Capítulo 09

Os cinco reunidos

Após a batalha, Hades e Apolo decidem por não esperar e regressar antes do cair da noite, levando consigo Abel, para isso pegam um planador terrestre que havia sido deixado para trás em Tharsis.

Ao chegarem no Monte Olimpo são recebidos logo de cara pelos Anjos Celestiais, sentinelas que faziam a guarda do portão principal, que dava acesso a parte baixa e a via principal de acesso ao Palácio dos Deuses.

O Monte Olimpo era uma grande montanha, se elevava a vinte e oito mil metros de altura em relação ao nível do mar do planeta Ares, sua base possuía seiscentos quilômetros de diâmetro e ficava situada no hemisfério norte. No alto do monte havia um platô com cerca de oitenta mil metros de diâmetro, onde no centro ficara o Palácio dos Deuses, uma construção digna de Zeus, uma obra monumental com dez mil metros de área construída, seus edifícios eram revestidos com ouro, prata e diamante, as demais partes eram todas pintadas de branco. Em torno de toda a área construída existia um lindo jardim, com alguns lagos e rios, também haviam pequenos bosques, toda essa parte chamava-se Jardim do Éden, cujo Hades tentara recriar para si no inferno e dera o nome de Campos Elíseos, enfim toda essa beleza se estendia até as bordas do platô.

Dali para baixo e em torno de todo o Jardim do Éden ficara uma grande cidade ou para ser mais exato uma imensa metrópole onde habitavam os Anjos Celestiais, ninfas, criaturas divinas e todos os outros demais seres subalternos dos deuses. A cidade era dividida em doze distritos que eram controlados por cada um dos doze deuses olimpianos, cada distrito era composto basicamente por Anjos Celestiais, ninfas, e os subordinados de cada respectivo deus regente.

Já no entorno de todo o monte Olimpo, poderia ser avistada a quilômetros de distância uma imensa muralha, com cem metros de altura no mínimo por toda a sua extensão, alguns pontos podendo chegar a cento e cinquenta metros de altura dependendo do desnível do terreno, ela possuía quatro grandes portões principais que ficavam situados ao norte, sul, leste e oeste da muralha. Também continha alguns pequenos portões por toda a sua extensão, para facilitar o transporte de pequenas mercadorias e produtos alimentícios vindos das áreas de agricultura.

Um pouco afrente a muralha, existia uma barreira de cosmo energia criada por Zeus, ela se erguia desde o chão e cobria todo o Monte Olimpo, repelindo automaticamente todos os inimigos e seres negados pelo deus dos deuses a adentrarem.

Ao chegarem no portão sul, Hades e Apolo são cercados por dezenas de Anjos Celestiais, que ficam chocados ao verem a presença de Abel.

–--Hades; Acalmem-se, Abel está sob meu controle!

O Imperador do Inferno segue rumo ao Palácio dos Deuses, seguido por Apolo e Abel, no caminho todos que ali estavam presentes ficam assustados por verem o filho esquecido de Zeus.

Assim que adentram o palácio são recebidos por Hera que já os esperava.

–--Hera; Não posso acreditar no que vejo!

Os três param a sua frente.

–--Hera; Hades o que fez com Abel?!

–--Hades; Nada demais Hera, eu apenas o tornei útil a nós.

–--Hera; Útil a você melhor dizendo!

–--Hades; Não tenho tempo pro seu sermão irmã, preciso me preparar para o que está por vir, então com sua licença eu me retiro!

Hades segue seu caminho seguido por Abel, mas Hera puxa Apolo pelo braço.

–--Hera; Apolo você foi conivente com tudo isso?!

–--Apolo; Fiz o que tinha de ser feito! Me desculpe Hera, mas Abel era um perigo em potencial á séculos, pelo menos agora ele nos será útil!

–--Hera; Ele é seu irmão!!!

–--Apolo; Um detalhe que logo será corrigido!

Hera solta seu braço deixando que os três continuem seu caminho.

***Hera; “Os deuses perderam a fé em si mesmos.”

Ela se vira e vai caminhando em direção aos seus aposentos, já os três seguem de encontro à Zeus, que os aguardava em seu trono.

