– Baro me solta. - remexeu-se em baixo dele quando sentiu os lábios dele tocarem seu pescoço, o cheiro forte de álcool incomodou seu olfato - Garoto você 'ta bêbado?

– A gente vai se divertir bastante hoje...


– Não – esbravejou Yulli tentando se livrar de Baro, mas embora ele estivesse sob o efeito do álcool, ele ainda possuía sua consciência e força, continuando a beijá-la no pescoço e seguindo para um lugar mais abaixo.

Yulli continuou a empurrá-lo enquanto ele apalpava sua cintura descendo lentamente para os quadris, mas antes que ele o alcançasse, uma pessoa forte o puxou bruscamente para trás, fazendo-o até mesmo perder o rumo.

– O que vocês estão fazendo? – perguntou o professor de dança indignado e fitando a face ofegante e temerosa de Yulli. Baro tentou se desvencilhar da mão forte do professor que agarrava-lhe o ombro direito, mas o homem não chegou a sentir o movimento do mais novo - Eu quero explicações – disse o professor sério e frio.

– Não é óbvio? – falou Yulli levando as mãos à face e saiu correndo pelos corredores em direção ao dormitório feminino, ela precisava fugir de tudo aquilo, de todas as pessoas.


***


Em outro ponto do colégio, na recepção para ser mais exata, havia alguém solitário. Era um jovem alto e de cabelos bagunçados. Grandes olheiras se concentravam abaixo de seus olhos e seu estado era dramaticamente deplorável. Ele havia se tornado um fantasma suburbano depois do que virá a algum tempo atrás. Seu amigo Joon estava morto e ninguém havia dito nada ao resto do colégio. Thunder sentia seu coração se apertar a cada vez que pensava nesse trágico fim, mas agora, ele estava em busca de respostas. Havia algo escrito no tórax daqueles jovens, ele sabia que havia, agora, ele precisava apenas se lembrar.

Embora relutante, o jovem tocou o vidro gelado da porta com a ponta dos dedos da mão direita. Com esse ato, seu sangue pulsou com mais força e sua respiração se tornou pesada e ofegante, mas ele não desistiu. Lentamente ele deu dois passos em direção a porta, acabando com toda a distância que havia e tocou por completo o vidro com ambas as mãos. Do lado de fora existia apenas a vasta e terrível escuridão, mas nos muros iluminados artificialmente, ele conseguia ver uma imagem trêmula se formar, ele conseguia ver oito corpos dispostos sobre o muro e uma singela mensagem.

– A, M, A, D, O, R, E e S – disse Thunder em um sussurro enquanto observava os cadáveres que só existiam em sua imaginação – Espera, amadores? – ele se perguntou confuso. Aquilo não fazia o menor sentindo para si, os únicos amadores que ele já havia ouvido falar, era de fotógrafos amadores, mas Joon não era do tipo que tirava fotos, nenhum deles eram, mas ele precisava relacionar as coisas, ele precisava ver uma ligação em tudo aquilo.

Mediante a sua grande descoberta, que pelo menos ele achava que era grandiosa, deixou o térreo correndo em direção a um lugar calmo, já que o dormitório masculino não era o melhor lugar para se pensar no momento, mas assim que subiu os primeiros degraus, uma figura negra o interceptou, saindo diretamente das sombras e o fazendo recuar.

– Professora...? – ele perguntou com a voz trêmula e sentindo a pele empalidecer, enquanto um sorriso sádico se formava nos lábios de sua delatora. Poderia estar acontecendo uma festa secreta na ala do dormitório masculino, mas não deveria ter alunos caminhando pelos corredores, não a essa hora da noite.


***


A movimentação dos professores parecia realmente intensa, eles pareciam formigas assustadas correndo por todo o colégio, e a enfermaria, claramente não podia se ver livre deles. Quem entrou afobado no local, foi o professor de teatro. Alguém havia o avisado que haviam encontrado Krystal com um grave ferimento no abdômen e temendo a volta da onda de assassinatos, ele sentia necessidade de falar com a garota. Ele rapidamente procurou a jovem com os olhos e encontrando-a deitada sonolenta sob uma das camas hospitalares, apressou seus passos até ela.

– Krystal Jung – disse ele com a voz aflita, trazendo a atenção dela para si – Como você está?

– Professor... – murmurou a mais nova encabulada e automaticamente colocando o antebraço esquerdo sobre o ferimento que agora estava enfaixado – O que o senhor está fazendo aqui? – ela estava visivelmente desconfortável na presença daquele homem que gentilmente se aproximava dela, sentando na beirada de sua cama.

– Eu fiquei sabendo que havia sido ferida... – seus olhos correram rapidamente para o local que ela tentava esconder e rapidamente voltaram para sua face. Sua expressão aflita era substituída pela seriedade momentânea – Quem fez isso? – ele perguntou sem delongas, deixando com que uma ruga de interrogação se formasse em sua alva testa.


