Três dias depois.

Era muito díficil para Grissom aceitar a morte de sua esposa, ela havia sido arrancada dele justamente quando iam atingir um momento máximo de felicidade: a chegada do primeiro filho. Ainda pior saber que havia sido por um homem embriagado que ao perder o controle do carro a tinha atingido em cheio. O homem fugiu, sem prestar socorro e ninguém havia conseguido anotar a placa. E Grissom jamais teria sua amada Laura de volta. Ele sentia forte vontade de chorar, gritar e até morrer, mas de alguma forma seu coração apenas se fechou, como se esse blindagem do ajudasse a sofrer menos, e talvez tivesse que viver assim por alguns anos. Quiçá, para sempre.

Acompanhado de Ruth, a governanta de sua casa, ele chegava ao hospital. Era o dia de buscar sua menina.

— Senhor, estou ansiosa para conhecer Julia.

— É uma neném linda. – Ele comentou sorrindo.

E era, naquele momento, aquela criança parecia ser a única pessoa no mundo que conseguiria amar e abrir seu coração. Sua esposa quis tanto tê-la, tinha certeza que esse bebê traria um ponto de luz no meio de tanta escuridão que sua vida se encontrava naquele momento.

— Deve parecer muito com a Senhora.

— Nessa fase dizem que todos tem cara de joelho. – Deu os ombros.

Não demorou muito e logo a pequena Julia estava em seus braços. Trazida por uma enfermeira, uma linda menina de cabelo ainda muito ralo e bem pequena estava nos braços de Gilbert Grissom.

— Ela é tão pequena Senhor. – Ruth comentou, encantada com a menina. – Ela tem os olhos castanhos, como os da Senhora Laura. – Ela sorriu para a criança.

O homem respirou profundamente, sentir aquele bebê quentinho contra seu corpo o fez por um único momento esquecer toda dor que a morte de sua mãe infringiu sobre seu corpo. Ao mesmo tempo, ele nunca sentiu tanto medo. Como criaria aquela menina sem a mãe?

...

— Como você está?

Uma enfermeira entrava no quarto onde estava Sara Sidle, ela trazia uma bebê em seus braços.

— Olha quem está de volta. – Disse a enfermeira enquanto entregava a bebê para Sara.

— Eu estou bem. – Sara só tinha olhos para a criança em seus braços. – Ainda sinto algumas dores no peito.

— Desfibrilador é assim mesmo, a região fica sensível, mais alguns dias e vai passar. Você teve uma parada cardíaca ao final do procedimento, mas parece estar muito bem agora. – A enfermeira sorriu para ela.

— Eu tive muita sorte. Imagina se algo acontecesse comigo, quem cuidaria da minha pequena. Estou sozinha nesse mundo. Ela só tem a mim, e eu só tenho a ela.

— Desculpe perguntar. Mas e o pai dela?

— Faleceu em serviço. Era bombeiro.. – Disse com pesar. – Éramos somente namorados, e ele nem chegou a ficar sabendo que eu estava grávida.

— Eu sinto muito. – Disse a enfermeira um pouco envergonhada. – Esses olhos azuis são dele?

Ela olhou para a criança e fitou aqueles lindos olhos azuis. E sorriu.

— Não. Ele tinha olhos castanhos como eu. Talvez sejam da minha mãe ou do meu pai… Não cheguei a conhecer eles. – Ela deu os ombros. – Fui abandonada. Mas a minha pequena Julia não, ela vai saber o que é ser criada com o amor de uma mãe e seremos uma família.

— Tenho certeza que você será uma ótima mãe. – A enfermeira disse pegando alguns lençóis sujos que estavam sobre a bancada do quarto.

— Você sabe quando terei alta? – Sara perguntou antes que a enfermeira pudesse sair.

— O médico vai vir aqui logo. Mas acho que amanhã mesmo você poderá ir para casa.

— Obrigada.

— Disponha.