Assim que chegam Hades não espera para ser anunciado e vai entrando na sala do trono, Apolo o acompanha e ambos são surpreendidos pela presença de Artêmis, já que a deusa a muito se mostrava conivente com as intenções de Atena.

–--Hades; Essa definitivamente é uma daquelas cenas que eu não esperava ver!

–--Apolo; Artêmis você veio pedir perdão a Zeus por ser conivente a Atena?!

Artêmis se mantem calada e olha para seu pai que toma a sua palavra.

–--Zeus; Não precisam interroga-la, o assunto o qual estamos tratando não lhes dizem respeito, do mesmo jeito que enfrentar Abel e controla-lo não me foi consultado.

Zeus cumprimenta Artêmis com um beijo na testa e um abraço, em seguida pede para que ela saia e tome cuidado.

–--Artêmis; Posso abraça-lo meu irmão?

Apolo fecha a cara exibindo um ar de reprovação, mas logo muda sua feição.

–--Apolo; Sim, mas isso não mudará o resultado se você seguir os passos de nossa irmã!

–--Artêmis; Eu entendo irmão, mas também tenho minhas razões para fazer isso!

Artêmis o abraça e deixa a sala do trono em silencio.

–--Hades; Será que agora podemos continuar com a história!

Zeus caminha para a porta e pede para que Abel entre.

–--Zeus; Jamais imaginei que Abel sucumbiria as vontades de alguém, embora soubesse que sucumbiria as suas próprias vontades.

–--Hades; Zeus vou ser bem prático, vim aqui somente para lhe mostrar que pude controlá-lo, agi errado em não lhe avisar, mas também se o avisa-se com certeza nos impediria de fazê-lo.

O deus dos deuses senta novamente em seu trono.

–--Zeus; Então seja pratico Hades e me diga logo o que quer?

–--Hades; Quero comandar o ataque dos deuses aos humanos, tenho meus próprios métodos e objetivos, Ares muito provavelmente destruiria toda a Terra, assim como fez com o continente de Mu e isso não é favorável a nenhum de nós no momento.

–--Zeus; Ares é o deus da guerra, ele tem o direito e dever de lidera-la!

–--Apolo; Pai, Hades tem razão! Não podemos deixar o controle da guerra nas mãos de Ares, lembre-se que o nosso objetivo é evitar que Cronos se liberte!

Zeus reflete por um momento.

***Zeus; “Nesse ponto eles têm razão, Ares aniquilaria a Terra pelo simples prazer de guerrear e matar, as almas humanas iriam todas para o inferno e isso não ajudaria em nada.”

–--Hades; Então Zeus já se decidiu, vai me deixar comandar o ataque ou vai entregar tudo nas mãos inconsequentes de Ares?

–--Zeus; Está bem Hades, mas lembre-se de que preciso dos humanos, não os aniquile!

–--Hades; Não se preocupe sei bem como fazê-lo, além de que também tenho interesse neles.

–--Zeus; Interesse?!

–--Hades; Sim, eu tenho interesse na raça humana, afinal além de carregar peso como qualquer outro animal eles também pensam, serão ótimos serviçais depois que eliminarmos os infiéis é claro!

Dito isso Hades se vira e vai caminhando para a saída seguido de Abel.

–--Hades; Bom eu me retiro, preciso voltar para os Campos Elíseos e preparar o ataque, Poseidon já deve estar muito impaciente por não darmos satisfação e instruções a ele!

Hades se retira do Olimpo e volta para os Campos Elíseos, Apolo e Zeus têm uma breve conversa sobre as intenções dele, mas não chegam a um consenso, então o Senhor dos Deuses pede para ficar sozinho novamente e que seu filho deixe a sala do trono.

Enquanto isso na Acrópole de Atenas, já haviam se passado uma semana desde que os cinco jovens guerreiros foram resgatados por Atena, Pegasus e Loki. Eles receberam tratamento e com a exceção de Caesius todos os demais já tinham se recuperado dos seus ferimentos, também já estavam a par de tudo o que havia acontecido, do porquê de estarem lá, mas ainda existia muitas perguntas a serem feitas e lacunas preenchidas.

