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Era impossível reconhecer a silhueta sob um prédio, trajava roupas folgadas e era impossível dizer que era uma mulher. E qualquer um que a avistasse pensaria que era um trabalhador, especificamente algum eletricista a consertar algumas instalações defeituosas, estavam brutalmente enganados. O equipamento estava montado e era impossível o notar a olho nu e mesmo com o uso de algum aparelho especifico para a aproximação visual tudo não passaria de simples canos sob a borda do prédio.
Ela volveu as orbes ao céu e se aproximou do equipamento observando as horas que o relógio de pulso marcava, estava quase na hora. Poucas pessoas passavam pela rua naquele momento, a garota se posicionou delicadamente sob os “canos” e recuou um pouco se abaixando até encontrar um ângulo perfeito e confortável, avistou no mesmo instante sua vitima, o homem de terno cinza era acompanhado por outros dois que trajavam um terno parecido. Lee Soo Man caminhou ao longo da calçada com passos rápidos e precisos, sem perceber entrando na mira da castanha, um tiro foi efetuado.


O som dos saltos era ecoado ao longo do estacionamento do prédio luxuoso no centro de Boseong, a garota de cabelos castanhos escuros se aproximava com o vestido curto que subia mais a cada passo, mas ela não se importava. Sacou o celular da lingerie e chamou pelo elevador discando um número costumeiro no aparelho: O namorado, que deveria estar na cobertura a esperando. Pigarreou ao ouvir o som da voz do outro e improvisou uma voz adocicada e incomum.

- Serviço completo, onde você está?

O outro riu, sabia muito bem que a namorada realizaria o serviço sozinha.

- No seu apartamento ou devo dizer nosso? Há sim, seu irmãozinho está aqui.

Hyuna arqueou as sobrancelhas entrando no elevador que acabara de abrir as portas se revelando vazio pela hora da manhã.

- O que o Donghae está fazendo ai? Ele deveria está na porra do colégio interno? Escondeu as armas Hyunseung? – A garota respondeu socando os botões do elevador com pressa.

Novamente o namorado riu e murmurou em tom cínico.

- Hyuna, seu irmão matou quatro alunos e chegou aqui com um canivete ensangüentado em mãos, você acha que eu iria me preocupar em esconder as armas? – disse fazendo uma pausa dramática e do outro lado da linha a castanha soltou um suspiro impaciente e ele continuou. – Ele chegou até a me ameaçar, bom ele esta dormindo agora. Acho melhor você chegar logo pra cuidar do seu pequeno aprendiz.


A garota suspirou irritada e desligou o aparelho o devolvendo a lingerie esperando de forma impaciente até chegar à cobertura, sem esperar mais um segundo rumou aonde morava, se é que se poderia chamar aquilo de moradia.


Hyuna havia se mudado para a casa do pai junto ao irmão quando possuía oito anos e o garoto cinco, a mãe havia sumido depois do ato. Era de se estranhar o motivo do abandono, viviam no conforto e possuíam tudo o que quisessem também recebiam a atenção da mãe nas poucas horas que estava em casa ou mansão, como é vista melhor. Dês da mudança os irmãos se viram diferentes, antes uma menina inocente e meiga se tornou uma garota pouco confiável e encrenqueira vindo a refletir em uma mulher cética, sensual e misteriosa. Já o garotinho alegre e sorridente passou a ser calado e observador, via o mundo ao redor e todas as pessoas com olhos diferentes. Via o pecado em cada pessoa via o ódio a traição e a dor, todos os males que seriam capazes de destruir uma vida, mas eles se importavam? Não, e nem se importariam. Qual fora o motivo da mudança na vida dos irmãos? Um segredo devastador no passado. Agora a antiga Hyuna se tornara uma assassina impiedosa que ia contra tudo que lhe fora sagrado um dia em busca de dinheiro e prazer, junto ao segundo homem que se permitiu amar na sua curta vida, sendo o primeiro o irmão. Passavam pouco tempo na cobertura e naquela província, no resto do tempo estavam em alguma empreitada que poderia custar a vida de ambos, porém era isso que os movia o perigo e a dificuldade. Era irônico se sentir vivo pondo a própria vida em perigo.
Visivelmente transtornada chutou a porta que se encontrava encostada e adentrou pelo local trancando a porta atrás de si. Seguiu ao quarto onde o irmão fica quando lhe fazia algumas poucas visitas que duravam no máximo dois dias. Abriu a porta com mais delicadeza se deparou com Hyunseung sentado sob o carpete de cores neutras girando o canivete que havia mencionado, e que de fato estava ensangüentado, porém o sangue estava seco. O irmão dormia sob a cama trajando roupas do outro sendo possível vislumbrar o uniforme em uma mescla de sangue e terra no chão, ela suspirou e adentrou.


