Sara estava no hospital, ela estava sentada ao lado do leito de Julia Sidle, e pequena menina dormia, tinha uma face doce e delicada. Ela dormia profundamente. Sara aproveitava que ela estava inconsciente para desabafar, não podia chorar na frente da filha, mas agora com o rosto escondido entre as suas mãos ela chorava copiosamente, a ponto de soluçar. Sentia-se com medo, sozinha, desesperada.

— Sara?

Sara levantou o rosto, não havia visto a enfermeira entrar no quarto.

— Oi Tereza. – Disse desanimada.

— Conseguiu falar com ele, como foi?

— Ele não acreditou em mim. – Ela respirou profundamente. – Eu terei que entrar por vias legais, abrir uma investigação oficial, mas isso pode levar tanto tempo. Tanto tempo. Eu não sei o que fazer. Eu tô tão perdida. Há algumas semanas éramos somente uma família feliz, somente nós duas, então ela ficou doente, eu descobri que não sou a mãe biológica dela, e que ainda tenho que encontrar a família dela para poder salvá-la. E eu tenho uma filha, uma filha biológica que foi criada por aquele monstro, e que não sei se é feliz, se é amada. – Suspirou. – Estou tão confusa.

— Sara, vai dar tudo certo. – Tereza tentou acalmá-la. – Ainda há outras opções de tratamento.

— Nenhuma tão eficaz quanto o transplante.

— Você tem que ter força por você e por ela. – A enfermeira colocou a mão sobre o ombro de Sara em sinal de apoio.

— Eu sei. Obrigada. – Sara suspirou.

Ela olhou para sua filha novamente, sentia um nó na garganta e as vezes parecia que não podia respirar. Sufocada, sabia que a enfermeira estava certa, ela precisava tirar forças até de onde não tinha para ajudar sua filha a superar tudo isso.

Tereza trabalhava há anos no hospital e havia se tocado muito com a história de Julia e Sara. Desde então ela ajudava as duas como podia, principalmente com a alimentação de Sara. A família Sidle não era rica, mas também não era extremamente pobre, conseguiam se manter bem com o salário que ganhava, no entanto, Sara quase não conseguia trabalhar desde o diagnóstico de sua filha, além dos custos de medicações e tratamento da filha desde que descobriram a doença. Havia conseguido férias remuneradas, porém daqui uma semana teria que voltar ao trabalho. Tereza ajudava sempre que podia, e ficava de olho em Julia fora do seu turno para que Sara pudesse sair e buscar a família biológica de sua filha. Elas acabaram virando boas amigas.

— Hoje é aniversário dela. Ela faz seis anos.

— Vou pedir no refeitório para fazerem uma gelatina de morango para ela, a gente sabe que ela gosta muito.

— Obrigada. – Sara sorriu em agradecimento. Sem Tereza, provavelmente teria enlouquecido.

Julia Sidle dividia o quarto com outras três crianças, mas ao contrário da menina, as outras crianças passavam parte do dia sozinha. As mães precisavam trabalhar e algumas só conseguiam vir a noite. Como Sara teria que voltar a trabalhar, havia combinado com as demais mães, ela pegaria o turno da noite e as demais cuidariam de Julia, e durante o dia, ela olharia as demais crianças. Assim nenhuma ficava sozinha.

Já era noite, Julia havia comido a gelatina de morango, e a mãe e as demais crianças cantaram parabéns para a pequena. Logo depois ela ficou cansada, Julia desde o surgimento da doença cansava muito, e disse que queria dormir.

— Sara, desça. Vá comer alguma coisa. – Disse a mãe de outra das crianças. – Eu fico de olho em Julia, você precisa sair desse quarto um pouco.

— Obrigada.

Sara estava saindo do quarto, quando um homem abriu a porta e entrou no quarto de hospital. O coração da morena parecia que ia saltar ou parar, não tinha como distinguir direito, ela apenas ficou estática fitando aqueles intensos olhos azuis.

— Sara. Podemos conversar? – Grissom disse ao vê-la paralisada.