Chamas e Brisas

Capítulo 32 - Mentira


A princesa do fogo alisava seu vestido preto, que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, destacando suas belas curvas. O vestido era elegante, com um decote em V que realçava seu pescoço e ombros. As mangas eram compridas, feitas de um tecido translúcido que conferia um toque de sofisticação, enquanto o corpo do vestido era de um tecido mais pesado e brilhante, refletindo a luz suave da lua. A saia se alargava levemente, fluindo até os tornozelos e criando um movimento gracioso a cada passo que dava. Pequenos detalhes bordados em prata adornavam a cintura e os punhos, acrescentando um brilho sutil e refinado.

Ao seu lado estava Aeris, vestindo um terno preto bem ajustado, que realçava sua postura firme e elegante. A camisa branca por baixo contrastava com o terno escuro, e a gravata preta completava o visual sofisticado. Seus cabelos loiros estavam ligeiramente bagunçados pelo vento suave da noite.

Eles estavam parados na entrada da casa das mães de Aeris, uma residência acolhedora e bem decorada. A noite estava calma, com o céu limpo e estrelado, e uma brisa fresca soprava levemente, trazendo consigo o cheiro de flores noturnas. As luzes da casa brilhavam suavemente, criando um ambiente convidativo e acolhedor. A lua cheia iluminava o caminho de pedras que levava até a porta, e as sombras das árvores dançavam suavemente com o movimento do vento.

- Tem certeza? - pergunta a princesa ao ver Aeris batendo na porta.

- Por que não teria?

- Elas o convidaram, assim como sua irmã. Não é uma noite para vocês estarem juntos, apenas a família?

Aeris, com um sorriso gentil, aproximou seu rosto do de Lyra, os olhos brilhando sob a luz suave da lua. Com uma voz baixa e carinhosa, ele sussurrou:

- Você não é minha família agora também?

Ele levou sua mão até a de Lyra, onde o anel que simbolizava seu compromisso brilhava. O toque dele era suave e reconfortante, transmitindo uma sensação de segurança e pertencimento. Lyra sentiu o calor da mão de Aeris envolvendo a sua, e um sorriso suave se formou em seus lábios.

A porta se abriu abruptamente, revelando Isabel, que parou imediatamente ao ver Aeris e Lyra em um momento íntimo. Um leve rubor se formou em suas bochechas, e ela esboçou um sorriso desajeitado, visivelmente constrangida por ter interrompido. Isabel usava um vestido azul elegante, que cobria seus ombros e peito sem decote. O tecido suave e fluido caía graciosamente, destacando sua figura de forma modesta e refinada. O vestido era adornado com detalhes sutis em renda nos ombros e ao longo das mangas compridas, conferindo um toque de delicadeza e sofisticação.

Ela se recompôs rapidamente, dizendo:

- Desculpem por interromper, por favor, entrem. Estamos todos ansiosas para vê-los.

O sorriso de Isabel se tornou mais caloroso enquanto dava um passo para o lado, abrindo espaço para Aeris e Lyra entrarem na casa.

Aeris e Lyra entraram na casa, sendo recebidos imediatamente pelo aroma delicioso do jantar que Isabel preparara. O cheiro reconfortante de ervas frescas e especiarias envolvia o ar, sugerindo um banquete que prometia ser tanto saboroso quanto memorável. A mesa de jantar já estava pronta, com pratos finos, talheres de prata e copos de cristal, tudo disposto com cuidado e elegância.

Aeris deu um sorriso reconfortante para Lyra, que parecia um pouco nervosa. Eles caminharam pela casa, admirando a decoração aconchegante e acolhedora.

Ao chegar à sala de estar, encontraram Natasha observando o jardim pela janela, um copo de whisky com gelo na mão. Natasha estava deslumbrante em seu casaco de renda preto que caía abaixo da cintura, um top da mesma cor, e uma calça social combinando, acompanhada de saltos altos também pretos. Seus cabelos vermelhos estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre seus ombros.

Ao ouvir os passos deles, Natasha se virou, um sorriso iluminando seu rosto. Ela ergueu o copo em saudação e disse:

- Bem-vindos! Estão prontos para comer bastante?

