Charlies Angels: Before The Beginning

Capítulo 13: O fim que marca o começo


Primavera de 1976.


Sabrina adentrou a delegacia particularmente cansada. Fazia um dia de céu azul e ficar aplicando multas em desleixados cidadãos sob o sol não era muito agradável. Voltara para ver se Jill e Kelly poderiam almoçar com ela. Passou pelas portas duplas e procurou entre as salas abarrotadas qualquer sinal das duas.


Encontrou Jill encoberta por uma pilha de papéis esperando para serem carimbados que ela desesperadamente não conseguira fazer diminuir nas últimas três horas.


- O que eu faço com tudo isso? Já gastei dois carimbos e não acaba! – reclamou ela.


- Pode sair agora? – perguntou Sabrina. – Poderíamos almoçar naquele restaurante novo da outra rua.


- Só me tire daqui. - respondeu Jill.


- Tudo bem.


Deixaram a sala e os papéis e atravessavam o corredor quando Sabrina indagou:


- Sabe onde está Kelly? Não a vi por aqui.


- É o dia de ronda dela. Você sabe, orientar pessoas perdidas e ajudar velhinhas a atravessar a rua, basicamente.


- Ou seja, tomar muito sol na cabeça.


- Isso mesmo. – concordou Jill. – Se bem que, do jeito que ela gosta de crianças, deve estar adorando isso de ficar em frente a um colégio qualquer.


Chegaram à porta principal e decidiram esperar nesta primeira sala. A delegacia estava bem cheia nesse dia. Pessoas circulavam pelo espaço pequeno, se trombando e derrubando papeladas.


- Aposto que aquilo vai para mim. – comentou Jill desanimada quando um Cabo passou com uma pilha de meio metro.


Estavam encostadas na parede observando o movimento havia uns dez minutos quando um homem entrou. Estava de terno, era baixo e gordinho, aparência de quarentão. Tinha um rosto simpático e passava nervosamente um lenço pelo rosto suado. Parecia estar procurando alguém.


A Tenente de serviço surgiu de repente do corredor e cumprimentou o homem. Trocaram duas palavras e ela fez sinal para que ele esperasse. Dirigiu-se a Jill e Sabrina em seguida:


- Onde está Garrett?


Jill e Sabrina se entreolharam confusas.


- Ainda na rua, Tenente. – respondeu Sabrina.


A Tenente ia responder quando as portas duplas abriram-se com um estrondo e Kelly apareceu com o rosto vermelho. Trocou um olhar com Sabrina e olhou para a Tenente:


- Algum problema, Tenente?


- Aquele senhor – disse ela apontando para o baixinho de terno que se sentara em uma das cadeiras – quer falar com vocês. Disse que contatou os superiores e quer oferecer-lhes algo.


Sabrina parecia preocupada, Jill ansiosa e curiosa e Kelly fez cara de prefiro-não-saber-o-que-ele-quer-oferecer.


Decidiram perguntar mais sobre o estranho para a superior, mas ela já desaparecera corredor adentro. Entre a curiosidade e o temor, encaminharam-se para o homem.


Ao vê-las paradas ali, interrogativamente, o homem levantou-se para cumprimentá-las.


- Devem ser... Sabrina Duncan, Jill Munroe e Kelly Garrett?


As três acenaram com a cabeça. O homem sorriu.


- É um prazer conhecê-las. Meu nome é John Bosley. Estou aqui a serviço de Charles Townsend, sabe. Ele quer abrir uma Agência de Detetives Particulares e gostaria de contratá-las para resolver os casos. Já tenho tudo pronto caso aceitem a função, posso cuidar de sua papelada hoje mesmo.


Kelly parecia a ponto de desmaiar – não se sabe se de alegria ou de susto. Sabrina tomou a palavra:


- Precisamos... pensar sobre isso, Mr. Bosley. Podemos entrar em contato com seu chefe...?


- Ah, não, não. Qualquer coisa que precisarem, falem comigo. Aqui está. – ele entregou seu cartão. – Darei a vocês um tempo para pensarem, então. Volto na semana que vem. Tenham um bom dia.


E saiu pelas portas duplas.



- Isso foi estranho. – disse Sabrina enquanto almoçavam no novo restaurante da rua.


- Definitivamente. – concordou Kelly.


- Ah, qual é? É um homem simpático e nos ofereceu um emprego! – exclamou Jill.


As outras duas encararam-na sem emoção.


- Você parece bem feliz em se livrar da delegacia. – comentou Sabrina.


- Até demais. – acentuou Kelly.


Jill olhou para ela. – É porque você não passou a manhã carimbando folhas e mais folhas que eu nem sei para que servem. E se eu tiver assinado a sentença de morte de alguém?!


Sabrina deu uma risada seca e Kelly sacudiu os ombros.


- Não foi muito melhor comigo.- disse.


- Nem comigo. – disse Sabrina engolindo com violência uma couve-flor.


- São ótimos motivos para querer mudar de vida! – respondeu Jill tentando persuadi-las. – Escutem... se vocês não forem, eu não vou.


- Não vamos deixar essa louca sozinha, vamos?- perguntou Sabrina apontando o garfo para Jill.


- Não podemos. – respondeu Kelly rindo.


Jill abriu um sorriso enorme.



As três se encararam diante da porta da delegacia. Tinham tomado a decisão, mas agora que a hora chegara, parecia difícil aceitar. Jill saltitava de felicidade, mas Kelly tremia e Sabrina não conseguia abrir a boca para dizer nada. Uma semana se passara e elas sabiam que se entrassem por aquela porta seria, provavelmente, a última vez. John Bosley já as esperava lá dentro.


Vendo a indecisão das amigas, Jill agarrou as duas pelos cotovelos e disse, à guisa de incentivo:


- O que é que há com vocês? Vamos mudar de vida pra melhor! É só sairmos por aí fazendo perguntas para resolver os casos, e fim. O que há de perigoso nisso?



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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.