Castidade
Capítulo Único
Castidade
Tom sabia que seria um tormento esperar que Star e Marco voltassem do cinema.
Starfan13 não calava a boca. Perguntas sem parar sobre a origem dele, o relacionamento dele com a Star, até aspectos mais íntimos.
No entanto, pedir que ela parasse de perguntar se mostrou uma ideia ainda pior.
Ela começou a contar sobre a própria vida.
Starfan contou sobre a escola, sobre o trabalho voluntário no abrigo de animais, sobre seus hobbies – além de passar a última meia hora tentando explicar como as fanfics em websites da internet funcionavam.
— Deixa eu ver se entendi – Disse Tom – Você se autodenomina Starfan13, mas muda para TopsyKreets toda a vez que posta uma história na internet sobre o romance da Star com o Marco, e sobre o romance inadequado de um casal de irmãos, que você conheceu quando visitou a Flórida?
— Isso aí. Não é legal?
— Que tipo de pessoa doente apelida a si mesma de TopsyKreets e faz histórias românticas e incestuosas sobre outras pessoas?!
— Bom, falando assim realmente parece estranho....
— E que apelido de merda é esse?
— É um jogo de palavras....
— Já entendi. TopsyKreets, “top secrets”. É ruim. Sério.
E pra quê essa adoração pela Star. Quero dizer, o que ela fez para você exatamente, que mereça coloca – la em um pedestal?
Durante as duas horas de conversa, Tom se mantivera deitado na cama de Marco, enquanto Starfan perambulava pelo quarto. Muito animada, como de costume.
Mas, pela primeira vez, o sorriso dela desapareceu. Ela se sentou na cama, ao lado de Tom. Estava com um semblante sério.
— Eu tentei me matar algumas vezes, sabe?
E também, pela primeira vez, Tom realmente estava interessado no que ela estava para falar. Ele se sentou ao lado dela.
— Toda vez que eu saia do hospital, meus pais diziam que era frescura, para chamar a atenção.
Com o tempo, eu passei e dedicar o tempo para os outros. Assim eu conseguia ignorar os meus problemas, pelo menos um pouquinho. Daí eu conheci a Star. Ela me mostrou um mundo de coisas novas.
De repente, meus problemas passaram a pesar menos. Quando eu estou perto dela, nenhum problema importa.
Tom não esperava por essa. Podia esperar qualquer coisa daquela garota esquisita de óculos e aparelho nos dentes, mas nunca isso.
Similaridade.
— Eu.... Acho que te entendo.
– Sério?
— É. Ela também me faz sentir assim.
....
— Você gosta mesmo dela, né?
Starfan o fitou diretamente, mas ele desviou o olhar. Ainda assim, ele continuou.
— Eu sou um monstro, garota. Um demônio. Ela me deu algo que nunca ninguém tinha me dado antes.
Ela pareceu confusa com a afirmação, mas ele não se demorou para esclarecer.
— Não é o que você está pensando. Ela me deu alternativas. Uma escolha.
Ela me fez ver que eu nasci um monstro, mas não tenho que agir como um. Não o tempo todo, pelo menos.
— Sinto muito por ela ter escolhido outra pessoa.
Tom levantou o rosto e sorriu para a adolescente.
— Tranquilo. Eu bem queria poder odiar o Diaz, mas não dá! Mesmo querendo muito. Eu sei lá, eles dois são....
— Apaixonantes?
— Eu não usaria bem essas palavras, mas.... É algo assim. Quase isso.
Starfan se espreguiçou e deitou na cama. Inesperadamente, Tom fez o mesmo e deitou ao seu lado.
— De repente tá na hora de nós dois mudarmos um pouco, não acha?
Andar com os nossos próprios pés.
— Talvez.
— Eu tô pensando em deixar o meu cabelo crescer. Talvez tingir de loiro. Ficaria legal, não acha?
Tom começou a rir, e ela seguiu exemplo.
— Você é doida garota, completamente.
— Eu sei.
Ele se virou e tirou os óculos dela, provando – os no próprio rosto. Não eram tão fortes quando pareciam.
— Diz aí, qual o seu nome de verdade?
— Starfan....
Tom franziu a testa.
— Evelyn.
— Sério? Evelyn?
— É. Evelyn. Por que, não é bom?
Ele coçou o queixo por um momento. Então sorriu e devolveu os óculos.
— Combina com você. É fofo – Disse.
....
A sessão demorara mais que o previsto, mas finalmente Star e Marco estavam em casa.
A primeira coisa que notaram no quarto foi o casal.
Tom e Evelyn dormiam tranquilamente, abraçados. E sorrindo, o que era raro para Tom.
Marco achou bizarra a cena, até porque, diabos, era a cama dele.
Star achou a coisa mais meiga do mundo. Sacando o celular, tirou o máximo de fotos que a memória permitira.
— E o que a gente faz? Acorda – los seria um pecado.
Marco deu e ombros. Indo no armário, ele pegou uma manta e cobriu os dois.
— Amanhã a gente vê isso.
Ah, saco. Vou ter que dormir no sofá.
Star não perderia essa chance. Se aproximando dele, deu uma mordicada na orelha esquerda dele e sussurrou:
— Nem pensar. Hoje você dorme comigo.
Ele gostou da ideia. Subiram a escada e foram aproveitar o resto da noite.
Com certeza o casal na cama de Marco negaria tudo de manhã. Ou pelo menos, Tom negaria.
Mas uma foto vale por mil fanfics.
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