''I won't let you just fly away from me''

>Cassie

Estamos de volta à quinta! E isso significa também que estamos de volta à nossa rotina, se bem que eu já tenho uma pontaria decente e já consigo correr portanto agora os nossos dias limitam-se às atividades básicas para a nossa alimentação. E isto leva-me a pensar que eu já estou pronta para ir salvar o meu irmão e quando penso nisto sinto um enorme peso na consciência porque enquanto eu estou aqui bem e a dormir nos braços do rapaz mais gostoso que eu já vi na minha vida o meu irmão está a passar sabe-se lá pelo quê! Eu devia de falar com o Evan sobre isto mas tenho medo que ele se sinta pressionado ou obrigado a ir comigo salvá-lo...

...

Estou deitada na minha cama/na cama da Val, está um frio de gelar e o Evan saiu para caçar porque já não temos carne para amanhã, sinceramente acho que ele vai fazer caldo para mais umas quantos refeições! E, sim, isto significa que esta noite eu não vou dormir abraçadinha ao Evan a não ser que quando ele chegue se venha deitar ao pé de mim, o que eu duvido que aconteça. Mas porque é que eu estou a pensar nisto!? Desde quando é que eu me apeguei tanto ao Evan? Porque é que eu me sinto tão atraída por ele? E mais uma vez adormeço a pensar no Evan, quando na verdade devia estar preocupada com o meu irmão. Gostava mesmo de saber o que raio se está a passar comigo, para só pensar num rapaz quando o meu irmão corre risco de vida...

''Mais um dia normal de escola se inicia e eu saio do meu quarto para ir tomar o pequeno almoço mas não sem antes passar pelo quarto do meu irmão para lhe dar um beijinho de bom dia como faço todas as manhãs. Mas assim que abro a porta reparo que algo está diferente, assim que entro no quarto o meu irmão acorda, levanta o tronco da cama e encara-me aterrorizado enquanto grita o meu nome. Eu não me consigo mexer, parece que as minhas pernas se tornaram demasiado pesadas para eu as conseguir mover e a minha garganta seca não me deixa gritar por ele. Até que oiço um estrondo e vejo o Sam cair para trás quando a bala lhe perfura o crânio. Do outro lado do quarto encontra-se o Vosch com a arma ainda apontada ao meu irmão e um sorriso vitorioso e sarcástico no rosto. Mas logo depois ele desaparece e alguém me empurra por trás eu caio no chão e olho para cima para ver quem é. São os meus pais!

''Tu mataste-o!''

''Os Outros levaram-no e tu não fizeste nada!''

''Tu preferiste o teu bem estar a salvar o teu próprio irmão!''

''Nós temos vergonha de ter uma filha como tu!''

Eles gritam enquanto apontam para mim de forma acusatória. Isto é demais para mim, eles têm razão. Que espécie de pessoa eu sou? Em que é que os outros me transformaram?

>Evan

—Não, não... NÃÃÃOOO!!!!

—Cassie...- sussurro.

Estou a alguns metros de casa mas graças ao Décimo Segundo Sistema oiço a Cassie gritar, não perco tempo e corro rapidamente de volta para ver o que se passa, largo as coisas da caça e os animais que consegui caçar na cozinha e apresso-me a subir as escadas para chegar o mais rápido possível ao quarto dela.

-Eu o amo, me desculpem. Por favor, eu prometo salvá-lo...- Cassie suplica em soluços enquanto se revira na cama. Suspiro ao perceber que ela está apenas a sonhar com o irmão e não a ser atacada como eu esperava, apresso-me a acordá-la para acabar com o seu sofrimento.

—Cassie- sussurro carinhosamente enquanto a abano ligeiramente- Cassie- chamo novamente agora mais alto.

—NÃOOOO- ela grita e ergue o tronco embatendo contra mim e abraçado-me, enquanto soluça e chora contra o meu peito.

—Shhhh, calma está tudo bem foi só um pesadelo. Eu estou aqui- digo para a acalmar enquanto retribuo ao abraço lhe acaricio as costas com uma mão e o cabelo com a outra.

—Não foi só um pesadelo, foi um aviso- ela diz afastando-se e encarando-me- Evan, eu preciso de...- faz uma pausa-...salvar o meu irmão. Já se passou demasiado tempo e... eu... ham... eu já estou recuperada e... o meu irmão está sozinho, desamparado, eu preciso, eu TENHO de ajudá-lo! Eu numa posso simplesmente ficar aqui como se nada fosse! E...- ela começa a chorar novamente e é tão angustiante vê-la deste jeito que eu não aguento mais e beijo-a. Ela não demora a corresponder e eu logo a seguro na cintura puxando-a mais para junto de mim enquanto ela passa as mãos delas na minha nuca acariciando o meu cabelo. Ficamos assim por um bom tempo até que ela se afasta para respirar e encosta a testa dela à minha.

—Cassie, eu não sei como explicar nem sei se sentes o mesmo, mas eu não me consigo afastar de ti, eu nunca me senti assim com ninguém, eu gosto de ti Cassie e eu jamais te vou abandonar! Eu vou contigo salvar o teu irmão e vai tudo correr bem, nós vamos voltar para aqui, eu vou fazer de tudo para que nós três possamos ser o mais felizes dentro dos possíveis. Que se dane tudo, nós vamos ficar bem! Ela sorri e dá-me um selinho não muito demorado.

—Isso é uma maneira pós-apocalíptica para me pedires em namoro!?

—Hum- e beijo-a novamente.

—Evan, eu... sinto-me tão confusa!- diz quando nos afastamos- Eu acho que sinto o mesmo, Deus! Isto é tão estranho- ela ri ligeiramente de nervoso- Mas eu aceito, claro que aceito!- e beija-me de uma forma tão intensa e apaixonada que naquele momento eu tive a mais certeza absoluta de que o que eu sinto é amor e que é recíproco.

Inclino-me sobre ela deitando-a na cama mas nesse momento sinto-a ficar ligeiramente mais tensa, eu entendi que ela deve ser virgem e por isso está nervosa, talvez não seja a altura certa. Afasto-me dela e com o meu polegar acaricio-lhe o rosto e olho-a nos olhos e ficamos assim por alguns minutos até que eu me deito ao lado dela e a puxo para cima do meu peito abraçando-a. E por incrível que pareça adormeci e dormi a noite inteira, o que é realmente estranho para mim.

Só acordo de manhã com a luz do Sol a invadir o quarto através das persianas e ao sentir o peso da Cassie sobre mim não consigo deixar de sorrir observando o suas feições enquanto dorme, até que começo a distribuir beijos por todo o seu rosto. Ela estremece, boceja, entreabre os olhos e sorri o que me leva a abraçá-la ainda mais forte.

—Bom dia- susurro ao seu ouvido.

—Bom dia, Evan.

E aqui o tempo para, nos dois segundos em que ela fala o meu meu nome eu sou invandido por uma sensação maravilhosa que eu não sei explicar e grudo os meus lábios nos dela virando-a na cama, ficando por cima dela mas com um dos meus cotovelos apoiado na cama para não fazer peso sobre ela. Primeiro ela pousou pousou as mãos no meu rosto mas logo as passou para o meu pescoço e depois deixou-as deslizar pelo meu peito e chegando ao meu abdómen passou-as em volta da minha cintura e passou a acariciar as minhas costas. Eu não quero apressar as coisas e talvez ainda seja um pouco cedo de mais para avançar. Solto os lábios dela, dou lhe alguns selinhos e ela lança-me um sorriso tão sincero e bonito que o que eu mais queria era parar no tempo só para poder ficar ali a admirar a beleza dela...