Isabel, ainda um pouco corada, se aproximou e puxou Aeris pelo braço, dizendo com um sorriso travesso:

- Preciso falar com você um instante antes de irmos para a sala de jantar.

Aeris lançou um olhar curioso para Lyra, que acenou levemente, encorajando-o a ir. Isabel o conduziu para um canto mais afastado da sala.

Enquanto isso, Lyra se aproximou de Natasha, nervosa mas determinada a fazer uma boa impressão. Ela sorriu, embora um pouco hesitante, e disse:

- Senhora Natasha, é um prazer vê-la novamente.

Natasha, percebendo o nervosismo da jovem princesa, respondeu com um sorriso acolhedor:

- O prazer é meu, Lyra. Não precisa ficar nervosa. Estamos entre amigos aqui.

A tensão em Lyra diminuiu um pouco com essas palavras. Ela sentiu uma onda de gratidão pela acolhida calorosa e relaxou ligeiramente, trocando olhares com Natasha enquanto tentava encontrar o que dizer a seguir.

Enquanto isso, Isabel arrumava o cabelo de seu filho, acertando seus fios loiros com a mão mesmo, enquanto o mestre do ar apenas ri, logo perguntando:

- Onde a Luna está?

- Ela disse que não vai poder vir. - Isabel tenta esconder o descontentamento, mas logo abre um sorriso e fita os olhos azuis de seu filho. - Essa linda moça, ela está usando “o anel”?

Aeris colocou a mão sobre a boca para abafar o riso que escapou, pois não conseguiu evitar ao ver os olhos curiosos de sua mãe, Natasha. Ela tentava disfarçar, mas a animação em seus olhos era inegável.

- Ei, me conta tudo. - ela dá um leve tapa no ombro do filho.

- Olha mãe, é uma história longa. Que tal assim... - ele pausa e aproxima para sussurrar. - eu disse as três palavrinhas para ela e o juramento do fogo.

Aeris observava Isabel enquanto conversavam, notando o brilho nos olhos dela quando mencionou que havia dito a Lyra que a amava e que haviam feito o juramento do fogo. Isabel tentava conter a animação, mas era evidente. Seu sorriso se alargava e seus dedos tamborilavam nervosamente na borda da mesa, como se mal pudesse acreditar na felicidade que a notícia lhe trazia. Ela finalmente permitiu que uma risada suave escapasse, a alegria sincera transparecendo em cada gesto enquanto puxava Aeris para um abraço caloroso.

A mesa de jantar estava repleta de pratos deliciosos: uma seleção de carnes assadas, legumes grelhados, saladas frescas e pães artesanais. Isabel havia preparado um banquete digno de celebração. Aeris, Lyra, Natasha e Isabel se sentaram à mesa. Aeris, com um sorriso afetuoso, serviu primeiro Lyra, aguardando que suas mães se servissem antes de pegar seu próprio prato.

Enquanto desfrutavam da refeição, a conversa fluiu naturalmente. Natasha contou sobre os encontros com os Espíritos Guardiões, descrevendo os majestosos dragões e suas sábias palavras. Isabel ouvia com atenção, os olhos brilhando de curiosidade e fascínio. Lyra, ainda um pouco nervosa, se permitiu relaxar aos poucos, envolvida pela atmosfera calorosa e acolhedora do jantar. Aeris completava as histórias com detalhes vívidos, suas palavras pintando as cenas de um mundo espiritual rico e poderoso. Era um momento de união, um breve respiro de paz antes da tempestade que sabiam que estava por vir.

Na Taberna de Jack, localizada no centro de Fortalium, o ambiente era vibrante e acolhedor. As paredes de madeira escura estavam decoradas com bandeiras de várias nações e troféus de batalhas passadas, criando um ambiente cheio de histórias e aventuras. A luz das lâmpadas a óleo iluminava suavemente o local, criando sombras dançantes nas mesas e balcões.

Zara e Luna estavam sentadas em uma mesa perto da lareira, onde o calor do fogo trazia um conforto adicional. Ao lado delas, Elian segurava uma caneca de cerveja, tentando acompanhar o ritmo das duas mulheres. Zara, com seu habitual sorriso travesso, levantava uma taça de rum, enquanto Luna ria de uma piada que a pirata acabara de contar. O som das risadas delas se misturava com o burburinho geral da taberna.

