"Só posso estar ficando louca.

Há 10 anos que aconteceu, mas ainda tenho alucinações.

Quais as chances de encontrá-lo aqui e agora?"

No dia 20 de Janeiro, Lizzie chegou a Londres para a tão sonhada palestra. Os funcionários da Royale a orientaram a se hospedar em um chalé nos arredores da cidade e até arranjaram-lhe um carro.

Como a palestra só seria no outro dia, tinha resolvido tomar um banho e descansar na solidão daquele cantinho. Paz de espírito depois de tantos anos!...

Ao chegar, entregaram-lhe um pequeno bilhete com algumas letras desconexas.

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– É para acessar algumas ferramentas do site da universidade. - Explicou o funcionário.

Chegaram ao chalé e, logo que retirou as malas do compartimento, o carro partiu. Levantou-as com certa dificuldade, mas estava feliz como nunca antes.

Ao entrar na construção, percebeu que tinha morrido. Nada no mundo a havia preparado para ter uma alucinação.

Não com ele. Com o homem que mais odiou e que mais... Amar? Não, não o amou, pois sempre pensara que o amor deveria ser forte e viril e nascido da amizade e do tempo. No entanto, sentia algo diferente por ele, pois o havia feito alvo de todo o seu preconceito.

Ficou estancada na porta como a esperar que um raio lhe partisse a cabeça ou que despertasse. Quando o espírito a olhou, viu no rosto dele o mesmo espanto.

E percebeu que aquilo era real. Dolorosa e imoralmente real.

– Elizabeth?


Quem diria! Georgiana andava tramando pelas minhas costas!, era o que pensava o homem, já que era pragmático e se tornara pior após os fatídicos acontecimentos de 10 anos passados.

Tentava ignorar, mas seu coração batia descompassado no peito. Sua cabeça fazia milhares de conjecturas indignadas, mas lá no fundo só pulsavam três sentimentos:

Frustração, pois não pudera fazer nada a evitar-lhe aquele destino terrível;

Amor pela mulher incrível que era. Sacrificara-se pelas irmãs em qualquer situação;

Tristeza, pois não era por ele que lhe pulsava o coração.

– Elizabeth? - Sua expressão deveria ser cômica devido ao espanto. - O que está fazendo aqui?

Ela engoliu em seco. Passada a palidez e recuperada do susto, replicou:

– Eu é que pergunto, já que o chalé me foi reservado em nome da universidade e...

Um riso nervoso escapou dos lábios de Darcy:

– Georgiana. - Fitou-a longamente nos olhos. - Fomos enganados, Lizzie... Digo, Elizabeth. Minha pequena irmã tramou para nós, atraindo-a com a universidade e iludindo-me com a gravidez.

– E por que ela faria isso?

– Não faço ideia - Mas sabia! E como sabia! Assim como ele, o irmão mais velho, a protegera no passado, agora ela o fazia no presente! - Você recebeu algum comunicado, chave...?

– O funcionário me deu esse papel. - E mostrou-o.

Enquanto ele o examinava, Elizabeth notou um envelope no console da lareira.

Passou a ler em voz alta:

"Querida Lizzie e Querido Darcy,

Pedimos, se possível, que nos perdoem. Há anos sofrem em vão por motivos passados. Decidimos, com a iniciativa de Lydia, ao menos fechar este ciclo.

Não sabemos o que acontecerá daqui em diante, mas queremos que vocês sejam felizes. Só o serão quando deixarem o passado ir.

A escolha é de vocês. A porta está aberta e um motorista está à disposição.

Lizzie, coloque a senha que recebeu no cofre do segundo andar. Fitzwilliam poderá mostrá-lo a você.

Com amor,

Lydia, Georgiana, Brandon, Bingley, Charlotte, Jane, Mary e Kitty."

– Era só o que me faltava!