envolver nas suas confusões.

- É um segredo da Alison

- Allie?

Bingo! Era só falar o nome dela que a mágica acontecia por si só.

- Você vem ou não?

Allie

- Quer ir lá pra fora?

- Não, daqui a pouco a gente vai.

Estava deitada sobre o peito dele, se não fosse pelo som alto do lado de fora tenho certeza que eu conseguiria ouvir a pequena bomba relógio bater. Aquela sensação de me reconectar a ele era algo que eu jamais conseguiria descrever, era um calmante para a minha alma. Ele ainda mantinha os olhos fechados, a mente dele às vezes o colocava em transe.

- Eu realmente sinto muito por tudo Allie, as vezes eu não tenho noção das minhas idiotices.

- Já percebi isso – ele abriu um leve sorriso, mas notei um traço de dor nele – Algum problema Jimmy?

- Eu estou perdido Allie, quando eu estou com você eu quase acredito que ainda há esperança, mas é só eu ficar sozinho que a verdade me atropela como se fosse um vagão de trem. Eu estou vazio, minhas emoções já não são as mesmas, é como se eu estivesse me desligando, peça por peça, uma de cada vez. Não tem mais nada aqui pra mim. Somado a isso ainda tem a merda desse coração que parece um motor velho, chega a me tirar do sério as vezes do tanto que dói – Os olhos dele se abriram e com delicadeza ele tirou a franja da minha testa – Se eu tivesse te conhecido antes talvez ainda tivesse chance, mas agora...

- Para! Eu não faço a menor ideia do quanto deve estar sendo difícil conviver com o vazio dentro de você mesmo, mas eu não vou deixar você se render Jimmy.

Aquele era o problema, ele estava desistindo de lutar, deixando a dor consumi-lo, ele estava morrendo.

Sempre acreditei que os remédios é que tinham tirado a vida dele, mas não, tudo ao seu redor foi matando-o aos poucos.

- Eu realmente fico muito feliz por você ainda acreditar em mim, mas o tempo está acabando, eu não sei o que vai ser de mim.

- Eu sei que posso te salvar Jimmy, mas isso só vai ser possível se você quiser ser salvo.

- Salvo? O que você é? A Mulher maravilha?

- Quase isso, tirando a parte dos super peitos – Ele gargalhou – Mas eu estou falando sério Jimmy, eu preciso de você aqui comigo e preciso que você também queira isso.

Ele não me respondeu, apenas fechou os olhos novamente e me abraçou ainda mais forte. Essa ia ser a parte difícil, salvá-lo de si mesmo.

Joy

Caralho, eu tinha me esquecido do quanto ele era bonito. A pele tão branca quanto a própria neve, os cabelos e os olhos tão negros que chegava a ser espantoso, as bochechas e os lábios ganharam tons levemente avermelhados pelo sangue quente que corria ali. Diferente de Max, Samuel parecia ter nascido para o frio.

- Meu deus Sam, alguém já falou que você é fantasmagoricamente lindo?

- Fantasmagoricamente? Não – ele abriu um meio sorriso, graças a isso me senti confortável para abraçá-lo.

- Melhor entrar no carro antes que congele!

Ele trouxe apenas uma mochila e não foi difícil acomodá-lo, eu só tinha que tomar cuidado para que Max não descobrisse.

- Realmente é uma cidade muito bonita, bem mais fria do que eu imaginava – Samuel se afastou da janela e pôs as mãos no bolso

- Primeira vez fora da Califórnia?

- Alguma coisa assim, mas não importa. O que você tem de importante pra falar?

Me aproximei dele.

- Eu preciso da sua ajuda Sam

- Me tirou de casa pra isso? Joy eu não vou armar nada contra a Allie!

Eu já estava ficando impaciente

- Sam me escuta

- Não to nem ai se você quer dar pro Sullivan, vou embora desse lugar, não sei por que ainda perco meu tempo com você – Ele começou a dar passos firmes em direção ao quarto

- Você ama a Allie?

Ele parou

- Como se você fosse não soubesse disso – ele deu uma leve risada cética

- Se ela pedisse um favor você atenderia?

Ele se aproximou novamente, dessa vez deixando o rosto a poucos centímetros do meu.

- Claro que sim. Mas deixa eu te contar uma coisa sweetheart, você não é a Allie.

- E se eu disser que eu sou?

- Ai eu teria certeza de que você é maluca Joy – ele riu novamente e me deu as costas

- Nós somos a mesma pessoa, a diferença é que ela é cinco anos mais velha do que eu. Ela voltou no tempo Sam, Jimmy vai morrer dia 28 desse mês, ela voltou pra salvá-lo, ou melhor, eu voltei.

Ele ficou estático, ouvir aquilo tudo pela primeira vez não era realmente fácil, é insano demais pra se acreditar, mas os fatos te obrigam.

- O que?

- Vai dizer que nunca notou como ela aparenta ser mais velha?

- Você só pode estar brincando

- Com certeza eu não estou. E então, vai ouvir o que eu tenho pra falar? – ele caminhou de volta e silenciosamente sentou no sofá, não havia expressão alguma em seu rosto – Vou considerar isso como um sim.