O dia raiava do lado de fora do galpão, May ainda estava acordada, não dormirá, nem sequer conseguiu cochilar durante a madrugada, sua mente estava toda voltada para o plano que seria colocado em pratica daqui a poucos minutos. Ela só dormiria quando enfim, tivesse a caminho de um lugar seguro, onde poderia colocar a cabeça no travesseiro e fingir que aquilo nunca aconteceu.

May se levantou e foi até o pequeno banheiro abarrotado de caixas e coisas, lavou a boca e o rosto, e ficou ali por algum tempo olhando seu reflexo no espelho. Embaixo dos seus olhos havia manchas pretas, sinal da noite que não dormiu, seus cabelos arruivados estavam em um emaranhado, mas o seu cabelo era a ultima de suas preocupações, ela somente desfez o pequeno rabo de cavalo que o mantinha preso e penteou com os dedos. Suas roupas estavam amarrotadas e seu tênis sujo por causa do chão do galpão.

Seus olhos geralmente verdes e meigos, nesse dia amanheceram “negros” de ódio e “vermelhos” de vingança. Seu coração estava demasiado, e ela não permitiria que seus sentimentos atrapalhassem no que ela tinha que fazer. “Eu tenho que fazer isso”, ela convencia a si mesma que era o certo, ela iria ate lá e concluir o que ela mesma apelidou de missão. May saiu do pequeno banheiro determinada, e acordou Claire, ela tinha que se preparar também. Logo elas estariam de saída para o hospital. Durante o curto tempo que continuaram no galpão, ficaram repassando o que cada uma faria e repetindo que não poderia haver falhas. Tudo estava nos conformes, era a hora de colocarem o plano em pratica.

May colocou a mochila nas costas e a arma que encontrou na cabine do estacionamento no cós da calça, Claire fez o mesmo com a sua desert eagle,montou e posicionou a sua moto de frente ao portão que fechava o galpão. May ficou ao lado do portão, seria ela quem iria abrir o portão, a única coisa que impedia a passagem dos zumbis, tinha que se concentrar para não se atrapalhar, e principalmente ser rápida o bastante para abrir e montar na garupa da moto de Claire. Ambas, ao sinal de Claire, contariam até três.

Claire ligou a moto, dando o sinal, que iniciou uma contagem mental entre as duas, ao final dos três segundos, May abriu o portão rapidamente, chamando a atenção de alguns mortos-vivos que passavam por perto, em questão de poucos segundos, ela já estava sentada na garupa da moto, com um braço preso a cintura de Claire, e outro na parte de trás da sua calça, caso fosse preciso. Elas saíram daquele lugar depressa, a velocidade em que estava à moto era maior do que as dos zumbis, o que facilitava com que elas não fossem atacadas, poupando as suas balas. A cada minuto que passava Claire acelerava mais a moto, mas sempre prestando atenção aos obstáculos, que eram muitos. May só conseguiu saber onde estava quando elas passaram pelo carro de Joe batido no hidrante. O galpão não ficava muito longe do hospital.

_ Na próxima vira a esquina! – May gritou para Claire, que acenou com a cabeça, - Esse caminho vai dar no estacionamento do hospital!

Claire então desacelerou, pois se fizesse a curva na velocidade em que estavam elas poderiam capotar, e se cometesse um descuido como esse, poderiam se machucar feio, ou ate pior que isso, virar café-da-manhã de zumbi, e elas estavam tentando ao máximo evitar esse tipo de coisa. Ela então fez a curva, e de onde estavam era possível ver a parte de trás do hospital, e a entrada do estacionamento, Claire acelerou novamente a moto. Chegaram ao estacionamento do hospital, estava um pouco mais cheio daquelas criaturas do May se lembrava, dificultando mais a situação. Teriam que ser agir com mais rapidez do que antes. Claire parou a moto em frente à escadaria em que May havia saído do hospital. Praticamente pularam da moto, e correram para as escadas, fechando a porta.

_ Tudo bem, vamos até o vestiário que fica a direita no segundo andar, apenas me siga! – May falou com firmeza, Claire apenas fez um positivo com a cabeça. Ambas pegaram as suas armas, e subiram as escadas em um fôlego só.