Caesar estava a caminhar pelos corredores do templo indo em direção do quarto de seu primo, ele estava em coma induzido por Atena, que optou por esse método para evitar o sofrimento do jovem guerreiro, seu ferimento entre os olhos não era profundo, portando não implicando em risco de morte, mas a lamina usada pelo espectro causou uma infecção e o tratamento era doloroso.

Ao entrar no quarto Caesar vê uma vez mais uma linda mulher, que aparentara ter uns trinta anos de idade, um metro e setenta e três de altura, cabelos longos e lisos com uma cor azul do o tom da água.

–--Caesar; Você aqui de novo!

A mulher fica em silencio, ela continua os seus afazeres trocando as faixas sujas de sangue e remédios que envolviam a cabeça de Caesius, ela pega um pote para passa novamente o antibiótico em pasta no ferimento e recoloca faixas limpas.

–--Caesar; Nós cinco levamos dias para nos tratar, várias pessoas nos ajudaram e graças aos conhecimentos de medicina de Atena, nós nos recuperamos muito rápido, mas mesmo assim o que me intriga é que você foi a única que não saiu de perto dele! Por que Tisífone?

Tisífone esvazia um jarro onde havia uma linda rosa branca e o completa com água limpa.

–--Tisífone; Estou apenas fazendo o meu trabalho.

–--Caesar; Seu trabalho! A maneira como cuida dele não é comum, é como se já o conhecesse!

Ela olha para Caesar porém não diz nada, recolhe todos os panos sujos e vai andando em direção a porta, mas é segurada pelo braço.

–--Caesar; Por favor me diga se você sabe de alguma coisa! Eu preciso saber o que realmente está acontecendo e se você realmente se importa com meu primo, por favor me diga o que Pegasus não quis nos contar!

A bela mulher senti o medo em Caesar e com um sorriso tenta amenizá-lo.

–--Tisífone; Não precisa se preocupar porque vocês não estão sozinhos, se Pegasus não lhe contou tudo é porque deve ter uma boa razão, apenas confie nele!

Após dizer essas palavras Caesius começa a despertar de seu coma.

–--Caesius; Ai... aaiI Que dor, onde eu estou?! Tsavo?! Tsavo?! Onde você tá!

Caesar e Tisífone vão ajudá-lo, mas ele não os reconhece, assustado empurra seu primo contra a parede.

–--Caesius; Tsavo! Tsavo!

O jovem começa a tirar as vendas de seu rosto, porém a claridade acaba lhe causando uma cegueira temporária devido aos dias que passara em coma, Tisífone tenta abraçá-lo mas também é jogada contra a parede do quarto.

–--Tisífone; Incrível, seu cosmo latente está gritando pra se manifestar!

Caesius sai correndo pelos corredores do templo, enquanto arrancava suas vendas, Caesar vai em seu encalço até que chegam a um lindo jardim, local onde as pessoas frequentavam para descansar e espairecer. No momento em que Caesius passava por uma fonte, foi surpreendido por Tauro e Aegir que o agarram imobilizando-o, Zhang que acompanhava os dois apenas fica observando.

–--Aegir; Caesius calma, nós não somos seus inimigos!

–--Tauro; Você está num lugar seguro!

–--Caesius; Tsavo! Tsavo! Onde você tá Tsavo!

–--Aegir; Quem é Tsavo?! Vocês sabem quem é ele?

–--Tauro; Eu não sei!

–--Zhang; Caesar me disse a alguns dias que Tsavo era o leão de estimação dele.

Nesse momento Caesar chega correndo, após alguns minutos Caesius se acalma, eles o levam para a sombra, aos poucos suão visão também vai voltando embora continue sensível a luz.

Os quatro o levam até seu quarto, ao chegarem Tisífone já não se encontrava mais lá.

***Caesar; “Mais que mulher estranha, só falta ela ser papa anjo!”

Com os cinco ali reunidos e o tumulto terminado, um a um eles vão se apresentando, Caesius olha para um banco que estava perto da cabeceira de sua cama e repara na rosa branca.

