Chiquititas - Revenge
Emprego
O sol não amanheceu radiante na segunda feira. Era meu primeiro dia de trabalho eu teria que ver aquela criatura indesejável. Me arrumei de maneira decente, com meus disfarces e tudo mais e fui para o orfanato.
Logo que cheguei fui recebida por Soraya, as crianças estavam tomando café da manhã no segundo andar e segui a malévola pelo corredor.
— Posso conhecê-las? _ perguntei me referindo às crianças.
— Ah... não se dei ao trabalho. Elas vão vir atrás de você. São bem curiosas... até demais. _ Soraya arqueou as sobrancelhas.
Chegamos ao escritório. Minha nova prisão.
— Bom, preciso que você organize alguns documentos por aqui durante essa semana... os patrocinadores do orfanato sempre cobram algumas coisas e precisamos reajustar gastos e prestar contas, você sabe. Nessas caixas estão algumas fichas de crianças e nessas também. _ Soraya indicou umas caixas que estavam empilhadas perto da parede. _ Quero que você as organize no sistema, é bem simples. Precisamos fazer isso porque é bem fácil do que mexer em papéis não é?
É. E ela queria que eu mexesse com aquilo porque devia estar morrendo de preguiça. Mas até que era melhor porque assim eu poderia descobrir algumas informações.
Soraya saiu com a desculpa de que precisava resolver alguns problemas, enquanto isso fui analisar as fichas das atuais crianças do orfanato, ao todo eram doze e reconheci as que eu já tinha visto por meio de fotos. A que tinha falado comigo se chamava Audalice e a outra que só tinha me observado era Brenda.
Enquanto me surpreendia a cada nova ficha que encontrava acabei me esquecendo de lanchar mas meu estômago me lembrou; fui à cozinha no segundo andar mas não vi nenhuma movimentação estranha na casa. Depois que voltei ao escritório ouvi ruídos vindos da sala e antes de me sentar a porta se abriu e Tiago surgiu me levando a paralisia imediata.
Lindo como sempre, logo trouxe à minha mente os momentos que passamos juntos fazendo meu rosto esquentar. Mas então percebi que ele parecia estar nervoso, não, irritado.
— Bom dia. _ falei tentando disfarçar a voz, meus disfarces estavam ali então precisava aparentar tranquilidade.
— Bom dia, você pode me informar onde a Soraya está?
— Ela saiu pra resolver uns problemas e...
— Eu falei que ela tinha saído. _ disse Audalice surgindo de trás dele cruzando os braços.
— Desculpa, é que eu pensei que Soraya estava me evitando.
Audalice revirou os olhos e eu sorri. Faria a mesma coisa se pudesse.
— Deseja mais alguma coisa? _ perguntei. A não ser eu, claro.
— Hum... só avise Soraya que eu estive aqui e que preciso falar com ela.
— Tudo bem. _ sentei na cadeira pra ver se minhas pernas paravam de tremer.
Tiago pigarreou e perguntou:
— Sabe por onde anda a antiga secretária?
— Me parece que ela saiu de férias.
— Férias?
— Sim, com o namorado.
— Com o namorado?
— Humhum...
— Você tem certeza?
— Olha... não vou mentir né. Pra quê eu faria isso?
Pra quê não é mesmo...?
— Ah... então obrigado.
Tiago saiu rapidamente e bateu a porta.
— De nada lindo. _ Sorri.
Logo que ele saiu ouvi mais ruídos. Levantei e abri a porta só um pouquinho. Vi Soraya e Tiago conversando.
— É verdade que ela saiu de férias com o namorado? Que namorado é esse?
— Não posso me intrometer na vida de vocês meu querido. Maíze é como uma filha pra mim você sabe, não a proibiria de viajar um pouco.
— Mas com quem ela foi Soraya?!
Soraya respondeu baixinho mas percebi o nome que ela citou. Rangel.
Tiago fechou os olhos e franziu o cenho. Depois suspirou.
— É... acho que não estava sendo um bom namorado.
— Ah não fale isso, você é um ótimo rapaz! _ Disse Soraya acariciando seu braço. Vadia.
— E essa garota que está aí? Vai substituir Maíze?