- Olha o chefe da casa! - solta animada Luna, ao ver Jack se aproximando da mesa.

Jack aproximou-se da mesa com um sorriso calmo no rosto. Vestia sua roupa chique habitual: um colete de veludo azul-escuro, camisa branca impecavelmente limpa e calças pretas. Ao ver o trio de aventureiros bebendo, ele não pôde deixar de esboçar um sorriso.

- Como tem passado Luna? - pergunta, seus olhos logo correm para Zara e Elian. - O jovem príncipe tem idade para beber?

- Talvez... - responde Luna, fitando o príncipe de Atlantis, que negava com a cabeça.

- Ah, qual é barbudo. Entraremos em guerra amanhã. Deixa-o fazer maluquices. Está na faze rebelde. - Zara balançava seu copo para todos os lados enquanto falava, deixando Elian de certa forma tonto.

- Soube que acharam uma Capitã, na aventura de vocês na nação da terra.

- Exatamente! - a maruja logo fica de pé, pousando seu copo com certa agressividade na mesa, continuando em seguida. - Sou a Capitã Zara, a pirata dos mares da nação da terra!

Jack e Luna trocaram olhares divertidos ao perceberem Zara, de certa forma, um pouco mais animada do que o habitual. A pirata estava claramente aproveitando a bebida, suas palavras um pouco mais soltas e seu riso um pouco mais alto do que o normal. Com um sorriso discreto, Jack comentou com Luna em um tom bem-humorado:

- Parece que alguém está se divertindo um pouco demais esta noite."

Luna concordou com um aceno de cabeça, seus olhos brilhando com divertimento.

- Sim, parece que sim. Espero que ela não se arrependa amanhã.

- E o Aeris? - pergunta Jack.

- Está num jantar com nossas mães.

- Parece divertido.

- Com a Lyra. - Luna abre um sorriso.

- Será realmente divertido. - complementa rindo.

Jack se juntou ao trio com um sorriso largo, acomodando-se na cadeira com uma expressão descontraída. Logo, a conversa fluiu entre risadas e histórias antigas, como se estivessem voltando no tempo para os dias de sua juventude. As preocupações do amanhã foram deixadas de lado, substituídas pela alegria do momento presente, enquanto compartilhavam memórias e brindavam à vida. Eles riram alto, sem se importar com o que o dia seguinte traria, apenas desfrutando da companhia um do outro e da felicidade do momento.

Natasha observava sua esposa, Isabel, com um sorriso carinhoso enquanto ela andava de um lado para o outro na sala. A expressão de Isabel irradiava uma mistura de nervosismo e animação. De repente, Natasha a puxa para perto de si ao vê-la passando na frente, fazendo-a sentar-se em seu colo. Um leve rubor tingiu as bochechas de Isabel com a surpresa do gesto, mas seu sorriso permaneceu inabalável, revelando o afeto mútuo entre elas.

- Por que essa animação toda? - pergunta com a voz sussurrante.

- Você não viu? - ela pergunta incrédula, continuando ainda animada. - Aeris entregou “O anel” para a princesa do fogo.

O riso de Natasha ecoou suavemente pela sala ao ver a empolgação contagiante de sua esposa. Ela achava adorável a maneira como Isabel se expressava com tanta emoção ao falar sobre o filho deles. O brilho nos olhos de Isabel era contagiante, e Natasha não conseguia conter seu próprio sorriso diante daquela cena tão tocante.

- E fizeram o juramento do fogo! - complementa Isabel.

- Então quer dizer que a princesa do fogo agora é nossa nora?

- Imagina os filhos deles? Serão lindos. - brinca Isabel, com um sorriso.

Natasha inclina a cabeça, encostando suavemente seu rosto no ombro de Isabel, que acomoda a cabeça dela com carinho. Ela fecha os olhos por um momento, permitindo-se mergulhar na sensação reconfortante do perfume familiar de sua esposa. Era um momento simples, mas cheio de significado para ambas, um breve instante de intimidade compartilhada em meio à agitação do dia a dia.

