Chess
Especial - O bispo, a torre e o rei
— Já ouviu falar de Batalha Naval, Temari?
— Aquele jogo que você tem que afundar o navio do outro?
— É muito mais que isso. É tentar ler seu oponente e perceber por suas reações se você está perto ou longe de suas armas, uma análise de seu comportamento e postura. O seu oponente pode mentir para você, afinal, você não consegue ver por trás de seu escudo. Uma tomada de decisão errada e você pode acabar sendo afundado. Tudo é decisivo. Batalha Naval é um jogo que une visão analítica e sorte.
— Por que esse papo agora, Shikamaru?
— …
— Está com medo do meu pai?
— Estou tentando comparar essa situação com o jogo. Nunca falei com pai de garota alguma…
— Já teve outras garotas, Nara?
— Problemática… A questão é: não sei como me preparar para algo que nunca fiz.
— Então prefere encarar isso como uma Batalha Naval e tentar afundar o Cruzador do meu pai?
— Por que está rindo?
— Você está agindo como um idiota. Relaxa. Você não precisa se portar como se estivesse em uma guerra. Sou eu quem está namorando com você, não ele.
— Então posso ir para casa.
— Senta, Shikamaru!
— Que saco…
— Ele quer te conhecer, nunca trouxe namorado nenhum para casa.
— Teve outros homens, Sabaku?
— Quer que eu responda mesmo?
— Não precisa, lembro daquele seu encontro…
— Own, ele também é ciumento! Não faça essa cara, quer tomar alguma coisa?
— Prefiro não afogar quando ele chegar.
— Francamente, Shikamaru. Se não relaxar eu vou dar um jeito de fazer você relaxar na marra.
— Gosto de como me faz relaxar.
— ...?
— Ontem a noite…
— …!
— Bom dia, Shikamaru.
— Ah! O-o-oi, Gaara.
— Melhor tomar cuidado com o que fala. Meu pai não vai fingir demência como estou fazendo nesse momento.
— *resmungos inaudíveis*
— Hmm… O que está fazendo aqui, Gaara?
— Kankuro está vindo com o pai, achei melhor vir também para não ter um cadáver na nossa cozinha.
— O que aquele idiota… Bom dia, pai.
— Bom dia. Este é o garoto, então?
— Bom dia, senhor. Me chamo Shikamaru Nara.
— Shikamaru Nara. Onde ouvi esse sobrenome?
— Eles são donos daquele bosque com cervos... Bom dia, Nara.
— Oras, hoje não vai dizer que a família dele é de militares e que o pai foi um grande general? Você já mostrou mais entusiasmo com ele, Kankuro.
— Tsc! …Não me enche.
— Militares? Ah, sim. Sente-se, rapaz. Você me parece muito novo…
— Ele tem dezesseis anos, pai.
— Kankuro…
— Dezesseis? Temari está com dezoito, não?
— Dezenove.
— Kankuro!
— Isso é… diferente.
— Posso atestar ao senhor que minha idade não é um fator que deva se preocupar.
— Com o que devo me preocupar então, rapaz?
— P-pai... por favor...
— Ele é um cara inteligente, gente fina. Não seria idiota de fazer algo que não gostássemos, não é Nara?
— Obrigado, Gaara. Senhor, tenho as melhores intenções com Temari, e vim aqui para que o senhor pudesse me conhecer e confirmar por si só.
— Você estuda com meus filhos?
— Ele estuda…
— Deixa que ele responda, Temari.
— Não, senhor. Estudava Ciências Políticas na Universidade da cidade.
— Universidade? Com dezesseis?
— Ele é considerado um gênio, pai. QI mais de 200. Campeão de todas as competições de matemática, física, xadrez da escola quando estudava com a gente.
— Como o Gaara disse, eu tenho uma facilidade maior para aprender. Estudei com Gaara e Kankuro até entrar no colégio militar, lá fui promovido até que minha educação básica fosse finalizada e pude ingressar na Universidade quando voltamos para cá.
— Não tem nada a acrescentar, Kankuro?
— Para de me provocar, Tema!
