Assim que chegamos fomos pra nossa casa, junto com uns homens da mudança e uma mulher que minha mãe tinha contratado pra cuidar de tudo. Eu fiquei entediada, então peguei meu CD player e me sentei na escada da varanda e fiquei escutando música até a hora em que todos terminaram o serviço e foram embora.
A: Já acabou tudo aqui, dona Sarah? (era o nome da minha mãe)
S: Já, sobe pro seu quarto e dá uma arrumadinha lá enquanto eu ligo pro restaurante.
A: Pede lasanha!
S: Tá, mas sobe, arruma seu quarto do jeito que você quiser e toma um banho! Seu quarto é a 3ª porta à esquerda.
A: Tá bom.

Eu subi e quase morri do coração: as paredes do meu quarto eram rosa! Sorte que eram só as paredes. Eu arrumei meu quarto ouvindo um rock legal num som não muito alto. Enquanto eu cantava, dançava e arrumava, coloquei uma cortina preta de estrelinhas que tinha ganhado do meu pai no aniversário na porta da varanda do meu quarto, que ficava de frente pra varanda da casa ao lado (que, no meu caso, era em frente.).Eu fui pra varanda e fiquei sentada no chão olhando as estrelas, até que me cansei e fiquei de pé, apoiada no para-peito olhando pra varanda do quarto vizinho, quando percebi que alguém entrou no quarto. Era um garoto da minha idade, de cabelos pretos com a franja meio caída no rosto escondendo os olhos verdes, que eram lindos, diga-se de passagem. O garoto percebeu que eu estava ali e me olhou, me dando um frio na barriga, que me fez entrar no meu quarto e fechar as cortinas.


**Visão do Gerard**
Eu tinha acabado de chegar da casa do Frank, e resolvi tomar um banho. Então subi pro meu quarto pra pegar minhas roupas. Quando entrei no meu quarto, percebi que tinha alguém na varanda da casa vizinha olhando pra dentro do meu quarto. Olhei mais atentamente e vi que era uma garota da minha idade, com cabelos castanhos quase loiros com uma franjinha meio de lado, quase igual à minha e com olhos castanho-claros. Ela estava com um vestido preto e o cabelo estava preso. Senti um frio na barriga que jamais senti na vida e fiquei olhando pra ela. Parece que ela percebeu que eu olhava pra ela, porque ela entrou rapidinho no quarto e fechou as cortinas. Por um instante, esqueci de tudo e fiquei olhando pra cortina do quarto em frente, esperando que a garota voltasse. Como eu pensei, ela não voltou. Desci meio apressado e quase cai da escada. Mikey me segurou e começou a rir de mim. Minha mãe, Donna, levou um susto e deu um gritinho.
M: Você tá bem, cara?
G: Aham. Valeu cara. – E dei um abraço nele.
D: Filho, mais cuidado! Quase que você cai e se machuca feio!
G: Tá mãe, eu tomo mais cuidado. As vizinhas chegaram, faz um bolo ai que depois eu e o Mikey levamos pra elas.
D: Gerard Arthur Way, o que você tá aprontando?
G: Nada mãe. Cadê a sua hospitalidade? Elas vieram de outro país, devem estar completamente perdidas.
D: Tá bom, como se eu não te conhecesse, Gerard Arthur.
G: Vai fazer o bolo?
D: Vou. Você já tomou seu banho tão rápido assim?
G: Hã? Ah, ainda não! Esqueci completamente, já to indo!
D: Vai logo. Mikey me ajuda com o bolo?
M: Claro mãe.