- Da pra o acordar Hyu? – Ele concordou se levantando em seguida.

Hyunseung se aproximou do garoto e o empurrou de um lado a outro sem vontade, em resposta Donghae apenas soltou um grunhido e tentou as escuras achar o dono das mãos que o empurrará, obviamente não tendo sucesso abriu os olhos se deixando cegar pela luminosidade momentaneamente, fechando os olhos com a mesma velocidade e deixando as pupilas vermelhas.

- Você me deve explicação, Donghae.

O garoto piscou varias vezes seguidas até encontrar a irmã parada de braços cruzados e com uma expressão pouco amigável. Sabia muito bem do que a castanha era capaz e não a julgava, porque ela tinha de fazê-lo? Não era justo.

- Não devo não, você é pior que eu Hyuna. – A mais velha identificou facilmente o tom azedo do irmão e sorriu o deixando confuso.

- Não pergunto porque matou alguém, pergunto quem você matou.

- Primeiro eu matei o Sungmin pela manhã, depois das boas vinhas e idiotices do diretor. Foi o mais fácil de realizar convenhamos, aquela criança tão fácil de manipular, realmente acreditou que eu queria algo com ele. – ele riu transparecendo o desprezo em sua voz. – Depois foi à loirinha, a Hyo, uma das garotas mais ricas daquele lugar. Bom, depois eu tive de caçar a infeliz Sooyoung, ela presenciou quando eu tirava o brilho dos olhos da amiguinha, coitadinha, acho que já devem ter achado o corpo dela a essa altura. Bem, ai vem meu preferido. Tive de matar uma aluna, Amber, ela pretendia fugir e eu provavelmente teria a impedido fugindo em seguida, mas a idiota da Hyo deixou o bilhete que eu havia mandado no bolso e a Bora me salvou mandando eu por a garota pra queimar na fogueira viva em quando eu fugia, obviamente foi perfeito já que pensaram que era eu cometendo suicídio, bom nem devem ter notado o sumiço da Amber.


Hyuna se aproximou do irmão se sentando na cama de casal e retirando os saltos em seguida.

- Se ele denunciar um desses crimes a mídia ira acabar com o colégio, além das centenas de denuncias dos pais dos alunos. – ela se referia ao diretor um sorriso nos lábios sendo acompanhada pelo namorado. – Não vou te julgar, mas pelo que disse não está sozinho nessa, suspeito que haja mais pessoas além da Bora.


- Isso é obvio. Agora livre de denuncias e de relato ao meu responsável de fuga já que todos pensam que estou morto, posso muito bem viajar e até mesmo me manter aqui enquanto vocês dois me ajudam.
A mais velha riu com desdém e rodou as orbes verdes pelo quarto logo voltando a fitar o mais novo.


- Se você cair eu não irei junto, posso te ajudar em algumas coisas, mas não vou me envolver com simples assassinatos em um colégio. – Hyuna disse e o namorado concordou com a cabeça.

- Eu não estou pedindo que vocês lutem uma luta que eu comprei, só estou pedindo que me ensinem algumas coisas.


- Retirar uma vida e prazeroso eu sei, ter poder sob aquele ser e domínio principalmente é algo que transcende a vontade humana e ter o privilegio de retirar a vida de alguém pra alguns significa provação de transcendência, mas com o tempo o brilho assassino não é mais saciado tão facilmente, as mentes grandes que não são mais influenciadas pela chama assassina narcisista. É necessário possuir algo grande, algo que vai além da simples vontade de provar sua existência, porque ver a vitima implorar pela sua vida miserável é pouco comparado ao que podemos fazer. É você está tão perto Donghae, você mata quando necessário quero acreditar. Quero acreditar que você pretende assistir os seus inimigos caírem e ai sim, implorar pela morte, ou até mesmo ir até o seu limite e perceber que é diferente dos outros. Os assassinos de mente fraca não se preocupam em serem pegos com o tempo, eles não são tão cuidadosos assim, já você irmãozinho é totalmente o contrario disso. Você é observador e calculista.


A irmã mais velha sorriu ao se aproximar do namorado e o puxar pela porta, deixando um Donghae pensativo pra trás.