Chaos;gate

Capítulo 1 Parte I


Capítulo I

Okabe Rintarou

Naquele dia, Daru não tinha vindo ao laboratório. A última coisa que eu me lembro dele ter dito foi do dia anterior. Ele havia dito que tinha planos a fazer, me olhando com sua cara maliciosa. Nesse exato momento, foi como se a luz do sol que entrava pela janela atingisse em cheio os óculos que ele usava, dando à lente uma cor branca, que fazia seu rosto ficar ainda mais sombrio. Ele planejava alguma coisa séria, disso tinha certeza. Ou então, provavelmente, aquele pervertido pretendia fazer alguma coisa.

"Daru, que diabos você vai fazer?!" Eu disse, enquanto ele abria a porta do laboratório e começava a descer as escadas.

"Okarin, não há com o que se preocupar!" Ele parou no meio e então, virando o rosto na escadaria escura, disse: "Você é muito paranoico. É de se esperar de um chuunibyou"

"Maldito, o que quer dizer com isso?! E não me chame de Okarin." Eu disse, pondo a mão no rosto em desprezo. Como que até agora ele ainda não havia aprendido isso? "Eu sou o cientista louco, Hououin Kyouma!!! HUHAHAHAH!" E essa foi a minha risada maligna. Todos os verdadeiros cientistas loucos precisam ter uma. É algo natural. É como a identificação de cada um de nós. No meio de uma floresta, a forma mais fácil de identificar uma árvore é pelas suas características peculiares - a forma mais fácil de identificar um cientista louco como eu é pela sua risada maligna. Mas enfim...

Hashida Itaru era o seu nome verdadeiro. Simplificando: Daru. Eu estudei com esse maldito no ensino médio por um ano e depois perdemos contato. Agora, na faculdade, acabamos nos encontrando de novo. Ele é um ser pervertido que vive colado em um computador. Não gosta do mundo 3D e só vive em fóruns, jogos e paquerando personagens de jogos 2D.

"Ei, Super Hakka, e pra onde pensa que vai? Seu trabalho não terminou por hoje!"

"Que trabalho? Não fazemos nada! E além do mais, é Super Hacker! Quantas vezes já te disse isso, Okarin!"

"Que seja. Mas e quanto ao Apetrecho do Futuro Número 1?!"

"Ele está pronto, só que o botão de ligar não funciona."

"Mas...!"

"Não há o que ser feito, Okarin. Depois eu posso tentar resolver."

"Daru, seu infeliz.... então pra que serve o Apetrecho do Futuro Número 1 se não consegue nem ligar?"

Ele colocou a mão em seu queixo e, com um sorrisinho irritante e irônico, concluiu:

"Para mudar os canais da TV. Mas pra ligar, ainda precisa se levantar do sofá e apertar o botão do aparelho."

Eu desisto, pensei na hora, não tem como argumentar com isso. Ele pode ser um super hakka, mas não consegue sequer criar um botão de ligar num maldito controle...

Balançando a cabeça negativamente, eu subi as escadas e então retornei ao sofá do laboratório. Sacando o celular do modelo com tela corrediça, de cor vermelho-escarlate do bolso esquerdo do meu jaleco, chequei as horas: 6 horas da noite.

"Estranho. A Mayuri não passou aqui hoje" disse "Ela deve estar ocupada planejando algum cosplay."

***

Daru quase nunca se envolve com o mundo real. Mas esse caso em particular foi especial. Pode-se dizer que foi o próprio destino quem o planejou, como uma forma de pregar uma peça em cada um de nós. Naquela época, eu não acreditava em destino.

O dia era 23 de junho de 2012, sábado. Foi uma dia quase normal: Não houve aula, portanto eu fui até o meu Laboratório de Apetrechos Futuristas, uma quitinete alugada que ficava em cima da oficina de televisores. O dono era um homem careca, com bigode castanho e olhos apertados. Era alto e possuia uma musculatura avantajada. Era o Mr. Brown.

De manhã, eu andava em direção ao laboratório, e estava em frente a porta que dava ao lance de escadas para chegar até lá. A oficina estava aberta, mas parecia estar vazia. Mas só parecia.

"Papai!", gritava uma garotinha que saia de um carro branco estacionado junto a oficina de televisores.Era a Nae, filha do Mr. Brown. Ela era como um animalzinho, completamente oposto do pai: cabelos castanho-claro, curtos, com uma mecha partindo de cima da cabeça amarrada para o lado direito. Tinha olhos verdes. Era uma criaturazinha "fofinha", por assim dizer.

"Vamos logo embora!" Ela dizia. Nos sábados a oficina costumava ficar fechada. Mr. Brown devia estar levando a Nae para algum canto, isso explicaria o vestido verde e a razão dela ter vindo com ele que, provavelmente, decidiu dar mais uma checada na loja para ver se está tudo bem antes de partir.

Nae me olhava com os olhos inseguros. Ela tinha medo de mim. Eu realmente não sei porquê. Sua cara de choro denunciava isso com facilidade. Ela tinha uns 7 anos, eu acho. Por motivos óbvios, eu finalmente recobrei a consciência e sai correndo pelas escadas.

"Ei, Okarin! Saia de perto da minha filha, seu pervertido maldito!" Ouvi a voz do Mr. Brown enquanto subia apressado. "Se tentar alguma coisa, eu te mato."

Tsc... Por que todos pensam que eu sou um pervertido? A perversão não está em mim, mas sim nos olhos das pessoas que pensam coisas maliciosas e põem a culpa em mim. Daru, eu entendo como se sente.... Claro que não!! Ele sim é um pervertido de marca maior! Mas acho que é algo tão natural dele que as pessoas nem prestam mais atenção. Maldito seja..... DAAAARUUU!!!!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.