**Visão da Anna**
Depois do ‘susto’, fui tomar banho. Fiquei muito feliz: meu quarto era uma suíte, e tinha banheira! Coloquei a água no morno, e fiquei ali pensando. Aquele garoto não saía da minha cabeça. Eu nunca me senti assim, só de lembrar dos nossos olhares se cruzando, me dá um frio na barriga, e uma vontade louca de rir. Fiquei pensando por mais uns 15 minutos, quando minha mãe bateu na porta falando que tínhamos visitas. Na hora me deu uma dor na barriga junto com um frio. Não sei por que, mas eu me arrumei mais do que de costume. Coloquei um vestido preto (afinal, quase todas as minhas roupas eram da cor preta), coloquei a franja de lado e soltei o cabelo. Quando estava descendo a escada, vi o garoto na sala junto com outro garoto, que devia ser seu irmão. Me deu um medo e eu comecei a tremer. Fiquei parada na escada olhando pra ele. Nossos olhares se encontraram novamente, e ficamos os dois em silêncio nos olhando por algum tempo até que minha mãe me chamou, e eu tive que descer.
S: Filha, esses são Gerard e Mikey. São nossos vizinhos. Garotos, essa é a minha filha Anna.
A: Oi. – Disse totalmente sem graça, tremendo e com um frio na barriga que não parava.
G: Oi. – Ele me disse olhando em meus olhos.
M: Oi. Então vocês são as novas vizinhas. É verdade que vocês vieram do Canadá?
S: É sim. Eu vou colocar o bolo na cozinha e trazer um lanche pra vocês.
Minha mãe saiu da sala, e nós três nos sentamos no sofá. Eu não sabia onde olhar, e não parava de tremer. Ficamos os três conversando.
M: Então vocês vieram do Canadá. De que cidade?
A: Montreal. Vocês sempre moraram aqui?
G: Aham.
S: Garotos, vocês costumam jantar?
M: Não se incomode com a gente, dona Sarah. Nós não temos o costume de jantar.
S: Ah, nós também não temos. Vai um lanche?
M: Não, obrigado, nós já lanchamos.
G: É.
S: Tudo bem.

Ficamos conversando por um bom tempo, até que Mikey foi na casa dele chamar a mãe, Donna, para conversar com a minha mãe. Eu e Gerard ficamos nos olhando por algum tempo, então, pra quebrar o silêncio, um gato sai correndo na nossa frente seguido por um cachorrinho bem peludo. Nós levamos um susto enorme e eu dei um pulo no colo do Gerard, que ficou super vermelho e não sabia onde olhar.

A: Ai, desculpa! Foi mal, eu levei um baita susto.

G: Tudo bem, se você não tivesse pulado no meu colo, eu teria pulado no seu.

A: Hahaha. Eu não sei se eu iria aguentar, você parece ser bem pesado.

G: Pra uma garotinha como você... é, eu sou bem pesadinho sim. Mas você deve ser levinha.

A: Nem tanto.

G: Vamos ver??

A: Gerard, se você me pegar no colo... - Ele me pegou no colo e começou a rodar.

G: Qual é! Você é levíssima.

A: Hahaha!! Me põe no chão!!

G: Nada disso!

Ele ficou me rodando e eu fui ficando tontinha, então me abracei nele e não soltei até ele me colocar no chão. Mesmo assim eu me esqueci de parar de abraçar quando ele me colocou no chão e ele me abraçou também. Ficamos abraçados por algum tempo, até que eu dei um passo pra trás e acabei me desequilibrando, daí já viu: nós dois caímos no chão. Foi meio engraçado, mas também eu vi que ele se importava comigo, porque quando estávamos caindo, ele viu que iria cair em cima de mim e se colocou embaixo pra eu não me machucar. Nós dois ficamos caídos no chão então eu me liguei que tava de vestido e ele tava bem curtinho. Me sentei e arrumei o vestido rápido, disfarçando tudo.

G: Você tá bem??

A: Tô meio tonta, mas tô bem. Cara, você tinha que ver a sua cara! Muito engraçada!

G: E a sua? Cara, eu tô meio surdo com o seu grito!

A: Foi mal! Foi engraçado. Nunca mais me rode, eu fico tonta super fácil.

G: Foi mal. Dá a mão, eu te ajudo a se levantar.

A: Tá.

Assim que Gerard me levantou, ficamos bem perto um do outro. Ficamos nos olhando e quase nos beijando.