M: Tem certeza?
A: Aham.

Nisso vem chegando o médico. Adivinha? Dr Ted (o mesmo que me atendeu há 8 anos atrás, no dia do corte, e quando eu passei mal na casa do Gerard). Ele vinha num jeito "desajeitado", com os óculos meio tortos e os cabelos escassos e grisalhos. Ele chegou, deu "ois", pegou uns papéis, leu, e finalmente falou.
D: Oi, são da família da srª Way, não?
M: Sim, como ela está?
D: Bem, ela teve um infarto e foi meio sério. Mas ela não corre risco. Ela só vai ter que ficar internada por alguns dias, achu que por 1 semana. Nós a sedamos e ela provavelmente só irá acordar amanhã à tarde. Então vocês podem ir pra casa, e só voltem amanhã no horário de visitas.
M: Mas...
A: Tudo bem, obrigada! Vamos logo. - arrastando Mikey pro meu carro.
D: Tudo bem, até mais!
Ali: Até mais.

Arrastamos Mikey pro carro, Deus, como ele era pesado! E forte, putz! Custamos a levá-lo pro carro. Depois da operação "carregamento pro carro", fomos os três pra minha casa. Mikey ainda estava muito abalado, então não deixei que fosse pra casa. Fiz um almoço, servi pros três e ficamos conversando o resto da tarde.
M: Anna, me deixa te passar logo o endereço do Gerard.
A: Mi, eu vou, mas eu não vou ficar na casa dele. Me arranja o telefone de um hotel perto da casa dele, e o endereço também.
M: Mas por quê?
A: Você sabe o que aconteceu pra gente terminar. A "sorte" dele foi que Julie perdeu o bebê. - fazendo aspas - Que pecado! Pecado dizer sorte por um bebê ter morrido. Meu Deus, que horror!
M: Anna, tá na sua cara que você tem medo de reencontrar ele. Você ainda gosta dele, não é?

Era verdade. Fiquei olhando pro Mikey, sem saber o que falar. Me tornei mais retraída, mais discreta, mais insegura depois que terminamos. Passei a olhar a vida como algo sem muitas cores. Não saia mais, não sorria mais com tanta facilidade.

M: Então...
A: Não sei, Mi. Ele me machucou muito. Eu me tornei uma pessoa diferente depois que terminamos. Eu talvez tenha medo, sim. Mas antes ficar só do que sofrer de novo.
Ali: Não faça isso. Anda, se arrisque mais, garota! Viva mais! Um dia você me disse isso. Acho que está na minha vez de te dizer. Não adianta passar a vida sem correr riscos, porque isso não é viver. Isso não é nada. É a mesma coisa que deixar de viver, deixar de ser alguém.
A: Tem razão. Mas, por uma questão de principios, não quero me arriscar agora, não agora, quem sabe depois.
M: Tudo bem. Enquanto as duas davam sermões uma pra outra, eu anotei o endereço e o telefone do Gerard e o endereço e o telefone do hotel. Arrume suas coisas, você vai amanhã mesmo.
A: Tudo bem então. Ei, vocês querem dormir aqui? Eu tô meio que ocm medo de ficar sozinha hoje...
Ali: Tudo bem. Me empresta um pijama?
A: Claro. Mi, você não precisa ir na sua casa, tem uma blusa sua aqui e tem uma calça do Gerard também.
M: Obrigado.
Passamos o resto da tarde conversando, e depois fomos jantar. Fomos dormir, e Alicia dormiu comigo por ter medo de dormir sozinha também. Mikey dormiu no quarto ao lado.