Me olhei no espelho e arquejei, Renata tinha arrasado no meu cabelo, ela tinha mãos de fada realmente. As mechas loiras foram prendidas no topo da cabeça em um coque delicado e algumas presilhas de florezinhas amarelas se distribuíam pela lateral da minha cabeça, combinando com meu vestido amarelo de um tecido fino que Adriana tinha se encarregado de mandar fazer com uma costureira de confiança, o vestido havia ficado perfeito, justo na parte de cima e com algumas saias que caíam como cascatas até a altura dos joelhos.

— Ainda bem que o vestido serviu em você. _ disse Adriana _ Parece que você está mais gordinha.

— Eu?

— Sim, seu quadril está mais largo, eu acho.

— Deve ser porque eu e Tiago estamos comendo mais comidas em casa. Estamos fazendo todas as receitas que encontramos na internet.

Comecei a rir.

— Por falar em Tiago, já viu como ele está lindo? _ disse Adriana à Renata.

— Ei, _ resmunguei _ estou aqui, ok?

— Calma gata, cada uma aqui já tem o seu macho.

— Cada uma é? _ falei mirando Renata pelo espelho. Ela percebeu e enrubesceu.

— Parece que temos um novo casal de namorados na parada... _ disse Adriana.

Começamos a rir juntas.

— Ah Renata, desejo que vocês sejam muito felizes.

— Obrigada Laureen, eu também.

— E Antônio como está? Ainda desconfia de mim? _ perguntei.

— Não, acho que ele está mais tranquilo, mas talvez não se arrisque em nenhuma outra aventura com você. _ disse ela rindo.

— Ai meu Deus, é cada coisa...

— Ok, ok, temos que nos apressar, os convidados já estão chegando.

— Muitos convidados eu diria... _ murmurei.

Convidamos poucas pessoas pra nossa reunião. Eu apenas tive que convocar meus irmãos do exterior e eles trouxeram suas companheiras, Adriana como sempre não disfarçou a admiração por eles quando os viu. Suely havia cedido o quintal de sua casa na fazenda pra fazermos a reunião, ainda faltavam algumas horas pro almoço mas as meninas e até os filhos de Suely estavam lá desde cedo pra arrumar o local e a decoração. Tiago havia me apresentado aos pais dele uma semana antes do casamento, eu preferia que fosse de outra forma mas Tiago não queria dar tempo de eles arrumarem alguma desculpa e não deixassem que ele casasse. Mas percebi que eles já me conheciam a um bom tempo, talvez Tiago não fosse tão reservado quanto eu.

Os meninos seriam nossos padrinhos e as meninas, chiquititas, nossas madrinhas, se não fossem iriam querer nossas cabeças. Railsom veio à porta do quarto que Suely cedeu pra que eu me arrumasse e avisou que o juiz já tinha chegado. Ele era um amigo de Railsom que pelo visto havia conseguido abrir seu próprio escritório.

— Ai meninas estou tão nervosa! _ disse Adriana.

— E olha que a noiva sou eu. _ falei, rindo.

— Ok, _ Renata segurou nossas mãos. _ Agora temos que ir. Sem desmaios ou nada disso Laureen, por favor.

— Eu estou bem meninas, já disse que foi apenas o estresse dos preparativos. Escolher docinhos é difícil, tá bom?

Meu desmaio no dia anterior tinha deixado Tiago quase pirado, por sorte estávamos na casa de Adriana e ela soube o que fazer, me trazendo de volta em alguns segundos.

— Sim, sim, já entendemos. _ continuou ela _ Só respira fundo e olha pra frente.

— Você está maravilhosa. _ disse Adriana com a voz trêmula me entregando o buquê de flores brancas.

Minhas amigas saíram na frente e eu as segui. Renata com um vestido vermelho, parecendo uma bailarina, e Adriana com um longo rosa modelando seu corpo, madrinhas com cores preferidas era outra história...

