03. QUEM É A GAROTA RUIVA?

Quem era esse Alec? Ele é estranho, bonito, mas estranho. Seus olhos claros eram percebidos mesmo com as multicores das luzes e a escuridão da boate, eram um pouco parecidos com os meus. Mas quem seria ele? Quem era a garota da peruca platinada? Sua namorada? Talvez. Ele é muito bonito para estar solteiro, uma pena. É, querido Alec, você realmente atiçou os meus pensamentos diretamente para você. Pena que não irei mas lhe encontrar.

Esse era alguns dos muitos pensamentos de Lydia. Mas o que a deixava mais incrédula, era o arco e flechas que o tal Alec possuía em suas costas. Por qual motivo estava com aquelas armas? Era um caçador? Como sua antiga amiga, Allison?

Lydia resolveu esquecer o acontecimento de minutos atrás e voltou para o bar. Pediu outra bebida e quando acabou voltou para a pista de dança. A sua dança envolvia movimentos ousados. O que ganhou a atenção de um certo loiro, que aproximou-se da ruiva, e começou a dançar junto com ela conforme o ritmo da música. Os dois dançavam como se não fosse a primeira vez. Um acompanhava o outro, sincronizado.

A ruiva curiosa, decide virar e descobrir quem era o seu companheiro de dança. Alto, de pele clara, barba rala e cabelos loiros, um par de olhos verdes, lindos. A encantou, mas não mais, que o moreno desconhecido, não tão desconhecido já que sabia seu primeiro nome.

— Qual é o seu nome, linda? – Perguntou o homem, interessado pela ruiva.

— Lydia. E o seu? – Perguntou Lydia.

— Linda igual a dona. – Lydia sorriu com a péssima cantada. Ele era lindo, então valia pena. – Me chamo, Alex.

— Lindo igual o dono. – Lydia repetiu a cantada. O que fez ganhar um sorriso do loiro – Mas enrola demais.

A ruiva em seguida foi em sua direção o puxando para um beijo. Alex, surpreso mas sem dúvidas alguma, retribuiu o beijo. Quem iria rejeitar a ruiva? Apenas o ex, mas isso é uma história para outra hora. Enquanto o beijo acontecia, Alex repousou seus braços na cintura da loira, apertando levemente.

— Uou. – Diz Alex, com a respiração ofegante e surpreso pela ação da mulher.

— Até que você beija bem. – Diz Lydia, passando os dedos ao redor de seus lábios, tirando qualquer vestígio de seu batom.

— Você também. – Diz Alec, sorrindo. – Aceita uma bebida?

Lydia o olhou um pouco desconfiada, mas logo sorriu, aceitando.

Os dois caminharam em direção ao bar da boate. Sentaram e começaram a conversar, minutos depois, já sabia um pouco sobre Alex, tinha 19 anos e morava em Nova York junto com alguns amigos, fazia faculdade no mesmo lugar que ela ira iniciar, mas em cursos diferentes.

— Por que não saímos daqui e aproveitamos em outro lugar? – Perguntou a ruiva, com certos pensamentos.

— O que você quiser, linda. – A ruiva sorriu. Sua noite já estava ganha.

Alex levou Lydia até seu carro, abrindo o mesmo como um cavalheiro. Ele era educado com a garota, mesmo sendo mais uma, como ele, era somente mais um. Com alguns minutos de conversa, acabaram criando uma amizade. Alex logo dirigiu indo em direção ao complexo que dividia com os amigos, assim que chegaram e entraram na casa. Já começaram a se beijar, enquanto subiam á escada. Lydia já havia tirado a camisa do garoto quando finalmente entraram no quarto.

Bom, foi uma noite quente para a ruiva. Enquanto outros apenas estavam... Em missão.

Alec Lightwood, esbarrou em uma mulher sem intenções de machucá-la. Eram tantas pessoas naquela boate que era fácil esbarrar em alguém.

Estava com o semblante sério, estava em missão junto com seus irmãos. Um demônio estava vendendo sangue mundano para alguém. O objetivo era descobrir quem era o comprador. O demônio sempre que esbarrava em alguém se apossava da forma da mesma, como um metamorfo. O que tinham certa dificuldade, mas Alec junto com Isabelle e Jace estavam na missão. Não era apenas um blefe quando falavam que eles eram os melhores caçadores do Instituto de Nova Iorque. Aquela missão seria fácil para eles.

