Leigh e Nath foram embora. Rosa pediu para o Castiel arrumar mais bolsas de sangue. Ela foi comprar uma roupa, que não lembrasse funeral, pra mim. Lysandre e eu fomos fazer a comida. Eu estava cortando os legumes e ele mexendo na panela com água e tempero. Toda hora ele colocava uma pitada de sal, experimentava e voltava a mexer. Ele fica muito fofo de avental>.<
–Anh, posso provar? -Perguntei apontando pra panela.
–Claro. Me diga se o tempero está bom.
Ele esticou a colher e eu provei. Na hora recuei e fiz careta.
–Tá muito salgado.Haha.
–Oh, que droga..
–Tudo bem, vamos fazer outro.
–Não..-Ele botou a colher de lado e se apoiou na bancada de mármore.
–Que foi ?
–Não posso mais deixar isso assim..
–Relaxa, é só colocar mais água.
–Não estou falando da panela.. estou falando disso. -Ele colocou a mão no peito e apertou.
–Lys, o que tá acontecendo ? -Perguntei preocupada.
–Quando.. quando eu te vi na maca.. toda machucada.. senti algo muito doloroso no meu peito. -Disse ele se virando pra mim. -Sinceramente, eu queria partir pra cima do Nathaniel, por ter levado você lá. Mas, também queria ficar ao seu lado. Segurar sua mão e dizer que tudo ficaria bem. Quando te enterraram... apenas queria sentar e chorar.
Ele estava corado tanto quanto eu, e eu podia terminar de fazer a comida na minha cara em alguns minutos.
–Lys..
–Espera.- Ele respirou fundo.- Já faz tempo que em apenas te ver ou te ouvir, eu me sinto melhor. Ultimamente, toda noite, antes de dormir, me pego pensando em você, no seu sorriso, no seu olhar. E antes que eu percebesse comecei a me sentir diferente em relação à você... Naquele dia que você foi ao meu apartamento e eu te abracei... eu realmente queria te beijar. Desde aquela época eu já gostava de você. Você trás à tona emoções minhas que nem mesmo eu conhecia. Guardei esse sentimento pra mim porque pensei que você tinha alguma coisa com o Castiel, apesar de tudo ele é meu melhor amigo. Sempre que penso em dizer algo, as palavras fogem de mim e eu não consigo fazer nada ao invés de ficar quieto.. mas agora.. depois de tudo.. preciso dizer... que eu amo você.
Meu coração estava aceleradíssimo. E eu pensando que não seríamos nada além de amigos. Sorri. Minha garganta estava seca. Eu estava tão feliz que não tive palavras. Queria dizer que o amava também, mas ao contrário disso, uma lágrima quente de felicidade escorreu pela minha bochecha. Lys acariciou meu rosto e me abraçou. Seu corpo estava tão quente.
–E-eu nunca... nunca pensei que você pudesse me dizer isso. -Consegui falar. -No dia em que nos esbarramos no colégio, senti que você era diferente. Não só por ser um caçador.. mas por fazer meu coração acelerar só com sua voz. Sem notar, acabei me apaixonando por você. E realmente estou muito feliz por saber que você se sente o mesmo por mim.
Depois que terminei falar, ele segurou meu rosto, se aproximou e, finalmente, nossos lábios se tocaram. Foi um beijo demorado. Sua boca era macia. Ele passou sua língua na minha, pareciam estar em uma dança sincronizada. Segurei o rosto dele e o puxei para mais perto, intensificando o beijo. Ele me encostou na bancada. Paramos para pegar fôlego, mesmo assim ele deu uma fungada no meu pescoço, que me fez arrepiar inteira. Ele riu. Voltamos a nos beijar. Mas logo alguém entrou na casa... era o Castiel. Ele parou, com as bolsas de sangue em uma sacola. Lysandre e eu nos afastamos, constrangidos.
–Vocês...- Falou Castiel. -Tá.
Ele jogou a sacola na bancada e saiu apressado. Lysandre e eu nos olhamos, ainda constrangidos.
P.O.V Castiel
Entrei em casa e me deparei com Lysandre e Ema se pegando na cozinha. Senti meu corpo ficar quente, queria avançar e arrumar briga com ele, mas, pelo bem dela, preferi deixar tudo e dar meia volta. Joguei a sacola com as bolsas de sangue na bancada e saí. Corri pela floresta. Parei perto de um córrego, agachei e olhei meu reflexo. Eu estava horrível. Uma lágrima fria caiu do meu olho. Soquei a água."Merda! Por que fui me apaixonar pela mesma garota que meu melhor amigo?!" Pensei.
P.O.V Ema
Rosa chegou, minutos depois Castiel, ele não olhava na minha cara. Jantamos e fomos dormir. No dia seguinte, me arrumei e, junto com todos, fui à minha casa, contar toda a verdade aos meus pais. Entrei sozinha, não tinha ninguém na sala. Pelo horário eles já deviam ter chegado. Procurei pela casa toda e nada. Pensei em sair, mas antes de pegar a maçaneta, a porta abriu e eles entraram. A princípio eles pararam, me olharam e depois se entreolharam. Então me abraçaram, pareciam felizes e estavam chorando. Sei que devia estar feliz também, mas achei tudo meio forçado.
–Querida, por quê? Como ? -Perguntou minha mãe.
Sentei com eles no sofá e contei tudo, desde o ginásio. Eles pareceram aceitar numa boa, achei muito estranho. Minha mãe foi na cozinha pegar água. Meu pai chegou mais perto e pegou minha mão.
–Querida, estou muito feliz que, apesar de toda essa loucura, você está bem. -Ele me olhava de um jeito estranho.- Tem certeza de que não tem nada machucado? Papai pode cuidar de você.-Ele colocou a mão na minha coxa, e a apertou de leve.
Me levantei do sofá, em seguida minha mãe voltou da cozinha, com uma adaga de bronze.
–Quem são vocês ? -Gritei.
Os dois começaram a rir. Meu pai parou e foi até a porta, bloqueando a saída. Em seguida, os dois começaram a se contorcer, todas as coisas na sala começaram a tremer. Os dois estavam se transformando em suas verdadeiras aparências... demônios. Bem, apesar de parecerem pessoas normais. A que estava como minha mãe, tinha cabelos castanhos, um penteado com trancinhas espalhadas e olhos azuis, usava um corpete azul e rosa, uma calça com rasgos na coxa e uma bota que ia até o joelho. O cara, era loiro com olhos verdes, parecia um surfista, bonito e confiante.. talvez até demais.
–Você não sabe se controlar, né?! -Falou a garota.
–Não consegui. Ela é muito gostosa.-Disse o cara mordendo o lábio inferior.
–Me digam seus nomes, agora!- Falei.
A garota se posicionou na minha frente.
–Meu nome é Debrah. Lembre-se, pois é o nome de quem vai matar você.
–E o meu é Dake, prazer. -Disse o rapaz piscando pra mim.