Chegando a porta que levava ao segundo andar, Claire se posicionou na beirada da porta, enquanto May a abria. Nenhuma criatura apareceu para surpreende elas, e continuaram o seu caminho ate o vestiário seguindo o corredor, quando enfim encontraram ao vestiário. Elas novamente se posicionaram na soleira da porta, e de onde Claire estava conseguiu ver uma das criaturas na parte de dentro do vestiário. Claire apontou para a porta, sinalizando para May que havia uma das criaturas. May estava pronta pra entrar e atirar na cabeça da coisa, mas Claire a impediu antes que ela adentrasse.

_ Não, se atirarmos aqui, - Claire sussurrava - iremos chamar atenção e gastar munição. Fique aqui, vou procurar alguma coisa por aqui para bater na cabeça dele. – Ela colocou a arma do cós, e foi ate uma maca que havia no canto de uma parede, e tirou com dificuldade uma barra de ferro.

May deu de ombros, e abriu à porta, chamando a atenção do morto vivo, ele saiu para a parte de fora, e Claire bateu a barra de ferro na cabeça do zumbi com força, o barulho do crânio rachando pareceu o de coco quebrando, fazendo com o que o zumbi caísse no chão finalmente morto. May se aproximou de Claire que ainda segurava o bastão. Estava horrorizada e enojada com a situação, ela nem percebeu que outra criatura saia do vestiário, se arrastando atrás dela. E antes da criatura fazer menção de atacá-la, Claire puxou May para o lado, e dirigiu o bastão novamente para a cabeça do zumbi, fazendo o cair junto ao outro que já estava no chão. May arregalou os olhos, entendendo o que acabava de acontecer.

_ Calma, concentra! – May de tão assustada, apenas assentiu com a cabeça, seria capaz de gritar se abrisse a boca. – Ok, então vamos.

Elas entraram no vestiário, Claire à frente com a barra de ferro a mão, para evitar surpresas desagradáveis. May foi ate o seu armário, colocou a combinação no cadeado, que se abriu. Ela pegou a sua bolsa, e tirou de dentro as chaves do seu Landau e jogou para Claire. May já havia feito uma descrição do seu carro para Claire, e do lugar onde ele estaria.

_ Você vai voltar pelas escadas de onde viemos. Daqui a 10 minutos nos encontramos na frente do hospital. Claire assentiu com a cabeça e saiu porta afora, deixando May sozinha.

May pegou todo o conteúdo da bolsa que estava no seu armário, e colocou dentro da mochila. Ela procurou algo que fosse útil como arma, mas que não fizesse tanto barulho. Puxou uma das barras de ferro na parede, que serviam de araras, foi ate a porta, checou se tudo estava em ordem, não vendo sinal de nenhum zumbi, saiu pela porta.

Ela corria pelos corredores, seguindo ate a ala onde trabalhava com Joe. Ela virou no corredor que daria aos laboratórios, e logo voltou e encostou-se à parede, rezando para que a criatura, que estava no corredor perto do laboratório, não tenha visto ela. Então, May olhou discretamente, e a criatura continuava no mesmo lugar. Teria que enfrentar a situação, ela estava sozinha. Então sorrateiramente, May andou ate a criatura, e sem dó alguma bateu com toda a sua força a barra de ferro na cabeça do morto-vivo, ele em resposta ao baque, caiu finalmente morto. Por dentro May estava feliz, conseguiu matar seu primeiro morto-vivo sem pestanejar. Ela correu para o laboratório e entrou.

Para a sorte de May, não havia nenhum obstáculo a sua frente, e ela poderia procurar os exames dos indigentes em paz. “Eles devem estar arquivados no computador”, foi ate a maquina, digitou a data e a hora aproximada dos exames, descartando centenas de outros. Lá estavam eles, todos os exames dos três indivíduos, ela então mandou imprimir. Enquanto a maquina fazia o seu trabalho, ela procurou pro remédios, ataduras, qualquer coisa que poderia servir em alguma hora. Pegou boa parte do conteúdo das gavetas dos armários e colocou em sua mochila. Assim que terminou a impressão, ela agarrou os papeis e saiu pelo corredor.

Porem, ao invés de ir virar no corredor que daria na entrada do hospital, ela virou em um, que daria na parte onde eram os quartos. May tinha uma ultima pendência naquele lugar, e isso cobraria dela um grande esforço físico e mental.