Claymore Dains

Início de uma Jornada


Claymore saíra correndo tropeçando nos próprios pés, não queria ver ninguém, só queria paz e era exatamente o que todos naquele reino não faziam: Deixá-lo em paz. Fora para casa (ou melhor,na igreja de Nandes) onde entrara com tanta pressa que quase tropeçara em Jacuscos sem se dar conta de quem era, subira correndo as escadas... Só se sentiria bem no conforto de seu quarto.

— Claymore está tudo bem? - Perguntou Jacuscos batendo em sua porta.

Mas Claymore não queria responder e nem falar com ninguém. Apenas continuou deitado em sua cama, de bruços, imaginando o que faria da sua vida, não aguentava mais viver em Nandes, ninguém sabia o que ocorrera de fato em Denvor Soul, possuía lapsos de memória, mas era muito pequeno para lembrar-se de todos os detalhes daquela noite terrível. Neste momento o que mais desejava era que estas memórias não voltassem a atormentá-lo. Ninguém da cidade sabia que Claymore não era filho de Jacuscos. Jacuscos dissera-lhe para manter segredo de todos. O porquê disso? Claymore também não sabia explicar. Perguntara-lhe inúmeras vezes sobre o que acontecera com seus pais e com Denvor Soul, mas Jacuscos apenas desviava o olhar e perguntava-lhe se estava feliz vivendo em Nandes com ele. Já estava de "saco cheio" dos segredos, intrigas, de tudo!

— Claymore, meu filho - Irei a casa de Tosco. Você não precisa ir as aulas de espadas, caso deseje.

Sem obter qualquer sinal de Claymore, Jacuscos descera as escadas e finalmente quando estava saindo encontrou Tomás desesperado procurando por Claymore.

— Pa..dre Ja...cus..cos, o Clay...mor está... em ca..sa? - Disse Tomás quase sem folego ( correra igual a um louco atrás de Claymore, serio ele estava pensando: como um garoto tão "magrelo" pode correr tanto nas horas que está em apuros?)

— Calma Tomás, respire!

— Ele es...tá.... bem?

— Claymore se trancou no quarto e não quis falar comigo. O que aconteceu?

— Hoje foi... o teste com.... Tosco, Claymore estava.... indo tão bem, porém quando .... foi deferir.... o ataque no boneco.... acabou não aguentando a.... espada e caiu cravando a espada no chão. Mas o mais interessante é que ele conseguiu removê-la e a trouxera na mão, correndo feitou louco. Não entendi nada! - ( Nem eu, como ele conseguiu isso? Estes fatos não foram contados no capítulo anterior)

Jacuscos não acreditara no que ouvira. Os segredos que tanto temera serem descobertos estavam prestes a vir a tona. O que deveria fazer?

— Alguém mais notara ele correndo com a espada? - Perguntou Jacuscos em tom sério.

— Não, os únicos que notaram foi eu e o Tosco.

— Que bom, fique aqui e não deixe Claymore sair, irei ver Tosco.

— Mas....

— Não há mas, é uma ordem!

— Ok.

Jacuscos saíra e Tomás não sabia o que fazer, queria tanto falar com o amigo, mas não sabia se iria ser bem recebido. Caminhava de um lado a outro pensando no que deveria fazer e resolveu tomar coragem e ir falar com Claymore. Ficou eufórico e subiu as escadas correndo, quando estava prestes a chegar ao quarto de Claymore, Tomás se chocou com Claymore que também viera correndo do quarto. Ambos agora estavam no chão gemendo de dor.

— O que está fazendo Tomás? - Perguntou Claymore

— Eu estava indo falar com você! Como você está?

— Não tenho tempo para isso, preciso ver o que o Jacuscos foi falar com Tosco. Tenho que descobrir a verdade! - Disse Claymore levantando do chão e descendo as escadas.

— Espera Claymore - Disse Tomás se levantando e indo em na sua direção.

