Coincidence Of Love ✖ GSR

Especial ✖ Capítulo 6 (Todos – Foco GSR)


Sara dirigia de volta para casa. Recém haviam pegados os resultados dos exames de Jubs, ela havia feito um checkup total.

— Mãe, aconteceu algo? Está dirigindo séria. – Perguntou ao perceber que a mãe não tinha dado um pio. – Achei que estaria radiante com o resultado dos exames.

— Ahn… – Sara suspirou voltando a atenção a filha. – Desculpa Jubs, é claro que eu estou muito feliz. E completamente aliviada, nossa, é como se tivessem tirado um peso enorme de cima de mim. – Admitiu aliviada. – Mas algo me dizia que tudo ia dar certo, claro que eu estava preocupada com a possibilidade da leucemia voltar, mas eu não sei por que, ontem eu tinha a certeza de que todos teus exames viriam bons. – Sorriu. – E você, realmente não está chateada?

— A gente sabia que quimioterapia, radioterapia, e tantos outros tratamentos iam acabar trazendo algum efeito colateral que poderia ser irreverssível. E considerando tudo, eu achei que dos males o menor. – Deu os ombros. – Confesso que nunca pensei em ter filhos mesmo. – Sorriu.

— Você é jovem, eu também não pensava em ter filhos na sua idade. – Sorriu vagamente. – Mas você ainda pode optar por tratamentos e outros métodos se algum dia você…

— Mãe, fica tranquila, eu sei de tudo isso. – Ela interrompeu. – No momento eu fico feliz de não ter que passar pelos inconvenientes da menstruação, embora tenha que fazer alguns reforços hormonais. E se algum dia quiser ter filhos, a ciência pode tanta coisa, e sempre tem a possibilidade de adoção. – Ela disse com certa animação. – Uma coisa que eu cresci vendo e sentindo, é que os laços de sangue não são o principal para uma família.

— Bom, isso é verdade.

Jubs suspirou, notou que sua mãe seguia séria e um tanto calada.

— Mãe, eu já disse que tá tudo bem.

— Sim, filha. Eu já entendi. – Ela sorriu.

— Então por que ainda tá com essa cara?

— É outra coisa, uma besteira. – Deu os ombros, fixando seus olhos somente no trânsito. – Já falou com seu pai dos resultados dos exames? Ele tava ansioso também.

— Já mandei mensagem pro Gil sim. Ele ficou bem feliz. Mas, me diz o que aconteceu?

— Não é nada. Na realidade, diante da notícia dos seus exames, ficar chateada por qualquer outra coisa parece besteira pura. – Admitiu com certa vergonha.

— Mãe, para de enrolar, fala o que tá acontecendo.

— Seu pai. – Suspirou. – Ele esqueceu o nosso aniversário de casamento. Talvez ele também estivesse ansioso com o resultado dos exames, eu não julgo, sabe. – Disse compreensiva. – Talvez fosse errado querer comemorar algo sem saber o que daria. Embora ele parecesse ainda mais otimista que eu. Só que, ele nunca esqueceu nosso aniversário de casamento.

— E você falou alguma coisa?

— Na realidade não. – Riu baixo. – Eu não sabia se deveria falar algo, então preferi deixar para falar qualquer coisa depois do resultado dos exames. – Ela formou um bicho com os lábios. – Mas eu confesso que fiquei um pouquinho chateada de ele ter esquecido. Só um pouquinho. E eu me sinto ridícula por isso. – Admitiu.

— Não é ridiculo não mãe. Mas o Gil também devia ta com a cabeça cheia, né? O que ele geralmente faz?

— Nem sempre é a mesma coisa, mas geralmente ele me acorda com flores, café na cama, diz que me ama, a gente… – Ela ruborizou por um momento. – Enfim, nós comemoramos e é sempre tudo muito romântico e bonito.

— Não consigo imaginar o Gil romântico. – Jubs riu.

— Ele é mais romântico do que tu pode imaginar. – Sorriu. – Só peço para não comentar nada com o teu pai, certo? Ele devia estar atribulado também, não quero que ele se sinta pressionado a nada.

— Pode deixar, não vou dizer nada.

Quando chegou em casa, pode perceber a presença de alguns carros. Sara estranhou e logo Jubs percebeu uma expressão de dúvida em sua mãe.

— Você sabe o que tá acontecendo aqui? – Sara questionou.

— Você acha que o Gil ia esquecer mesmo do aniversário de casamento de vocês? – Ela sorriu.

— Meu Deus, o que ele aprontou? – Perguntou ansiosa.

— Só vai descobrir se vier comigo. – Sorriu sapeca.

Elas desceram do carro, e por mais que Sara quisesse espiar, sua filha não deixou. Ela a guiou direto para o quarto, onde Ju também esperava. Assim que entrou, ela colocou uma venda nos olhos de Sara.

— Meninas, o que tá acontecendo?

— Mãe… Só entra no clima. E deixa que a gente faz tudo, por que tem que ser rápido. – Ju falou divertida. – Tira a roupa que eu vou te ajudar a se vestir.

