Não almocei direito, estava sem fome. Combinamos com Frank de ir no prédio resgatar Jeff. Ele chegaria de um lado, por baixo das marquises pra Julie não ver e Gerard e eu iríamos pelo outro lado, atravessando o parque.
Fomos os três, Jamia estava em casa esperando Frank ligar para dar notícias do filho. Frank ficou na portaria e nós dois fomos de elevador até o 9° andar, então tivemos que pegar a escada para subir no terraço. Julie estava lá, com o olhar de maníaca, segurando o pequeno com uma das mãos e com a outra segurando uma arma.
Ju: Ora, ora, ora. O casal perfeito aqui me visitando, não? Vieram buscar o muleque?
G: Vamos direto ao assunto.
A: Não chamamos a polícia, não rastreamos a ligação, não fizemos nada. Passa logo o Jeff e tudo fica bem.
Ju: Vem buscá-lo. - fui em sua direção. Já sabia o que ela faria, então peguei Jeff e o empurrei na direção de Gerard. Julie me agarrou pelo cabelo e apontou a arma pra minha cabeça. - Agora você vai se ajoelhar. Vá embora, Gerard! - Ele pegou Jeff no colo e foi saindo.
G: Eu volto pra te buscar. Prometo que nada vai acontecer com você.

**************************************************
Peguei Jeff no colo e fui saindo do terraço.
G: Eu volto pra te buscar. Prometo que nada vai acontecer com você.
Desci as escadas com Jeff no colo e encontrei Frank no elevador.
G: Toma o Jeff. Chama a polícia, mas peça pra que eles não venham em muito número e que não venham com o carro. Julie fez Anna de refém.
F: Shit! Oh, desculpa, Jeff. Não conta pra sua mãe que eu falei isso perto de você. Tudo bem então. Já estou voltando.
G: Não. Leve ele pra casa e fique lá. Quanto menos público, melhor. Acalme Jamia e diga que está tudo bem. Vai logo!
F: Boa sorte, cara. - abraçando-o.
Subi as escadas novamente e dei de cara com Julie e Anna.
**************************************************

G: Anna! Julie! - um tiro e Gerard caiu no chão ajoelhado.
A: Gerard! Julie, sua doente! Por que fez isso?
Ju: Me assustei. E ele merecia.
A: Merecia? Você é louca ou o quê? Você não o amava? Então como pôde fazer isso?! Quem ama cuida, não faz o que você fez! Você é mal amada, é obcessiva!
Ju: Cala a boca,desgraçada! - me bateu com a arma e eu caí no chão deitada, mas consegui me sentar.
G: Você nunca me amou, admita. Você só me quis por orgulho ferido. Anna mal tinha chegado aqui em NJ e já tinha me conquistado. Você estava tentando me conquistar desde os 13 anos de idade, e não tinha conseguido. Sabe por quê? Por que você nunca mereceu nada! Eu sempre te tratei como amiga, e isso nunca foi o bastante, neh? Adivinha? Se matá-la, eu pulo daqui e você vai ser presa. E se eu não pular e você matá-la, eu vou te odiar pro resto da vida, e te desprezar como se fosse um lixo. Porque é isso que você é: um lixo, um nada. Se libertar Anna agora, eu te ajudo a fugir daqui e não vou te odiar, você vai ter uma chance de recontruir sua vida longe daqui e sem a culpa de ter acabado com um grande amor.
Esse discurso mecheu com Julie, que passou a mão em seus cabelos pretos (falei isso, não?) e deixou lágrimas escorrerem seu rosto por um tempo com a cabeça baixa. Mas em seguida ela ergueu sua face, secando as lágrimas e olhando fixamente pra Gerard. Seus olhos transmitiam ódio, raiva e dor ao mesmo tempo em que demontravam tristeza.
Ju: Não preciso do seu perdão, nem do seu ódio, nem nada. Minha vida acabou a partir do momento em que decidi fazer tudo isso, há dois meses. E eu vou cumprir o que planejei: matar alguém. - apontando a arma pra minha cabeça e preparando o tiro.
A: Gerard. Eu te amo. Não contei antes por causa do momento de tristeza com o desaparecimento do Jeff. - Ela colocou o dedo no gatilho - Eu tô grávida.
O tempo parou num segundo. Gerard sorriu e começou a chorar. Julie ficou olhando para o vazio por uns instantes, e voltou a olhar para mim. Seu olhar estava perdido, ela estava atordoada, não sabia o que fazer.
A: Eu sei porque você perdeu o bebê. Você o matou. Ele não era de Gerard. Você o matou, mas ficou triste por fazer isso. Se arrependeu. Você ainda tem uma chance. Talvez seja a última, mas ainda é uma chance. Agarre-a com toda a força que tem. Não quer, neh? Então mate-me logo! Acabe com duas vidas de uma só vez. Acabe com um grande amor de uma só vez. Termine de acabar com sua própria vida de uma só vez. Ande! - me levantei, mas levei outra pancada com a arma e caí ajoelhada novamente.
Julie tremia, Gerard não piscava, e acho que também nem respirava. Ela estava em choque com minhas palavras, acho que a machucaram mais do que poderia imaginar. Apontou novamente a arma na minha cabeça, Gerard disse apenas "não." e Julie chorava, mostrava-se arrependida.
Ju: Adeus. - fechei meus olhos me preparando para o que vinha pela frente: a morte.
G: Anna!
Um tiro, e o corpo de Julie caído no chão sangrando pela cabeça. Ela se matou. Estava tudo acabado, todo o pesadelo. Gerard se levantou com dificuldade de veio em minha direção. Nos abraçamos fortemente e nos beijamos como se não nos víssemos há seculos. A polícia chegou, chamou oa bombeiros e levou o corpo da mulher que um dia foi meu pior fantasma.
Fomos pro hospital, pois Gerard levara um tiro no ombro e sangrou muito e eu, com as pancadas na cabeça, cortei-a profundamente.
Ele fez uma cirurgia pra retirar a bala e eu levei alguns pontos. Acho que isso também ia virar um hábito. Gerard dormiu no hospital, e uma semana depois voltou pra casa.