Alec ainda pensava em como a mulher de cabelos vermelhos tinha o visto, sendo que estava com sua runa de invisibilidade. Ninguém poderia o ver, mas ela o viu. Quem era ela? O que era ela? Uma mundana com o poder da visão, era raro, mas possível. Ou era simplesmente uma submundana? Mas como não o reconheceu pelas runas visíveis em seu pescoço? Todos conheciam os Shadowhunters... Certo?

— Quem era a ruiva, irmãozinho? Alec? ALEC? – Isabelle o chamou diversas vezes, até que conseguiu chamar a sua atenção.

— O que? – Alec a olhou confuso. Seus pensamentos estavam tão longe, que nem percebeu os chamados da irmã.

— Por Raziel, em que mundo você esta? Já até sei. No mundo de uma certa garota de cabelos avermelhados. – Izzy o olhou com um sorriso malicioso. Era um milagre o que estava acontecendo. Seu irmão estava tendo interesse em alguém.

— O que? Não, claro que não. – Alec tentou negar. Mas não conseguia mentir. Sua irmã o conhecia.

— Não tente negar, Alec. Eu te conheço. Sabe, você ter interesse por alguém é bom.

— Por que, Izzy? – Alec não queria que sua irmã o zoasse, mas estava curioso com a resposta da mais nova.

— Você está precisando ficar com alguém. Você precisa relaxar um pouco, você sempre está sério. – Izzy queria que seu irmão não fosse tão sério as vezes. Ele pode ser chato quando quer.

— Não, Izzy. Não preciso de ninguém. – Alec ficou sério com o assunto. Sempre tentava mudar quando sua irmã começava com essas conversas.

— Mas vai, Alec. Você não ficou interessado na ruiva? – Izzy agarrou o braço do irmão e o olhou querendo uma resposta.

— Que ruiva? – Jace perguntou aparecendo de repente.

— Ninguém. – Disse Alec, tentando desconversar.

— Mas... – Izzy tentou falar.

— Mas nada, Isabelle. Só não entendo como ela conseguiu me ver mesmo invisível pela runa.

— Talvez ela tenha o dom da visão, ou é uma submundana. – Disse Jace, dando algumas possibilidades.

— Pode até ser, mas não deixa de ser estranho. Os submundanos reconhecem os Shadowhunters pelas nossas runas. E nos estavamos invisíveis para todos. – Disse Izzy.

— Sim, é estranho. Mas vamos focar na missão. Temos que encontrar esse demônio, mas antes temos que descobrir quem está querendo sangue mundano. – Disse Alec, tentando mudar o assunto, e querendo finalizar a missão.

Depois disso, seguiram em direção ao demônio, sempre estavam atentos já que ele mudava de corpo diversas vezes.

Os três se dividiram andando em direções diferentes pela boate, para abordar o demônio, até que o seguiram para uma parte reservada, onde tinham outros demônios e submundanos presentes. Isabelle subiu em um pequeno palco e começou a dançar os entretendo-os com sua dança sensual. Para não desconfiarem e nem perceberem os shadowhunters ali.

Aproveitando a distração de Izzy, Jace chegou por trás do demônio que possuía o visual de uma mulher e Alec andou para trás de uma pilastra observando tudo o que acontecia enquanto preparava-se para intervir se acontecesse algo.

— Eu soube que têm vendido sangue humano. – Disse Jace sussurrando no ouvido dela.

— Por que? Está querendo um pouco? – Perguntou a demônia, irônica.

— Eu não. – Jace a virou, a colocando de frente – Mas vai me dizer quem quer.

— Estão em menor número. – Respondeu ela, confiante.

— Eu aposto nas nossas chances. Última chance. – Disse Jace pegando sua espada e a ativando.

De repente escutaram o grito de uma garota de cabelos alaranjados aparentemente mundana. A garota jogou o demônio que estava com forma de mulher em um sofá, como se o demônio fosse inocente e tivesse o salvando de algo. O demônio reage e transforma-se na rua real forma.

