06. HOTEL DOS MORTOS

Alec estava concentrado no que fazia, mesmo com os pensamentos longe. O moreno foi interrompido por uma voz, com rapidez para que não descobrissem o que fazia, apoiou-se na mesa ficando de frente acobertando o arco e as flechas que runava.

— Alec? Não sabia que estava aqui. – Hodge aproximou-se do mais novo.

— É, não, eu... – Alec gagueja um pouco sem saber o que dizer.

— Não me conte. Não quero ter que te reportar. – Diz Hodge.

— É, só que, a Clary, ela é...

— Aquela garota é a filha do Valentine. – Diz Hodge, mais sua runa do Ciclo queimou em seu pescoço fazendo com que parasse por alguns segundos – A filha do monstro. Deve ser por isso que as baratas estão saindo de suas tocas de novo, não é? Vou te deixar em paz.

— Hodge? – Alec o chama – Obrigado.

— Eu era como você, Alec. – Diz aproximando-se novamente de Alec – O amigo leal parado na sombra do escolhido.

Alec desviou o olhar mas Hodge coloca a mão em seu ombro, fazendo com Alec volta-se o seu olhar.

— Não cometa os mesmo erros que cometi. Olha onde eu vim parar.

Alec o olhou antes de sair e ficou pensando nas palavras do treinador. Deixou seus pensamentos de lado e voltou a terminar de runas as flechas que utilizaria.

Horas depois Alec se encontrava nos fundos de um estabelecimento desconhecido por ele, o local indicado na mensagem enviada pela irmã, Alec subiu as escadas encontrando a irmã logo acima com seu chamativo vestido vermelho.

— Recebi sua mensagem. – Alec disse varrendo os olhos no local – Onde estamos exatamente?

— Entrada de serviço de um frigorífico. Se formos por ali, vamos chegar no portão do Hotel DuMort – Isabelle explicou indicando onde deveriam seguir – Perfeito, não é? Distraímos os vampiros, Clary e Jace vão encontrar o Simon.

— Tá bom. – Diz Alec.

— Tá bom? – Isabelle o olhou indignada – Foi um trabalho duro interrogar o Merlion para conseguir essa informação.

— Bom trabalho, Izzy. – Alec sorriu olhando para ela que logo abre um sorriso com o agradecimento – Você tem pó de fada no seu vestido. – Disse sarcástico enquanto seguia em frente – E eu odeio ser a distração.

— Eu não. Sabia que seria muito mais feliz se não fosse tão reprimido. Alec? Oi? – Chamou mas foi ignorada pelo irmão.

Isabelle o chamou mais algumas vezes e Alec revirou os olhos a ignorando em todas. A ignorava ou mudava de assunto focando-se a ela mesma, o qual ele sempre fazia quando ela tocava no assunto. Observou o local e caminhou em direção ao corredor á direita, deixando a irmã falando sozinha enquanto o seguia.

Alec colocou uma luva a qual sempre utilizava quando precisava usar seu arco.

— Você não vai mesmo falar comigo, não é? – Perguntou Izzy caminhando ao seu lado.

— Você não tem ideia do que está falando. – Disse Alec suspirando teatralmente.

— Tenho sim. – Respondeu Izzy – Está se escondendo de si mesmo e não de mim. Você têm sentimentos gostando ou não, Alec.

— Essa não é a hora nem o lugar, Izzy. – Disse Alec subindo a escada de metal.

— Sei lá. Pra mim está calmo até agora. – Disse Izzy.

Chegaram no andar de cima encontrando uma sala onde havia máquinas e encanamentos que circulavam o Hotel.

— Deve ser por aqui. – Disse Izzy apontando para uma porta e a abre revelando um grupos de vampiros, que com o arranhar da porta, fez com que chamasse a atenção para os dois shadowhunters.

Os vampiros correram em direção aos dois mas Izzy foi mais rápida e fechou a porta. Os irmãos Lightwood se posicionaram em frente a porta a forçando para que os vampiros não ultrapassassem.

— É, não está tão calmo assim. Quando quiser. – Disse Izzy pedindo que o mesmo utilizasse a runa de tranca.

— Se segurar a porta direito, será bem mais fácil. – Indagou Alec pegando sua Estela e fazendo runa, que em várias tentativas falhou – Não está funcionando.