— Impressionante! E por que voltou?
— Er… Temos essa propriedade na cidade e tivemos que voltar para acertar uns documentos...
— Por que parece que você está escondendo algo? Por que realmente desistiu da vida militar?
— Pai, não precisa ser assim…
— Meu pai faleceu ano passado.
— Ah! Sinto muito. Posso perguntar como?
— Pai…
— Não tem problema, Temari. Senhor, ele…
— Me chame de Rasa.
— Não acredito…
— Cala a boca, Kankuro.
— Er… Ok. Bom, meu pai era o comandante de uma célula da inteligência na guerra no…
— Parece que ele ganhou um ponto com o pai.
— Sim, é difícil não se impressionar com ele, não é?
— Até o Kankuro desfez a careta.
— Seu pai foi um herói. Deve se orgulhar muito dele, rapaz.
— Me orgulho. Pretendo seguir os mesmos passos dele.
— Vai ser militar, então?
— Sim, senhor. Quero dizer... Rasa. Estarei voltando no começo do ano letivo.
— Mas pelo que entendi você estudava em outro estado.
— Isso. Minha mãe e eu voltaremos para lá por esse tempo em que estarei estudando.
— E como começam um namoro com essa perspectiva?
— Vixiiii, namoro a distância?
— Você fica melhor calado, Kankuro. Já conversamos, pai. Eu não vejo problemas, aliás, eu incentivei que ele voltasse.
— Com todo o respeito, Rasa, mas Temari é meu segundo motivo a querer voltar. Mesmo que seja meu sonho, não sou um homem ambicioso. No entanto, sua filha não é o tipo de mulher que namoraria um homem na média. Ela é esperta, inteligente e auto-sustentável demais para perder o tempo dela com alguém comum.
— Nunca foi metido assim, Nara.
— Quieto, Kankuro. Concordo, rapaz. Fico satisfeito de Temari ter arrumado um namorado com tantas capacidades. Fica para o almoço? Minha esposa vai querer conversar com você, também.
— Claro. Foi um prazer conversar com você.
— Fique a vontade, tenho que voltar ao trabalho.
— Ora essa, namorando?...
— Não tem o que fazer, Kankuro?
— Não vou deixar vocês sozinhos. Que tipo de irmão eu seria?
— Um tipo legal? Além do mais, Gaara está aqui.
— E por que ele pode ficar e eu não?
— Por que ele não é um imbecil que gosta de mandar na vida dos outros.
— …
— Shikamaru, cara, você está bem? Está suando… e pálido…
— Pega água para ele!
— Deve estar todo borrado.
— Cala a boca, hiena! Pega o sal embaixo da pia. Shika?
— Eu estou bem. Só preciso respirar.
— É um gênio, mas também um covarde.
— Vai ser engraçadinho no seu quarto, Kankuro.
— Vou mesmo. Já vi que não sou aceito aqui… Aliás, bem-vindo a família, Nara.
— Ok, o que foi isso?
— Acho que Kankuro desistiu. Ele tinha o pai como aliado, agora só sobra a mãe e nós já sabemos que ela vai querer adotar o Shikamaru…
— É. Bom, vou sair com a Ino. Por favor, não façam nada no sofá.
— Que desnecessário… Está melhor?
— Estou. Que humilhante.
— Está tudo bem. Ainda bem que os tempos são outros e você não precisou pedir a minha mão ao meu pai.
— Provavelmente eu te roubaria e fugiria.
— Tudo para não encarar meu pai?
— Eu sou o número um em fugir.
— Meu Deus, será que estou fazendo a coisa certa? Ow!
— Quanto tempo até Kankuro vir aqui?
— Uns dois minutos.
— Droga… Vamos ver o que consigo fazer em dois minutos.
— Shikamaru! Olha essa mão! Pensei que fosse um covarde...
— E sou, mas o perigo é um bom catalisador para algumas coisas…
— Ora…
— Só deixa eu aproveitar o tempo que tenho com você, problemática.
— Vem aqui, preguiçoso.
— Argh! meus olhos!
— Kankuro!
betado por gridpudim
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