- Ele realmente se tornou um homem. - murmura Natasha com um sorriso orgulhosa.

Lyra adentra o quarto de Aeris com passos cuidadosos, deixando-se envolver pela atmosfera acolhedora e nostálgica do lugar. Seus olhos percorrem as prateleiras repletas de livros, reconhecendo alguns títulos familiares que ele mencionara em conversas anteriores. Ela se detém diante das fotografias dispostas em uma parede, observando com ternura as imagens do jovem Aeris em momentos descontraídos e familiares. Entre elas, uma pelúcia repousa delicadamente sobre a cama, trazendo um sorriso aos lábios de Lyra ao imaginar a infância de seu amado.

- Qual o nome dele? - pergunta Lyra.

Lyra se acomoda na cama, abraçando a pelúcia de gato com carinho enquanto seus olhos seguem Aeris, que permanece parado na entrada do quarto, visivelmente corado e com um sorriso adorável em seus lábios. A troca de olhares entre os dois transborda ternura e cumplicidade, criando um momento íntimo e especial que aquece o coração de Lyra. Ela se sente privilegiada por estar ali, compartilhando um espaço tão significativo para Aeris, e seu amor por ele só cresce ao testemunhar sua vulnerabilidade e genuinidade.

- Salem.

Lyra solta um riso suave ao ouvir o nome do gato de pelúcia, deixando seus olhos se fixarem nele com um sorriso enquanto aprecia cada detalhe. O gato preto de pelúcia, com seus olhos amarelos, desperta em Lyra uma ternura imediata. Ela imagina Aeris criança, abraçando aquele mesmo gato em busca de conforto e companhia. Sem resistir à doçura do momento, a princesa se deixa levar pela nostalgia e pelo afeto, envolvendo o gato de pelúcia em seus braços com um abraço caloroso.

Com passos leves e uma expressão suave no rosto, Aeris se aproxima de Lyra, observando-a com ternura enquanto ela abraça o gato de pelúcia. Ajoelhando-se suavemente diante dela, ele analisa cada detalhe do rosto da princesa, capturando a serenidade e a delicadeza do momento. Seus olhos azuis se encontram com os dela, revelando todo o amor e admiração que ele sente.

- Fico imaginando como você era quando criança. - ela murmura enquanto pousa o gato de pelúcia em seu colo.

- Apenas uma criança normal, com certos momentos de rebeldia.

Aeris percebe o olhar sombrio se formando nos olhos de Lyra enquanto ela brinca com a pelúcia em seu colo. Com um toque suave, ele leva sua mão ao rosto dela, direcionando seu olhar para os seus próprios olhos. É como se ele quisesse transmitir calma e segurança apenas com esse gesto, deixando claro que está ali para ela, independentemente do que esteja passando pela mente da princesa.

- Meu pai está em um dos dirigíveis. - ela murmura.

- Sim, mas não sabemos qual, então não podemos simplesmente invadir todos.

- E se eu souber qual é. - ela solta, fitando com um olhar sério Aeris. - Você viria comigo?

- Sim. - responde sem pestanejar. - Mas em qual ele está?

- Todos os dirigíveis carregam a bandeira de seu esquadrão, mas quando um membro da realeza está no dirigível, eles trocam a haste normal, para uma dourada.

- Então o seu plano é entrar e derrotar seu pai?

- Sei que é um plano ruim, mas preciso enfrentá-lo. E quero que você esteja ao meu lado para isso.

Aeris observa o olhar sério de Lyra, percebendo que ela está fazendo um pedido importante e que precisa do seu apoio. Ela deseja enfrentar seu pai, mas não quer fazer isso sozinha. Embora ele sinta a necessidade de resolver isso junto com os outros, não consegue negar o pedido de sua amada. Ele sabe que isso é algo que ela precisa fazer por si mesma, e ele estará ao seu lado para apoiá-la, como sempre. Com um olhar determinado, ele assente, mostrando que estará ao lado dela em todos os desafios que enfrentarem juntos.

- Muito bem então. - ela diz colocando o gato de pelúcia de lado e indo para o guarda-roupa de Aeris, procurando algo que possa vestir.

- Espera, quer ir agora?

- Sim.

