Chaos
Capítulo 2
“Menina especial”, puf.
– Sou o doutor Bruce Banner, e vou recolher material para alguns exames, tem algum problema senhorita...?
– Ariza O’Neill. E está tudo bem. – estava tudo bem, até ele me conduzir para uma poltrona e pegar uma seringa, com a intenção de por na minha veia!
– Medo de agulhas Ariza? – olhei para o seu rosto, e fui pega de surpresa por sua expressão forçada de simpatia, ele estava visivelmente incomodado com minha presença, suas mãos tremiam quando ele tirou o meu sangue, errou duas vezes a veia antes de consegui-lo, então pegou amostras de saliva o mais rápido que pode e me liberou.
– Mas doutor, a agente Hill pediu testes neurológicos e de reflexos. – olhei para o agente que havia falado.
– Fale para Hill que eu não me importo. – ele falava entre dentes, tentei me levantar e ir para a porta, mas esbarrei nas amostras de saliva, que caíram e se espatifaram no chão.
– Ops. – o doutor me olhou feio, ele parecia, de repente, muito estressado – Nossa, doutor, fazendo essa cara você parece até o sargento Ross. – eu ri, me referindo ao meu antigo professor de educação física, Shane Ross, um maluco por controle que ficava com raiva de coisas pequenas, mas os agentes se afastaram quando Banner começou a tremer. Eu estava presa entre as bancadas do grande laboratório e Banner na minha frente, nada perigoso, tudo estaria sobre controle depois que o doutor me desse o sermão de “você estragou o meu trabalho que tive tanta pressa em terminar”, mas não foi isso que aconteceu.
Quando eu voltei a focar no doutor... Seus olhos passaram do castanho ao verde, e ele dobrou de tamanho adquirindo uma tonalidade verde esmeralda.
– Oh merda. – dito isso, uma bancada passou zunindo do meu lado, ouvi um dos agentes pegarem um walk-talk.
– Stark, temos um probleminha verde aqui no 32. – ele berrou para o fone.
– “Precisa da minha ajuda? Pode esperar 20 minutos?” – ouvi um tom brincalhão do outro lado, seguido por leves chiados metálico.
– Anthony! O Banner vai destruir todo o andar em 20 minutos!
– “Ok, ok, tô descendo, se acalme Calvin, que tal uma gelada mais tarde?” – o agente revirou os olhos para a risada do outro lado da linha.
O gigante me encarava, não havia como passar para a porta, os agentes ordenavam algo, não conseguia ouvir por causa da pulsação nos meus ouvidos, mas pude entender o gigante, antes de sua voz se tornar alta e estridente.
– Quem... é... você? – então sua cabeça pendeu para trás, como quem ri muito, e quando se voltou à cabeça para frente, rugiu – Rarrarrrr!
Ouvi o rugido e vi o gigante verde pulando de punhos fechados sobre mim, acho que ouvir o agente gritando algo, acho que uma janela quebrou, e então fechei os olhos e morri.
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Abri os olhos, a janela estava quebrada, uma figura vermelha na minha frente e lançou o verdão para o outro lado da sala, foi tudo uma questão de segundos, respirei fundo.
– Hulk esmaga, Hulk esmaga Betty! – ergui uma sobrancelha automaticamente.
– Esquadrão Caça-Hulk a caminho Stark! – o agente Calvin berrou.
Não será preciso. – nessa hora ele deu um tiro no gigante, que caiu de joelhos balançando a cabeça, e ainda olhando para mim.
– Quem... é ... você? – sua cabeça pendeu para a direita - Betty? – contrariando a cara do agente e meu próprio medo, caminhei até o gigante caído e coloquei a mão em seu rosto, eu estava louca.
– Não sou Betty. Eu sou Ariza, doutor Banner. – observei seus olhos voltarem para castanho e o gigante caiu aos meus pés, diminuindo de tamanho gradativamente, da porta do laboratório, entraram 3 robôs, que percebi serem armaduras quando o capacete abriu.
– Tudo certo, senhor Stark? – o agente dentro da armadura falou para quem quer que estivesse atrás de mim, então eu virei para ver, o capacete estava embaixo do braço, e ele sorria.
