Chaos

Capítulo 4


De manhã, o quarto não tinha apenas o cheiro de um matagal, estava mais para um matagal.

O quarto, que possuía duas camas em lados oposto, estava verde de um lado, e morto do outro; o lado morto era o meu, claro! Alice ainda estava dormindo, e se remexendo, em seu cabelo, havia brotinhos rosa, formando uma tiara, oh bom deus, o que falta eu ver? Aliás, a pergunta de um milhão de dólares: por que nos escolheram? Quer dizer que qualquer bagunceiro tem uma capacidade oculta? Oh, poupe-me.

Enquanto debatia mentalmente, sobre o “programa livre-se das suas crianças bagunceiras”, Alice acordou, e acreditem, seus brotinhos do cabelo abriram-se em flores multicoloridas perfumadas, okay, onde está a câmera? Isso só pode ser uma pegadinha!

– Bom dia, flor do dia! – fiz uma cara de confusão, não estava acreditando em tudo aqui, não mesmo – Que foi? Tem alguma coisa na minha cara?

– Na cabeça.

– Hein? – Alice correu para o espelho. – Santa Madre Teresa, ai meu padimciço, ai que foda! Sempre quis uma coroa de flores! – será que ontem eu comecei a usar drogas e não me lembro? Talvez esteja alucinando? Ou morri?

Novamente minha introspecção sobre meus possíveis atos, foi interrompida, dessa vez por uma agente.

– Seus uniformes. – ela colocou um montinho de pano dobrado sobre a escrivaninha perto da porta – Estamos esperando na sala de treino, não demorem. – a agente, seca, saiu e nos deixou lá, olhando uma pra outra e em seguida para a porta.

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– Será que isso me deixa gorda? – Alice perguntou, pela terceira vez, depois de eu não responder as duas primeiras, ela olhava o colante que usávamos de cima a baixo – Ahhh, mas eu adorei terem colocado ‘Alice’ aqui, não ia gostar muito se colocassem ‘Sales’... – parei de ouvir quando começou a parecer “blábláblá”.

Os colantes, não eram tão colados pra começar, estávamos de camiseta por baixo, afinal o decote que ficaria sem elas, era matador; no meu caso, matador de vergonha. Como diziam algumas criaturas das minhas antigas escola: se quiser ver meus peitos, Pague antes! Ok, metade delas hoje trabalham em filmes, mas o ditado ainda serve para quem não esta muito afim da indústria do sexo.

Quando chegamos a tal sala de treino, quase todos já estavam lá, faltava apenas Victória, e como se lesse meu pensamento...

– Calmaaaaa, cheguei! – e ela estava lindíssima no seu colante, do estilo heroína distração, que quando chega à luta, o inimigo olha tanto, que os amigos dela acabam com eles e os coitados nem sabem o que os atingiram.

– Acho que eu sou gay, puta que pariu! – esse foi Daniel, que estava fazendo careta para Victória, que sorriu.

– Ok, você e mais quantos? Estou aberta a casos. – ela piscou, e eu ri.

– Me pega Vick? – brinquei.

– Sorry coração, mas prefiro menos protuberância aqui – segurou os seios – e mais aqui – colocou a mão no meio das pernas, olhando sugestivamente os meninos, nós, garotas, caímos na gargalhada.

Um pigarreio, e Joanne entrou na sala, junto com dois agentes com pranchetas.

– Bom dia alunos. Antes de começarmos, alguma pergunta?

Pergunta logo, sua idiota.” – ouvi minha própria consciência me dando coragem, respirei, me preparei, mas antes disso, Frank fez uma.

– Hm, o quão resistentes são esses uniformes? Afinal, alguns de nós, pegam fogo e viram gelo? – Teddy e Cristina riram.

– Esses uniformes foram criados em parceria com as indústrias Richards, testados pelo Tocha-Humana, Homem de Gelo, e outros mutantes, são confiáveis pra você Frank? – ele assentiu – Ok, então, mais alguma pergunta? – dessa vez eu não perdi tempo.

– Qual o critério usado para nós escolher? Acho que não existem apenas 29 problemáticos no mundo. – me virei para Faur – Desculpe, mas você não é desse mundo Faur. – dei uma piscada.

– Odeio concordar, mas a esquisita tá certa. – Teddy falou. Olhei para ele – Quê foi, esquisita? – revirei os olhos.