Lyra fuça no guarda-roupa antigo de Aeris, jogando roupas no ar enquanto procura algo prático para vestir. Ela encontra um casaco preto e uma camiseta da mesma cor, além de uma calça de moletom. Com essas peças, ela espera estar preparada para o que vem pela frente, enquanto se prepara mentalmente para o desafio que está por vir.

Lyra veste as peças após tirar seu vestido e jogá-lo por cima da cama de Aeris, ao lado do gato de pelúcia. A camiseta fica folgada, então ela a amarra na altura do peito, deixando seu abdômen sarado e as curvas à vista. O moletom fica apertado no quadril, mas nada que atrapalhe seus movimentos, e o casaco ela dobra as mangas até o cotovelo. Terminando com um sorriso, orgulhosa do que acabou de fazer, ela se sente pronta.

- Vamos? - pergunta a princesa do fogo, fitando seu amado.

Aeris apenas tirou o casaco do terno e a gravata, dobrando as mangas da camisa branca até o cotovelo e deixando alguns botões na parte superior abertos. Assim, ele ficava mais confortável e pronto para acompanhar Lyra em seu desafio.

Aeris olha para os pés descalços de Lyra e pergunta:

- Nada nos pés?

- Ué, seus tênis não me servem, nem mesmo os de quando era adolescente. - responde frustrada.

- Não acredito que vou fugir pela janela. - murmura ao se aproximar da janela e a abrindo, sentindo a brisa da noite tocar seu rosto. - Pareço um adolescente.

- Viva a rebeldia do Mestre do Ar. - ela brinca com um sorriso de canto.

Aeris estende sua mão para Lyra, sentindo a brisa da noite tocar seu rosto enquanto está inclinado na janela. Ele puxa gentilmente a princesa para perto de si, e juntos eles alçam voo para fora da casa, cruzando o céu estrelado.

Aeris sente as mãos de Lyra segurando firmemente seus braços enquanto voam juntos. Um sorriso escapa dos lábios do dobrador de ar ao ver os olhos animados de sua amada, percebendo a alegria dela ao experimentar a sensação de voar usando a dobra de ar. Juntos, eles cortam o céu noturno, desfrutando da liberdade e da magia do momento.

Com um gesto decidido, Lyra aponta na direção do dirigível, onde a bandeira da nação do fogo e a haste dourada indicavam a presença do pai da princesa. Aeris assente e, juntos, eles voam naquela direção, cortando o céu noturno com graça e determinação. Ao chegarem ao dirigível, Aeris solta uma rajada de ar concentrada, quebrando uma das janelas e permitindo que eles pousassem suavemente dentro de uma sala.

Com um movimento rápido e preciso, Lyra se posiciona ao lado da porta, pronta para agir assim que ouve passos se aproximando. Quando a porta se abre, revelando um soldado, ela age com agilidade, neutralizando-o e segurando-o firmemente para evitar qualquer barulho.

- Por onde? - sussurra Aeris, enquanto observa a princesa colocar o corpo do soldado encostado numa parede.

- Me siga e fique perto.

Com passos cautelosos e silenciosos, Lyra avança pelos corredores sombrios, cada músculo tenso e atento a qualquer som que possa denunciar sua presença. Aeris segue-a de perto, movendo-se com a mesma discrição e determinação. Juntos, eles evitam os soldados patrulhando os corredores, deslizando pelas sombras e mantendo-se fora de vista.

Finalmente, eles chegam à porta do escritório de Braz. Lyra troca um olhar significativo com Aeris, compartilhando uma mistura de determinação e ansiedade. Com gestos silenciosos, eles se preparam para entrar, prontos para enfrentar o que os espera do outro lado da porta.

No momento em que Lyra irrompe no escritório, seus olhos se fixam imediatamente em seu pai, o príncipe Braz. Ele está de pé, sua postura imponente e sua expressão séria refletindo a autoridade e a responsabilidade que ele carrega como líder. Seus traços angulares e firmes são acentuados pelo cabelo negro como a noite e pelos olhos dourados que irradiam determinação. Vestido com uma armadura elegante, ele parece completamente preparado para qualquer desafio que possa surgir.

