Minha primeira reação foi fechar a porta, mas antes que eu fizesse isso Tiago a empurrou antes que eu pensasse em empurrá-la de volta. Ele se pôs à minha frente e me olhou bem nos olhos.

Ah. Meu. Deus.

— Porque você voltou?

Merda.

A última coisa que eu queria era que alguém deixasse escapulir à Soraya que eu estava de volta; eu sabia que Tiago era bonzinho, mas era bonzinho demais.

— O que você veio fazer aqui Laurinha?

Caramba, como o meu nome soava bem na boca dele.

Eu não sabia o que falar nem o que fazer, só sabia que meu corpo queria ir na direção de Tiago, como se ele fosse um ímã e eu um ferro.

— Meu nome não é Laurinha. _ murmurei.

Que coisa mais patética pra se dizer!

Ele inclinou a cabeça para o lado e me analisou. Senti o sangue subir para o meu rosto então respirei fundo.

— Então... quem é você?

— Isso não te interessa. _ murmurei novamente. _ Saia daqui, por favor.

Encarei o chão. Se olhasse pra Tiago eu pediria pra ele ficar.

Ele recuou dois passos e antes de eu fechar a porta olhei seu rosto.

Droga. Droga. Droga.

Eu o havia magoado. Seus olhos estavam marejados por causa de mim. De novo!

Puxei os cabelos e grunhi. O que eu faria agora? Tiago já sabia sobre mim, e provavelmente espalharia a notícia rapidamente, mas não se...

Não se eu pedisse a ele pra guardar segredo!

Abri a porta e saí em disparada pelo corredor, Tiago estava apertando o botão do elevador.

— Tiago!

Ele me ouviu e olhou surpreso, nem dei tempo pra ele dizer alguma coisa e me joguei sobre ele, o abraçando com todas as minhas forças. Ele era tão forte...

— Laurinha, o que você está fazendo?

— Desculpa, por favor, eu... _ me atrapalhei todinha.

— Tudo bem, eu te entendo.

Olhei pro seu rosto, os traços continuavam os mesmos. Meu Tiago.

Ele me puxou para mais uma abraço e eu senti que deveria ficar ali pra sempre.

— Quer entrar?

Ele me analisou.

— Não tenho café... _ eu ri_ mas tem água.

Ele sorriu também e balançou a cabeça.

Quando entramos no apê eu senti que deveria ter varrido a casa mais cedo.

— Senta aí.

Tiago puxou uma cadeira da pequena mesa e eu fiquei tentando arrumar alguma coisa.

— Ei Laurinha, senta aqui. Quero conversar com você.

Me posicionei atrás da outra cadeira, ainda envergonhada e o observei.

— A quanto tempo você está por aqui?

— Hum... não faz nem uma semana.

— Não vai me dizer porque voltou?

Fiquei calada. Tiago me encarou.

—Olha... _ minha voz saiu _ eu tenho meus motivos... e antes de tudo você deveria ser mais educado.

— Hã?

— É muito feio entrar na casa das pessoas assim, fazendo perguntas. Você nem quis saber como eu estou!

—Isso seria uma pergunta.

Revirei os olhos. Tiago e seus joguinhos.

— Tá, eu voltei a pouco tempo e não tinha falado com você ainda porque preciso me estabilizar e...

— Quando iria me procurar?

— Há... não posso dizer quando seria porque...

— Seria nunca né.

Tiago levantou.

— Eu não disse isso.

— Eu acho que tenho que ir.

Ele se encaminhou para a porta.

— Espera Tiago, eu só preciso que você me prometa que não vai contar pra ninguém que eu estou aqui.

— Porque? Está se escondendo de alguém?

Tiago mirou meus olhos.

— Por favor... _ sussurrei.

Depois mirou minha boca. Então eu mirei a dele também.

Ficamos nos olhando até que ele se aproximou e me beijou. Um selinho. Como aquele que tínhamos dado quando crianças. Mas bastou pra que um fogo começasse a passear pelo meu rosto.

Tiago me analisou novamente e eu observei seus olhos. Famintos.

O segundo beijo não foi nada parecido com o primeiro, a não ser pelas chamas. Suas mãos estavam por toda a parte e a boca em seguida. Roupas evaporaram por conta do calor, eu não sabia que durante todo aquele tempo ainda existisse entre nós tamanho amor.

CH

Eu só conseguia pensar nos olhos de Tiago, o modo como ele me idolatrava com eles, e o modo como ele me olhava quando nossos corpos estavam unidos num só ritmo.

Depois que as chamas foram aplacadas nós dormimos, acordei com a respiração de Tiago em meu pescoço. Isso me deu a certeza de que tudo não havia sido simplesmente um sonho.

Tiago se mexeu e seus braços que estavam em minha cintura subiram mais um pouquinho, senti cócegas.

Tiago acordou com meu riso e me contemplou como se eu fosse uma deusa.

Beijou meu rosto e meu pescoço, seu corpo se pôs sobre o meu e ele começou a morder minha orelha.

— E então?

— Então o quê?

— Porque você voltou?

Paralisei. Tiago era bonzinho mas era esperto também. Muito persistente por sinal, ele não parou até me ouvir gritar o nome dele uma hora atrás, não pararia agora até obter sua resposta.

Eu tinha que contar, mesmo que aquilo fosse perigoso a mim e a ele, mesmo que aquilo comprometesse meus planos.

Perto de seu ouvido sussurrei o nome que fazia estremecer todos os meus ossos.

— Soraya.

Tudo aconteceu em questão de segundos, num momento Tiago estava junto a mim e no outro já estava na porta.

Que inferno! Será que até aqui ela tinha que estragar tudo?

Levantei desajeitadamente enrolada no lençol e fui na direção dele.

— Tiago, por favor me escuta... você tem que entender meu lado...

— Que lado? O lado de uma garota que não consegue esquecer o passado?

Paralisei. Meus olhos encheram de lágrimas.

— Você quer que eu te esqueça?

Tiago franziu a testa.

— Não, não... _ pôs sua mão embaixo do meu maxilar_ Não foi isso que eu quis dizer.

— Você não precisa fazer parte disso, eu voltei por questões do passado sim mas não quero que você se meta em problemas por minha causa...

Tiago inclinou a cabeça e me analisou, senti o rosto esquentar. Coloquei a mão no peito dele.

— Não vai. _ sussurrei.

— Você faz parte de mim e eu de você. Eu já sentia isso antes, e depois de hoje... _ Tiago mirou minha boca _ eu tenho certeza absoluta. Como eu “não posso fazer parte disso”?

Engoli em seco.

— Você não precisa disso Laurinha. Você pode ser feliz comigo, _ ele estava suplicando _ não pode?

Fechei os olhos e nem os abri já que Tiago colou a boca na minha outra vez. Passei os braços ao seu redor e o lençol caiu.

Tiago parou e me olhou nos olhos. Ele estava esperando sua resposta.

Fiquei na corda bamba, meus planos iriam por água a baixo caso resolvesse desistir.

Não poderia fazer isso, eu teria que cumprir meu objetivo ou então meu nome não era Laureen Mckessie.

— Eu nunca desisto dos meus objetivos.