***

A dança encanta e movimenta, trás benefícios não só para o corpo como também para alma e havia alguém se empenhando nisso. Taemin fazia uma repetição ousada de uma música pop que tocava alto em seu fone de ouvido. O lugar onde ele estava não poderia ser outro a não ser a sala de dança. Com a movimentação incomum na ala dos dormitórios masculinos, quem não queria participar da festa ou não tivesse sido convidado, acabava ganhando os corredores e Taemin não era o único no local. Enquanto dançava concentrado uma mistura de coreografias que iam do popping ao breakdance, seus pensamentos voavam longe.

Seu primo Onew havia desaparecido, mas ele sabia que aquele desaparecimento não era tão simples assim. Ele precisava encontrá-lo ou pelo menos encontrar a verdade por trás de seu sumiço. O suor escorria por seus poros quando a música silenciou o fazendo parar em uma pose arrogante. Sozinho, ele não era tão tímido assim. Palmas romperam o ar fazendo o jovem saltar para trás e tirar o fone do ouvido, mas ao identificar quem surgia das sombras, um sorriso carismático se formou em seus delicados lábios e ele caminhou calmamente na direção da pessoa.

– Há quanto tempo está ai Sunny? – ele perguntou para a irmã mais nova bagunçando-lhe os cabelos.

– Tempo o suficiente para ver meu irmão arrasar na dança – respondeu a garota com um sorriso infantil, mas rapidamente voltou a ficar séria, enquanto se afastava do irmão que transpirava – O banheiro feminino é sempre tão agitado? – ela perguntou sem dar muita importância.

– Às vezes – respondeu o mais velho fazendo uma careta.

Para ele era muito bom saber que a garota preservava um pouco de sua inocência, considerando que ela era o pequeno prodígio da família e isso a fazia com que circulasse com pessoas mais velhas que ela.

– Por que está aqui? – ela perguntou mudando rapidamente seu tom para a aflição – Não sabe que é perigoso circular pelos corredores?

– Tão perigoso que você também está aqui – retrucou o mais velho dando de ombros – Vamos treinar um pouco? – perguntou tirando o fone que estava dentro da camiseta para que não atrapalhasse os seus movimentos.

– Vamos – respondeu a mais nova soltando um sorriso animada, aquele seria um grande momento com seu irmão, pois embora ela gostasse muito dele, eles não passavam tanto tempo juntos quanto ela gostaria.

Taemin tirou o fone do ipod e deixou com que a música ecoasse pelo cômodo. Rapidamente ele procurou por outra música e deixou o eletrônico do bolso da calça, se focando em ensinar os passos para irmã.

– Você sabe popping? – ele perguntou recebendo um não como resposta – Então vamos começar por esse estilo de dança, é bem fácil e legal, é só relaxar os músculos e... – ele continuou os seus ensinamentos. Um pequeno momento de paz que logo seria rompido.


***


A movimentação no banheiro feminino estava diminuindo, mas Smooth havia desistido de ir tomar um banho, agora ela se concentrava nos corredores. Prendendo os seus longos e castanhos cabelos em um alto rabo de cavalo, ela deixou seu quarto em busca de um lugar que tivesse paz, apenas isso. Com o silêncio da noite, ela caminhava pelas escadarias até que seu coração subitamente paralisou. Era reprimiu um grito levando as mãos à boca e deixou as escadas correndo. Uma cena realmente desesperadora havia sido vista pela garota e tudo que ela procurava agora, era alguém que pudesse ampará-la.

Correndo sem se importar com o barulho que fazia, ela parou somente quando encontrou Kyuhyun e Minnie sentados abraçados em um canto qualquer. Sua respiração era ofegante e as palavras brigavam para não sair, mas algo precisava ser dito, as coisas voltavam a serem negras e ela precisava de alguém para lhe dar o ombro.

– O que foi Smooth? – perguntou Kyuhyun apreensivo ao ver o estado em qual a garota se encontrava.

– Tem... – a jovem parou para arfar, o ar entrava e saia rapidamente de seus pulmãos falhando aos poucos, ela tentava dizer algo, mas precisou respirar fundo para concluir - ...alguém morto nas escadas – soltou ela por fim, desabando por automático no chão.

– Quem? – perguntou Minnie franzindo o cenho e indo ao encontro da amiga que tremia por inteira.

– Eu não sei – disse a jovem sentindo as lágrimas verter por suas bochechas vermelhas – Eu não sei - repetiu tentando desfazer o nó na garganta - Mas havia uma mensagem feita a sangue em seu corpo – concluiu a jovem fazendo uma careta de dor ao se lembrar do estado deplorável no qual a pessoa se encontrava.

O que ela não havia reparado, era que a mensagem não havia sido escrita e sim cortada na pele da pessoa.