Antes que Lyra possa reagir completamente, Braz desvia habilmente de seu golpe, reconhecendo sua filha imediatamente. O escritório ao redor é espaçoso, com móveis luxuosos e uma aura de poder e autoridade. Enquanto Lyra enfrenta seu pai, a tensão no ar é palpável, carregada com anos de conflitos não resolvidos e emoções contidas.

- Traidor! - ela esbraveja com o olhar fixo.

Braz observa o olhar furioso de sua filha, consciente de que ela está ciente de sua traição e que não há palavras que possam convencê-la a parar. Em um movimento rápido, ele chuta a mesa que os separa na direção da princesa, tentando criar uma distração para escapar. No entanto, antes que ele possa chegar à porta, uma rajada de ar o atinge, lançando-o de volta para o escritório. Aeris observa a cena, pronto para intervir se necessário, mas por enquanto optando por permanecer em segundo plano.

Lyra reage rapidamente, soltando chamas na direção da mesa que vem em sua direção, desviando-a de seu caminho. Em seguida, volta sua atenção para seu pai, agora caído no chão após ser empurrado pela rajada de vento de Aeris.

- Por quê? - ela pergunta fitando os olhos dourados de Braz, continuando com a voz forte. - Por qual motivo você trairia sua mãe? Por qual motivo estaria disposto a arriscar que a minha mãe sofresse? Me diga pai, por qual motivo?

Braz, mantendo sua postura firme e confiante, poderia responder:

- Lyra, minhas ações podem parecer questionáveis, mas como príncipe herdeiro, tenho que pensar no que é melhor para nossa nação. As decisões que tomei foram baseadas em um entendimento diferente do que é necessário para garantir nossa segurança e progresso. Não foi uma traição, mas sim uma divergência de opinião estratégica. Eu não agi com desrespeito a sua mãe ou a você, mas sim com o objetivo de fortalecer nosso país. Espero que com o tempo você possa compreender e respeitar minhas decisões.

- “Respeitar”? - ela repete com raiva crescente. - Você não passa de um...

Com um movimento ágil e controlado, Braz se defende da pergunta de Lyra com uma ação ofensiva, criando uma roda de chamas que arremessa Lyra contra uma estante, derrubando inúmeros livros sobre ela. Enquanto isso, Aeris reage rapidamente, utilizando uma rajada de vento para se proteger do impacto das chamas e manter sua posição firme.

A troca de golpes entre Braz e Aeris é intensa, com o príncipe da nação do fogo investindo com punhos envoltos em chamas enquanto Aeris habilmente desvia de seus ataques. Com um urro, Braz tenta lançar um ataque de chamas em direção a Aeris, mas o mestre do ar reage rapidamente, liberando uma rajada de ar embaixo dos pés de Braz, impulsionando-o para o alto e fazendo-o voar por cima de Aeris. Com sua agilidade aérea, Aeris pousa silenciosamente atrás de Braz, pronto para contra-atacar ou se defender, dependendo das ações do príncipe da nação do fogo.

Lyra, impulsionada por uma mistura de determinação e raiva, avança com suas chamas em direção a seu pai, atingindo-o com força e lançando-o contra a parede próxima. O impacto é poderoso o suficiente para fazer Braz atravessar a estrutura, e ele é lançado para o corredor além. O poder do ataque de Lyra demonstra sua resolução em enfrentar seu pai e impedi-lo de causar mais danos.

No estreito corredor, Lyra e Braz se enfrentam em um embate feroz. O espaço apertado os obriga a se moverem com agilidade e precisão, aproveitando cada oportunidade para atacar e se esquivar.

Lyra avança com golpes rápidos e precisos, suas chamas dançando ao redor dela enquanto ela lança rajadas de fogo na direção de seu pai. Braz, por sua vez, responde com movimentos igualmente ágeis, desviando-se dos ataques de Lyra e contra-atacando com golpes ardentes.

Eles se movem em um jogo de gato e rato pelo corredor, utilizando móveis e obstáculos para se protegerem e planejarem seus ataques. Braz lança bolas de fogo que Lyra desvia habilmente, enquanto ela retalha com correntes de chamas que obrigam seu pai a recuar.

