Chris e eu?

Uma enfermeira terminava de colocar curativos sobre os ferimentos de Carlos Oliveira, ela sorria um pouco corada para ele. Às vezes ela ajeitava uma mecha solta de seus cabelos loiros atrás da orelha e fazia o rapaz achar graça naquela situação. Não era a primeira vez que uma mulher se insinuava para ele, o que inflava seu ego até as alturas. O mercenário costumava se gabar que todas as garotas ficavam caídas por ele ao ouvirem seu sotaque latino. Mas apesar das inúmeras que o fizeram acreditar ser um sedutor nato, uma policial em específico não pareceu cair em seu charme.

Todavia, o jovem estava convencido que toda conjuntura de Raccon City não permitiu à Jill pensar em tais coisas. Infelizmente o mesmo não pode ser dito dele que logo se impressionou pelas notáveis habilidades de Valentine e também por sua beleza. Nunca antes em sua vida ele havia conhecido mulher tão determinada e forte como era aquela integrante do S.T.A.R.S. e isso de certa forma o fascinava. Determinado, ele se levantou de seu leito e antes que a enfermeira sumisse de vista pela porta, Oliveira a chamou.

— Senhorita, poderia me informar se a moça que estava no helicóptero está por perto?

O lábio inferior dela se torceu, demonstrando seu desagrado pelo questionamento e de raiva ela se virou antes de responder secamente. – Não sei informar.

Carlos riu quando a jovem o deixou, mas isso não era o suficiente para deixá-lo longe de Jill por muito tempo. Por sorte, não havia adquirido graves ferimentos na cidade e logo estaria novo em folha, sendo assim ele seguiu corredor afora até encontrar um médico que lia qualquer coisa em uma prancheta sustentada pelas mãos. Distraído demais, o profissional se assustou quando foi abordado pelo rapaz.

— Ah... Desculpe Doutor – Após um breve susto que quase fez a prancheta cair ao chão, o médico ajeitou os óculos e mirou o mercenário. – Estou procurando minha parceira, Jill Valentine.

— Sim, senhorita Valentine está bem, com apenas pequenas escoriações pelos membros.

— Gostaria de vê-la.

— Vire à direita no fim deste corredor e irá encontrá-la na última porta à esquerda.

— Obrigado.

Oliveira seguiu o percurso curto conforme as orientações e quando chegou até o quarto indicado, encontrou a porta aberta, possibilitando uma clara visão da jovem com alguns curativos pelos braços e pernas. Ela olhava pela janela e parecia perfeitamente bem. Carlos limpou a garganta e fez a garota se virar para verificar quem estava ali. Um sorriso doce lhe recebeu, fazendo seu coração amolecer por completo.

— Olá Carlos! Fico feliz que esteja bem. – Ela se aproximou dele e sem cerimônias lhe deu um abraço respeitoso.

— Eu sou duro na queda. – Foi a melhor resposta que conseguiu diante daquele gesto inesperado. – E você? Como se sente?

— Bem. Obrigada de novo, por ter me dado o antídoto, sei que não tinha qualquer obrigação para comigo.

— Não diga isso. Não poderia nunca deixar uma parceira para trás.

Então uma terceira e máscula voz interrompeu a conversa despretensiosa dos dois, chamando pela jovem à sua frente. Um sorriso ainda mais entusiasmado desenhou-se nos lábios de Velentine que passou pelo mercenário rapidamente, de encontro ao recém chegado. Quando o sul-americano se virou para ver a quem pertencia aquela voz, se deparou com um homem abraçando a policial. A farda e o cabelo curto o caracterizavam-no como um militar que ele descobriu se chamar Chris quando a ouviu chamando-o assim. O lábio inferior de Carlos torceu-se da mesma forma que o da enfermeira de cabelos claros fizera instantes antes.

— Vim assim que Barry me contatou. Como está? – Ele a encarava com olhos aflitos quando separaram os corpos. Havia derradeira preocupação em sua voz.

— Estou bem e obrigada por vir. – A sempre gentil Jill deixou uma das mãos escorregar pelo braço de Chris e entrelaçou seus dedos aos dele. – Quero te apresentar Carlos Oliveira. –Ela se virou de frente para o mercenário, este agora recebia a atenção de ambos. – Ele me ajudou muito em Raccon City. Carlos, esse é Chris Redfield.

Nesse instante, Chris soltou sua mão dela e a estendeu para o rapaz. – Obrigado por não deixá-la sozinha.

— Não precisa agradecer, faria tudo novamente para ajudar a Jill.

Redfield lhe anuiu e virou-se novamente para Valentine. – Irei ver Burton e volto logo depois para conversarmos melhor.

Ela confirmou com a cabeça e viu o amigo partir até sumir de vista quando se enfiou em um corredor à esquerda mais a frente. Jill e Carlos estavam sozinhos uma vez mais.

— Então, ele é seu namorado?

— Namorado? – Ela o encarou um pouco corada e esboçou um sorriso tímido. – Chris e eu? Não, não. Somos colega de equipe. Formamos-nos juntos na academia.

— Sei... – Carlos suspirou, afinal mesmo que não fossem namorados, qualquer um poderia ver que havia algo muito mais intenso que mero coleguismo. – Bom, acho que merecemos um pouco de descanso. Vemos-nos depois Jill, em circunstâncias melhores, eu espero.

Carlos lhe cedeu mais um de seus sorrisos conquistadores, visto que ele ainda podia sonhar ou ao menos descobrir o nome da enfermeira de cabelos claros que lhe foi tão solicita mais cedo. Pois, ao menos por enquanto, Jill Valentine não seria mais uma garota se encantar com seu sotaque latino, o que pra ele era uma grande lástima. Mas vida que segue.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.