— Tá bom. – Ela queria argumentar, mas viu que não teria alternativas, então deixou que as filhas a guiassem.

Elas ajudaram a mãe a se despir com os olhos vendados, e a colocar outra roupa. Sara não soube identificar, porém parecia ser um vestido longo, de tecido leve, parecia ser rendado na região dos seios e depois um tecido liso até os pés. O sapato era de salto alto.

Ju e Jubs a colocaram sentada em uma cadeira, pegaram um lençol de casal e colocaram sobre ela, para esconder a roupa.

— Bom, agora a gente vai se trocar e a gente te deixa nas mãos da Rafa. – Jubs falou. – Rafa, pode entrar.

Rafaela entrou, e viu Sara sentada na cadeira tapada com o lençol. Não pode deixar de rir por um momento. Em seguida tirou a venda de Sara. Nisso, as duas meninas já haviam saído do quarto.

— Rafa, por favor, o que tá acontecendo?

Ela logo reparou que Rafaela estava linda, arrumada, com um vestido azul, também longo, os cabelos presos em um coque e uma maquiagem leve. Ela trazia consigo uma maleta, que parecia ser de maquiagem. Pegou um demaquilante e começou a passar em Sara.

— Deixa de ser ansiosa amiga. Acredite, você vai gostar. Por que não aproveita esse momento de princesa e apenas curte? – Piscou.

— Tudo bem. – Suspirou, se dando por vencida.

Rafaela a maquiou e arrumou seu cabelo, não era profissional, no entanto, fez um bom trabalho e em pouco mais de meia hora ela já estava pronta. A cabeça de Sara não parava de girar, pensando nas milhares de possibilidades do que Gilbert podia ter preparado para comemorar mais um ano de casamento.

— Já posso tirar o lençol agora?

— Pode sim, já demoramos demais. Temos que ir logo. – Sorriu.

Sara se levantou, colocando o lençol de lado e finalmente podendo se olhar no espelho. Ela mal se reconheceu, estava tão linda. Sentiu seu coração disparar de emoção ainda que não tivesse certeza do que estava por vir.

Ela estava certa, o vestido era rendado em cima, e liso da altura do abdomen indo até os pés em um tecido tão leve que deslisava delicadamente pelo seu corpo. Mesmo de salto alto, o vestido tapava os sapatos.

— Vamos. – Rafaela insistiu ao perceber que Sara estava perdida em seus pensamentos enquanto se olhava no espelho.

— Vamos. – Sorriu.

Elas caminharam até o jardim, e ela não pode dizer que aquela hipótese não havia passado pela sua cabeça, mas ao ver que estava certa, seu coração falhou uma batida pela emoção. Haviam várias mesas ocupadas por pessoas queridas da família, somente os mais íntimos. Alguns arcos brancos, um tapete que ia da saída da casa até um pequeno palco, onde seu marido a esperava juntamente a um juiz de paz.

Seu marido estava de terno. Tão lindo. Tinha os olhos azuis mais brilhantes, e o sorriso pelo qual poderia se apaixonar todos os dias.

Eles queriam fazer a renovação dos votos do casamento desde os dez anos de casados, porém a idéia já havia sido adiada duas vezes. Mas agora estava ali, tudo lindo, tão perfeito e ela não tinha como descrever em palavras o que sentia.

Gilbert a fitou assim que viu sair no jardim, seus olhos também brilhavam, aqueles olhos castanhos esboçavam toda a emoção que sentiu. E ele se sentiu feliz, por saber que tinha atingido seu objetivo, fazer Sara se sentir feliz e amada, não somente naquele dia, mas todos os dias da sua vida. Desde o dia que voltaram, ele decidiu que nunca mais esconderia segredos, que faria o máximo para fazê-la feliz, e que nunca, jamais, dormiriam brigados. Então desde esse dia, quando eles tinham qualquer discussão, seja ela pequena ou grande, ele insistia para que conversassem e se resolvessem antes de encostar a cabeça no travesseiro e fechar os olhos.

Ela começou a caminhar em direção a ele, pode ver Ruth, Esther, Carlos, ali como convidados, como parte da família que eram. Beth estava lá também. Quando ela havia voltado da Europa? Rafaela, Raika, Hank, Rebeca, Roberto, Camil também estavam presentes. Suas duas filhas, estavam ali, vestidas como damas de honra, suas meninas já eram duas mulheres, tão lindas e que a enchiam de orgulho. E por um momento pode sentir a presença de Noah, como se ele estivesse dentro de si, mas ao mesmo tempo em todo lugar, isso a fez derramar uma lágrima.

Subiu os pequenos dois degraus e estava ali no palco, junto ao seu marido. Emocionada.

— Como você preparou isso tudo tão rápido? – Murmurou com um sorriso bobo na face. – Eu só fui no hospital com a Jubs e agora tem tudo isso… Nossa… – Ela não tinha mais palavras.

— Eu estava preparando isso há semanas. – Admitiu. – Estava apenas esperando o resultado dos exames da Jubs para podermos renovar nossos votos.