** 6 anos depois...**

A: Oi minha linda! Como foi na escola? - abraçando Katrina.
K: Foi legal, mamãe. Encontrei a prima Jessy, ela é da mesma sala que a minha!
A: Jura? Tia Jamia vai adorar saber que as primas são da mesma sala.
K: Mãe, Jessy pode vir aqui em casa hoje?
A: Mas ela já vem mesmo, meu amor! Tia Jamia vem com Jeff e Jessy, e tia Alicia vem com Mark. Todos vamos almoçar aqui em casa. Se esqueceu é? Suba logo e tome um banho! Daqui a pouco eles chegam.
K: Sim, mamãe. - me beijando a bochecha.
Seis anos se passaram desde a morte de Julie, Katrina agora era uma menina linda, tinha os olhos do pai e se parecia com os tios também. Era parecida comigo no temperamento, mas no resto era uma mistura de Gerard, Mikey e Frank. Ri ao lembrar de todos os momentos felizes que já passei. Me lembrei do sorriso de Gerard ao saber que estava grávida, e me lembrei de quando eles cancelaram um show no Canadá ao saber que eu teria o bebê. Não sei como, mas fiquei em trabalho de parto durante três horas e meia, e só fiz minha cesariana quando ouvi Gerard chegando com os rapazes do MCR no hospital.
Foi hilário, Gerard entrando na sala com os trajes próprios para o parto, não aguentando a emoção e desmaiando no meio da sala de cirurgia. Fiquei mergulhada em meus pensamentos e nem percebi que alguém abria a porta da sala.
G: Oi meu amor!
A: Gerard! Que saudades! - abraçando-o fortemente. Ele estava em turnê com a banda há quase um ano, não viu o quanto nossa filha cresceu.
G: Vim pra ficar. Estamos de férias! Morri de saudades. Onde está a pequena?
A: Tomando banho. - nisso ela desceu pra ver quem era na sala.
K: Papai!!
G: Minha princesa! Que saudades!
Ficamos matando saudade um do outro, até o pessoal chegar. Mikey de casou com Alicia, e tiveram Mark. Jamia e Frank tiveram Jeff e Jessy. Finalmente a vida voltava à felicidade das férias. Sim, os pimpolhos estavam de férias agora. Planejamos passar algum tempo numa grande fazenda, todos nós: Jamia, Frank, Mikey, Alicia, Gerard, eu, Jeff, Jessy, Mark e Katrina. Uma família grande e feliz.

No fim me pergunto novamente: será que foi destino? Ou coincidência? Ou foi pura sorte?
Bem, não sei, mas tenho certeza que isso não importa. O que vale é o agora, é esse momento, é fazer com que a pura sorte pareça mesmo destino, e este pareça pura sorte. Ou uma incrível coincidência.

FIM