Isabelle logo teve uma ideia, pegou a espada Serafim de Alec que estava presa junto com seu arco e passou a mesma duas vezes em um dos tubos de encanamento que estava sob eles, fazendo com que um pedaço de tamanho médio que antes que caísse no chão, ela o pega e coloca na porta, o prendendo para que os vampiros não entrassem por um curto tempo.

— Quem disse "A caneta é mais poderosa que uma espada" é um idiota. – Disse Izzy.

— É, não tem como discordar. – Concordou Alec.

Alec e Isabelle se afastaram ficando de frente para porta e se prepararam. Alec preparou seu arco colocando uma flecha no mesmo, enquanto Izzy que estava com sua espada continuou com a mesma.

— Acha que eles sabem onde estamos? – Perguntou Izzy ao irmão.

— Essa é a ideia, né? Temos que distraí-los por quanto tempo? – Perguntou Alec.

— Uns dez minutos. – Responde Izzy como se não fosse nada.

— Dez minutos? Está brincando. Viraremos almoço líquido em cinco.

— Então vamos distraí-los. – Disse Izzy.

— Então vamos distraí-los. – Repetiu Alec.

Os vampiros finalmente conseguiram abrir a porta. Isabelle ativou sua pulseira fazendo com que transformasse-a em uma corda do mesmo material. Em seguida atirou em direção ao vampiro que passou pela porta o derrubando, e com a espada Serafim do irmão enfiou em seu peito o matando. Alec acertava alguns vampiros com suas flechas.

— Isso é divertido. – Disse Alec preparando mais uma flecha.

— Continuem vindo, rapazes.

Com os vampiros mortos, os irmãos seguiram em frente adentrando em uma das salas principais encontrando Jace e Clary. Havia dois vampiros em cima de Jace e outro segurando Clary que tentava se soltar.

— Ok. – Alec mirou em direção á parede, e atirou, fazendo um buraco na mesma revelando a iluminação do sol o que fez o vampiro queimar até morrer.

Um dos vampiros que estavam atacando Jace o deixou com outro e seguiu até Clary mas a mesma foi mais rápida e o matou com sua espada Serafim, Jace acabou matando, assim acabando com os vampiros restantes.

— Eu matei ele. – Disse Clary desacreditada.

— Ele já estava morto. – Disse Jace tentando confortá-la.

— Além disso, ele queria te matar Clary, lembre-se disso. – Izzy adentra na sala – Ela foi ótima, não foi?

— É, você foi. Devia se orgulhar. – Jace concordou.

— Valeu. – Agradeceu Clary – Mas não se trata de mim. Vamos encontrar o Simon. – Disse e caminhou para outra sala a procura do melhor amigo, com Jace, Alec e Izzy a seguindo.

Isabelle e Alec andaram em frene enquanto Jace e Clary seguiam atrás.

Entraram em outra sala, encontrando Raphael apontando uma adaga no pescoço de Simon, automaticamente Alec pegou uma flecha.

— Simon!

— Clary!

Clary fez menção em ir na direção de Simon, mas antes que a mesma fizesse Jace a para.

— Isso não vai adiantar em nada. – Diz Jace para Clary.

— Escuta ele, Clary Fairchild. Larga isso. Eu já tive que aturar seu amigo esse tempo todo. Adoraria cortar a garganta dele. Não me dê um motivo. Larga isso. – Raphael a ameaça pressionando a adaga no pescoço de Simon.

Os demais desativam suas armas as abaixando.

— Simon! Simon, está tudo bem? – Perguntou Clary aflita com a situação do melhor amigo.

Em uma situação dessas, é claro que ele deve estar bem. — Ironizou Alec em seus pensamentos.

—Bom, não é a palavra... – Simon foi interrompido por Raphael.

— Cala a boca. Agora, eu quero que vocês me sigam. AGORA! – Raphael grita a ultima parte.

Alec e Isabelle foram os primeiros a cumprir tal ordem seguidos de Jace e Clary que vieram logo atrás. Não podia negar pois Raphael ainda estava com a adaga pressionada no pescoço de Simon.

— Anda! Vamos, aqui em cima. – Diz Raphael – Isso mesmo, entrem aí! Entrem ou eu mato ele agora.

Raphael distanciou-se para que os shadowhunters passassem para o outro corredor.

— Olha, não vamos te machucar. Só queremos o Simon. – Diz Clary.

— Fico feliz por isso. Mas nós não! A gente queria você.