–--Caesius; Foi algum de vocês quem colocou essa rosa aqui?

–--Caesar; Não, foi uma mulher que estava cuidando dos seus ferimentos, mas era estranho porque ela não desgrudou de você, ficou quase todo o tempo ao seu lado!

–--Zhang; Ela deve ter perdido alguém parecido com você, um familiar quem sabe.

–--Caesius; Ou então ela quer meu corpo nu! Há há!

Todos começam a rir, aquilo era o que faltava para quebrar o clima pesado, causado pela perda que todos haviam sofrido até o presente momento.

A conversa continua até a noite cair, eles explicam e compartilham com Caesius tudo o que tinha acontecido até o presente momento, suas perdas, suas dores, a ajuda de Atena, a luta de Pegasus contra o Juiz do Inferno. Eles continuam trocando informações noite a dentro, até serem interrompidos por uma serviçal, que vem lhes avisar de que Pegasus os está chamando na sala do trono.

–--Caesius; Que cara folgado, se ele que falar conosco por que ele não vem até aqui, somos cinco aqui e um lá!

–--Serviçal; Deve ser porque a deusa Atena os espera lá!

–--Caesius; Ah tá! Já estamos indo!

Novamente os demais começam a rir da situação, eles ajudam Caesius a limpar os pontos, depois de feito isso todos seguem para a sala do trono, já que eles estavam hospedados em um edifício perto do templo.

O Templo de Atena foi erguido na parte mais alta da acrópole, sendo rodeado por várias outras construções menores ou equivalentes, abaixo dessas construções foi erguido um grande muro cercando todo o santuário, separando-o do resto da acrópole.

Assim que os cinco jovens guerreiros entram no templo, são imediatamente escoltados por um grupo de soldados atenienses que faziam a guarda, ao adentrarem eles ficam admirados pela beleza interna, os acabamentos, a limpeza e as estruturas imponentes.

–--Tauro; Vivi anos em Roma, mas nem lá conheci construções assim!

–--Caesar; Roma é uma cidade jovem, quem sabe algum dia ela se torne tão grande quanto Atenas!

–--Zhang; Imagino quantos escravos foram necessários para erguer tudo isso!

–--Aegir; Muitos Zhang! Muitos!

–--Soldado Ateniense; Nenhum escravo foi usado aqui! Tudo isso foi erguido com o nosso suor! Suor de homens e mulheres de Atenas!

Aegir e Zhang vendo a irritação do soldado e dos demais com seus comentários, pedem desculpas por terem dito aquilo sem saberem a história da cidade.

***Caesius; “Ainda bem que fiquei quieto, eu ia soltar uma pérola! Há ha!

Após uma breve caminhada pelos corredores, acabam por chegar a entrada da sala do trono, eles são anunciados pelos soldados e Atena pede para que entrem, os cinco ficam ansiosos já que nenhum deles chegou a ver pessoalmente a deusa, durante a semana que se passou. Ao entrarem eles ficam enfileirados de frente para o trono, que estava atrás de duas grandes cortinas semitransparentes.

–--Caesius; Alguém ai tá vendo alguma coisa, porque eu só estou vendo a sombra de uma mulher sentada ali!

Nesse momento duas serviçais abrem as cortinas, assim então eles veem pela primeira vez a deusa Atena, uma linda mulher de aparência jovem, de cabelos longos e ondulados, loira e muito embora ela fosse uma deusa do Olimpo suas vestes eram simples, quase se confundindo com as de seus subordinados, mas algo era inconfundível, seu cosmo sereno e acolhedor que reconfortava a todos.

–--Zhang; Que sensação estranha, eu sinto paz, é como se minha dor e raiva tivessem ido embora!

Do lado direito do trono estava Pegasus, seu fiel companheiro e do lado esquerdo Artorius, o guerreiro mais leal a Atena. E é agora que a realidade começa a ser imposta aos jovens guerreiros.

Continua...

Fim do capítulo 09

Fernando Onofre de Amorim

23h 02min 20/12/2013