— O que foi Tomás? - Perguntou Claymore parando para fitá-lo.

— Jacuscos me disse para não deixar você sair!

— Mas você não compreende? Eu preciso saber o porquê deste mistério todo. Vamos comigo?

— Ok, irei com você.

Saíram em disparada para tentar desvendar o mistério de Claymore. Quando estavam se aproximando da casa de Tosco avistaram Jacuscos sendo recebido por Tosco, que o deixara entrar e ainda se certificara de que ninguém o seguira até ali.

— Muito estranho isto, Claymore. Tosco nem sequer olha para o lado quando está nos ensinando e agora olhou para tudo quanto é canto, até tivemos de nos esconder! Não estou compreendendo nada.

— Com toda certeza de que está acontecendo algo. Só não sei o que é, mas vou descobrir. Vamos! - Disse Claymore chegando na frente da porta de Tosco.

— Sei de uma entrada secundária, poderemos observar sem sermos vistos. - Disse Tomás.

— Como você sabe disso? - Perguntou Claymore incrédulo.

— Meus tempos de rebeldia....

— E você chegou a ter isso? Dês de quando eu te conheço você é todo certinho.

— Não importa como eu sei, você quer descobrir ou não? - Perguntou Tomás irritado.

— Ok, vamos.

Deram a volta na casa de Tosco e ao observar o local não dava para avistar nada, porém ao girar a manivela do posso duas vezes para a esquerda e uma para a direita uma escada subterrânea apareceria para que os dois pudessem adentrar, pelo menos na teoria de Tomás. Claymore girou duas vezes para a esquerda e quando foi girar uma para a direita a manivela se espatifara em pedaços.

— Mas o que? Como ? Ahhhhhhh - Claymore não acreditara no que havia acontecido.

— O que faremos?

— Ahhh já chega, vamos ficar na janela do quarto do Tosco para ouvir.

— Mas é no segundo andar!

— Vou subir. - Claymore utilizou dos recursos que tinha naquele momento para poder subir (Tomás..... Tomás... e um barril que tinha ao lado esquerdo da casa). Arrastaram o barril na posição, Tomás subiu e Claymore subiu em Tomás.

— Consegue alcançar o telhado? - Perguntou Tomás eufórico.

— Fale mais baixo! Sim, vou subir. - Claymore conseguiu subir no telhado e tomando muito cuidado para não quebrar nenhuma telha, se agachou abaixo da janela e pode avistar Tosco e Jacuscos conversando.

— Eu lhe disse que isso iria acontecer algum dia Jacuscos. - Falava Tosco com semblante preocupado.

— Eu te pedi para não colocá-lo no treinamento de espadas!

— Mas se eu não colocasse, o reino todo iria desconfiar e até mesmo Claymore iria se perguntar do porquê de não poder participar.

— Mas ninguém além de mim e você sabe que Claymore é filho dos Magos Janete e Willian Dains.

Como? Meus pais estão vivos?! Espera.... Ouvi bem? Magos?! - Questionou Claymore mentalmente.

— Eu sei! E nós também sabemos que eles não morreram na batalha, apenas foram capturados pelos piratas Jangs e encontram-se em Lugares Desconhecidos. Quando você pretende contar a verdade?

Não morreram em batalha e ainda foram capturados pelos Jangs? O que é Jangs? Está de brincadeira né, eles vivem em Lugares Desconhecidos (óbvio que ninguém conhece) - Ironizou Claymore.

— Não posso contar a verdade, os Jangs atacaram Denvor Soul para capturar o Claymore!

Me capturar? Quem em sã consciência iria QUERER ME CAPTURAR???

— Não concordo, se ele descobrir? Como você o impedirá de ir atrás dos Dains? - Tosco estava descontente com a atitude do padre.

— Não sei, mas prefiro mantê-lo a salvo do que entregá-lo aos lobos (Jangs).