Aeris se mantém vigilante, eliminando rapidamente qualquer soldado que ousasse interferir na luta entre Lyra e Braz. Com movimentos precisos e rápidos, ele neutraliza os oponentes um a um, garantindo que nenhum deles conseguisse atrapalhar o confronto entre pai e filha.

Enquanto Lyra e Braz se enfrentam no estreito corredor, Aeris se concentra em proteger sua amada e garantir que ela possa lutar sem distrações. Sua habilidade com a dobra de ar é evidente, e ele utiliza sua destreza para manter os soldados afastados, permitindo que Lyra se concentre totalmente em seu duelo com seu pai.

Lyra avança com fúria implacável, seu coração ardendo com a necessidade de justiça. Enquanto o dirigível balança descontroladamente, ela aproveita a oportunidade para lançar um ataque decisivo contra seu pai. Com chamas dançando ao redor de seus pés, ela avança com determinação, ignorando os solavancos e os gritos de alarme ao seu redor.

Com um golpe certeiro, Lyra faz com que Braz seja arremessado contra o timão do dirigível, perturbando o curso da nave e causando caos entre os tripulantes. Enquanto todos a bordo lutam para manter o equilíbrio, Lyra não hesita por um momento sequer. Ela avança impiedosamente contra seu pai, usando sua dobra de fogo com precisão mortal.

Com um movimento rápido e poderoso, Lyra lança Braz contra a enorme janela da cabine. O vidro estilhaça com o impacto, e o ar gelado da noite invade o interior da nave. Braz é arremessado para fora, sua figura se perdendo na escuridão enquanto o dirigível continua a balançar perigosamente.

Aeris segura Lyra firmemente pela cintura, seu coração batendo forte enquanto eles voam para longe do dirigível em queda. O caos irrompe abaixo deles quando a nave colide com as ruas da cidade, mas sua atenção está completamente focada em Braz, que conseguiu pousar em um prédio próximo, embora com dificuldade.

Com agilidade e determinação, Aeris guia Lyra até o local onde Braz está caído no chão, cuspidor sangue e visivelmente ferido. O loiro pousa suavemente em frente ao homem caído, seu olhar firme enquanto ele avalia a situação. Lyra, ao lado dele, mantém sua expressão séria e determinada.

Lyra, com os olhos ardendo de determinação, aplica um chute certeiro em Braz, fazendo-o gritar de dor. Com a mão envolta em chamas, ela o encara com uma mistura de raiva e desespero, exigindo respostas.

"O que ela planeja? O que ela irá fazer?" ela grita, sua voz ecoando pelo ambiente tenso.

Braz, ofegante e ferido, encara Lyra com uma mistura de dor e raiva em seus olhos dourados. Ele tenta formular uma resposta, mas a dor o impede de falar imediatamente. Com um esforço visível, ele finalmente responde com voz rouca:

- Ela... ela não... vai... parar... até... até que Sagacia... reine sobre tudo...

Braz, com sua voz rouca e os olhos fixos no horizonte noturno, deixa escapar as palavras com um tom de resignação:

- Mas é tarde...

Aeris observa para onde o olhar de Braz se dirige e, ao seguir sua linha de visão, é tomado por uma sensação de terror ao ver o imponente dragão negro rasgando os céus. Seu coração acelera ao testemunhar o caos que se desenrola abaixo, quando o dragão desfere um ataque devastador sobre a rua onde o dirigível caiu, lançando chamas e causando pânico entre os pedestres.

- Ela mentiu. - murmura Lyra.

As palavras de Lyra ecoam pelo ar, carregadas de desilusão e raiva contida. Ela encara seu pai caído, cuja risada sufocada pelo sangue é um eco amargo de suas decepções. O silêncio tenso que se segue é interrompido apenas pelo som distante do caos que se desenrola nas ruas próximas, um lembrete sombrio das consequências das mentiras e traições de Braz.

No horizonte, uma cena caótica se desenrolava: navios em batalha e dirigíveis caindo sobre a cidade, vítimas da fúria do dragão negro. O céu noturno se tingia de chamas e fumaça, enquanto a população de Fortalium enfrentava o terror do ataque. O rugido distante do dragão ecoava como um aviso sinistro do perigo iminente.