O juiz de paz logo tomou a palavra, falando com o casal e os convidados, falando sobre o amor, sobre o casamento, sobre a superação de problemas. E ainda que ele não soubesse toda a história do casal nos últimos anos, era como se aquilo fosse dito exatamente para eles, pois descrevia tudo que eles passaram, todas as dificuldades, todas as superações e todo o amor que existia ali entre os dois. Com todos já emocionados, ele então passou a palavra a Grissom e Sara, para que declarassem seus votos.

Gilbert puxou um papel do bolso, pegou o microfone e pigarreou antes de começar a falar:

— Sara, eu passei muito tempo pensando no que escrever nesse papel, e nada, absolutamente nada do que eu escrevia parecia fazer jus ao amor que eu sinto por você. Então eu espero que na simplicidade das palavras eu consiga ao menos descrever o que é estar esses doze anos ao seu lado. – Ele sorriu, olhando nos olhos dela. – Pode parecer egoísmo, mas amar você foi especialmente bom para mim, seu amor mudou em mim coisas que eu nem sabia que precisava mudar, me fez crescer, amadurecer e viver. Quando eu te conheci eu estava tão afundado em escuridão que eu já nem lembrava o que era luz, então você chegou e iluminou a minha vida. E eu sou grato, eternamente grato por isso. Eu acho que nem se eu te entregasse o céu inteiro e todas as riquezas desse mundo, chegaria perto do que você me da todos os dias, estando apenas aqui do meu lado. – Ele sorriu emocionado, mas não mais emocionado que sua esposa que tinha o rosto cheio de lágrimas. – Nós tivemos dificuldades e eu sei disso, afinal, nós começamos pelo fim, e não foi por escolha, simplesmente foi assim que o destino traçou para nós dois. E quando se começa pelo fim, geralmente é difícil saber o que vem depois, afinal, parece que não tem nada depois. É díficil de enxergar um depois se a gente está no fim, não é mesmo? – Sara, que sentia que não tinha mais o que chorar, apenas confirmou com a cabeça. – Mas eu não mudaria nada, pois foi assim que aprendi que nós podemos ter novos recomeços, e aprendemos que o final não é realmente o fim, é apenas um ponto de partida para o novo início. E eu ainda quero ter muitos, quero iniciar e finalizar muitas coisas, muitos ciclos. – Ele sorriu para ela, colocando a mão em seu rosto e acariciando sua face, limpando algumas de suas lágrimas. – Mas o que mais quero é que em todos os recomeços, você esteja ao meu lado.

— Meus Deus Gil… Como eu supero isso agora.

Ela soltou um riso, e todos os convidados riram com ela. Ela precisou de um tempo, um tempo para secar as lágrimas e se recuperar da emoção das palavras ditas por Gilbert. Em seguida ele alcançou o microfone para ela.

— Bom, como é de se esperar eu não tenho nada escrito. – Ela sorriu. – E meus pensamentos estão muito bagunçados nesse momento. Mas, eu vou tentar falar algumas coisas, e eu espero muito que faça sentido.

Ela suspirou. E eles trocaram um olhar cumplice.

— Gil… – Ela fitou seu marido. – Gil, Gil, Gil…

Ela então olhou em volta todos os convidados e soltou um riso envergonhado. Todos os convidados riram com ela.

— Não consigo discordar de você, é realmente díficil explicar o nosso amor em palavras. – Ela pegou a mão dele. – É díficil explicar a força e a natureza daquilo que une a gente. A nossa força, a nossa cumplicidade… – Ela suspirou emocionada. – É que ao contrário de muitos casamentos que ficam frágeis de acordo com o tempo, o nosso, assim como tudo entre a gente, foi ao contrário, ele começou tão frágil, tão cheio de rupturas que pensamos nunca poder suportar, e foi se fortificando, se blindando e se tornando tão sólido… E ele tem sido assim, ano após ano, dia após dias, se tornando mais forte, mais intenso e mais cheio de amor, com mais certeza de que estamos no lugar certo, que o nosso lar é onde o coração um do outro está. – Ela deixou escorrer uma lágrima, seus lábios tremiam. Grissom não parecia muito diferente. – E eu amo, eu amo estar contigo, eu amo cada detalhe da nossa rotina, eu amo dormir ao seu lado e acordar e você ser a primeira visão quando eu acordo, eu amo suas supresas e sua previsibilidade, eu amo sua inteligência para algumas coisas e sua ingenuidade para outra. – Ela colocou a mão sobre o rosto dele. – Eu amo você como homem, como empresário, como o pai que é para nossas filhas, e, principalmente, como marido.

Sem conseguir falar mais nada, caiu novamente em lágrimas, emocionada, junto com Gilbert que a puxou para seus braços.

— Já devo ter borrado toda maquiagem. – Resmungou baixinho que somente ele ouviu.

— Não borrou não, você está linda, meu amor, linda.

O juiz de paz finalizou com algumas palavras que Sara quase não prestou atenção devido a emoção do momento, eles não fizeram troca e nem renovação das alianças, finalizando o momento com um beijo contido, mas ao mesmo tempo apaixonado.