A Cerimônia de Despertar.

P.O.V. Michael.

Só se fala de uma tal cerimônia de despertar. O que será?

—Selene?

—O que?

—O que é a cerimônia de despertar?

—Um ancião vai ser acordado. Despertado de seu sono para que possa reinar durante seis séculos, um acordado e dois dormindo.

—Vem.

—Onde vamos?

—Eu tenho que te arrumar.

Tomei banho, vesti um terno e ela secou meu cabelo ajeitando-o com a escova.

—Você sabe dar nó em gravata?

—Não. Me ajuda?

—Claro.

O vestido de Selene era vermelho sangue assim como seu batom que contrastava muito bem com sua pele alva.

—Você está muito linda neste vestido.

—Obrigado, você está muito lindo neste terno.

—Obrigado.

—Podemos?

—Podemos.

Ela pegou meu braço e nós descemos até o salão.

Um dos vampiros que eu imaginei ser o Kraven rosnou quando nos viu. Eu sou mesmo um cara de sorte.

Selene estava muito bem vestida e o vestido era muito sexy sem ser vulgar. O decote era em V e tinha uma fenda do lado esquerdo que ia da coxa até o pé que estava calçado com um sapato de salto da mesma cor do vestido.

Seus cabelos negros estavam presos em um coque maravilhoso.

—Podem começar.

—Onde está Amélia?

—Ela já devia ter chegado.

—Será que eu tenho que fazer tudo sozinha?!

Selene saiu e quando retornou estourou com Kraven.

—Como deixou isso acontecer?!

—O que?

—Sua única tarefa era trazer Amélia em segurança para que pudéssemos realizar a cerimônia!

—E onde ela está?

—Está aqui.

—Então traga-a.

Selene trouxe seis macas com corpos.

—Aqui está. Eles estão mortos e pelo que me consta eram os seus homens sob suas ordens que deveriam escoltá-los até aqui!

Ela deu uma surra no vampiro. Na frente de todo mundo e sem cair do salto ou estragar o penteado.

—Nunca vou saber o que se passava na cabeça de Viktor quando o colocou no comando. Você não sabe nem se defender sozinho, como poderá defender todos os clãs do mundo?

—A menina tem razão. Amélia e os anciões estão mortos por causa da sua incompetência e do seu desgoverno.

—Proponho uma troca de liderança.

—Aceita.

—Quem são os candidatos?

—Não há candidatos Mina.

—Obrigado Oberin.

—A menina fica com o posto de Kraven.

—Eu?

—Sim. Você percebeu que os Lycans queriam o humano, resgatou-o, resgatou os corpos de nossos anciões e vem sendo a melhor mercadora á séculos. Você nasceu para reinar, menina.

—Uau! Eu nunca pensaria isso de mim mesma.

—Nós sabemos e é por isso mesmo que a elegemos.

—Obrigado. Farei o melhor que puder.

—Nós sabemos. Agora, quais são as suas ordens, majestade?

—Reúnam os mercadores da morte e tragam todos aqui. Tenho uma missão para eles.

Quando os tais mercadores chegaram ela falou alto e claro:

—Vão até o metrô, na antiga ferrovia, nos trilhos da locomotiva Sire Bond. Vi um dos Lycans fugir naquela direção quando salvamos Michael. Tragam um deles pra mim, vou interrogá-lo pessoalmente.

—Sim majestade.

Os vampiros trouxeram um dos lobisomens e eu a vi interroga-lo.

—O que vocês querem com o Michael?

—Ele é a chave para o fim da guerra.

—Como?

—Ele é especial. O sangue dele é especial.

—Eu perguntei como!

Selene atirou nele e removeu a bala.

—Ele é o último filho do último filho. O último descendente de uma linhagem especial.

—Que linhagem?

—A linhagem do primeiro.

—Quem?

—Viktor não te ensinou sobre sua própria história sanguessuga?

—Sim.

—Então me diga, quem é o pai de todos nós?

—Alexander.

—O sobrenome do humano é a resposta para o enigma.

—Qual era mesmo seu sobrenome Michael?

—Corvin.

—Corvin, Corvin, Corvinos! Michael é descendente de Alexander Corvinos!

—Sim. Ele é portador, só ele pode sobreviver a uma mordida das duas espécies.

—Híbrido. Como? Como pretendem fazer isso?

—Nós tentamos á anos misturar as linhagens sanguíneas e a anos não conseguimos, foi tudo inútil. Até em nível celular nossas espécies parecem destinadas a se destruir. Mesmo assim, nós sabíamos que a chave era encontrar a mais rara das linhagens sanguíneas um descendente direto de Alexander Corvinos. Senhor da guerra, que chegou ao poder no início do quinto século a tempo de ver uma praga devastar a sua aldeia, só ele sobreviveu, de alguma forma o corpo dele conseguiu alterar a doença, moldá-la a seu benefício e então ele se tornou o primeiro verdadeiro imortal. E anos depois ele teve pelo menos dois filhos que herdaram esse mesmo traço.

—Mas, existe um descendente de Corvinos bem aqui. A menos de um metro de você.

—Sim, mas ele já é um vampiro. Precisamos de uma fonte pura, não contaminada. Uma réplica exata do vírus original, a própria estirpe de Corvinos que nós sabemos que está escondida no código genético de seus descendentes humanos e que foi passada de forma latente através dos séculos para ELE.

Disse o homem apontando pra mim.

—O sangue dele é perfeito para a união das nossas espécies. Se Lucian conseguir colocar as mãos no sangue de um nascido puro, um ancião poderoso como Amélia ou Viktor e misturasse com o sangue de Michael...

—Abominação.

—Meio vampiro, meio Lycan porém mais forte que os dois.

—Meu Deus! Que horror!

—Porque?

—O que?

—Porque é tão ruim assim?

—Isso não pode acontecer.

—Veremos.

—Acho que Lucian matou Amélia.

—Sim. Secaram suas veias.

—Já começou.

Selene atirou na testa do lobisomem.

—Atenção! Todos os guardas devem estar perto de Michael! Não podemos deixar os Lycans pegarem ele.

—Sim senhora.