– Aham, Banner vai dormir por algumas horas, levem-no. – ele sorriu para mim – Quem é você afinal? Nem tive tempo de lhe parar, caminhando assim para aquele verdão, corajosa ou burra?
– Bem, pelo menos eu não fico me exibindo com dançarinas seminuas dançando atrás de mim. – dei de ombros.
Anthony Edward Stark, o gênio playboy que não aprendeu a ser discreto afinal, quem em sã consciência revela-se, ou pior, ameaça um terrorista dando seu endereço? Acho que devemos tirar o título “gênio“ dele.
– Uou, guarde suas garras. – levantou as mãos – Agora sou um homem comprometido, profissional e romanticamente.
– Bem senhor Stark, eu tô me mandando falou? – antes de sair me virei para o Stark – Quem é Betty?
– Alguém que Banner não quer lembrar.
– Eu pareço com ela, não é?
– Um pouco talvez? Apenas vi umas fotos, nunca a conheci.
– Uma vadia desalmada na vida de um nerd? Não queria parecer com algo do tipo, agora eu vou embora. – corri por sobre os restos das bancadas, dei tchau para o agente e corri pelo corredor agora vazio.
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Um pouco mais pra frente, o elevador começara a abrir, corri para ele, já que era o costume me pegarem nas minhas fugas, não nessa.
Mas, para o meu azar, bati de cara em uma parede azul com estrelas.
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Senti-me ser erguida e posta no lugar. Então olhei para cima, loiro, 1,80m por ai, olhos azuis... Capacete do Capitão América.
– Você está bem? – olhei o loiro, e tive um segundo de choque.
– O que mais pode acontecer hoje? Eu encontrar o Chapolin Colorado?
– Quem? – me senti uma idiota quando percebi que havia falado em voz alta, e me joguei dentro do elevador apertando o botão do térreo.
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– Hmm, quem é você? – virei para o lado, e percebi que, 1: o Capitão estava lá; e 2: estava me olhando como se eu fosse uma louca.
– Ariza O’Neill, eu estava no laboratório do doutor verde... Doutor Banner! – ele pareceu preocupado.
– Você estava lá? Se machucou em algum lugar? – seus olhos me escanearam.
– Então Ariza, o que você está fazendo na torre do Stark?
– Roubando o gerador de energia Stark, para vender para os alemães. – ele fez uma cara, ri – Deus, você acreditou nisso? Céus, você não existe Steve Rogers! Acho que vou colocar isso na sua Wikipédia, “ingênuo”.
– Wiki, o quê? – ri. – Esqueça, o que faz, de verdade, aqui.
– Estudando? Servindo de cobaia? Sendo quase esmagada pelo Hulk no meu primeiro dia de aula? – suspirei olhando para o nada por um momento – Hm, muitas coisas, mas, tecnicamente eu estou na escola, no andar -2.
Ele me encarou de novo, mas nessa hora o elevador se abriu no térreo e eu saí correndo pelo saguão.
– Bye, bye, Capitão Rogers. – acenei de costas e corri para a porta da rua, passei correndo pela identificação biométrica, era fim de tarde, estava começando a ficar frio, e a rua começava a esvaziar, corri quando o agente da identificação me seguiu até a porta; um salve para quem lançou a moda de amarrar jaquetas na cintura, ou eu estaria morrendo de frio.
Estranhei o fato de não haverem mensagens no meu celular, nem que o motorista viesse me buscar, não trouxera mochila, não sabia para onde estava indo até chegar ali, muito menos estava com o calçado mais confortável do mundo, aquelas botas, mesmo sem salto, eram terrivelmente ruins depois de uma corrida, por menor que fosse.
Andei por 10 minutos pelas ruas frias de NY, o frio estava suportável, mas ainda assim frio; segui andando para o próximo ponto da minha caminhada noturna: Central Park.
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Para um dia de semana, o Central Park estava levemente cheio, namorados, pais com filhos barulhentos, babás com crianças barulhentas e adolescentes com vozes barulhentas, enfim, estava bem barulhento ali, e se tornou ainda mais barulhento quando o alarme soou e o vento começou a ficar forte como se o demônio tivesse resolvido assoprar a terra.
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