O táxi em que eu estava já ia em direção à um restaurante na orla da cidade, era simples mas elegante. Adriana havia me confirmado àquela tarde que Tiago iria sair com ela à noite, mas as Chiquititas não sabiam de nada.

O carro parou na frente do estabelecimento e fui recebida por um vento frio vindo do mar, estava com um vestido preto justo, meu óculos, a peruca e uma pequena mala contendo pra guardar meus disfarces, sem lentes dessa vez, pra facilitar o reconhecimento.

Me acomodei numa das mesas perto do banheiro e logo encontrei o casalzinho, Tiago analisava o cardápio e Maíze tagarela rindo desnecessariamente, uma coisa cresceu dentro de mim, acredito que era ódio. Escrevi um bilhete e pedi ao garçom que lhe entregasse. Nele estava escrito “Tenho um segredo do seu namorado pra contar...” e esperei o momento certo em que Maíze o lesse e levantasse os olhos pra me olhar, então ela me veria entrando no banheiro, e nós teríamos nossa conversa.

Entrei como um furacão no banheiro e me tranquei num dos boxes, só deu tempo de tirar as perucas e o óculos quando ouvi o barulho da porta sendo aberta. Passei um batom vermelho e esperei Maíze caminhar mais adentro, quando vi seus sapatos passarem a frente do meu boxe resolvi sair.

Ela ouviu o barulho dos meus saltos e imediatamente virou, e congelou.

— La-Laurinha?

Abri um sorriso para ela.

— Ei, você foi uma das poucas que me reconheceu logo de primeira!

— O que você está fazendo aqui?

— Ah... vim visitar uns amigos. Não ficou feliz com a surpresa?

— Eu não sou sua amiga.

— Ah... é mesmo né, nós éramos inimigas quando crianças...

— Eu vou embora daqui.

Maíze já ia em direção à porta mas eu barrei sua passagem.

— Não vai não.

— Você pensa que é o quê, hein? Quer estragar o meu jantar com o meu namorado?

A encarei e segurei a vontade de rir.

— Seu namorado é...

— O que foi? Tá com ciúme? Por que ele escolheu a mim e não você?

Olhei Maíze nos olhos.

— Ele não te escolheu ao invés de mim, ficou com você porque não tinha outra opção, ou você esqueceu que aquela cobra que te protegia me mandou pro outro lado do oceano?

Maíze paralisou.

— E só pra confirmar que eu estou certa, pergunta pro teu namorado qual foi a escolha que ele fez ontem à tarde...

Maíze deu um passo pra trás. Dei uma risadinha.

— A cama estava tão quentinha....

— Sua mentirosa!

— Eu? Mentirosa? Não, minha querida, não mesmo. Se quiser pode ir perguntar pro Tiago onde ele passou à tarde de ontem e eu tenho certeza que ele vai dizer que foi comigo.

Lágrimas desceram dos olhos de Maíze. Que tola.

— E eu sugiro a você que quando sair daqui vá direto pra casa e nem fale com o cara que está lá fora, porque eu tenho certeza que se você voltar será pra ele terminar o que você disse que foi uma escolha... uma bela escolha...

— O que você quer?

— O que eu quero? Hum... eu quero apenas o que me pertence, só isso. E caso você tente interferir nessa história vai se ver comigo, entendeu?

— Você está me ameaçando?

— Nossa, quão inteligente você é...

Maíze revirou os olhos.

— E mais uma coisa, _ continuei. _ sugiro que pra preservar sua honra você termine o namoro com o Tiago.

— O quê?

— É melhor pra você se as pessoas saberem que foi você que chutou a bunda dele, vai ficar bem estranho se outros saberem que ele te traiu, não é? Então liga pra ele amanhã e encerra esse caso, ok? Eu espero que eu não precise interferir novamente...

— Você é uma cobra.

Arqueei as sobrancelhas e ri.

— Ah Maíze, posso ser outras coisas, mas cobra não.

Dei uma piscadela.

Maíze saiu pisando duro do banheiro e fui colocar meus disfarces o mais rápido possível. Tiago não podia nem sonhar que eu estava ali, talvez eu contasse o que fiz depois, quando ele criasse vergonha naquela cara linda dele e me assumisse como a mulher que ele amava.