Claymore não acreditara no que ouvira.... Os piratas Jangs eram extintos nos livros de história, não havia nenhuma ligação, mito ou quaisquer eventos relacionados a eles, porém havia uma localização: Lugares Desconhecidos e era para lá que Claymore estava obstinado a ir.

****

— Venha Tomás. - Falou Claymore enquanto descia do telhado de Tosco.

— Onde iremos Claymore? - Disse Tomás desconfiado.

— Iremos a biblioteca de Nandes.

****

A biblioteca central de Nandes era uma construção antiga, de estrutura cinza, portas marrom e janelas com vidros coloridos. Era nela que se encontravam os livros "proibidos", manuscritos antigos e histórias não contadas.

Claymore e Tomás chegaram na biblioteca faltando poucos minutos para fechar e a bibliotecária senhora Fisher Bolhas Grandes veio ao seu encontro.

—Claymore isso são horas de aparecer na biblioteca? - Perguntou a senhora Fisher irritada.

— Desculpa senhora Fisher, mas é urgente... Eu preciso do livro que conta a história de Denvor Soul.

— Denvor Soul? - Perguntou surpresa.

Sim, precisamos fazer um trabalho sobre Denvor Soul. - Disse Claymore piscando para Tomás.

— Exatamente. - Disse Tomás ajudando o amigo.

— Me sigam garotos.

Senhora Fisher levou os garotos pela imensa estrutura, nos corredores sombrios da assustadora biblioteca. Claymore olhava atônito aquele ambiente que chegara a causar arrepios em sua espinha. Haviam varias estantes com diversos livros, uns antigos, outros mais contemporâneos. Continuaram caminhado até chegar em uma porta gigante de madeira, com várias trancas e um cadeado enorme.

— Nossa! - Falou Tomás assustado. - Tantas trancas... Eu vim várias vezes nesta biblioteca, mas nunca notei esta porta. Para que toda esta segurança?

— Temos de guardar nossos tesouros e relíquias.

— Mas são só livros!

— Tomás, um livro atrás desta porta poderá custar-lhes a vida.

— Claymore, não quero morrer! - Falou Tomás quase chorando.

— Nós não iremos morrer Tomás, só viemos fazer trabalho.

— Ok garotos, vamos entrar. - Disse a Senhora Fisher acenando para que eles pudessem entrar.

— Vamos Tomás, não fique aí parado!

— Ok Claymore, já estou indo.

A sala era enorme, com vários cofres, estantes e livros, espadas antigas, quadros de antigos reis e a Senhora Fisher.... Ela estava procurando um baú dourado que continha o livro.

— Meninos me ajudem a achar um baú dourado.

— Ok. - Os dois responderam ao mesmo tempo.

Claymore e Tomás começaram a vasculhar a sala. Procuraram em meio a estantes, pilhas de manuscritos, pode acreditar havia até roupas de séculos atrás naquela sala estranha. Passou-se uma hora de procura e algo chamou a atenção de Claymore... no lado esquerdo da sala havia uma "pilha" de manuscritos em cima de algo que brilhava, então resolveu se aproximar e removeu os manuscritos assim achando o baú.

— Senhora Fisher, encontramos o baú. - Disse Claymore.

— Muito bem garotos, agora averigue se o baú está trancado.

Claymore olhou para o baú desconfiado, mas seguiu as ordens da Senhora Fisher verificando se estava ou não trancado.

— Senhora Fisher, o baú está aberto. - Constatou Claymore.

— Mas como? O livro está dentro?

Claymore abriu o baú e para a surpresa de todos, estava vazio.

— Meninos, eu queria muito ajudar vocês, mas pelo que vejo não conseguirei. De fato foi uma surpresa terrível saber que o livro não encontra-se no mesmo local e que pode estar em mãos erradas. Irei averiguar amanhã e caso encontre o livro ou descubra o seu paradeiro avisarei vocês.

— Obrigado Senhora Fisher por ter nos ajudado. - Disse Tomás.

