Cartas pra Você.

Tudo dando errado.


Eu não queria bater no meu único irmão, mas vê-lo beijando e se agarrando na minha namorada é inaceitável. Deu pra perceber que Gabi não queria ser beijada dessa maneira por ele, porém parecia que ela não fazia muita força para se livrar dos braços musculosos e definidos de Tom. Isto me fez pensar que ela estava gostando de provar aqueles lábios tão idênticos aos meus. Pensando nisso, apressei-me para tirá-lo de perto dela antes que fizesse uma besteira ou estragasse meu namoro.

Tom estava de costas para mim. Aproximei-me e quando estávamos bem perto um do outro, segurei firme em sua larga camisa e o virei, dando em seguida um pelo soco no rosto fazendo sua boca sangrar e ele cair no chão.

-Fica longe dela, idiota!

Ele levantou-se e respondeu:

-Você não manda em mim, Bill. Alias, se eu ficar perto dela o que você vai fazer? Bater em mim? Bata-me o quanto quiser. Eu não me importo.

-Por que está fazendo isso? – o empurrei com força – a Gabi é a minha namorada, Tom. Por que fica dando em cima dela? Gosta dela não é?

-Você é mais burro do que pensava, Bill. É lógico que gosto dela, senão não tinha a beijado. E não adianta esconder porque você está tão nervoso. Sei que é por causa da Gabi, mas também sei que é porque eu sempre fui melhor que você em tudo e sempre ficava com todas as garotas que você gostava. E está com raiva de mim por causa disso – ele disse aproximando-se de mim e me empurrando.

Tom estava me deixando muito furioso. Provocando-me desse jeito e me empurrando eu acabei não me segurando. Dei-lhe outro soco bem mais forte que o primeiro que com certeza o levaria para Marte se não fosse a força da gravidade.

-Têm tantas garotas atrás de você. Por que tem que ser justo a minha?

-Simplesmente porque a sua é aquela que eu amo.

Eu ia avançar sobre ele e lhe dar uns belos chutes, mas antes que o fizesse Gabi entra na minha frente impedindo-me de continuar. Havia me esquecido que ela estava ali.

-Para Bill. Por favor.

-Não se meta nisso Gabriele! – gritei.

Quando percebi que era com ela quem estava falando, arrependi-me completamente. Aquilo deveria estar sendo traumático para ela, vendo meu irmão no chão com a blusa branca marchada de sangue do próprio rosto e eu fervendo de raiva ao lado dela.

-Desculpa Gabi. Já passou está bem? – disse enxugando suas lagrimas que caíam por minha culpa.

-E você não vai me pedir desculpas por me bater? – disse Tom aproximando-se de nós.

-Não. Se fosse por mim eu ainda estava te batendo.

Ele riu, mas não muito, afinal devia estar sentindo varias dores. Sei muito bem que ele estava com vontade de dar o troco, de me bater até não querer mais, mas não iríamos brigar na frente de Gabi novamente. Só iria piorar a situação.

Olhei para Tom. Achou que ele estava pensando a mesma coisa que eu, já que balançou a cabeça como se estivesse concordando com meus pensamentos.

-Gabriele – acariciamos seu rosto macio e molhado – Você vai ter que escolher –dissemos juntos, ao mesmo tempo.

Os olhos de Gabi começaram a ficar vermelhos e totalmente cheios de água. Nessa hora surgiu uma sensação de culpa em ambos que fez com que toda a nossa raiva sumisse. Acho que ela já havia entendido que queríamos que ela escolhesse entre mim e Tom. Sabíamos que isso não era uma boa ideia, mas havia outra opção? Nenhum de nós iria entregá-la para o outro. Éramos egoístas o suficiente para querermos Gabi só para nós individualmente.

Ela entrou em seu apartamento e bateu a porta tão violentamente que meu cabelo chegou a voar para trás. Dava para escutar seus soluços do outro lado.

-Sumam da minha vida! – ela gritava – Não quero ver vocês nunca mais.

-Mas Gabi, escuta a gente...

-Não tenho nada para ouvir de vocês! Pra mim já chega. Acabou.

-Está terminando comigo?

-Estou.

Eu e meu irmão nos olhamos. Não deveríamos ter feito isso. Infelizmente agora não dá mais para voltar atrás.

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