Seguindo pelo corredor da casa em direção aos fundos, eu sentia um frio na barriga e uma excitação enorme, esperei um pouco antes de surgir na porta de trás que estava enfeitada com flores e então o vi.

Tiago me esperava no fim do tapete vermelho, com um paletó branco que eu sabia que ele ia tirar logo que tudo terminasse, até eu né, com um sol daqueles, e em direção ao sorriso dele eu caminhei, sem mais nervosismos, com minhas amigas, me olhando e se derramando em lágrimas, segui no tapete vermelho sorrindo para meus poucos convidados, vendo os flashes das câmeras me senti num lugar de destaque, e independente do que Soraya tivesse dito percebi que esse sempre foi o meu lugar.

CH

Comi mais do que deveria e acabei não conseguindo mais ficar em pé, a música ainda inundava o ambiente e os meninos se divertiam dançando, os outros convidados já estavam indo embora e meus irmãos iriam pra um hotel na cidade.

Renata e Adriana se jogaram nas cadeiras ao meu lado também, Adriana com o buquê que ela tinha feito um escândalo pra pegar. Mama passou por nós para se despedir, eu a havia convidado para a festa já que ela era praticamente da família agora, da nossa esquisita família.

Tiramos nossos sapatos depois que Mama saiu e ficamos a observando.

— Acho que foi uma boa coisa ela ter assumido o orfanato. _ comentou Renata.

— Com muita relutância pelo visto... _ falei.

— Ela tem um espirito nômade, sabe? _ disse Adriana_ Não consegue ficar apenas num lugar por muito tempo. Mas Railsom conseguiu convencê-la a ficar aqui até que encontrem outra pessoa responsável.

— Ela vai se sair bem. _ falou Renata.

Suspiramos.

— Já sabem onde vão passar a lua de mel? _ perguntou Adriana.

— Bem, Tiago quer ir pra alguma praia, e eu queria que ele conhecesse a casa dos meus pais, então meio que vamos fazer um tour.

— Ah vai ser incrível com certeza. _ disse Renata.

— Eu admiro esse fogo de vocês, hein, vou te dizer... _ falou Adriana.

— Até parece que você e Railsom não fazem isso. _ resmunguei.

— Sim, mas não com tanta frequência, sei lá._ retrucou ela rindo.

— Acho que eu e Tiago ficamos longe um do outro tempo demais, e agora não podemos perder nem um segundo. _ sorri comigo mesma. _ Acha que Railsom está pronto pra algo mais sério? _ falei indicando o buquê nas mãos dela.

— Não sei ao certo, _ respondeu Adriana_ mas daqui com uns meses acho que já vamos convidar vocês pro nosso noivado. _ e soltou uma gargalhada.

— Você deixa seu parceiro tão à vontade que me comove. _ falei sorrindo também.

— Eu sei que vocês me amam. _ retrucou ela_ Só quero saber quando você vai ter tempo pra nós. Ainda estamos aqui, ok?

— É verdade Laureen, sinto falta da noite do pijama ou do cinema. _ disse Renata.

— Nunca vou esquecer vocês, suas ciumentas, vamos tirar um dia pra fazer alguma coisa juntas, tá? E peço que me perdoem por tudo que fiz, por ter pensado só em mim... não foi minha intenção. _ respondi.

— Tudo bem Laureen, nós somos suas amigas, vamos estar aqui quando precisar. _ falou Adriana segurando minha mão.

— Amo vocês. _ murmurei, sentindo que já ia chorar, ultimamente eu estava um poço de sensibilidade.

Renata colocou o dedo indicador e médio juntos diante de nós e perguntou.

— Jura pelas chiquititas?

Um sorriso se formou em nossos rostos.

— Juro.

—Juro.

E selamos nosso juramento de amor, pra que nem a mortalidade fosse capaz de apagar essa brincadeira que virou história.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.