Saíram da biblioteca arrasados, seus objetivos em conflitos. Caminharam em direção a casa de Claymore quando Tomás para bruscamente.

— O que foi Tomás?

— Não podemos desistir, tem de haver algo que possamos fazer para tentar descobrir de onde e quem você realmente é.

— Desculpe Tomás, não lhe contei o que escutei na casa de Tosco.

*****

— Como assim Claymore? - Disse Tomás com os olhos arregalado. - O que você ouviu lá?

— Eu sou filho dos Magos Janete e Willian Dains. E os Jangs os sequestraram e parece que estavam a minha procura.

— O que???? Você é filho dos magos mais fortes de Denvor Soul?

— Sim - Respondeu Claymor envergonhado.

— Meu DEUS!! Como é que você se saiu mal nos testes do Tosco?

— HEY... pelo que eu sei os magos conjuram encantos e magias, não são bons com espadas! - Disse Claymore fazendo beicinho.

— O que você irá fazer?

— Ainda não sei, mas uma coisa é certa... Irei para Muximuxi para descobrir o que eles sabem a respeito da minha história.

— Não Claymore, você não pode ir sozinho! É muito arriscado, se os Jangs estão lhe procurando você não poderá se esconder por muito tempo.

— Hey, eles não sabem meu nome! Não espera..... eu também não sei meu nome.

— Como assim não sabe seu nome? - Perguntou Tomás incrédulo.

— Ué, o Jacuscos nunca me disse.

— Quantos anos você tinha na época?

— Acho que uns oito.

— Mas como assim você não lembra? O que aconteceu com você?

— Tive amnésia eu acho.

— Inacreditável! - Falou Tomás incrédulo. - Eu já desconfiava que você não era normal, agora eu tive a certeza de que és louco!

*********

Claymore voltara para casa na esperança de que Jacuscos ainda estivesse na casa do Tosco. Abrira a porta central da casa lentamente, espiara entre a pequena abertura que se fez e constatara que Jacuscos ainda não havia retornado, avistara a espada próximo a escada que desembocava para o seu quarto. Decidiu então dar uma olhada na bela espada que era pesada, mas que enquanto corria não se dera conta do peso ( mas também.... Quem iria perceber que estava correndo com uma espada que era mais pesada que 5 quilos de arroz na situação que lhe ocorrera?). Realmente era a espada mais bela que já vira na vida ( sério, Claymore não vira muitas espadas.... mas né), seu designe era único. Foi então que ocorreu a ideia de levá-la consigo em sua jornada, subiu as escadas correndo, ajeitou as suas roupas em uma trouxa e saiu do quarto em direção a cozinha. Lá pegou pão, um pedaço de queijo e um cantil com água e ajeitou tudo com o maior cuidado dentro da trouxa para que não molhasse suas roupas, decidira levar também suas economias ( que não era muito mais que 20 moedas de ouro) e torcera para que fossem o suficiente na sua estadia em Muximuxi. Deu mais uma olhada para ver se Jacuscos havia chego em casa, por sorte ainda não voltara da casa de Tosco, foi então que Claymore saíra de seu antigo lar para o início de uma nova jornada (ou confusão, quem sabe?).

Diante dos portões de Nandes Claymore passara com um sentimento terrível de culpa por não se despedir do padre Jacuscos, de Tosco (torceu o Nariz) e principalmente Tomás que sempre estivera com ele nos melhores (digo que não eram tenebrosos) e piores momentos (quando era humilhado perante a cidade). Mas não olhou para Trás porque algo em seu ser o motivava a ir além das fronteiras, queria descobrir o que realmente acontecera aos seus pais. Mas o que não conseguia entender era: os seus pais eram os magos mais poderosos, porque não detiveram os Jangs? - Uma sensação estranha tomou conta de seu coração, pensar sobre isso dava dor de cabeça, mas mo fim Claymore decidiu que esse enigma ainda teria que ser desvendado.