O que estou sentindo?

A dupla deixou a casa de David e começou a andar pela rua vazia. Então Pierre tirou seu casaco e o colocou nas costas da menina.

- Obrigada – Sophia disse sorrindo.

- Vamos andar bastante, né? Nossa rua é longe até, e é crueldade deixar você passando frio esse tempo todo – A moça corou, sem Pierre ver.

- Mas eu não disse que estava com frio...

- Eu sei.

Os dois continuaram andando, até que ouviram um carro se aproximar com música extremamente alta. Um dos caras que estava no carro gritou:

- EI, GOSTOSA – Sophia fez uma cara de nojo, mas não disse nada.

- EI, AMIGO, QUE TAL VOCÊ ARRANJAR UMA NAMORADA AO INVÉS DE FICAR POR AÍ SE ACHANDO O FODÃO? E VOCÊ AINDA DEIXOU A MENINA COM NOJO, OLHA SÓ – Pierre gritou de volta, deixando a moça surpresa. O cara então fechou a janela, e o carro acelerou, logo já não o via mais. Então Pierre e Sophia caíram na risada.

- Que gente idiota – O menino comentou.

- Verdade, ninguém merece. Tenho que parar de usar mini-saia, é nisso que dá – Ela riu.

- Por mim, você pode continuar usando – Ele riu também.

- Contanto que você responda pra esses caras, como fez agora.

- Fechado – Os dois riram.

Depois de mais alguns minutos andando, eles chegaram à casa de Sophia.

- Bom, você fica aqui...

- É. Então tá, obrigada por me acompanhar, Pierre – Sophia sorriu e Pierre também. A garota então começou a andar em direção à sua casa.

Pierre se sentia estranho, diferente. Com uma certa curiosidade, talvez. Medo também. Será? Será que tudo havia mudado completamente em apenas uma noite? Ele precisava saber. Só tinha um jeito de saber.

Antes da garota se afastar muito, Pierre a puxou levemente pelo braço, a fazendo virar.

- O que f... – Sophia foi interrompida pelos lábios de Pierre. Não resistiu. Não quis resistir.

Foi um beijo curto, mas foi o suficiente. Pierre logo a soltou, e Sophia se afastou. Os dois se olharam por alguns minutos, confusos.

- É melhor eu ir... – A garota disse, quebrando o silêncio.

- Eu também... Tchau, Soph – Disse.

A menina fez um aceno com a cabeça e entrou na casa. Pierre observou a porta ser fechada e suspirou. O que foi aquilo? Nenhum dos dois sabia ainda.

“O clima vai estar muito estranho na escola semana que vem. Será que conto disso tudo pro David? Não, melhor não. Ele vai ficar me enchendo o saco. Será que Sophia vai contar para Rebeca? Não sei, elas são melhores amigas. Mas eu não vou contar para David, e ele é o meu melhor amigo. Não é só porque Rebeca é sua melhor amiga que Sophia vai contar pra ela, certo? Não sei, mas não tem problema se ela contar também, Rebeca vai surtar um pouco, mas é confiável. Não sei de mais nada, tô confuso demais.” Pierre pensou enquanto andava até sua casa.

O garoto chegou, subiu as escadas, entrou no quarto e caiu na cama. Precisava dormir, colocar as ideias no lugar. Sophia fazia o mesmo, se aquele beijo confundiu Pierre, deixou Sophia pior ainda. Ela não sabia o que pensar. Achava que o menino ainda guardava um pouco de ressentimento, mas ele agiu diferente desde quando eles se acertaram, e aquele beijo... Sua mente estava cheia de pensamentos, tudo desorganizado, bagunçado.

O que ela sentia? O que ele sentia? Nenhum dos dois sabia disso. Mas ambos perceberam uma coisa: Precisavam conversar sobre o ocorrido.