— Não... ela só vai ficar por um tempinho até Maíze voltar. Ela tem um ótimo currículo e tem até sobrenome estrangeiro mas deve estar precisando de grana mesmo pra vir trabalhar aqui.
— Qual o nome dela?
Não.
— É um nome bonito... como é mesmo?
Não. Não.
— Lauren Mckessie!
Desgraçada.
Tiago arregalou os olhos.
— Desculpe Soraya, preciso ir.
E se foi.
CH
Com o nervosismo que me dominou acabei fazendo o trabalho da manhã e da tarde então fui liberada pra surpresa de Soraya, até cheguei a pensar se ela não tinha mudado um pouco...
Na volta pra casa só conseguia pensar em Tiago e a que horas ele viria atrás de mim.
CH
Depois de almoçar fiquei encarando o teto do meu apartamento, não queria incomodar as meninas com minhas perturbações mas meu telefone tocou, minhas preces foram ouvidas.
—Alô? _ falei
— Oi, quero falar com a Laureen. _ era a voz de Adriana.
— É a própria.
— Oi própria, pode chamar a Laureen pra mim?
— Palhaça! _ falei rindo. _ O que foi?
—Tenho um babado pra você! Não sei se você vai gostar mas...
— O que foi? Me conta logo!
— Adivinha sobre quem é?
— Tiago! _ falei sem pensar duas vezes.
— Nossa... parece que uma pessoa não saiu da sua cabecinha o dia todo né...
Me joguei na cama resmungando.
— Não amiga... e isso tá pra me deixar doida...
— Bom, o negócio é que a uma hora atrás o seu lindo apareceu aqui em casa, vermelho como uma pimenta e bem irritado por sinal.
— Meu Deus! O que ele foi fazer aí?
— Fiquei abismada! Ele chegou e logo começou a perguntar pra mim porque eu não tinha dito a ele que você já tinha voltado e tal. Brigou comigo como se eu fosse filha dele! Pois é, deixei ele falar tudo que estava entalado e depois mandei ele sentar e se acalmar...
— Adriana, você não presta! _ falei rindo.
— Eu sou maravilhosa meu amor! Então só disse pra ele assim “Eu pensei que você já soubesse né, já que transou com ela semana passada.”
— Meu. Deus. _ arqueei.
— Rá rá! Ele ficou de vermelho pra branco e gaguejou como uma criança. Depois foi a minha vez de brigar com ele e tudo mais, falei que ele parecia um moleque por ter agido da forma que agiu com você e ainda por cima sem falar nada pra nós. E depois perguntei como ele te achou.
Respirei fundo.
— E o que ele disse?
— Ele disse que agiu de forma errada quanto a isso. Já vinha suspeitando que você poderia voltar e semana passada ele entrou no meu quarto enquanto só estava o Railsom em casa e ele estava no banheiro, então o Tiago ficou procurando alguma coisa que nem sabia o que era até que ele achou o endereço do seu apartamento escrito num papel.
— Caramba.
— Desculpa Laureen, eu esqueci aquilo ali e sei lá... foi coisa do destino porque seu nome não estava lá.
— Não se preocupa amiga, ele que foi o enxerido da história.
— Peço desculpas de novo por achar que você tinha procurado ele quando prometeu que não entraria em contato com ninguém do seu passado a não ser Renata e eu.
— É... te desculpo, pra você ver que não brinco com promessas.
— É mesmo. Prometeu que ia voltar e olha só, aí está você.
Sorri.
— Só tem mais uma coisa Laureen.
— O quê?
— O Tiago saiu daqui a um tempinho então acho que ele vai procurar você.
— É... já suspeitava disso, hoje eu o vi e...
— Não estou falando de mais tarde, estou falando de agora.
— Agora?
— É!
— Agora, agora?
— É menina! Vai se arrumar!
— Meu Deus!!
Eu estava um caco. Com uma camiseta e um xort bem confortável, parecia uma faxineira.
— Eu vou aí depois tá? E espero não me deparar com nada constrangedor, pelo amor de Deus!
Dei uma gargalhada e depois nos despedimos.
Olhei pro apê e vi que não estava tão bagunçado. Será que Tiago viria agora mesmo? Ele deveria estar querendo me esganar uma hora dessas...
E a campainha tocou.
Fale com o autor