Antes que Joanne pudesse responder, alguém entrou pela porta atrás dela.

– Agente Hayes, eu respondo. – então Banner saiu de trás dela, ajeitando seus óculos. Olhei com receio, mas ele pareceu ignorar minha presença ali, mesmo que a pergunta tivesse partido de mim.

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– Fizemos um mapeamento genético de todos aqueles nascidos em determinada época, e em alguns que se envolveram recentemente em acidentes... – Teddy foi o primeiro a vestir a carapuça.

– A sala de armazenagem pegou fogo sozinha, okay. – rimos.

– Enfim, vocês estão aqui, porque sua genética indicava o gene X, mesmo aqueles em que a pílula não fez efeito imediato, podem vir a desenvolver algo depois? Então, se isso responde sua pergunta senhorita O’Neill? – mesmo me respondendo, ele não olhava para mim.

– Talvez, sargento Banner. – sua testa franziu.

– Eu sou apenas Doutor Banner, O’Neill, lembre-se disso.

– Se você me tratar como um soldado, eu lhe chamarei de sargento quantas vezes eu achar necessário. – ouvi um “uhhh” coletivo atrás de mim, mas continuei olhando Banner, que falou algo com Joanne antes de sair pela mesma porta. Com algum impulso doentio, o segui.

– Ela é um problema Tony! – ouvi um chiado, seguido por um suspiro.

– Não acho que ela seja um problema. – ouvi o Stark responder, ok, talvez eu gostasse um pouquinho dele por me defender.

– Ah é? Para quem? – Banner respirava ruidosamente.

– Para nós. – o Stark foi firme, e então passou por mim, só então notando minha presença – Er, oi Ariza, que tal a gente ir por ali, a coisa pode fica meio verde por aqui... – colocou uma não nas minhas costas e me levou de volta para a sala de treino.

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– Olha, a coisinha fujona voltou...

– Isso Teddy, normalmente os súditos anunciam a chegada da Rainha.

– Ai, doeu em mim. – Dale riu, enquanto se encolhia teatralmente e recebia um soco de Teddy.

– Ei ferinha, acho que uma vez disse pra guardas as garras?

– Ei? – Brenda levantou as mãos rindo.

– Ok, ok. Acho que posso deixar você aqui, não vai colocar fogo na sala vai?

– Bem, eu posso fazer isso, mas acho que Teddy faria melhor. – Teddy riu e murmurou um “Com certeza gata” que preferi ignorar.

– Argh! Malditas crianças, vocês me enlouquecem! – Tony se virou, quase arrancando os cabelos e saiu.

– Bem, o que eu perdi? – perguntei a Alice.

– Separação em times.

– Me deixa adivinha, Faur está sozinho? – ela fez careta.

– Bem, Frank, Endo e Brian até tentaram o chamar, mas... – deixei-a falando sozinha e fui até Faur e sentei-me ao seu lado.

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– O que acha de fazer time comigo? – sorri para meu amigo azul.

– Time? – sua voz era extremamente rouca, chegava a ser meio irritante, fiz careta.

– É, fazer, hmm, uma atividade junto com alguém, e nossa Faur, você tem que falar mais, sua voz dá arrepios cara. – sorri, e ele tentou imitar, tendo um pouco mais de sucesso dessa vez.

– Eu time da Ariza.

– Yes, somos um time! – ergui um punho.

– Ui, olha a esquisita tem uma tara por caras azuis? – Teddy, Dale, Simon, Nick e Seth começaram a rir, Teddy ainda me encarava.

– Um cara azul, seria muito melhor que um cara esquentadinho, desculpa se você não faz meu tipo querido.

– Mas faz o meu! – Vick berrou.

– Existe algum homem na Terra que não faça seu tipo Victória Fraser!? – Cassie berrou.

– Deus, por quando tempo eu vou ter que ouvir esse papo adolescente chato? – alguém falou encima da escada. – Eu acho que vocês podem me chamar de professor Johnny por hoje.

– OMG Johnny Storm?! Alguém me segura. – Victória começou a fingir um desmaio, todos riram.

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Nosso terrível professor queria nos ensinar a colocar fogo e explodir coisas, Teddy e Tina adoraram, mas graças a deus alguém nós salvou.

