Cinderella

Dezessete anos


—humm...

A língua áspera em meu rosto me despertava, lentamente meus olhos se abriam e o pequeno poodle estava dentada sobre mim me olhando fixamente.

— Ainda está cedo Honey! Resmunguei.

Honey latiu pulando sobre a cama, puxei os lençóis tentando me proteger, mas logo me dei por vencida e sorri me sentado na cama, olhei para o relógio e já passavam das oito horas.

—Ai meu Deus.

Dei um pulo da cama correndo para o banheiro, havia compreendido porque Honey estava insistindo tanto para que eu levantasse, o navio que mamãe retornaria chegaria as oito horas mesmo não morando muito longe do porto não queria deixar mamãe e vovô a minha espera.

Entrei no banheiro e tomei um banho rápido saindo enrolada na toalha e abri meu closet pegando o primeiro vestido que vi em minha frente, escovei os cabelos e peguei minha bolsa saindo do quarto.

— Vem Honey, vou te dar seu café estou atrasada.

Enquanto seguia pelo corredor estranhei a estranha movimentação na casa, algumas vozes desconhecidas vinham da sala – Será que temos visitas? Murmurei olhando para Honey.

Apressei meus passos caminhando em direção as escadas e logo vi o senhor Montivanne sentado ao lado de tia Maeve.

— O que aconteceu? Perguntei enquanto descia as escadas.

—Oh querida! Tia Maeve se levantou vindo em minha direção, lancei um olhar de incompreensão para minhas primas Melissa e Abby que enxugavam algumas lagrimas.

— Algum problema tia, sente-se bem?

— Aconteceu uma tragédia! Ela respondia.

— Como assim tragédia? Perguntei olhando para o senhor Montivanne – O navio com a mamãe já chegou?

Minha tia desabou em lagrimas e eu me aproximei do velho motorista totalmente confusa – Será que pode me explicar?

— Renesmee, eu não tenho boas notícias.

— Onde está a mamãe e meu avô? Insisti.

— Alguns barcos pequenos chegaram ao cais essa manhã com passageiros, houve um acidente e o navio naufragou, a marinha já está a procura de sobreviventes.

— Onde está a mamãe e o vovô? Insisti

— Eles estão entre os desaparecidos! O senhor respondeu.

—Como? Perguntei sentindo meu coração apertar em meu peito, caminhei e forma apressada até a porta sendo seguida por Honey e sai correndo em direção ao porto.

O porto ficava a alguns minutos, essa era a vantagem de se morar em Camy como a cidade era pequena tínhamos um acesso mais rápido a algumas coisas.

Ao chegar no porto eu parei ofegante olhando para o cais, Honey latiu aparecendo ao meu lado, a língua para fora denunciava o quanto estava cansada, me abaixei a pegando em meus braços enquanto caminhava em meio a pessoas que ali haviam em busca de notícias dos passageiros do navio.

Eu caminhei com Honey em meus braços em direção a uma multidão que olhava uma lista na parede, calmamente consegui me aproximar mais observando os nomes, para meu desespero na lista estavam Isabella e Charlie Swan.

Eu desabei.

— Não pode ser! Murmurei enquanto caminhava com Honey – A mamãe e o vovô não podem estar mortos – Segui lentamente me afastando do porto e decidi retornar pra casa.

O senhor Montivanne não estava mais quando retornei, tia Maeve parecia estar mais calma e dava alguns ordens a Lucy, a senhora que trabalhava em nossa casa desde que eu nasci, ao me ver Lucinha como eu carinhosamente a chamava veio em minha direção e me puxou para seus braços.

— Menina, como você está? Estávamos preocupados com você.

— A mamãe e o vovô estão vivos, eu sinto Lucinha! Murmurei a abraçando.

— Tenha fé meu amor, sua mãe é forte e vai aparecer.

Concordei com a cabeça e desci Honey dos meus braços – Por favor pode dar a comida dela, eu vou para o meu quarto!

Lucinha concordou chamando Honey, tia Maeve me olhou de uma forma estranha, eu fiquei em silêncio e fui para o meu quarto, a única coisa que eu precisava era ficar sozinha.

Ao entrar em meu quarto olhei para o porta-retrato sobre meu criado mudo e o peguei em seguida me deitei na cama e o abracei forte.

— Mamãe, por favor volte! Sussurrei abraçada a nossa foto juntas.

Lembrei das ultimas palavras da mamãe, havíamos planejado sairmos juntas para comemorar meu aniversário, o dia o qual eu imaginei que seria um dos mais felizes estava se tornando o pior dia da minha vida, eu estava completado dezessete anos e não tinha nenhuma razão para comemorar.

Honey entrou pela pequena portinha criada para ela e pulou em minha cama passando a língua em meu rosto, eu a abracei forte sendo vencida pelas lagrimas, a pequena poodle se aninou ao meu lado tentando me confortar.

Durante o resto do dia não sai do meu quarto, Lucinha levou o almoço, mas eu não tinha fome, e a noite insistiu para que eu jantasse, eu tentei comer apenas para não a preocupar mas a fome havia desaparecido.

Acabei adormecendo.

Na manhã seguinte acordei cedo desejando eu tudo não passasse de um pesadelo, mas era real, após tomar banho e dar comida para Honey sai em direção ao porto em busca de notícias, para minha surpresa tia Maeve estava no porto.

— Não sabia que viria! Murmurei a olhando surpresa.

— Oh querida, isso será muito difícil para você! Ela falou ao se aproximar.

—Isso o que? Perguntei sem compreender.

—Encontraram alguns corpos, infelizmente o da sua mãe e avô estão entre eles!

— Não! Neguei com a cabeça.

— Eu sei que é difícil, mas você tem dezessete anos, precisa aceitar.

—Onde estão, eu quero ver! Falei de forma exaltada.

— Não podemos! Tia Maeve respondeu – Eu já reconheci os corpos, são de Charlie e Isabella.

—Não! Eu respondi novamente sendo vencida pelas lagrimas.

— Irei tratar do velório, eles acham melhor leva-los direto para serem enterrados não estão em boas condições.

—PARA! Gritei – É MENTIRA EU PRECISO VER!

— Eu já disse que não pode, vamos para casa você está muito nervosa! Tia Maeve segurou meu braço, Honey latiu a fazendo se afastar.

— Não é verdade! Falei olhando para o mar, mesmo que tia Maeve insistisse dizendo que eles estavam mortos, aquela luz de esperança em meu coração continuava acesa, por alguma razão ela insistia em dizer que eles estavam vivos.