Cartas pra Você.

O que está havendo com Tom?


25 de abril de 2011

-Tom, vamos ficar no mesmo quarto ou em quartos separados?

-Separados é melhor, Bill.

Hoje é o melhor dia de toda a minha vida! Eu até agora não consegui acreditar que fui capaz de fazer isso! Ah, mas vai valer à pena. Muita à pena.

Cheguei ao hotel, minha nova casa temporária. Pelo que parecia era um lugar bem aconchegante, mas nem tive tempo de vê-lo direito. Entrei no meu quarto, joguei todas as minhas malas em cima da cama e já fui apressar Tom para irmos até a casa da Gabi.

Entrei no quanto de Tom para chamá-lo. Ele estava olhando um papel, parecia uma foto de alguém. Quando me viu entrando, a escondeu imediatamente no bolso da calça.

-Tom, o que era isso que você estava olhando?

-Nada.

-Como nada? Deixe-me ver?

-Não.

-Tom, não seja ridículo. Quem estava na foto ai que você estava vendo? É alguma nova garota que eu não estou sabendo, hein?

-Não. Era... era... você! Isso! Era você na foto.

Eu sempre sei quando Tom está mentindo. Ele não consegue me enganar, nunca conseguiu. E qualquer um que o visse agora concordaria comigo. Ele estava nervoso e suando um pouco.

-Você ta me escondendo alguma coisa. Tom, desde quando temos segredos?

-Não estou mentindo, Bill. É uma foto sua fazendo uma careta bizarra. Só quando você me irritar é que eu vou lhe mostrar. Quero só ver a sua reação. Vai ser pura comédia.

Nós temos uma caixa com as piores fotografias de cada um. Quando ficamos zangados as mostramos como vingança. E essa deve ser mais uma para coleção do meu irmão.

-Há! Há! Muito engraçado Tom. – disse sarcástico – Vamos logo. Quero ver a Gabriele.

Saímos do hotel e fomos para o apartamento de Gabi. Não demorou muito, afinal era só atravessar a rua.

Ignorei completamente aquele baixinho que fica na recepção. Apenas entrei e subi correndo as escadas em dois em dois degraus para ir mais rápido deixando Tom para trás. Não tive a paciência de esperar o elevador, o que foi uma enorme burrice, pois já no segundo andar já estava cansado.

Depois de muito esforço, lá estava eu. 4º andar. E lá estava ela, de cabelos presos procurando a chave na bolsa em frente ao quarto 483.

Em silêncio, caminhei bem escondido e fiquei atrás dela sem que ela percebesse. Coloquei minhas mãos tapando seus olhos e disse:

-Advinha quem é?

-Hum... Não é aquele cara que me deu um beijo um dia desses? – respondeu Gabi com aquele sorriso perfeito que ela tem.

-Beijo vem do verbo beijar, mas apenas dois lábios unidos podem conjugar. – retirei minhas mãos e nos olhamos sorrindo – Quer tentar?

Ela virou-se e me beijou. Os seus beijos são doces como mel e quentes como o fogo. Sinto-me completamente nas nuvens quando os lábios dela tocam os meus. Não tenho nem palavras para descrever essa sensação. O coração bate mais rápido, a respiração fica ofegante, a pele se arrepia. Abracei-a pela cintura a trazendo mais perto de mim e o beijo ficou mais intenso. Sentíamos falta disso. Principalmente eu.

Já estava ficando totalmente sem ar quando percebi que tinha alguma coisa errada. Não errada, mas algo diferente, incômodo. As únicas vezes que me senti assim foi quando meu irmão gêmeo não estava bem. Abri os olhos e vi Tom nos observando de longe com olhos vermelhos uma aparência triste. Parei o que estava fazendo, mas não tirei meus braços em volta de Gabi e perguntei:

-Tom, o que aconteceu.

-Eu... é...

-Está chorando. Está tudo bem com você?

-Está tudo bem, Bill. Por que não estaria? – respondeu enxugando as lagrimas com a blusa.

-Olá gente! Oi Tom – disse Dandara, amiga de Gabi, que apareceu do nada e até me deu um susto.

-Dandara! Fiquei com tantas saudades – Tom assim que a viu, correu em direção dela, colocou suas mãos em seu rosto e a beijou. Não deve ter sido muito romântico, pois a garota estava confusa e de olhos arregalados. Ele cochichou alguma coisa no ouvido dela, porém não consegui compreender por causa do choro. Parecia alguma coisa como “Me ajuda” ou “Me acuda”. Estou ficando preocupado.

Depois que ele se acalmou, disse que iria até a casa de Dandara para conversarem, deixando eu e Gabriele a sós.

“O que está acontecendo com Tom?” pensei. “Ele anda muito estranho desde quando eu falei na televisão que ia dar um tempo na banda. Terei uma conversa seria com ele mais tarde. E por que será que ele escondeu aquela foto de mim? Talvez fosse uma de Dandara. Não, acho que não. Se fosse ela, ele teria me contado. Deve ser eu mesmo. Espere aí... eu não tinha perdido uma foto que a Gab...”

-E ai? Não vai entrar, namorado? – disse Gabriele.

-Namorado? Puxa, não imaginava escutar isso tão cedo.

-Que foi? Acha mesmo que depois do que fez por mim eu recusaria namorar você? Depois de tudo isso, até casar com você eu quero.

-Então, estamos juntos? Namorando? Mesmo?

-Isso responde a sua pergunta? – puxou um colar que estava usando e uniu nossos lábios de forma tão apaixonante que minha pernas ficaram um pouco bambas.

-Responde – disse com um sorriso bobo e completamente sem noção – E quem sabe um dia eu me caso com você. Se não for contigo eu não caso com mais ninguém.

Bom, não tem muito que contar sobre o resto da tarde, mas posso dizer que foi uma das melhores da minha vida. Pena que minha preocupação com Tom atrapalhou um pouco.

.