– Jonathan Lowell Spencer Storm, não pense em fazer isso! – ouvimos a voz, mas não vimos seu locutor em parte nenhuma da sala; Johnny, não ia chamar aquele inconsequente de professor, estava prestes a colocar fogo em um colchão, parou e tirou suas mãos flamejantes de perto do colchão.

– Oi Sue... – e então Susan Storm fez-se visível ao lado do irmão. – Estraga-prazeres.

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Teddy, Tina, Érica, Alice, Dale, Nick, SeoMin, Brenda e Cristina ficaram com Johnny. Endo, Alfonso, Daniel, Brian, Esperanza, Coryna, Selma, EunBi e Frank, foram encontrar Banner e Tony, agradeci mentalmente por não ser uma dessa lista. Nós, o resto, ficamos com Susan.

Não entendi exatamente porque ficar naquele grupo, afinal eu não fazia nada demais, mas depois Hill apenas disse “Faur fala quando você esta presente” e deu de ombros.

Susan nos ensinou a usar o que temos a nossa volta a nosso favor. Seth precisava ver, ouvir, sentir e ouvir, tudo à sua volta e saber exatamente o que era; Simon precisava fazer o que fosse que ele conseguisse, ninguém estava muito confiante em seus poderes; Peter treinava com Cassie, enquanto ela se transformava em um animal, ele tinha que “hackear” sua mente e fazer ela se transformar em outro, ele estava quase lá, apenas errando por transformá-la em humana e não animal; Jude estava em uma grande cabine à prova de som, gritando a beça e quebrando alguns vidro à prova de bala comuns; Ian e Victória treinavam diretamente com Susan, que para todos os efeitos tinha a mesma mutação que Ian e que conhecia um pouco da de Vitória; Sarah e Matheus treinavam juntos, Sarah, toda exótica em essência, havia dito que sua mutação se manifesta quando bem entendia e não com treinamento e coisas do tipo, Susan deu de ombros e mandou ela treinar com Matheus, que estava adorando ter uma boneca humana; já eu, Susan não pode fazer nada em relação à mim, então me deu uma única tarefa: fazer Faur fazer alguma coisa.

Por incrível que pareça, minha tarefa foi incrivelmente fácil, tudo que precisei foram às mãos e algumas cenas de filmes de ficção.

“Então, você pensa com muita força que vai fazer aquela cadeira levitar, tipo como a Carrie fez com a cama!” – ele pendeu a cabeça pro lado, e eu mentalizei a cena, onde Chloe Moretz levitava a cama – “Tipo assim, você consegue?” – ele assentiu e o soltei.

Ele levitou a cadeira por um tempo, e então ela permaneceu flutuando, Susan olhou exatamente quando a cadeira tremeu e se espatifou no teto.

– Talvez ele tenha usado um pouco de força. – dei de ombros. Olhei para Faur. – Ei Faur, você sabe todo o meu vocabulário, ou só algumas palavras? – como ele pareceu não entender, fiz a mesma pergunta, dessa vez segurando as mãos.

“Não sei tudo, só o que ouvi.” – ele respondeu, pensei por um tempo e tive uma ideia, que poderia me levar a ter um AVC.

“Será que não dá para você ‘baixar’ minha linguagem de mim? Tipo, pegar tudo aquilo que eu aprendi e copiar?” – ele fez uma careta – “Ora homem, vamos lá, tente!”

Senti uma dor de cabeça e a última coisa que me lembro, é de desmaiar.

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– Não, as ondas cerebrais estão normais, ela vai acordar em breve. Mas é como eu disse Anthony, ela é um problema, ela se arrisca demais! – reconheci a voz do doutor Banner.

– Disse o cara que se colocou na frente de uma arma nuclear para salvar um civil idiota. – disse, enquanto abria os olhos e encarava tanto Stark quando Banner.

– Ok, talvez ela seja um problema. Nem diga “eu avisei”. – Tony virou-se para mim - Como você sabe disso? Não são muitos os que sabem o que você falou.

– Apenas sei. Aliás, eu sei? É como se fosse uma memória implantada, uau. – sacudi a cabeça de leve, isso era estranho.

– Banner, tem certeza que ela tá limpa? Nenhuma mutação, nenhum gene X? Mas a mãe dele... – Tony parou e me olhou como quem fala demais.

Sentei na cama, mesmo com uma dor pulsante na nuca.

– Anthony Edward Stark, o que você sabe da minha mãe?!

– Merda. – foi apenas isso que o Stark falou.