Raphael como era o ultimo junto com Simon, impedia deles voltarem pelo mesmo lugar que entraram, então apenas foi obrigados a seguir a diante o corredor.

— Eu estou aqui. – Clary se debatia nos braços de Jace que impedia dela fazer alguma besteira.

— Para! – Manda Jace.

— Eu disse queria. Não é minha ideia. Agora saiam. Vão!

— Não sem o Simon.

— Cala a boca! Abre a porta ou eu o mato bem aqui. – Mandou os ameaçando novamente.

— Obedeça-o. – Disse Jace com a voz um pouco alterada.

— Mas o Simon vai morrer desse jeito.

Alec abriu a porta e passou pela mesma fazendo com que o sol adentrasse um pouco, Raphael posicionou Simon em sua frente para que não fosse atingido pelos raios solares.

— Clary, vai. – Simon pede, mas é ignorado.

— Vão! Vão! Peguem ele. Vão! – Diz Raphael soltando Simon e escondendo-se atrás de alguns encanamentos de metal.

— Eu não sei como te agradecer. – Diz Simon.

— Não me agradeça. Você não significa nada. Isso é por causa do Valentine e do caos que ele pode causar. – Raphael admite – E você, Jace Wayland. – chamou a atenção do loiro – Lembre-se quem são seus amigos.

Todos já haviam se espalhado pelo andar.

— Nós não devíamos sair daqui? – Perguntou Simon borrando de medo.

— Por que, Simon? – Perguntou Jace ironicamente.

— Porque estão aqui embaixo. – Disse Simon.

— Deixa eles virem atrás da gente. Vão virar churrasquinho aqui fora. – Disse Jace sarcástico – Pensei que você assistisse filmes.

Alec subiu em uma plataforma que havia por ali, sendo seguido por sua irmã e seu parabatai deixando o casal de melhores amigos a sós.

— Bom, gosto não se discute. – Disse Izzy após ver os dois abraçados.

— É, você é um exemplo. – Disse Alec para a irmã, mas foi ignorado pela mesma que passava batom em seus lábios.

— Olha, posso falar uma coisa? – Alec perguntou a Jace.

— Vai falar, não importa o que eu diga, então fala. – Responde Jace cruzando os braços e olhando para seu parabatai.

— Você acha que conhece a Clary, tá? Mas talvez não. Pensa em quem o pai dela é.

— Quer saber? Não começa com isso de novo, Alec.

— Ela apareceu do nada, Jace. – Alec tentava convencer o irmão.

— Ela não tem ninguém. – Jace tentava o convencer do contrário.

— Olha me escuta um segundo...

— Alec, PARA! – Jace gritou a ultima parte irritado, ganhando a atenção dos demais presentes – Alec, para! – Disse mais calmo.

— Eu sou mais velho do que você, Jace! Eu não estou na sua sombra. – Alec olhava diretamente em seu rosto, totalmente sério com suas palavras e expressões.

— Se pensa mesmo isso sobre ela, porque nós ajudou hoje? – Perguntou Jace.

Alec o olhou incrédulo com tal pergunta e saiu de perto do loiro, não acreditava que seu melhor amigo, seu irmão, seu parabatai estava com dúvidas de sua atitude.

Jace não entendia que Alec só queria o proteger e proteger a irmã de algo que poderia acontecer, de algo maior. Com Valentine entre eles, tudo de ruim poderia acontecer e Alec queria os proteger, não queria que os machucasse se sua ideia sobre Clary estivesse correta. Com o aparecimento de Clary, está criando um uma parede em torno dos dois, sempre foram melhores amigos e com a chegada da Fray as coisas mudaram, Jace está o ignorando e só pensando na garota. Jace não sabia que estava machucando seu parabatai com suas atitudes já que Alec nunca deixou seus sentimentos fluírem, mesmo que deveria perceber já que eram ligados por sangue.

Chegando no Instituto, Alec acabou esquecendo da ruiva que repousava em seu quarto. E segue em direção a sala de treinamento, onde descontou sua raiva em um saco de pancadas.

Mas será que Alec estava totalmente certo com suas suposições? Será que não havia algo a mais no meio de toda essa história? Lydia Martin, que estava em seu quarto demoraria para acordar? O que irá acontecer quando ela acordasse? Irão descobrir sobre seus poderes? Ela poderia ser alguém enviada pelo Ciclo?