— Cuidado. – Jace grita chamando a atenção da ruiva e a empurrando para o chão, e enterrando a espada pelas costas do demônio.

Os outros submundanos perceberam a ação e começaram a atacar os shadowhunters. Jace, Izzy, e Alec começaram a reagir, defendendo-se e atacando. Até finalmente matarem todos e voltaram para o Instituto.

Jace acabou levando a garota misteriosa para o Instituto já que até então, ela estava desmaiada e por algum motivo, a runa de cura tinha funcionado em seu pescoço.

Horas depois, Alec junto com Jace entraram na enfermaria onde a garota estava deitada, acordada a pouco minutos.

— Uma mundana nem deveria estar aqui! – Pronunciou-se Alec, pela primeira desde que entrou. Em seus pensamentos uma mundana não devia estar no Instituto.

— Aonde eu estou exatamente? – Perguntou a garota desconhecia, confusa por não saber onde estar e quem eram aqueles que estavam em sua frente.

— Ela não é uma mundana, Alec. – Disse Jace.

— Como sabe disso? – Pergunto Alec, virando em sua direção.

— Porque a Lâmina Serafim se iluminou quando ela o tocou. – Explicou Jace.

— Olha, Isabelle, você pode... – Pediu Jace, e Izzy levantou e deu seu lugar para o mesmo. – Eu sou Jace Wayland. – Apresentou-se.

— Eu sou... – A garota iria se apresentar, mas Jace a interrompe.

— Clary Fray, sabemos quem você é. – Disse Jace.

— Eu sou o único que acha isso aqui estranho? – Perguntou Alec.

— Você acha tudo estranho, Alec. – Afirmou Jace.

— Tenho que informar isso para a Clave. – Disse Alec, querendo não ter problemas futuramente.

— Quer saber? Dá pra pegar leve? – Pediu Jace.

— Meu irmão não sabe o que é isso. Eu te amo, Alec, mas você sempre vem com tudo. – Disse Izzy sendo sincera. Amava o irmão, mas tinha vezes que não suportava seu jeito diplomático, sua seriedade em todo momento.

— Eu também te amo. Mas isso... – Alec foi interrompido por Jace.

— Quer saber? Me dá um minuto. – Jace encarava Alec – Nunca me ouviu dizer isso mas, por favor. – Apontou para a saída em um pedido de silêncio para que Alec saísse.

— O que é que houve com você? – Perguntou Alec, indignado com seu parabatai, ele nunca o tinha tratado daquela forma – Sério, qual é a dele? – Perguntou a irmã.

— Vem aqui, irmãozinho. – Izzy agarrou seu braço de forma carinhosa e o levou para fora do quarto.

— Não conhecemos essa garota. Novos shadowhunters não existem... – Disse Alec.

— Existem agora. – Disse Izzy.

— Não acha isso estranho? – Perguntou Alec. Não confiava na garota desconhecida.

— O que eu acho estranho é você estar chateado. Será que está chateado da forma que Jace olha para ela? – Disse Izzy para o irmão mais velho, ficando de frente para o mesmo e sorrindo como se tivesse descoberto algo – Devia ficar feliz porque ele está interessado por alguém que não seja ele mesmo. Ou está assim por causa da ruiva da boate? Está tão interessado assim por ela?

— Talvez eu esteja assim porque ela estragou nossa missão, não descobrimos quem está comprando sangue mundano. Era o nosso único trabalho. E não tem nada haver com a ruiva da boate, não sei o porque está falando dela. Nunca mais iremos encontrá-la. – Disse o Lightwood mais velho, finalizando o assunto e saindo para comunicar a Clave sobre a Fray.

Mesmo negando, seus pensamentos foram na mulher de cabelos avermelhados que esbarrou na boate. Estava admirado com sua beleza. Mas logo a expulsou de seus pensamentos. Achava que nunca iria vê-la novamente. Aparentemente ela gostava de boates, o que não era um dos seus lugares preferidos. Ia apenas por obrigação de ser um shadowhunter.

Alec só não sabia que iria a encontrar, e mais cedo do que imaginava...